Com o decorrer do dia, o frio só ia aumentando, o que dificultava as atividades ao ar livre no Castelo. Pelo final da tarde, todas as aulas já haviam acabado, e com isso, um dos treinos de Quadribol que estava marcado, acontecia.

Como a única Casa que estava acostumada com baixas temperaturas, por viver nas Masmorras havia aceitado de trocar o horário com a Lufa- Lufa, exatamente às 16 horas em ponto, o time Sonserino entrava em campo.

–Marcus, você realmente tem certeza que dá para treinar hoje? Provavelmente vai começar a chover logo, e não sei se você se lembra, mas da última vez que tentamos treinar com chuva o pomo desapareceu por dois dias.- perguntou Montague ao capitão do time, quase que suplicando para voltar para frente da lareira.

–O que você prefere Montague: se esquentar ou ganhar a taça?- respondeu Marcus Flint

–Sinceramente, no atual momento, eu prefiro a lareira.

–Resposta errada. Quanto ao Pomo perdido, é só o Malfoy ter o devido cuidado e a decência de captura-lo a tempo.

–Ei, como que eu ia capturar se estava tudo escuro?!- perguntou um indignado Draco.

–Dando o seu jeito, afinal você é ou não é O apanhador?!

–Caras, parem de brigar, ISSO É SÓ UM TREINO!- gritou um alterado Bletchley, o goleiro.

–Só vou falar uma vez: é melhor vocês todos estarem voando dento de cinco minutos, ou o treino vai se estender até a madrugada.- disse o Sr. Flint antes de sair com uma jogada de capa e dar impulso a sua vassoura.

Com medo do frio que aumentava cada vez mais, os outros jogadores impulsionavam suas vassouras cada vez mais rápido, deixando para traz somente Blásio Zabini e Draco Malfoy, onde conversavam sobre os planos do fim de semana.

–Você vai a Hogsmead esse fim de semana, Blás?

–Você acha mesmo que eu vou perder a chance de tomar uma cerveja amanteigada cara? Pensei que você me conhecesse de verdade, Draquinho.- completou com o tom afeminado.

–Já te disse para não me chamar de Draquinho, Zabini. Mas perguntei no sentido de se você vai com alguém.

–Mas é claro, ou você já se esqueceu de que Crabbe e Goyle querem ir estocar doces?

–Você não... Ah, deixa pra lá.

No momento em que Zabini ia montar em sua Nimbus, ocorreu-lhe uma grande ideia, que tinha a necessidade de ser feita, onde poderia muito bem se aproveitar do momento chuvoso para se completar.

–Será que relmente chove hoje?- perguntou olhando para o chão, onde Malfoy ajeitava suas botas.

–Nem me fale nisso, ou Marcus vai vir em cima de mim, se não capturar aquele maldito Pomo.

–Mas pensa bem, se o temporal cair hoje, é muito provável que sábado comece a nevar.

–O que significa menos treinos.

Como se Merlin e Morgana estivessem a postos com um controle de tempo, ao completar sua frase, uma leve chuva começa a cair, onde vai piorando conforme o tempo.

–MALDITA BOCA, BLÁS!

–A CULPA NÃO É MINHA SE O INVERNO JÁ CHEGOU A TEMPOS!

–O TEMPODE VOCÊS ESTÁ ACABANDO, ACHO MELHOR SUBIREM DE UMA VEZ POR TODAS!- berra o capitão do time completamente encharcado.

–Draco, sei de algo que vai te estimular a conseguir pegar o Pomo.

–O que?- Malfoy tentava não aparentar, porém, seu desespero era algo muito perceptível.

–Que tal uma aposta?

–Hã?

–Se você NÃO pegar o Pomo, você vai ter que levar Pansy à Hogsmead esse final de semana.

–E se eu pegar?- a curiosidade não era nem um pouco disfarçada.

–Bem, se você conseguir pegar, o que eu duvido muito...

–COMO ASSIMVOCÊ DUVIDA DE MIM?

–NÃO SE LEMBRA DO QUE ACONTECEU DA ÚLTIMA VEZ QUE CHOVEU? Continuando, SE você conseguir pegar o Pomo, você leva a Granger. Que tal?

–Você sabe mesmo como estimular as pessoas.

O brilho nos olhos de Draco Malfoy poderia iluminar todo o caminho dele pelo céu do Hogwarts naquele entardecer escuro de início de inverno. O que garantiria que ele não perderia o Pomo uma só vez de vista.

Após selarem a aposta com um aperto de mãos, e escutarem a contagem regressiva de Marcus Flint, montaram em suas vassouras e voaram até o time, iniciando-se mais um treino.

O tempo fechava-se cada vez mais rápido, e o temporal piorava cada vez mais. O que, ocasionalmente, fazia os gritos do Capitão aumentarem ainda mais a frequência com o time, já que nem todos ali presentes estavam mais dispostas a cooperar, com apenas uma exceção.

Quanto mais tempo passava em cima de sua Firebolt, Draco Malfoy se empenhava mais. A chuva já caia forte, escurecera de vez, apenas pequenas luzes eram vistas no chão. Ele sabia que não poderia perder o Pomo de Ouro dessa vez. Não dessa vez.

Havia muito mais em jogo do que se esperava. Não apenas seu cargo no time, ou sua reputação, mas si uma aposta, e Draco Malfoy quase nunca perdia uma aposta. Menos daquela vez em que envolvia enfeitiçar Astória.

E, embora seus colegas de Casa não conseguissem mais enxergar quase nada, por conta do, além do forte nevoeiro que havia se estabelecido, a forte chuva que havia chegado para ficar, Malfoy enxergava cada vez melhor.

O motivo era desconhecido. Não sabia se era por conta de sua grande determinação, ou da esperança de ir com alguém até Hogsmead. Embora ele fosse ‘galinha’, poucas vezes tinha levado uma garota consigo até o vilarejo.

Então, quando todo o time havia desistido de treinar, e já estavam em terra firme, sonhando com suas camas, Blásio Zabini, o cara esperto, chama a atenção para um fato que ninguém havia reparado desde então?

–Alguém viu o Draco por aí?

O que bastou para todos começarem a procurá-lo.

Quer dizer, quase todos, já que Montague e Flint soltaram a franga, afirmando que mais uma vez haviam perdido o Pomo, e que Malfoy havia fugido.

E mais uma vez, como se para mostrar o contrário, um raio cai perto do campo, iluminando todo o espaço, onde uma figura loira, completamente encharcada sobrevoava , com mais velocidade, se esticando e capturando a pequena bola dourada.

Ao pousar do lado de Zabini, todo o time veio cumprimenta-lo.

–Eu te disse que não ia falhar dessa vez, Flint.

–Sorte de Apanhador.

–Se não se importam, minha cama me aguarda. Boa noite. - disse Montague saindo correndo, tentando inutilmente não se molhar, sendo acompanhado do todos ali presentes.

Ao chegarem ao corredor, onde estava quase vazio, e sem chuva, Zabini segura Draco pelo braço, sinalizando que devia parar e escuta-lo.

–E não é que você conseguiu apanhar o Pomo?

–E você ainda tinha dúvidas disso, meu caro?

–Algumas, admito. Pelo menos você não vai ter que levar Pansy à Hogsmead.

–Só tem um problema, Blás.

–Qual?

–Eu... Eu não faço a mínima ideia de... De como chama-la.

–Quem? Pansy?- Zabini fazia-se de desentendido para implicar com Draco.

–Não! Você sabe, a Granger.

–Ué, seja você mesmo cara. Não são amigos agora?

–Sim ,mas...

–Só, por favor, tente não fazer nenhuma besteira.

–Óbvio que eu não vou fazer, Blás.

Mas era certo que se não tentasse avisar, ele provavelmente faria grandes situações par se contar em uma festa de vinte e cinco anos de casado.

***

–HEY, GRANGER!

O grito ecoou pelos corredores vazios de Hogwarts na fria manhã de Sexta- Feira. Draco havia decidido que, quanto mais cedo a chamasse, melhor. Só que ele levou no sentido literal do pensamento, o fazendo espera-la desde cedo para o café.

–Malfoy?!- era perceptível em seu tom que Hermione ainda estava dormindo.

–Eu queria falar com você. – disse, após andar mais rápido até o encontro da garota.

–Não é meio cedo?

–E tem algum problema em falar com você antes do café?

–Não, nenhum, mas é que tecnicamente, ainda estou dormindo. Você não?

–Eu? Não. Perdi o sono e não consegui mais dormir.

O que me parte era verdade, já que tamanha era a ansiedade, que o loiro quase não conseguiu pregar os olhos durante a noite.

–Oh. Eu já ia me esquecendo, bom dia.

–Bom dia.

–Então... o que queria falar comigo?

–Hã... Eu queria saber se você vai ao vilarejo amanhã.

E com essa simples frase, foi capaz de acelerar o coração da garota.

–Você está me chamando para sair, Malfoy?

–Granger, sei que sou lindo, mas não coloque palavras na minha boca. Eu apenas gostaria de saber se você poderia me encontrar em frente à casa dos gritos.

–E para que exatamente você quer me encontrar lá?

–Eu apenas pensei que agora que somos amigos, poderíamos tentar não nos xingarmos mais, e assim melhorar nossa amizade. E além do mais, Blás insistiu que meus amigos também são amigos dele. Ele só quer ser seu amigo, Hermione.

–Você acabou de me chamar de Hermione. De novo.

–Não fuja do assunto, mocinha.

–Tudo bem, eu vou. Não ia fazer nada demais mesmo.

–Hã... Então tá... Amanhã, ao meio dia, em frente à casa dos gritos, combinado?

–Claro. Até amanhã, Sr. Malfoy.

–Até amanhã, Srta. Granger.