Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 4
I Wanna Be Sedated.


Notas iniciais do capítulo

Aish, desculpem a demora! É que, meu Deus, minha vida estava super mega corrida, e o pouco de reviews também ajudou na demora. Poxa pessoal, vamos lá, eu tenho muitos leitores e apenas três comentam, isso é tão chato!
Enfim, espero que gostem! Esse é a continuação do anterior, então ok.
Boa leitura



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– Terminei. – Minha mãe disse saindo da mesa e então indo até a pia. Sem se virar, ela falou: – Thalia, coma tudo. Jason, fique de olho nela.

– Não vai dar – ele disse se alevantando e levando o prato até a pia. – Já terminei, não posso ficar aqui, tenho lições e vou me encontrar com a Piper mais tarde.

– Então, Thalia – mamãe disse enxugando as mãos – Você lava as louças do almoço e come pelo menos um pouco.

Apenas assenti.

– Vou descansar, o meu turno da tarde começa mais cedo, já que vou ter que sair lá com a cliente.

Os dois saíram da cozinha e eu continuei sentada, olhando para o meu prato. Só Deus sabe o quanto eu queria conseguir comer aquilo tudo. Peguei alguns poucos grãos de arroz e comi, sentindo meu estomago se contorcer por estar tanto tempo sem receber alguma coisa.

Comi um pedacinho da carne, e ai não consegui mais me conter, comi o resto. Só depois vi o que eu havia feito, fiz uma cara azeda por meu estomago ter aceitado bem a comida, por isso não coloquei tudo para fora.

Caminhei até a pia e comecei a lavar a louça. Quando estava prestes a terminar, o esperado veio: vomitei.

Vomitei absolutamente tudo, meus braços finos tentaram se agarrar a alguma coisa para que eu não caísse. Abaixei a cabeça quando terminei, reprimindo um soluço. Limpei toda a sujeira, terminei com a louça e subi para o quarto. Fui ao banheiro e me encarei no espelho, meus olhos ardiam e eu decidi que já que toda vez que comia vomitava, iria voltar à rotina de não comer.

Isso foi uns dos meus maiores erros, desde a primeira vez, a primeira tentativa.

Lavei o rosto e me joguei na cama. Ouvi algumas musicas, mas não estava com muito animo para prestar atenção na letra ou cantar. Passei a maior parte do tempo encarando o teto e trocando algumas frases com o Silêncio. Não estava a fim de fazer o trabalho.

Olhei por todo o meu quarto e vi o quanto as coisas estavam fora de lugar, então decidi arruma-lo.

Abri a cortina e a janela também, para entrar um ar. Liguei o som baixinho e parti para a limpeza.

Comecei pelo meu guarda roupa. Separei todos os meus coturnos e os limpei. Ajeitei minhas camisas de bandas inseparáveis. Ajeitei a minha cama. Limpei todas as estantes com meus bagulhos e por ultimo varri o quarto.

Depois que limpei tudo, parei no centro do quarto, sorrindo satisfeita com o meu trabalho.

Fui até a janela para fecha-la e ir dormir, mas quando cheguei lá vi uma aparição me encarando.

Luke estava sentado na cama, mexendo distraidamente uma chave enquanto olhava em minha direção. Ele viu que eu havia percebido que ele estava me encarando e sorriu.

Fiquei apenas lá, parada.

Ele deu uma olhada pelo seu quarto e se escorou no criado-mudo, voltou com um caderno e um pincel na mão e escreveu:

"Fazendo uma limpeza?"

Ponderei em responder ou não, mas como eu não iria falar uma única palavra, decidi que escrever não iria me matar.

Peguei um pincel e um caderno e respondi:

"Sim."

Um sim não vai me matar, certo?

Ele escreveu novamente:

"Ficou limpo?"

"Acho que sim."

"Você é muda?"

Ri com isso.

"Não."

"Hum..”

"Pois é..”

"Vai fazer o que agora?"

Tive muita vontade de dizer "te interessa?!" mas eu queria deixar pelo menos um pouco de boa impressão.

"Dormir."

Ele fez uma careta.

"Vai para a festa hoje?"

"Não."

"Por...?"

"É pessoal. "

"Hum..."

"Tenho que ir. Adeus."

"Até."

Fechei a janela e puxei a cortina. Desliguei a luz, liguei o ar e joguei-me na cama, pensando nas coisas erradas que haviam acontecido durante o dia: Eu ir para a escola e não dormir, ter comido todo o almoço e só ter vomitado uns 20 minutos depois, ter conversado pouco com o Silêncio, ter limpado o meu quarto e ainda ter meio que... Falado com o Luke.

E aí eu me fiz a seguinte pergunta: "O que diabos tá acontecendo?" eu tinha medo de aparentar melhoras e só me ferrar depois, quando o que eu achar ser "melhoras" vierem contra mim.

***

Poucas horas depois do meu pequeno cochilo, minha mãe foi me acordar dizendo que ela já iria sair com a cliente dela. O relógio marcava seis e meia, então tomei um banho rapidamente vesti uma calça jeans rasgada nos joelhos, uma blusa preta de malha, calcei meus coturnos e pegue um moletom, para caso fizesse frio. O que era raridade de se acontecer em plena Califórnia.

Desci as escadas e vi que ela já estava na sala me esperando.

Vestia um vestido de grife e salto alto. Os cabelos compridos como cascatas caindo levemente em suas costas. Minha mãe sempre foi uma mulher bonita, já eu, não era tanto assim. Ela era atraente, eu, esquisita. Ela gostava de falar com todos, já eu gostava do silencio. Nós éramos muito diferente uma da outra. Mas ela era minha mãe, e eu sua filha.

– Vamos Thalia - ela disse retocando rapidamente o batom – Não quero me atrasar.

Entramos no carro e ela começou a dirigir. O silencio de quando estávamos a sós se instalou novamente, mas dessa vez ela o cortou, dizendo algo que eu vou levar para a vida inteira:

– Você tem que parar com isso. Você precisa crescer.

Olhei interrogativa para ela.

– Você tem que parar com isso. Parar de ficar o tempo todo em silencio e sendo fria com tudo, não sorrindo, não demostrando expressões.

Vi uma lagrima descendo de seu rosto e senti uma fincada em meu coração.

– Eu sei que é difícil para você, e tudo – ela disse meio embolada – Mas eu superei, seu irmão superou, só falta você. E, Thalia, já se passou dois anos! E nesses dois anos você vive em recluso, não fala nada, não quer comer, não quer beber e isso está matando todos nós.

Engoli o nó que estava em minha garganta enquanto ela fungava e tentava limpar as lagrimas sem borrar a maquiagem.

– Merda. – ela disse estacionando o carro e procurando sua bolsa.

Por impulso, limpei uma lagrima que escorreu pelo seu rosto e a ajudei a retocar os estragos que as lagrimas fizeram.

Ela sorriu grata e voltou a dirigir.

Depois de uns dez minutos, ela parou em frente a uma casa estilo colonial, também em frente ao mar. Era rodeada por uma cerca e tinha um jardim em construção. A casa era bonita e chamativa. Tinha um ar calmo. Suspirei antes de sair do carro.

Minha mãe olhou para mim e sorriu, caminhamos até a porta e eu apertei a campainha.

Ouvimos um "já vou" abafado e a porta foi aberta, revelando uma garotinha bebendo mamadeira.

Ela tinha faixa de cinco anos. As bochechas levemente rosadas e ela era definitivamente branca, os cabelos lisos cor de areia e compridos, os olhos azuis e ela usava um gorro roxo.

Ela me encarou com aquelas órbitas claras e eu senti que já tinha visto aqueles olhos em algum lugar. Tipo, eles eram familiares, principalmente a cor. Ela me encarava meio surpresa, como se eu fosse um fantasma ou sei lá o quê.

– Podem entrar – A garotinha disse com a voz suave, com os olhos grudados em mim – Mamãe já vai descer.

Abriu a porta e nós entramos. A casa por dentro era calma, as paredes pintadas com cores agradáveis e o ar cheirava a chocolate quente.

A menina conduziu-nos até a sala e indicou para que sentássemos no sofá, enquanto ela ligou A TV e se jogou em um pufe, entretida assistindo bob esponja.

– Ela é linda, né? – minha mãe sussurrou olhando a garotinha que terminava sua mamadeira.

Assenti e um sorriso mínimo brotou em meus lábios.

Quase dez minutos depois, a cliente da minha mãe apareceu.

– Vamos? – ela perguntou.

Ela se parecia muito com a filha e ela também me era familiar, parecia ter um sotaque diferente na voz e tinha uma postura fina.

– Claro, Sra. Castellan. – minha mãe disse se levantando do sofá e eu senti que já tinha ouvido aquele sobrenome em algum lugar, mas onde?

– Me chame apenas de May - A mulher sorriu - Ah, e você é a Thalia?

Assenti.

– Prazer em conhecer – ela disse e foi até a filha que estava com os olhos vidrados na TV – Samantha, mamãe já vai indo. Seu irmão prometeu que não vai para a casa do seu pai hoje depois da festa e sim pra cá. Fique com a Thalia, okay?

– Tá bom mãe. – Samantha deu um beijo em May que sorriu.

– Se cuida filha – Minha mãe beijou o topo da minha testa e assim, elas duas se foram, sem dizer para onde iam. Deixando-me sozinha com a guria fanática por Bob Esponja.

Nos primeiros dez segundos depois que minha mãe e May saíram, Samantha continuou quieta e olhando para a TV, assim que escutou o som do motor do carro se distanciando, desligou a televisão e puxou o pufe junto consigo e parou na minha frente, me olhando curiosa.

Ela ficou me olhando. Olhou para a minha roupa, para o meu corpo, meus coturnos e principalmente para meus cabelos.

Eu estava ficando desconfortável com ela lá, sentada a minha frente e me estudando, então ela esticou o braço e tocou nos meus cabelos, maravilhada.

– Ele é preto e azul! Você tem mechas azuis no cabelo! – seus olhos brilharam – Foi você quem fez?

Assenti.

– Faz em mim? – ela perguntou dando palminhas, feliz.

Dei de ombros.

– Vou pedir para a mamãe, aí você pinta tá?

Assenti de novo.

Ela deu um pulo, feliz. O bom das crianças era isso. Elas sempre eram felizes. Sempre eram carinhosas. Sempre tão ingênuas.

Ela sentou-se ao meu lado e ficou estudando meu cabelo, dizendo o quanto era lindo, o quanto queria ter cabelos curtos e pintados, o quanto eu era bonita e legal e o quanto gostava de mim. Ela era uma garotinha especial, brincalhona, e era tão bom ficar na companhia dela, tão... Bom.

– Thatá – Ela disse depois de um tempo. Estranhei o apelido – Eu quero comer alguma coisa.

Levantei-me do sofá e fui até a cozinha com ela aos meus calcanhares. Entrei na cozinha e olhei as coisas que eu poderia fazer. Poderia fazer uma janta, mas Samantha não parecia estar a fim de comer esse tipo de coisa, então resolvi fazer um chocolate.

Samantha subiu em cima da cadeira e depois subiu na mesa, sentando-se e me observando.

Comecei a fazer o chocolate, entretida, enquanto ela cantava musiquinhas. Quando terminei, separei em duas xicaras, pegue marshmallows e coloquei em cima da mesa.

– Hum, o cheiro está bom! – ela disse se aproximando, e quando ia pegando eu dei um pequeno tapa em sua mão, ela riu e eu também.

Esfriei o seu chocolate quente e entreguei a ela, que sentou-se na quina da mesa e começou a bebe-lo, enquanto eu apenas olhava para o meu copo cheio.

– Você não vai beber? – ela perguntou quando ainda estava na metade.

Neguei com a cabeça.

– Porque não?

Nem eu mesma sabia responder, por isso fiquei calada e mexi no meu chocolate quente, sentindo aquele cheiro que fazia meu estomago borbulhar.

Quando Samantha terminou ela esticou os bracinhos e eu a ajudei a descer. Derramei meu chocolate na pia e lavei as duas xicaras, enquanto ela se agarrava a minha perna.

– Vamos fazer o que agora? – ela perguntou, enquanto íamos para a sala.

Dei de ombros.

– Thalia, brinca de boneca comigo e depois deixa eu arrumar você?

Fiz uma careta, mas concordei, meio duvidosa.

Ela me levou até o seu quarto, que ficava entre dois cômodos, abriu a porta e correu para seu baú com brinquedos. O quarto de Samantha era o típico quarto que toda criança gostaria de ter, pintado de lilás e vários brinquedos em todos os cantos. Tinha uma cama no canto e um espelho enorme na parede, com uma prateleira cheia de bagulhinhos e maquiagem.

– Olha, esse aqui é a Camila – ela disse se referindo a boneca morena – e essa é a Brabruleta.

Ri com isso.

– Porque está rindo?

– Você disse "brabruleta" em vez de "borboleta".

Ela riu.

– É verdade, eu não consigo falar direito e... Ei! Ei! Ei! Você falou!

Fiquei um pouco surpresa por ela ter notado isso. O pior é que eu havia mesmo falado, e não tinha me dado conta.

– Você fala, e sua voz é tão diferente! Bem baixinha! – ela disse e puxou-me até sua cama – vamos brincar de boneca agora,.

Brincamos, mas eu não falei mais nada, depois que eu soltei aquela frase fiquei incomodada, porque eu preferia ficar em silencio. Ao contrario de mim, Samantha tagarelou sobre Brabuleta ter um caso com o namorado da Camila, um tal de Fran.

– É Thalia, ele trai a Cah com a Brabruleta! Meu irmão diz que ele é um galinha!

Sorri.

– Ele falou que vai dar um surra no Fran, tsc... Ai, agora... – Ela disse colocando as bonecas em um canto qualquer – eu vou arrumar você.

Assenti e ela pegou uma maleta com um monte de coisas.

– Você tem celular?

Assenti.

– Então tire foto da gente toda vez que eu fizer um visual em você, tá?

Então ela começou pelo meu cabelo, arrepiando-o para cima.

– Primeiro: Thalia com cabelo porco espinho! Ficou legal.

Pegue meu celular e tirei uma foto de nós duas, juntas. Ela começou outro trabalho, só que dessa vez enchendo meu cabelo de presilhas. Quando eu tirei a foto, fiz uma careta, pois meu cabelo estava cheio de troços rosa.

Aí ela começou a separar meu cabelo de um jeito estranho, dividindo-o no meio e arrumando-o. Não sei como, mas ele não ficou repicado como ele naturalmente é e sim parecido com um liso. Terei outra foto.

Depois de uns mil estilos á lá Samantha ela cansou e disse que já estava bom.

Deitou na cama e eu me joguei ao seu lado.

– Estou com sono, Thatá.

Olhei para o relógio, já demarcava nove horas e minha mãe com May ainda não haviam chegado e o horário para Samantha dormir era as nove. Então, alevantei-me, peguei seu pijama, uma toalha e sinalizei para que ela me acompanhasse até o banheiro.

Dei um banho nela, enquanto ela brincava dentro da banheira e dava risinhos toda vez que eu ficava distraída e ela conseguia passar sabão em mim. Depois de vestida e já deitada na cama, sentei-me ao seu lado esperando ela pegar no sono, mas estava com os olhos bem abertos.

Depois de uns dez minutos, ela apenas rolava de um lado para o outro, até que ela me fez um pedido.

– Thatá, conta uma historia para mim?

Eu fiquei relutante em falar ou não, mas ela era apenas uma criança, não seria nada demais.

– Eu só conheço historias tristes.

– Tem nada não.

Deitei-me ao seu lado e comecei:

– Era uma vez uma garota que...

– Ela era uma princesa? –Samantha perguntou me interrompendo.

– Não – respondi, rindo, a muito tempo eu não ria – Continuando, essa menina era popular na escola, participava da banda, tinha muitos amigos e era sempre muito legal e amava muito a sua família. Principalmente o seu pai. Mas, teve um dia que ela foi para uma festa escondida dele. Lá, não aconteceu exatamente o esperado. Ela se drogou, bebeu e ficou com muitos caras. Para ela, estava tudo ótimo, mas ai seu pai apareceu no meio da festa e a arrastou de lá. A festa ficava no outro lado da cidade e estava um dia muito chuvoso. No caminho inteiro o pai da garota foi brigando com ela, gritando sobre ela ser irresponsável, e a garota também gritava, totalmente drogada e bêbada, dizendo que não se importava e o odiava. Chegou uma hora que o pai da garota ficou realmente alterado e parou de prestar atenção no transito para brigar com a garota. E, foi nessa distração, em pequenos segundos, que um caminhão bateu com tudo no carro em que o pai e a filha estavam – Senti uma lagrima saliente escorregar pelo meu rosto e eu me xinguei mentalmente por isso – A filha sobreviveu ao acidente, mas o pai morreu na hora. Depois da morte dele, ela nunca mais saiu de casa a não ser de casa para a escola e vice e versa. Nunca mais disse um "oi" para ninguém, a não ser para sua melhor amiga, que entendia sua dor. Ela entrou em depressão, nunca mais se alimentou direito. Passou a ser morta por dentro. E até hoje ela se culpa pela morte do pai.

Quando terminei de contar a minha história, Samantha tinha os olhos arregalados.

– Cadê o final feliz?

–Não tem.

– Tem que ter! Tem que ter um príncipe que a ajuda a sair dessa. Todas as historias tem um final feliz! É a magia!

– Ela ainda está esperando esse tal príncipe, e não acredita em magia.

– Mas deveria! - ela disse como se não acreditar em magia fosse crime – e o príncipe dela vai busca-la em um cavalo branco, não vai?

– Acho que sim.

– Bom, bom – ela disse fechando os olhos – Ela ainda vai encontrar o princ...

E antes mesmo de concluir, Samantha havia pegado no sono.

Desliguei as luzes do quarto, tranquei a porta e fui para a sala.

Ainda eram dez e meia, então resolvi assistir algum seriado. Por algum milagre de Deus, estava passando Skins e logo depois iria passar Pretty Little Liars, por isso me estiquei no sofá para assistir.

Quando começou pll, reprimi um gritinho, pois era um episodio dos meus episódios preferidos. Continuei assistindo e pouco tempo antes de acabar o episodio da segunda temporada (que eu já havia visto ) escutei a porta se abrindo e estiquei o pescoço para ver se conseguia ver alguma coisa, e vi só um vulto do que pareceu ser um garoto da minha idade, então supus que era o filho da May, por isso continuei assistindo o seriado.

Mas, assim que ele entrou na sala, minha ficha toda caiu.

Os olhos azuis claros. O cabelo cor de areia. Os pais separados. Festa na escola. Tudo bateu com tudo na minha cara.

Luke estava fuçando no celular enquanto andava pela sala:

– Agora que eu cheguei, você já pode ir – ele disse ainda olhando para o celular e quando passou por mim, nem sequer dirigiu o olhar – Tenha uma boa sorte procurando um taxi.

Então ele continuou mexendo no celular e se jogou no outro sofá, enquanto eu ia até a cozinha pegar meu moletom que eu havia esquecido na bancada.

Eu estava realmente confusa.

O cara diz pra Annabeth que eu sou interessante, que quer me conhecer, troca pequenas palavras comigo pelo papel e quando estamos cara a cara ele diz "boa sorte a procura de um taxi" ? Cadê logica?

Bufei irritada e sai da cozinha. Passei pela sala (Luke ainda estava no celular ) e desliguei a tv. Mas o controle caiu da minha mão com um banque que Luke pulou do sofá e tirou os olhos da tela do celular.

– Mas o que... – ele começou, mas perdeu a fala assim que me viu – Thalia?

Arqueei as sobrancelhas, extremamente confusa. Ele realmente não havia percebido que era eu?

– O que você tá fazendo aqui?

Bufei, irritada, que raio de pergunta é essa?

– Você que ficou de babá ?

Assenti. Ele engasgou.

– Olha, desculpa pelo jeito grosso que eu lhe tratei quando entrei – ele disse se aproximando e eu me afastando – mas eu não percebi que era você, pensei que seria a outra babá da Sam.

Apenas balancei a cabeça positivamente, girei os calcanhares e fui até a porta.

– Aonde você vai? – ele perguntou, segurando meu pulso.

Se virei e lhe lancei o meu melhor olhar de: "Cê tá de zoa com a minha cara, né amigo?".

– Já são quase onze horas e a sua casa fica quase do outro lado da cidade!

Apenas revirei os olhos e puxei meu braço, abrindo a porta.

– Thalia! Volta aqui – ele disse assim que eu passei pela porta – Posso pegar um taxi para você!

Nem sequer olhei para trás. Continuei andando e quando estava a uns sete metros da casa, acenei e sorri cinicamente.

Não sabia como voltar para casa, então segui a logica: Iria pela praia.

E assim eu fiz. Tirei meus coturnos, coloquei meu moletom e comecei a andar pela areia gelada.

Já havia se passado uns trinta minutos, eu não estava cansada e já havia andado muito. Do nada comecei a sentir fome, por isso comecei a andar mais próximo a rua para ver se encontrava alguma loja aberta.

Por algum milagre uma loja de suvenires estava aberta. Calcei os coturnos novamente, comprei dois pacotes de batata e uma água. Voltei para a praia, tirei os coturnos de novo e voltei a andar, enquanto comia a batata.

Meu estomago se contorcia cada vez que eu engolia. Acho que não estava acostumado a receber tanta comida. Durante o resto do percurso até a minha casa que demorou quase uma hora. Eu estava me sentindo cheia, me sentindo gorda e isso era sufocante. A sensação de que eu iria explodir. Bebi um pouco da água para ver se passava e fez foi piorar. No fim, tive que provocar o meu próprio vomito.

Pode parecer estranho falar disso, pode parecer bizarro fazer um ato desses, mas o problema é que eu me sentia bem quando colocava tudo para fora, eu me sentia bem passar de três a cinco dias sem comer nada. Eu me sentia bem.

Cheguei em casa e abri a porta. Passei pelo quarto do Jason e vi que ele ainda não havia chegado, por isso fui para o meu.

Tomei um banho de gato, coloquei um pijama e me deitei na cama.

Só quando meus olhos estavam se fechando, quando eu estava quase entrando no mundo dos sonhos quando percebi que estava sem o meu celular.

– Droga, droga, droga – murmurei procurando-o nos bolsos da minha calça – onde aquela merda foi parar?

Desci as escadas para a sala e procurei, procurei em todo canto de casa e não achei. Estava ficando desesperada com a possibilidade de eu ter deixado ele na lojinha.

– Calma Thalia, respira, lembre-se da última vez que você o usou – fechei os olhos – Você foi para a casa de May, depois fez o chocolate, depois brincou de boneca, ai tirou fotos com o celular e...

E ai que eu o deixei em cima do sofá quando eu fui assistir skins e não me lembrei de pegar. Fiquei desesperada com as mil e uma possibilidades de acontecer algo com meu celular, por isso decidi que no outro dia à tarde eu iria lá busca-lo. Deitei-me novamente na cama e tive o mesmo pesadelo de sempre.

Os mesmos gritos, as mesmas broncas, o mesmo impacto, as mesmas luzes dos faróis do caminhão, a mesma dor, a mesma morte, a mesma perda.

O mesmo pesadelo, e eu queria muito saber quando aquilo iria acabar, quando um "príncipe" finalmente chegaria e me ajudaria a sair dessa.


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Notas finais do capítulo

Eu não tive tempo para revisar, o que é uma droga, mas depois eu vou dar uma olhadinha e reviso. Se vocês acharem algum erro, por favor, me digam!
Espero que gostem, e se gostaram, deixem reviews, se não gostarem, deixe também!
~Beijos. Queen.