Love Story escrita por Flor


Capítulo 17
Inocentes morreram


Notas iniciais do capítulo

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A vida não é fácil princesa. Chegou a hora de tirar a coroa e colocar a armadura.

Branca de Neve e o caçador

A Inglaterra amanheceu com muita chuva e fria,como se a natureza quisesse avisar que o inverno se aproximava.Os morros estão pálidos e as nuvens escuras.Teremos neve antes do anoitecer.Rachel estava fora,recolhendo lenha para colocar em nossa lareira.Minha mulher,Calipso,terminava de dobrar nossos lençóis limpos.

Seus cabelos não eram propriamente loiros,eram de uma cor de mel escuros,seus olhos seguiam o mesmo tom de seu cabelo.Era alta,mas eu era mais,e magra,mas nem tanto.Sua pele era bronzeada por conta das várias horas trabalhando no convês de meu navio.Suas mãos,embora trabalhasse muito,eram pequenas e macias.Ela sempre usava seus cabelos em uma trança de lado,com uma fina tiara de couro,que lhe atravessava a testa e terminava atrás de sua cabeça.Suas vestes,embora simples,lhe deixavam mais bela do que ela era.O avental branco estava amarrado em sua fina cintura.

Calipso Atlas nasceu com sangue azul.Seu pai,Atlas,era um rico comerciante e sua mãe,Pleione,era duquesa,tanto um quanto outro eram de Portugal.Ambos se odiavam e quando Pleione ficou grávida se viram presos pelo resto de suas vidas,fazendo assim,odiarem sua filha.Quando a garota completou 15 anos foi largada à própria sorte nas ruas da Inglaterra,foi o jeito que esses miseráveis acharam de se livrar da garota,com Calipso longe,Atlas poderia levar meretrizes até sua casa e Pleione poderia apostar seus bens em mesas de jogo,sem se preocuparem com a menina inocente que tinham em casa.

Calipso viu a maldade nos olhos dos seres humanos jovem demais,assim como eu,Malcom e Annabeth,mas ao contrário de nós três,ela não tinha uma mãe como a rainha Atena,que lhe dava sábios conselhos e amor,ou um pai e uma mãe,como os meus,que brincava comigo até altas horas e quando o sono batia,eu sabia que poderia dormir em paz,eu sabia que poderia acordar e lá estariam eles,me esperando para tomar meu café da manhã,antes que as aulas que eu tinha com a rainha Atena,junto com seus filhos,começassem.

Ao invês disso ela teve pais que lhe odiaram a vida toda,a única amiga que tinha era sua ama de leite,Nanny,que lhe cuidava como uma mãe.E então fora abandonada a própria sorte,em uma cidade que não conhecia e tão pouco sabia falar a língua.

Então ela foi acolhida por Afrodite,uma cafetina dona de um bordel,mas embora a mulher não exigisse nada,Calipso decidiu fazer um grande sacrifício:Se tornaria meretriz para pagar suas dívidas com Afrodite.E assim foi,até nós nos conhecer.Nos apaixonamos.Pedi-a em casamento e contei minha história,falei que era um pirata e ela me aceitou,assim como eu a aceitei.

Pouco tempo depois,ela estava grávida,mas infelizmente os deuses nos tiraram nosso bebê,mas eu sei que será por pouco tempo.Quando soube que Annabeth havia se casado com o príncipe da Inglaterra,parti para cá imediatamente,talvez seria melhor ter um lugar para chamar de lar.Embora eu sinta falta de meu pai,a Inglaterra é um lugar bom de se viver.

_O que foi,Leo?Está tão pensativo...-Minha mulher me questionou,terminando de dobrar o último lençol.Olhei para ela e sorri.

_Estava pensando em qual seria a nossa próxima jornada...O que acha de irmos até a Grécia?

_Sair da Inglaterra?Acabamos de chegar...-Ela falou perplexa,sentou-se em frente a lareira e postou suas mãos em frente ao fogo,procurando se aquecer.

_Eu sei,mas eu sou um pirata...Não consigo ficar em um lugar por muito tempo.-Eu brincava um um pedaço de feno por entre os meus dedos.

Calipso me olhou debochada.

_Sinto lhe dizer,querido,mas um pirata sem um navio e uma tripulação,não é um pirata.

_Quer uma tripulação?Eu posso arrumar uma.Quer um navio?Eu posso arrumar um...-Minha esposa fechou a cara e foi abrir a porta,Rachel entrou com os braços cheios de lenha.Levantei-me e foi ajudar.Joguei a lenha em um canto qualquer e voltei a me sentar

_Você não irá roubar outro navio da marinha real...-Ela falou fechando a porta e indo colocar um pouco de chá para a amiga que acabava de chegar.-Lembre-se que você matou um homem,vá por mim,querido,o rei Poseidon não irá aceitar os pedidos da princesa Annabeth para lhe livrar da prisão.-Entregou a xícara para Rachel,que estava sentada em frente a lareira,se aquecendo.Calipso sentou em uma poltrona e começou a bordar,ela fazia muito isso ultimamente.Os hematomas na pela da ruiva começavam a desaparecer.

_Eu não iria roubar...-Eu me defendi,ela me encarou com uma sobrancelha arqueada,pude ouvir Rachel soltar um risinho.-Iria tomar emprestado.

_E nunca mais devolver...Vamos ficar na cidade até segunda ordem.

_Eu sou o capitão,querida.

_E eu sou a mulher do capitão querido...-Calipso levantou um pouco de sua saia,o suficiente para que eu pudesse ver suas coxas.

_Está decidido,vamos ficar na Inglaterra.-Falei me levantando e indo em direção a porta,mas não sem antes ouvir a gargalhada das duas mulheres atrás de mim.

Encarei o mar e me lembrei de Jack.Ele foi um bom tutor.Me lembrei de como ele me encontrou vagando pelas ruas gregas,logo após o acidente que matou minha mãe,de como ele me acolheu e de como me ensinou tudo.

[...]

O anoitecer chegou mais rápido do que eu poderia imaginar,Calipso e Rachel trabalhavam no jantar e eu analisava alguns mapas,trabalhando em novas frotas de navegação.Por um segundo me distraí e olhei para a janela.Estava escuro e frio,era inacreditável a capacidade da natureza mudar seu clima tão rapidamente.Ontem pela manhã estava um lindo dia e o sol brilhava intenso.Hoje o dia estava frio,o sol não apareceu em nenhum momento,a chuva não nos deu uma trégua e estava frio.

Eu não gosto de frio.

Eu prefiro o calor,o sol e o fogo.Frio,chuva e neve não é para mim.

Nunca foi.

Eu acho que isso se deve ao fato da época em que ajudava meu pai,nas forjas reais.

_LEO!-Ouvi a voz de minha adorável esposa me chamar,olhei para ela e a mesma tinha uma mão apoiada em sua cintura e a outra se apoiava no encosto da cadeira.Encarei sua face e uma de suas sobrancelhas estava arqueada.Por que diabos as mulheres faziam isso quando estavam bravas,irônicas,triste...Ou seja sempre?!-Você foi para fora deste mundo,querido...Estou lhe chamando há minutos.

_Desculpe...Só estava pensando.-Sorri ternamente,mas pela cara que ela fez,pareceu não acreditar em minha desculpa.

_Você anda fazendo muito isso,não é mesmo?!-Rachel deu uma pequena risadinha e colocou o prato com sopa na mesa.-O jantar está pronto,venha.-Chamou-me.Me levantei e caminhei até a mesa,mas não sem antes roubar um beijo de minha mulher.Sentei-me à mesa,pronto para devorar a deliciosa sopa que minha esposa e sua amiga fizeram,até que...Alguém bate na porta.

ALGUÉM BATE NA PORTA!QUEM É O BENDITO QUE BATE NA PORTA ALHEIA A UMA HORA DESSAS DA NOITA?!

Fechei meus olhos e respirei fundo,largando a colher da minha mão e tirando o guardanapo de cima de minha coxa.O que?Eu sou um pirata,mas fui literalmente educado por uma rainha.

Rachel andou em direção à porta e a abriu.Uma figura feminina entrou,com uma capa preta cobrindo seu corpo e rosto.Eu sabia que era feminina,por causa do volumoso vestido e pelos braços que ficaram à mostra,e pelo tecido parecia ser da realeza.

A figura retirou o capuz e revelou seu rosto.Seus cabelos loiros estavam perfeitamente arrumados em um coque,mas alguns cachos caíam por sua face.Os olhos cinzas estavam tristes e sem vida.

Annabeth.

Rachel arfou e fechou a porta rapidamente,se certificando que ninguém havia visto a princesa entrar.Calipso também se apressou a fechar as cortinas das janelas.
Annabeth tratou de avaliar o interior da casa.Não tinha muito o que dizer.

A cozinha e a sala se interligavam em apenas um cômodo,havia um corredor que levava para a dispença e uma escada que levava para os dois quartos.Realmente não era a maior casa do qual já morei.Nasci e cresci em uma casa imensa,pelo fato de ser filho da dama de companhia da rainha,retirando o fato de que passei boa parte da infância no palácio.Calipso e Rachel também nasceram e cresceram em uma casa relativamente grande.Mas devia ser estranho para Annabeth entrar em uma casa tão pequena,afinal,ela nasceu,cresceu e aprendeu a viver em um palácio,embora eu tenha certeza que ela não ligava para isso.

Quando nossos olhares se encontraram ela se encolheu e seus olhos ficaram marejados.

_O senhor pode abrigar em sua casa uma amiga?Uma amiga grávida,que está sofrendo e precisa do melhor amigo dela...Na verdade,o senhor pode abrigar uma garota de 17 anos,grávida e que precisa de pessoas que não ligam no que vou ou não fazer.-Ela pediu antes de se derramar em lágrimas.Caminhei até ela e a abracei,Annie agarrou minha camisa e chorou mais ainda.

_Eu vou pegar um pouco de água com açúcar.-Cali falou seguindo até os galões de água.Rachel pegue um cobertor para ela.Está naquele baú que fica em seu quarto.

A ruiva assentiu e subiu as escadas correndo.Levei Annabeth até o sofá e sentei-me com ela ao meu lado.

_Annie,o que aconteceu?-Perguntei,eu juro que já estava ficando desesperado.Não conseguia ver uma mulher chorar.

_O que será de mim,Leo?O que será do meu bebê?-Annie,quando eu lhe faço uma pergunta,não me responda com mais perguntas!

Calipso se aproximou e entregou o copo com água e açúcar para Annabeth.Pode ouvir Rachel descer as escadas.Ela entregou o cobertor para Calipso,que o desdobrou e cobriu a princesa.

Annabeth tremia de frio e por causa do choro,mas mesmo assim ela engoliu todo o líquido que estava no copo,por fim ela secou as lágrimas,seus olhos estavam vermelho e a ponta de seu nariz também.

A loira olhou para Calipso e sorriu.

_Você deve ser Calipso,Leo falou muito bem de você...Sou Annabeth e lhe proíbo de fazer qualquer tipo de revêrencia ou me chamar de Vossa Alteza e princesa.-E então ela sorriu.

Olhei para Calipso.

_Eu não ira discutir.-Ela sorriu de volta e sentou-se no sofá à nossa frente.

_Está bem...É um prazer conhece-la Annabeth,Leo também fala muito bem de você...Mas não é querendo ser indelicada,o que aconteceu?

Annabeth apontou para Rachel.

_Sua irmã acaba de sentenciar a própria morte.-Rachel pareceu ficar interessada,já que a mesma se sentou ao lado de Calipso.

_Por que?-Ela franziu o cenho.

_Como se não bastasse eu descobrir que o bastardo rei da França,quer tomar o meu bebê de mim...Eu peguei sua irmã com o meu marido,ambos estavam nus,no sofá do escritório do meu sogro...Acho que você já sabe o que aconteceu,não é mesmo?-De tanto apertar o copo,o mesmo explodiu na mão dela,provocando um pequeno ferimento em seu dedão e no meio de sua mão.Ela ainda continua com o gênio ruim.

Espere um segundo,se Annabeth descobriu a traição de seu marido...Meus deuses,eu não queria ser esses dois agora.

Calipso levantou-se e pegou uma caixa com alguns curativos ali,ela voltou a se sentar em nossa frente,mas desta vez ela sentou-se na mesinha de madeira.Tomou a mão de minha melhor amiga e começou a fazer os curativos necessários.

_O que você fez?-Perguntei arqueando uma sobrancelha.

_Nada!Me comportei como sempre fiz.No chá que meus sogros deram hoje à tarde,encantei a todos e quando o maldito do Perseu chegou para conversar comigo eu dei a desculpa que estava indisposta e quando ele disse que iria conversar comigo hoje ao anoitecer...Bom,eu peguei o cavalo e parti.Por sorte,um bom senhor me ajudou e me disse onde o pirata pedoado pelo rei ficava,assim que eu perguntei para ele...Está famoso,Leo Cachinhos Valdez.

Eu sorri diante do apelido que recebi ainda pequeno.Calipso terminou de enfaixar a palma da mão da loira e então começou a guardar as coisas dentro da caixa.

_Sabe que não foi que eu quis dizer.

Annabeth suspirou.

_Está bem.Eu empurrei ''sem querer'' a Lady Elizabeth,ou seja lá como ela se chama,no lago
e quando eu ofereci ajuda,ela ''caiu'' nas fezes dos cavalos da guarda...Tinham que ver a cara que ela fez.

_Annabeth...-Eu a repreendi.Ela me olhou escandalizada e se levantou.Ótimo,aticei a fera.

_Ora não me venha com esse ''Annabeth'',você sabe o que aquela bruxa fez?Ela destruiu as únicas chances que eu tinha de ser feliz,eu estou apenas no começo...Se é guerra que ela quer...É guerra que ela terá.

E então colocou o capuz e saiu porta à fora,batendo-a com força,fazendo um grande estrondo.Passei minhas mãos pelo meu rosto,procurando paciência.

Foi então que aconteceu.Um grito de horror me fez sair de meus pensamentos.Corri para fora da casa,acompanhado de Calipso e Rachel.Estava chovendo forte e os raios estrondavam o céu.

Annabeth estava em pé,perto de seu provável cavalo.Me aproximei devagar e então eu vi.

Aos pés dela estava uma criança ensanguentada,um menino.Calipso gritou e Rachel reprimiu seu grito.

Me aproximei mais e pude ver a flecha atravessada em sua garganta,nela tinha um aviso.

''Inocentes morreram até eu conseguir o que quero...Inocentes morreram,por causa de seu orgulho estúpido.A vida não é fácil princesa. Chegou a hora de tirar a coroa e colocar a armadura.
L.C''

As pessoas que estavam em suas casas,saíram para ver o que acontecia.

_Corre!-Sussurrei no ouvido de Annabeth,que parecia paralisada.-Será pior se encontrarem a princesa aqui,ainda mais nesta situação...É porque eu te amo que eu digo:Corre,Annabeth!

Como se tivesse saindo de vários meses dormindo,Annabeth subiu no cavalo e correu,para o meio da floresta escura.

Logo vi os pais do meninos chegarem e quando viram que era seu filho que estava ali,morto e sem vida,caíram sobre o chão frio e choraram como nunca.E então eu me lembrei da dor que era perder alguém.Ainda mais,sendo um filho.


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