Ronald Weasley havia acordado inquieto. Desde que levantara, não conseguia ficar muito tempo no mesmo lugar. Seus amigos já o haviam perguntado o que havia acontecido, e o mesmo havia apenas respondido um simples:

–Não é nada, Harry. Só ‘to com fome.

E, como não era esperado outra coisa de Rony, os garotos pararam de encher-lhe a paciência e foram em direção ao Salão Principal.

–Rony, certeza que está tudo bem? Você disse para Simas que estava com fome, mas quase não tocou na comida. Sente alguma coisa?- os gêmeos perguntaram ao irmão mais novo.

–Sim...- respondeu Rony, completamente perdido em pensamentos, encarando seu suco de abóbora.

–O que exatamente, maninho?- George quis saber.

–Mais tarde vocês vão descobrir.

–O que exatamente o senhor pensa em fazer, Ronald Billius Weasley?- foi a vez de Fred perguntar.

–Apenas... algo que eu já devia ter feito a tempos. Agora, se me derem licença, tenho assuntos importantes a resolver.

–Vai copiar o dever de casa de Hermione?

–Mas é claro!

***

–Hermione, você acreditaria se eu dissesse que ‘to com uma sensação ruim?- perguntaram Harry Potter e Neville Longbottom ao mesmo tempo.

–Bem, se os dois tiveram a mesma sensação, eu não teria dúvidas.

–Herm’s, eu não sei explicar direito, só o clima que ficou meio pesado, um pouco mais frio de repente.

–Não seria a porta que se abriu, Nev’s?

–Não, Mione. Neville tem razão. Alguma coisa mudou o ar. Não só isso, mas uma sensação de que algo ruim vai acontecer.- respondeu Harry.

–Não sei do que vocês estão falando, meninos. Ao contrário de vocês,sinto que algo maravilhoso está prestes a acontecer. Embora o clima tenha ficado realmente um pouco mais pesado, sei que não vai afetar o que quer que esteja para acontecer mais tarde.

– E como a senhorita sabe que isso vai acontecer mais tarde?

–Eu só sei...

Hermione estava certa. Algo de bom realmente aconteceria no cair da noite, porém, também viria acompanhada de algo ruim, tanto para ela, quanto para seus amigos.

Isso não poderia ser evitado. Seu futuro dependia daquilo, e, por mais doloroso que poderia ser, ela tinha de passar por aquilo.

Harry realmente não sabia explicar direito o que pressentia. Aparentemente as aulas de Sibila não estavam adiantando para nada. Ele apenas havia reparado como Rony estava estranho pela manhã, e Ginny, um tanto quanto animada para o gosto dele.

E quanto a Neville, bom, ele era quem tinha o pressentimento mais forte do trio. Ele sabia que certamente era algo relacionado ao ruivo Weasley. Também podia apostar que não iria acabar bem para o dito cujo. Desde o café já havia percebido que ele estava prestes a atacar alguém, e sentia que isso não havia melhorado nenhum pouco desde então, quando aparece correndo atrás do trio.

–Hey, Mione, será que tem como você me emprestar o dever de transfiguração?

–Ronald Weasley! Eu já disse que é VOCÊ quem deve fazer seus deveres, e não eu!

–Por favor, ou você quer que eu perca pontos da Grifinória?

–CHANTAGEM NÃO VALE, SEU LEGUME! Anda, ‘toma logo essa porcaria e copia rápido!

–Também amo você, Mione.- respondeu Rony antes de sair correndo pelos corredores.

***

–Quer dizer então, que ontem você ficou com Astória?

–Sim.

–Astória Greengrass, a garota que dizia que NUNCA, nunquinha em sua vida ficaria com algém tão.. como foram as palavras dela mesmo? –perguntou Zabini ao vento.

–Alguém tão loiro quanto ele.- responderam Crabbe e Goyle ao mesmo tempo.

O quarteto estava em seu dormitório, no horário livre da Sonserina, ouvindo a bizarra história de Draco Malfoy, sobre o que a garota Greengrass havia “confessado” na noite anterior, após se agarrarem.

–Ela mesma.- disse, revirando os olhos.

–O que eu não entendo,- começou Crabbe- é por que ela saiu correndo quando escutou pirraça.

–E o motivo de ser apaixonada pelo Marcus Flint.- completou Goyle.

–Eu realmente não quis saber o motivo dessa paixão, Goyle. E eu quero agradecer Pirraça por isso. Vocês não tem noção de como estava frio lá. E a propósito...

–Draquinho.- o som abafado da voz de Pansy ecoou pelo quarto. Draco sabia perfeitamente que ela estava zombando com sua cara, porém seus amigos, não.

–Agora não, Pansy!

–Tem uma carta aqui para o Blás.

–Deixa comigo.- Respondeu o negão de tirar o chapéu, indo em direção a porta e lendo a carta, ficando com uma expressão séria no rosto.

–Como eu ia dizendo, eu realmente quero agradecer ele. Voces não tem noção de como ela beija mal.

–O QUE?!

–COMO ASSIM?

–ELA FEZ O QUE?

–Parecia que ela estava detestando aquilo, mas me agarrava cada vez mais. Garota doida.

–Mas que ela é gostosa ela é.

–Discordo de você, Crabbe. Odeio admitir isso, mas tem umas Grifinórias e Cornivas mais quentes do que ela.- disse Goyle.

–Tipo quem? Perguntou Malfoy com uma sobrancelha levantada.

–Por exemplo: por mais puta que ela seja, a Chang é gostosa. A Lovegood também não passa despercebida. E ainda tem a Granger e a Brown esse ano.

–Cara, tenho que concordar com você.- disseram todos os garotos ao mesmo tempo.

***

O dia havia passado relativamente rápido.

Blásio Zabini havia recebido o bilhete de Neville Longbottom, que havia explicada que algo iria acontecer no jantar, e queria se certificar que controlasse o loiro, pois ele tinha medo do viria.

Percebendo a gravidade da situação, e da sua reputação de cupido, Zabini resolveu ficar de olhos abertos no quesito barraco Malfoy.

E, como se Merlin juntamente com Morgana fossem diretores de um filme e gostassem de um barraco, não demorou muito para acontecer.

Cerca de dez minutos mais tarde, o ruivo Weasley entra ainda mais agitado no Salão, comendo compulsivamente, até para os Weasley’s.

Quando achavam que não iria acontecer nada, eis que Hermione acaba de jantar e se levanta, indo em direção a saída.

–HERMONE, ESPERA!- grita desesperadamente Rony.

–Hã?

A garota mal teve tempo de se virar, sendo puxada por um braço forte, ficando frente a frente do peito do garoto.

–Hermione, eu simplesmente não consigo me segurar mais, já guardei isso tempo demais. Eu queria te contar isso naquele dia, no trem, quando te abracei, mas Harry me impediu. E naquela vez, no Salão Comunal, eu te queria, só que estava sendo ameaçado por Harry, de novo. E agora, toda vez que te vejo grudada com Neville, eu sofro. E descobrir que vocês estavam juntos a algumas semanas, quebrou meu coração.- berrava o desesperado.

–MAS O QUE? Rony, eu NUNCA estive com Neville e...- o garoto não ouvira o que ela tinha dito, pois estava se aproximando da castanha apavorada.

–E eu não podia deixar isso assim. Eu tenho que tentar.

Ao perceber o que aquelas palavras significavam, Hermione entrou um pânico, tentando, inutilmente, se soltar. Neville ficou de queixo caído ao constatar que não podia fazer nada, e que a besta havia contado sua mentira alto demais. Zanini ficou atento a qualquer acesso de raiva que seu melhor amigo pudesse ter, o que não aconteceu em momento algum.

Ele apenas havia ficado parado, quieto, com sua sobrancelha levantada, esperando o show que estava prestes a acontecer.

O esforço de Hermione foi em vão, quando ela menos esperava, o ruivo a puxou para mais perto e grudou seus lábios agressivamente, forçando o beijo , passando suas mãos por lugares inadequados.

E nessa hora, Harry sabia que havia falhado na tentativa de desencanta-lo.