Caminhos escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Segundo Ano - Cercado pelas inusitadas mudanças


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho para vocês!

Tenham uma boa semana. Perdoem os erros e até terça-feira que vêm!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/437726/chapter/3

Caminhos

Kaline Bogard

Segundo Ano

Cercado pelas inusitadas mudanças

Quando o novo ano letivo começou, Kiba tinha uma decisão muito firme em sua cabeça. Estava disposto a mudar seu comportamento.

Pensara durante as longas e solitárias férias sobre como agiria. Precisava se conformar em abrir mão dos amigos, ou seria mais doloroso. Já fora difícil ouvir tantos “nãos” seguidos por desculpas esfarrapadas aos seus convites. Isso apenas tornara o antes adorado período de férias um arrastar de dias longos e tediosos.

Se dedicaria às aulas e ao treinamento ninja. Durante o segundo ano as missões práticas começariam para os times que se destacassem. Ele queria que a equipe 8 entrasse em ação.

Sufocaria o amor não correspondido no fundo do coração. Não podia ser mais infantil. Se Shino estava feliz, então tudo bem.

As mudanças não foram apenas nas decisões de Kiba.

Como vieram a descobrir os alunos, durante o segundo ano não teriam aulas com Iruka sensei. Em compensação teriam aulas de Técnicas Avançadas de Ninjutsu com Kurenai sensei, Técnicas Avançadas de Genjutsu com Kakashi sensei e Técnicas Avançadas de Taijutsu com Gai sensei.

E esse último... não brincava em serviço! As aulas era cem porcento práticas e ele não liberava seus alunos até que o último deles tivesse queimado todas as chamas do fogo da juventude.

Pois é...

Também tiveram a chegada de uma jovem loira chamada Temari, vinda de outro país, para estagiar na enfermaria do colégio e aprender técnicas novas em Konoha. Trouxera consigo os irmãos mais novos: Kankuro, que foi para o 3C e Gaara, matriculado no 1A.

Na classe de Kiba não houvera mudanças. Naruto, Shikamaru e ele estavam juntos no 2B, mas a amizade ainda tinha que ser dividida com os namorados de Uzumaki e Nara.

Não que Inuzuka reclamasse. Ele começava a se acostumar.

S&K

Nem tudo era arco-íris e pôr-do-sol no colégio.

Novos alunos chegaram nos primeiros anos, entre eles os irmãos Sakon e Ukon que gostavam de causar encrenca. Perseguiam os mais fracos e lhes roubavam o lanche.

Os dois pareceram criar uma antipatia especial por Kiba, sem motivo algum aparente. E após provocações e rebatidas de ambos os lados, a tensão entre os garotos acabou na rua, com Inuzuka levando uma senhora surra dos irmãos.

Era uma tarde de sexta-feira, logo após as aulas extras. Como sempre os melhores amigos tinham ido se encontrar com os namorados e a única alternativa de Kiba era voltar para casa sozinho.

No fundo não se surpreendeu ao virar uma esquina e dar de cara com Sakon e Ukon esperando emboscados. Na verdade até gostou. Jogou a mochila longe e não esperou convite.

Briga de garotos, não envolvia nenhuma técnica ninja. Era apenas trocação. E, acreditem, Sakon tinha a mão pesada!

A coisa só ficou preta por que eram dois contra um. E o jogo acabou ficando feio pro lado de Inuzuka.

O menino-cão só não apanhou mais por que um dos outros alunos transferidos virou a esquina no momento exato e tomou a briga para si, surrando os novatos do primeiro ano sem dificuldade alguma e botando os gêmeos para correr.

– Ei, você está bem?

– Não precisava de ajuda! – Kiba respondeu emburrado, recusando a mão que Kankuro lhe estendia.

– Sei disso – o rapaz com rosto pintado respondeu sorrindo – Não queria que você virasse o jogo e os machucasse muito...

O moreninho olhou desconfiado para Kankuro. Acabou relaxando e gostando do que tinha ouvido.

– É... acho que você salvou eles!

Kankuro soltou uma risadinha e ajudou Kiba a bater a poeira das roupas. O aluno novo tentou convencer Inuzuka a ir a enfermaria ser atendido por Temari, mas não conseguiu.

Ao invés disso seguiu ao lado dele e o acompanhou até em casa, mesmo Kiba resmungando que não precisava de guarda-costas.

E foi assim que surgiu uma nova amizade.

S&K

Kiba nunca mais teve problemas com os gêmeos e desconfiava que Kankuro cuidara daquilo. Só não sabia o que o rapaz fizera. E nem queria saber, pois com a proximidade dele, Inuzuka percebeu algo que antes passara batido. Estava tão centrado em morrer de pena de si mesmo e lamentar o distanciamento dos melhores amigos que não se permitiu abrir os olhos e enxergar as possibilidades.

Não precisava ficar daquele jeito! Seus amigos tinham novos relacionamentos. Ele também podia, oras.

Graças a Kankuro, Kiba finalmente saiu da bolha de solidão que impusera a si próprio e permitiu-se arriscar fazer novos companheiros.

E os dois garotos se deram bem! Muito bem! Os dias se juntavam em meses e a amizade se solidificava.

Inuzuka percebeu que o outro gostava de ouvi-lo. E como Kiba adorava estar no centro das atenções, aquilo foi perfeito. Podia contar historias e vantagens, falar até ficar sem fôlego! Kankuro não parecia entediado como Shikamaru, nem perdia o foco como Naruto.

Também passaram a treinar juntos depois das aulas. Ou melhor, como estava um ano a frente, Kankuro dava dicas importantes e ajudava o moreninho com os exercícios. Era incrível, por que ele nunca se cansava até a energia de Kiba se esgotar. Era um trio muito bacana, já que Akamaru geralmente estava com eles.

O recém chegado no colégio era dono de uma personalidade muito peculiar. Geralmente era sério, mas tinha certo senso de humor. E, o mais engraçado, não tinha limites em fazer o que achava certo ou elegia como uma missão. Por mais estranho que fosse para quem olhasse de fora.

Como aquele dia, logo depois do último sinal, quando os alunos iam embora em grupos ou em duplas. Kiba atravessou correndo e empurrando as pessoas que ainda passavam pelo corredor.

– SAI DA FRENTE! – o moreninho gritava desesperado.

– ESPERE AÍ!! – Kankuro vinha na cola, muito sério. A sombra de um sorriso surgiu-lhe no rosto. Sua presa estava quase chegando ao portão e ganhando a liberdade, mas havia um certo ruivinho parado na entrada, para sua sorte – GAARA!!

Só precisou disso para que o caçula entendesse e entrasse na frente de Inuzuka, cortando-lhe a passagem. Para não trombar com o novato, Kiba brecou de repente e caiu sentado no chão.

Nesse ponto já estavam todos prestando atenção. Cochichos se alastraram quando Kankuro chegou e abaixou-se, pegando o novo amigo nos braços sem dificuldade alguma e o jogando sobre um dos ombros.

– Te peguei!

A frase bem humorada devolveu a ação ao menino-cão que começou a socar as costas de Kankuro sem a menor piedade, ao mesmo tempo em que passou a espernear.

– Me põe no chão, maldito! – rosnou.

– KIBA!! – Naruto e Sasuke abriram espaço entre os espectadores e vieram resgatar o amigo.

– NARUTO! SOCORRO!

– Ei! – o loirinho virou-se para Kankuro – Coloca ele no chão!

– Não se meta – o rapaz respondeu – É pro bem dele. Já dei um jeito em Akamaru, mas se não acabar com as pulgas de Kiba não adianta nada.

Uzumaki estava prestes a insistir quando pareceu compreender o que tinha ouvido. Mal notou o esperneio de Kiba aumentar.

– Pulgas...?

– É – Kankuro respondeu mal humorado – É difícil conviver com as pulgas! Comprei um shampoo especial pra resolver isso. Mas esse moleque não quer usar... vai ter que ser a força!

Não esperou resposta e deu as costas. Segurou as pernas de Inuzuka com uma das mãos e o impediu de continuar chutando. A outra mão pousava suave no final das costas do moreninho, dando estabilidade. Ignorava elegantemente os socos em suas costas e os pedidos de socorro do menino.

A inusitada platéia se divertiu um bocado. Até mesmo Naruto acabou rindo.

– Quem diria – o loirinho debochou com certa malícia – Kiba vai ganhar banhinho do Kankuro. Eu acho que... AI!!

Gemeu alto e acertou um tapa no pescoço. Fora picado por algo! Seria uma pulga...? Observou o bichinho morto na palma da mão. Não era uma pulga. Era um dos insetos de Shino...

Olhou ao redor e notou Aburame parado próximo. Ele tinha uma expressão fechada e não gostara de ouvir a brincadeira do loirinho.

Naruto entendeu foi nada!!

[...KanKi...]

Kankuro carregou Kiba nos ombros por todo percurso até sua casa. Gaara seguia ao lado, indiferente a situação. Parecia surdo aos gritos de socorro de Inuzuka e indiferente às pessoas que paravam para assistir a cena. Não podia negar que era surpreendente como alguém podia relutar tanto a respeito de algo higiênico.

Chegou em casa e foi recebido por Temari, que estava a par do plano da limpeza de Inuzuka.

– A banheira está cheia! – a loira sorriu – Desculpa, Kiba kun... é pro seu bem.

O moreninho não respondeu. Seu desespero aumentou a medida que o morador da casa subia para o segundo andar. O escândalo do menino só parou ao chegarem ao banheiro e, sem consideração ou aviso algum, o mais velho jogá-lo com roupa e tudo na banheira espumante.

Isso fez Kiba debater-se um pouco, assustado, e sentar-se antes que engolisse mais água com sabão. Depois ficou quieto e ofegante, olhando com rancor para Kankuro, que mexia nos armários.

Quando achou um vidro de shampoo sorriu vitorioso e voltou-se para sentar-se na privada ocidental cuja tampa estava abaixada.

– Feche os olhos.

Assim que foi obedecido derramou uma senhora quantidade do shampoo nos fios castanhos encharcados e começou a esfregar delicadamente, fazendo muita espuma. O cheiro peculiar se espalhou. O banheiro permanecia silencioso, nenhum dos dois jovens falava nada.

Após uma boa esfregação Kankuro abriu a torneirinha da banheira e a usou para lavar o cabelo de Inuzuka e tirar toda a espuma.

– Doeu? – o moreno mais velho perguntou divertido.

– Idiota! – o tom de Kiba era meio ofendido.

– Pode terminar de se lavar agora. Mas quero que leve o shampoo pra casa e use! Se eu perceber que está com pulgas de novo te dou outro banho desses, entendeu?

Em resposta Inuzuka jogou água no amigo, que fugiu rindo. A risada aumentou quando Kankuro escorregou no piso molhado e quase caiu, porém conseguiu se equilibrar e seguir para fora do banheiro.

Ao abrir a porta, notaram Temari parada segurando uma toalha limpa e roupas secas. Roupas de seu irmão do meio, evidentemente.

Kankuro pegou tudo e deixou no banheiro antes de finalmente sair e permitir a seu amigo terminar o banho não planejado.

Kiba tirou as roupas molhadas. Reclamou e resmungou o tempo todo, mas no fundo sabia que a intenção do mais velho era boa. Não que admitisse que tinha pulgas! Quer dizer... ele achava que não...

Ao finalizar o banho sentia-se limpo até demais, leve. As roupas de Kankuro eram um pouco grandes, já que o rapaz era mais alto, porém tão macias e quentinhas que davam uma sensação que Kiba nunca sentira antes. E ele gostou.

Ao por o pé descalço para fora do banheiro já não se sentia mais mal humorado ou ofendido. Ele não conseguia guardar rancor. Ao contrário... havia em si uma felicidade. Desde o ano passado não tinha um amigo que se importava tanto consigo.

É. Definitivamente aquilo era bom!

[...KanKi...]

O outono também trouxe o festival. Era tradição que os alunos do segundo ano se responsabilizassem por organizá-lo, por isso Kiba não conseguiu escapar. Mas não iria participar, pois o tema era “Primeiro Amor” e ele estava farto do assunto.

Já não participara no ano passado. Fazia questão alguma de assistir aos festejos.

Ele ficou bem feliz por Kankuro aceitar treinar na floresta ao invés de perder tempo no festival.

Por essa época alguns times foram escolhidos para realizar missões. O time 8 foi um deles. Depois que Inuzuka parou com as pequenas vinganças e deixou Shino em paz, a harmonia geral do trio melhorou muito! Não era nada perigoso ou emocionante, mas pequenas tarefas dentro de Konoha. No entanto nem todos os times tinham sido chamados. Eles sentiam o quanto haviam evoluído como futuros ninjas!

A competição inter-classes fora um grande sucesso de novo. Na área de inteligência e estratégia Shikamaru e Neji tinham quase empatado. Como Hyuuga parecia disposto a vencer a qualquer custo, Nara resolveu desistir. Segundo ele era problemático demais competir com o namorado. A desistência não deixou Neji feliz. Aquela foi a primeira briga do casal. Eles ficaram quase três dias sem se falar.

No natal já estava tudo bem. E foi um ótimo natal, Kiba dividiu a data com Kankuro, Temari e Gaara. Fazia tempo que o dia não era tão divertido e surpreendente!

O ano letivo se encaminhava para o fim quando Kankuro chamou Kiba para irem até a praça principal de Konoha. Era final de tarde e estava frio pra valer. Como o moreninho detestava frio, ele se cobriu com um grosso casaco, luvas tão fofinhas que ele não conseguia enfiar a mão no bolso e um gorro azul com pompons brancos na ponta.

Kankuro já esperava no local, igualmente agasalhado. Ele vinha de um país quente e não se acostumara com a baixa temperatura de Konoha no inverno.

– Yo! – o moreninho foi cumprimentando.

– Olá.

– Por que me chamou aqui?

Pela primeira vez desde que a amizade começara, Kiba viu o rapaz vacilar envergonhado. Então tirou uma carta do bolso e estendeu para o mais novo.

– Gosto de você – revelou com simplicidade.

O coração de Inuzuka disparou e seu rosto avermelhou, pego totalmente de surpresa! Jamais passara pela sua cabeça que Kankuro podia sentir algo a mais por si. Pra ele tudo era coisa de amigos. Engoliu em seco olhando da carta para o outro rapaz que aguardava ansioso por sua resposta.

Kiba respirou fundo e aproximou-se o bastante para abraçar Kankuro com força.

– Sinto muito... – foi falando com sinceridade – Eu gosto muito de você, mas como amigo. Eu já gosto de alguém, sabe...?

Foi a vez do mais velho se surpreender. Kiba nunca lhe dissera nada a respeito. Tentou se afastar, mas o moreninho ainda o manteve no abraço. Ele sabia como era difícil ouvir a palavra “não” de quem a gente ama. Principalmente dita de forma fria e leviana. A esperança era esmagada, destruída. Assim como o coração. Ele não queria que Kankuro ficasse magoado como ele ficara depois que se declarara para Aburame.

– Kiba...

– Muito obrigado, Kankuro! Você foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano. Eu queria corresponder ao que sente, mas não dá pra mandar no coração.

Ao ouvir aquilo, Kankuro correspondeu ao abraço. Estava levando um fora! Mas de um jeito tão fofo que nem doía tanto.

Depois de um minuto em silêncio, Inuzuka se afastou e pegou a carta que Kankuro tinha segurado o tempo todo.

– Vou guardar isso com cuidado. Quando encontrar alguém que goste e que goste de você do mesmo jeito, venha pegar comigo. Combinado?

Kankuro coçou a nuca e riu.

– Cuide bem dos meus sentimentos! Conto com você.

– Pode deixar! Agora que tal um sorvete para afogar as mágoas?

– Com esse frio? Prefiro um ramen! Por minha conta.

Kiba concordou com a cabeça, segurou na mão de Kankuro e começou à puxá-lo. O rapaz olhou para as mãos unidas, separadas apenas pelas luvas e suspirou. A vida tinha dessas coisas, não?

Secretamente amaldiçoou a pessoa de quem Kiba gostava. Era uma baita de uma sortuda.

A declaração inusitada não afetou a amizade em nada. Ao invés disso apenas deixou os laços mais fortes.

Quando o período letivo terminou, deu-se inicio a férias inesquecíveis. Não era igual com Naruto, Shikamaru e os outros. Mas era divertido. A família Sabaku tinha seus encantos.

Mas os dias de descanso tiveram seu momento marcante. Temari terminara seu ano de estágio obrigatório e voltaria para casa levando Kankuro e Gaara com ela, já que era responsável pelos irmãos.

Ao se despedir do grande amigo, Kiba tinha o coração apertado. Mas mesmo que doesse um pouco estava feliz por conhecer alguém tão especial. Ambos sabiam que a distância não acabaria com o vínculo e o abraço forte veio com a promessa de trocar correspondência regularmente.

Seriam afastados, mas permaneceriam amigos por toda a vida.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É... parece que abrir a mente para as possibilidades vale a pena!

E o que será que o terceiro ano reserva para o Kiba?

Respostas semana que vem!

Até a próxima!