POV’ Hermione

Não aguento mais isso.

Mal cheguei no dormitório e um Harry Potter veio mais uma vez me descrever as incríveis qualidades da pele (?) de Ronald Bilius Weasley. O motivo? Se meu palpite estiver certo, acho que tem dedo de uma certa namorada ruiva aí.

Ela diz que os garotos viram isso na aula de Adivinhação. Ora, se isso fosse realmente verdade, aquele sinistro que Harry vira já teria o matado há anos. E ele morreu? Não.

Mas o mais interessante e curioso de tudo, é o fato que o próprio Rony não dá um palpite sequer nessa história toda. Apenas fica lá, quietinho, observando tudo. O que poderia ter vários significados, ou que ele só estava com fome, o que não seria novidade nenhuma no seu caso.

Quando percebi, já estava ao seu lado.

Não era justo com ele. Se realente era verdade, que mal havia em gostar de uma amiga ao ponto dela se afastar? Ele não tinha culpa.

–Tá com fome? –perguntei ao ver sua cara.

–Um pouco... – respondeu ele de uma forma distante, que me fez sentir um aperto no coração. Não, ele realmente não tinha culpa.

–Eu tenho alguns doces guardados, se você quiser...

“HARRY, OLHA! ELES ESTÃO CONVERSANDO! AHHH!”

Impressão minha ou nós dois rolamos os olhos ao mesmo tempo?

–Se importaria de ir pegar os doces e me encontrar num canto longe de Ginny? Já tá começando a irritar todo esse escândalo. – disse ele não muito divertido, porém com um sorriso no rosto.

–Claro, Rony.

Era bom demais para ser verdade.

Quando penso que finalmente me livrei daquelas plaquinhas e comitês, eis que me surge dois bilhetes:

“Herm’s, pode me encontrar naquele mesmo sofá daquela vez? Preciso me desculpar com você.”

“JÁ BEIJOU?! ELE JÁ PEDIU EM NAMORO?”

Não era preciso pensar muito para identificar quam havia mandado os bilhetes.

–Rony, o papo tá bom, mas eu preciso ir... Ao que parece, Neville perdeu Trevo mais uma vez e quer que eu o ajude com um feitiço localizador.

–Oh, claro, claro. Eu já ia subir mesmo.

Antes de sair, nos abraçamos sem ter um momento constrangedor, e mostrando para o público que não havia acontecido nada demais.

–O quê foi aquilo com o senhor Weasley, senhorita Granger?- me pergunta Neville com um olhar espantado.

–Nada, só pensei que se ele gosta de mim não é culpa dele. E que não havia motivos para ignorar completamente ele.

–Certo... Só isso mesmo?

–Abaffiato. – lancei o feitiço para ter mais privacidade. – Claro que sim Nev’s, você sabe muito daquele segredo. Sabe que dali eu não quero nada mais do que uma amizade.

–Já do Príncipe... – Completa ele rindo abertamente da minha cara.

–O que você queria falar comigo mesmo hein?

–Trevo voltou!

–Eu sei.

–Como? Quem te contou?

–Foi o Malfo... – porque tanto de me interromper?

–O QUÊ? VOCÊ ENCONTROU COM ELE?

–Sim... Tivemos um papo considerável...

–Onde? – tinha um brilho nos olhos dele?

–Nas estufas. Eu fui lá te procurar como você me pediu, mas quando cheguei só estava ele. Ele me explicou que você havia saído correndo atrás de uma garota chamando por Trevo, coisa que ele não entendeu nem um pouco.

–E sobre o que mais vocês falaram? – QUE SORRISO ERA AQUELE?

“AHH! Que sorriso encantador...” – exclamou uma Grifinória que estava por perto.

–Sobre o porquê de ele me desculpar...

–E qual é o motivo?

–Aparentemente ele cresceu e percebeu que não tinha motivos de me xingar só porque eu não havia nascido no mesmo mundo que ele.

–Wou. Isso foi profundo. – ele estava... Sério? Não queria rir? É isso mesmo?

–Foi mesmo. Ainda mais vindo dele...

–Vai desculpar ele?

–Ainda não sei... Quem sabe se ele quiser me mostrar mais desse novo lado dele?

–Você está me dizendo então que há grandes possibilidades disso acontecer?

–Acho... Acho que sim.

–Mas isso é mais do que ótimo! Quem sabe assim Ginny não desiste de uma vez?

–Não sei como pode acontecer, mas faço qualquer coisa para ela parar.

–Então me beija agora. – disse Neville levantando uma sobrancelha e mostrando os dentes.

–FAZER O QUÊ?!

–Nunca dizer que faz qualquer coisa por algo. Qualquer hora pode vir algo pior. Eu podia ter te agarrado aqui mesmo, sem pedir nem nada.

–Ai, acho que aprendi a lição do dia. Que susto cara...

–Ah, mas admite que até que não seria uma má ideia me beijar...

Não aguentamos, caímos nas gargalhadas. Para finalizar, beijei-lhe a bochecha e perguntei:

–Satisfeito?

–Isso foi melhor do que eu pensava Herm’s, mas acho que começou a surtir efeito, olha.

E eu olhei.

Não devia ter feito isso.

Ginny estava berrando tanto que Harry se assustou e caiu desmaiado.

Grifinórias pareciam querer me matar.

Enquanto eu e meu mano, parceiro, garoto propaganda do papel higiênico Neve riamos de tudo.