O inverno estava para chegar um pouco mais tarde aquele ano. Seus primeiros indícios começaram a aparecer por voltar do final de Novembro, onde andar sem as capas por Hogwarts tornava-se uma tarefa quase impossível. O Sol já começara a se por cada vez mais cedo, e não era surpresa as cada vez mais constantes chuvas. Em mais uma manhã de Quinta-Feira, ao acordarem, todos os alunos constataram que teriam de usar seus cachecóis, já que o Sol resolvera não dar as caras por hora, e sim, uma intensa chuva.

Como o esperado, muitos alunos acabaram perdendo a hora, por pensarem que ainda era madrugada, porém, isso não acontecera em um certo dormitório masculino Grifinório, onde o ronco do estômago que um certo Weasley servira de despertador, tirando seus companheiros de seus respectivos devaneios.

–Desculpe.- murmurou um sonolento e corado Ronald Weasley.

Como forma de resposta, todos atacaram seus travesseiros no ruivo.

–Droga Ron, agora não vou conseguir mais dormir.- resmungou Harry Potter um tanto quanto irritado e sonolento.

–Hey, alguém viu Trevo? Ele sumiu de novo durante a noite.

E assim se iniciava mais uma rotina de preparativos para o café da manhã. Ao desceram para o Salão Comunal, Neville percebe os olhares românticos e um suspiro ao seu lado, e, ao olhar para frente, percebe o motivo. Hermione Jean Granger descia carregando seus livros, e, ao deixar um deles escorregar de sua pilha, viu Ron praticamente correr para ajudá-la.

Ficou claro como água que se continuasse assim, eles teriam problemas na junção da cobra com o leão. Ter alguém atrapalhando não seria nada legal e mesmo se tratando de um ser tão leguminoso quanto o Weasley no quesito romance, era melhor não arriscar.

–Bom dia, Herm’s.- disse Neviile, após um leve pigarro, tentando desviar a atenção dela.

–Bom dia, Nev’s.- completou o cumprimento sorrindo.

Hermione só conseguia pensar como as garotas próximas deviam estar desmaiando naquele momento. Neville não sabia, mas qualquer movimento dele fazia um coração suspirar. Ele praticamente exalava sensualidade. Com toda certeza tinha se tornado um dos mais belos de toda a história de Hogwarts, até mesmo de Beubatonxs.

Um pouco mais tarde, logo após o café, a chuva havia cessado, o que significava que de fato haveria aula de Trato de Criaturas Mágicas, com a Corvinal. Ao se dirigirem para a cabana de Hagrid, Longbottom decide falar com Rony sobre os sentimentos dele com Hermione.

Ele sabia que não seria nada fácil convencê-lo a desistir de tal paixão platônica, mas ele havia de tentar.

–Rony, posso falar com você um minuto?- perguntou-lhe quando enfim conseguiu alcança-lo.

–Claro, mas se estiver procurando conselhos de como agradar sua namorada, então você procurou o cara errado.

–Meio impossível procurar conselhos disso se não tenho uma.

–Por que não quer. Já viu como essas garotas te idolatram? Me atrevo a dizer que talvez mais até que Mclaggen e Malfoy.

–Elas são malucas, Rony! Acredita que eu tive de me esconder em uma sala vazia para elas não me alcançarem?

–Ouvi falar. E que quando elas finalmente conseguiram arrombar a porta, só havia Luna lá dentro. Elas ficaram bastante furiosas se quer saber.

–Ao ponto de descontar em inocentes...- sussurrou Neville

–O que você disse?

–Nada. E Lilá?

–O que tem aquela doida? ELA TA VINDO?!-gritou um desesperado ruivo, puxando sua varinha das vestes, ficando em posição de ataque.

–Que? Não, cara. Abaixa a varinha, ela já foi mais na frente, junto com a Patil.

–Nunca mais me assuste desse jeito de novo, Longbottom, ou eu juro que...

–UÓN-UÓN!

–AAAAHHH! CORRAM PARAS AS MONTANHAS!

–Você quer chamar a atenção dela pra cá?

–Não mesmo.

–Então pare de gritar.

–Okay...

–Mas voltando ao assunto, ela ainda acha que vocês estão namorando? Quer dizer, aquele beijo no Salão Comunal, foi ELA quem te agarrou...

–Ela é maluca, já te disse. E sim, ela continua achando isso. E está cada vez mais difícil fugir dela. E, se ela fica no meu pé, não consigo ao menos ter uma conversa civilizada com os garotos, quem dirá conquistar Hermione...- disse vagamente Ron, olhando para a amiga que passava de braços dados com Harry, onde discutiam sobre o ataque de ciúmes de Ginny.

–Rony, quanto a isso... Eu não sei se isso é o certo a fazer...- e o plano havia começado.

–O que você quer dizer com isso?

–Pensa bem. Se até agora não deu certo, significado que não é para ser. Mesmo com todas aquelas campanhas, o coração dela pode já pertencer à outra pessoa.

–Só me responda uma coisa: você sabe de algo Neville?

–Eu...

–Por favor, não minta para mim. Eu sei que você se tornou muito próximo dela. E temo que seja mais do que isso.

–Ron...

–Apenas responda: vocês estão juntos?

E a partir daquele momento, Neville Longbottom percebeu que, por mais que ele dissesse o contrário, Ronald não acreditaria, e iria atrás dela, consequentemente estragando todo o maravilhoso plano de Zabini e ele.

Ele não queria estragar sua amizade com o ruivo, mas se a felicidade de sua melhor amiga estivesse em risco, e o único jeito de protege-la fosse deixando que acreditassem naquela mentira, ele aceitaria o sacrifício.

–Ronald, não irei mentir para você. No início não era nada demais, só que com os meses, bem, começamos a nos gostar, e, estamos saindo a algumas semanas.- Neville sabia que o preço seria alto, mas a felicidade de Hermione Granger vinha em primeiro lugar.

–Quantas... Quantas semanas?- a mágoa era perceptível nos olhos do ruivo

–Três semanas. Pensei que fosse melhor te avisar do que depois te ver sofrer pelos cantos.

–Eu... eu preciso pensar...

–Desculpe, ainda continuamos amigos?

–Claro, afinal, a culpa não é sua se ela te escolheu.- Rony respondeu apertando a mão de Longbottom, selando-a.

E com isso, continuaram o caminho até a cabana. E, ao mesmo tempo que a culpa invadia o coração de Neville, um pressentimento ruim de que Ronald não deixaria por isso mesmo apareceu. Ele teria de falar com Zabini o quanto antes para redobrarem a atenção ao caso.