–Querida, mas que diabos de conselho foi aquele?

As aulas do dia já haviam acabado permitindo um descanso aos alunos. A escola estava em sua última semana de aula antes do feriado, o que explicava os alunos eufóricos pelos corredores.

–Apenas disse o que meu irmão já deveria ter escutado a tempos.

Gina e Harry ajudavam Hagrid com a decoração de Natal no Salão Principal, visto que os professores haviam arrumado os corredores, tentado ao máximo esconder os visgos dos alunos.

Coisa que Fred e George Weasley trataram logo de mudar.

–Você praticamente mandou o garoto se aproveitar de Lilá!

–Ele tem que esquecer Hermione, não? Nada melhor do que isso.

–Mas não era você mesma que apoiava mais do que tudo esse relacionamento no começo? Como pode ter mudado da água para o vinho, querida?

–Harry, meu amor, coisa mais linda deste mundo, como você pode ser tão lerdo a ponto de não perceber?

–Perceber o que?

–Que seu eu continuasse com isso, perderia minha melhor amiga. Além de que ela continuaria inventando de que estava com Neville, e não quero atrapalhar o que ele tem com Luna.

–Ele tem alguma coisa com Luna?!

–Jura que nunca viu Harry?

–Nunquinha...

–Então apenas uma dica: abra mais os seus olhos e observe melhor ao seu redor. Vai entender do que estou falando. - terminou a ruiva com uma piscadela.

***

Não muito longe dali, Ronald Weasley viu que o melhor a se fazer no momento seria escutar sua irmã.

Se não poderia tê-la, então era melhor esquece-la o mais rápido possível.

Sendo assim, após descer de seu dormitório, decidiu que no mínimo deveria conversar com a garota. Já havia tentado um contato havia uns dois dias, e não tinha sido tão ruim assim. Fora o fato que Hermione o encarava estranhamente junto com os Sonserinos e Neville.

A amizade entre eles também não era mais segredo para ninguém. Era certo que TODOS estranhavam, mas era considerado como algo não muito forte, já que raramente eram vistos juntos.

–Olá, Lilá. Como vai?

–Ron!- disse entre risadinhas. –Vou bem. E você?

–Melhor agora. - disse cruzando as pernas, passando um de seus braços pelos ombros da menina, que dava ainda mais risadinhas.

–Você consegui o que Hagrid te pediu?

A desculpa para acabar com o encontro anterior havia sido que Rúbeo havia lhe pedido que entregasse algo a Dumbleodore. A culpa não era dele, apenas não sabia mais o que fazer.

–Claro que sim, agora meu tempo é só seu.

–Verdade?

–Verdadeira. Então comece logo a me contar do que você gosta de fazer.

–Por que o interesse repentino? – Lilá podia ser rodada, mas não era burra. Sabia que havia algo acontecendo.

–Apenas... Percebi o quanto é bela e quis te conhecer melhor. Se não se sente confortável com a conversa, eu posso me retirar e... – disse já começando a se levantar quando a garota o puxa.

–ROSA!

–Rosa?

–Você perguntou. E estou respondendo. Minha cor favorita é rosa. E passo as horas vagas nos jardins.

–Jura? Sempre pensei que ficasse aqui...

***

–E você, vai fazer o que no feriado?

–Vou ajudar meu pai na edição d’O Pasquim. Vai ficar com a sua avó?

–E eu tenho outra opção Luna?- resmungou cabisbaixo.

–Neville, você sabe muito bem que não é assim...

–Luna, eles não se lembram de mim!

–E a culpa não é sua! Querido... – Luna colocava suas mãos no rosto do rapaz, o fazendo olhar para ela. – Pense bem, você não precisa ficar se martirizando por isso. Eles estão à salvo agora. Eles, sim, podem ter ficado loucos e não se lembrarem da família, mas Neville, eles estão vivos, e a salvo de tudo isso!

Enquanto fazia seu discurso, involuntariamente acabaram se aproximando, o rapaz já encarava os lábios da moça, que não entendia o porquê dele a desejar enquanto tinham uma conversa séria.

–Você por acaso ouviu alguma palavra do que eu disse Nevile? – sussurrou a garota contra sua boca, a fim de ver se estava certa.

–Sinto muito, acabei me distraindo, - Neville voltara ao normal antes que se descontrolasse e a atacasse.

–Apenas não fique chateado. Você sabe que pode me visitar quando quiser conversar.

–Só conversar? – sussurra o Grifinório, fazendo-a corar e rir.

Passaram-se aproximadamente cinco minutos e ambos ainda estavam na mesma posição. Às vezes parecia que ela cederia, às vezes não. Em momento algum seus olhares deixaram de se encontrar.

Quem de longe olhasse veria que ali existia o mais puro e verdadeiro Amor. O respeito era notável, já que em momento algum o rapaz aproveitou-se da moça, por mais que quisesse beijar-lhe seus lábios.

–Acho melhor eu avisar meu pai que termos visita para o Ano- Novo. – Luna saiu de seu abraço o deixando suspirando junto à parede.

–Cara, você ‘tá apaixonado mesmo, não?

–Zabini? O que faz aqui?

–Queria-te dizer que tem que tomar uma atitude. SEJA HOMEM! Vocês estão loucos um pelo outro e não acontece nada cara!

–Eu sei, mas acontece que ainda não encontrei o momento certo para isso. Tenho medo de ela me rejeitar e... Eu conheço essa risada de algum lugar.

–Eu também...

Apenas se encararam espantados e trataram de esconder-se e olhar quem via.

Para a surpresa de ambos, que achavam que quase nunca se viam, estavam presenciando um “encontro” de Draco e Hermione.

–Não acredito que você já matou aula, Granger.

–Foi só uma vez, Malfoy. E além disso, já aprendi minha lição.

–Qual?

–Que se matar aula, um trasgo pode aparecer e tentar te matar.

–Trasgos não são tão ruins assim.

–Não?

–Não tanto quanto aquele bicho de estimação de Hagrid.

–Bicuço?

–Até me arrepio ao ouvir esse nome. Urgh.

–Por causa dele ou pelo soco?

–A culpa não é minha se a senhorita tem uma mão pesada.

–A culpa não é minha se você mereceu aquele soco.

A essa altura, Hermione já havia parado de andar e havia se recostado em uma parede, enquanto Draco ficava à sua frente, apoiando um braço acima de seu ombro. Automaticamente, seu polegar acaricia a bochecha da garota disfarçadamente, que sorri com o toque.

–Promete que vai me escrever no feriado? – pergunta Malfoy baixinho.

–Vou pensar nessa possibilidade.

Neville e Zabini assistiam abismados como eles se davam tão bem por trás deles e tentavam fazer o mínimo de barulho possível.

–Longbottom, olhe aquilo! Um visgo está e formando.

–E parece que Hermione percebeu.

–SERÁ?!- disseram os dois o mesmo tempo, querendo a tal possibilidade.

–Acho que essa escola está conspirando contra nós. – sussurrou Hermione.

–Por quê? – disso Malfoy olhando para cima e entendendo, dando uma risadinha fraca.

–Ele também percebeu, Neville.

Ambos apenas se olharam, com o momento mágico pré- beijo formando-se.

–Espera... Tem alguma coisa errada aqui. Draco parece que estamos sendo observados.

Tamanho espanto por acharem que tinham sido descobertos os garotos caem no chão fazendo um escândalo, tentar disfarçar.

–NEVILLE?

–BLÁS?

–O que vocês estão fazendo aqui?

–Hã, apenas conversando. E vocês?

–Zabini estava me dando uma força com Luna.

–Quer dizer então que ele roubou meu posto?

–Talvez...