Demons escrita por Half Fallen


Capítulo 1
Capítulo Único — Don't look into me.


Notas iniciais do capítulo

Então tudo o que eu tenho para dizer é, aproveitem *w*



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When the days are cold
(Quando os dias são frios)

And the cards all fold
(E as cartas estão todas abaixadas)

And the saints we see
(E os santos que vemos)

Are all made of gold
(São todos feitos de ouro)

Como sempre, na pousada Marco do Percurso, todos os clientes habituais faziam o barulho costumeiro. Não era como se Kote não gostasse, muito pelo contrário. O ruivo necessitava daquele tipos de ladainhas, e das reclamações constantes de seus clientes. Afinal, eles o ajudavam a convencer-se mais de sua nova personalidade. Fazendo-o o esquecer lentamente de Kvothe.

Mas, para a alegria de Bast, um certo alguém fazia Kote lembrar-se constantemente de Kvothe. Isso fazia Bast encher-se de alegria, seu mestre estava , enfim, se tornando o mesmo que era quando o conhecera.

Falando no ruivo; este estava atrás de seu balcão, a comum expressão cansada e gentil, junto aos olhos esverdeados que assistiam com ternura as pessoas conversarem. Muita coisa estava acontecendo desde que aquele Cronista praticamente o 'forçara' a lhe contar sua história. Se sentia cansado, arrependido... Ah, como queria dormir.

— Bast, por favor, coloque mais lenha. Daqui a pouco iremos continuar nossa história.

Disse o dono da voz mais misteriosa que alguém já poderia escutar após que todos deixaram o lugar, os mais sóbrios carregando os mais bêbados. O taberneiro levantou-se e fora lavar as mãos na pia da cozinha. Quando voltou, sua expressão estava séria, mas mesmo assim cansada. Apenas o brilho dos olhos mostrou que ele já não era mais o taberneiro de antes.

Aproximou-se da mesa onde o Cronista e Bast estavam sentados, ansiosos por uma nova história. Afastou uma cadeira da mesa e sentou-se, relaxando os músculos.

— E então-

Kote parou, respirou fundo como se para arranjar forças inexistentes e disse:

— Eu me encontrei com ela.

When your dreams all fail
(Quando todos os seus sonhos falham)

And the ones we hail
(E os que saudamos)

Are the worst of all
(São os piores de todos)

And the blood’s run stale
(E o sangue fica
seco)

Naquele dia, havia me encontrado com Auri novamente. Carregava em minha trouxa três maçãs, uma batata doce e um pedaço de carne. A mão, segurava uma garrafa de hidromel. Avistei-a com os cabelos a esvoaçar no ar, formando uma nuvem quase branca a medida que ela andava.

Esta, como sempre, estava radiante e alegre. Mas havia algo diferente; parecia ansiosa para me contar alguma coisa. Vendo seu entusiasmo incomum, disse:

— Receio que há algo que queira me contar?

— Quero te apresentar uma pessoa.

Uma pessoa? Não conseguia esconder minha curiosidade. Sorri alegremente ao perceber que aos poucos, Auri conseguia falar com outras pessoas pois, pelo que eu sei, ela só falava comigo. Assoviou sutil e vi aparecer das sombras uma menina, da minha idade mais ou menos, dos cabelos castanhos, escuro como o caule de um carvalho. Ondulava-se, desgrenhado, e, se cuidado, se cachearia firmemente. Os olhos exatamente da mesma cor. Chegava também entusiasmada, vestida em um longo vestido verde que a deixava bonita. Sorri encantado e, assim como Auri, expressava uma delicadeza e tanto.

— Esta aqui é a Ninfa.



De repente parou. Calou os lábios em uma forma dura, não ousando abri-los nem que por um instante. Parecia que lembrar dela era no mínimo doloroso. Uma grande amiga, uma pessoa com um grande coração. Sentia falta de sua voz, de seus conselhos e de como ela tocava com maestria sua flauta.

— Desculpe-me, poderiam por favor conceder um tempo?

— Mas...

— Por favor, Bast.

Contra sua vontade, Bast levantou com um suspiro. Aquela era a deixa que seu mestre dizia para poder ficar sozinho. O Cronista demorou um pouco para entender a deixa, encarando o ruivo. Mas após Bast ter reaparecido para poder chamá-lo, ele levantou e foi para a cozinha junto dele.

Kote posicionou-se atrás de seu balcão, pensativo. Não sabia muito bem se queria reviver aquela parte da sua história em questão. Era algo que o incomodava fortemente. Ouviu a porta se abrir e olhou para cima, pronto para poder receber o cliente. Mas, para sua surpresa, não era um cliente.

Ouviu o coração palpitar rapidamente quando ele reconheceu de quem era aquela sombra.

— Ninfa?!

I want to hide the truth
(Quero esconder a verdade)

I want to shelter you
(Quero abrigar você)

But with the beast inside
(Mas com a besta dentro)

There’s nowhere we can hide
(Não há onde nos escondermos)

No matter what we breed
(Não importa o que criemos)

We still are made of greed
(Ainda somos feitos de ganância)

This is my kingdom come
(Esse é o fim dos tempos)

This is my kingdom come
(Esse é o fim do
tempos)

Bast havia sentido um cheiro diferente. Mas não era hostil. Pelo contrário, era um cheiro acolhedor, um cheiro quente, afável. Ele queria saber de quem era e a curiosidade o moveu para fazê-lo. Fora até a porta da cozinha e, o Cronista, percebendo o movimento fora atrás. O que Bast encontrou fora algo que não poderia ser interrompido.

When you feel my heat
(Quando você sentir meu calor)

Look into my eyes
(Olhe em meus olhos)

It’s where my demons hide

(É onde meus demônios se escondem)

It’s where my demons hide
(É onde meus demônios se escondem)

Don’t get too close
(Não chegue tão perto)

It’s dark inside
(É escuro dentro)

It’s where my demons hide

(É onde meus demônios se escondem)

It’s where my demons hide
(É onde meus demônios se escondem)



Os sentimentos de Kote tornaram-se escuros e tensos de uma vez só. O coração pesou dentro de si. Ele estava com vontade de chorar, mas apenas ficou com os olhos arregalados enquanto a figura entrava no recinto com certa delicadeza, quase se aproximando de um cuidado furtivo.

Kvothe.

— ...Ninfa.

— Você parece cansado. Passou por muita coisa, não passou?

Dissera a ternura em pessoa. A voz acalmando o coração do ruivo. A mulher parecia estar ainda em seus dias joviais, mas ele podia notar os sinais de cansaço que, assim como nele, pareciam marcar pouco a pouco. Sua voz soou extremamente calma, o que deixou no taberneiro um sentimento de pura vergonha. Ela com certeza ouviu dos boatos.

— Você não sabe como. — sussurrou, sorrindo triste.

— E se eu disser que sei?

— Diria que está mentindo. E você está.

Afinal, a última coisa que queria era ouvir Ninfa parecendo saber sobre o que sentia.

— Diria que sei da verdade.

— Como poderia? Você não estava lá.

Ela apenas sorriu em resposta, um raio de mágoa passando pelo seu rosto. Mas tão rápido quando chegou, rápido se foi. Ela se aproximava, sem hesitar nenhum instante.

— Não se aproxime. Pare.

Mas ela teimou e continuou. Aquela ternura nos lábios ainda resistente na forma de um sorriso. Kote estava assustado, com medo. De que? De uma simples mulher? Não, ele estava com medo de muita coisa. Do que ela poderia entender, do que ela poderia saber, do que aconteceria. Ela estava a sua frente.

— Então por que não me conta?

Assustava-o o modo com que ela falava. Agindo como se ele fosse Kvothe. Como se tudo estivesse normal. Engoliu o choro, percebendo como sua garganta estava seca. Mas ele não conseguia recuar, estava parado. Paralisado ali.

— Não.

— Kvothe.

— Pare.

— Lembra-se?

— Afaste-se.

— Nós somos música.

Com aquela declaração, seu semblante tomou um misto de dor e nostalgia. Deixou uma, duas, três lágrimas rolarem suas bochechas. Estava cansado... Tão cansado. Tão arrependido. Sentiu a suave mão tocar-lhe a bochecha e acariciar levemente, aquele carinho lhe arrancando um suspiro.

— Não faça isso.

Ele pedia. Sabia que se ela olhasse em seus olhos iria ver o ser que havia se tornado. A escuridão que jazia ali iria com toda a certeza corromper sua gentileza, e a mandaria para longe dele. Não queria isso. Não queria sua ternura longe de si. Inclinou a cabeça contra a mão dela e admitiu internamente o quanto sentia falta de tal carinho. Fechou os olhos.

— Não, Kvothe, olhe para mim.

E quase como hipnotizado ele abriu os olhos, revelando as orbes verdes cheias de dor e cansaço. Saudade, tristeza e vários outros sentimentos se misturando em um único olhar. Diferente do que ele havia pensado, ela não havia se afastado ou se assustado quando olhou nos olhos dele. Ela apenas sorriu. E isso o fez chorar ainda mais. Ainda, ainda mais.

— Você continua o mesmo, Kvothe.

E seus sentimentos começaram a se revelar; a frustração, a dor da perda, a tristeza da despedida, o arrependimento do fracasso, o peso das escolhas. Tudo aquilo em forma de gritos e apelos. Entretanto, sua amiga nunca saíra de lá. Nunca parara de servir como seu apoio.

Afinal, ela não tinha medo de demônios.


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Notas finais do capítulo

nhé.. Eu gostei muito dessa história/pemsa. Eu tava querendo fazer ela faz algum tempo, e eu ainda vou fazer outra fic com essa mesma música sobre o Kvothe.. Porque essa música é praticamente dele.. Cês gostaram? Se sim, por favor comentem! Obrigada por ler! Beijo, e até a próxima *w*



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