Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 31
She Falls Asleep.


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, estou com mais um capitulo.
Pessssssoaaaal, eu melhorei! Carambolas! Os reviews de vocês me ajudaram tanto, agradeço a quem na minha outra conta (Skye Miller) conversou comigo por MP e me fez voltar a ativa. Gostaria de agradecer a cada pessoinha que leu e comentou o capitulo passado, isso é muito importane para mim.
Vamos dar uma salva de palmas a Kate Cookie que fez SL ganhar um número "X" de recomendações, metas que eu nem sabia que existiam estão sendo alcançadas, obrigada por todo o apoio, sinceramente.
Esse capitulo foi dificil de escrever, foi doloroso, excitante, cruel, imparcial. Essa é a segunda vez que eu o escrevo. Na primeira vez, a fic estava no capitulo 12 ainda, porém quando minha mãe formatou o PC eu o perdi. Grandes coisas estão diferentes, muitas coisas mesmo.
Cara, eu dormi pensando nesse capitulo, eu chorei lembrando desse capitulo, eu tomei banho e comi pensando nesse capitulo, fui pra escola pensando nesse capitulo, EU SONHEI COM UMA PARTE DESSE CAPITULO.
Ele é o meu favorito. Lembram quando me perguntaram no video qual o meu fav? Então, é esse. Cruel. Ele tá bem diferente do primeiro, porém ainda continua lindo.
BOM, vou parar de falar! Tenham uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/437252/chapter/31

O meu sonho começou assim: Havia neve para todos os lados e arvores em formato espiral ricochetava o céu. A cada passo que eu dava ia afundando mais um centímetro, parecia que eu não estava conectada ao meu corpo, como se fosse duas pessoas em uma só, lutando por espaço. Por um lado, eu queria continuar andando e por outro parar e esperar por alguém aparecer logo após aquelas arvores bizarras. Eu sentia minha respiração acelerada, meus dedos estavam congelando, minhas veias em uma coloração escura fora do normal.

Abri a boca para chamar por alguém, mas logo a cena mudou e eu estava afundando no mar, uma corrente ao redor do meu tornozelo e uma ancora velha me puxando cada vez mais para baixo. Me debati, gritei em vão, bolhas saindo da minha boca e meus pulmões enchendo de água salgada. Meus olhos ardiam e eu percebi que a água estava ficando cada vez mais escura. Meu peito clamando por ar, minha visão turva. Eu estava afundando cada vez mais.

Então, ao piscar os olhos, eu estava sentada em um gramado cultivando flores animadamente, um sorriso caloroso preencheu o ar e ao erguer os olhos deparei-me com Luke segurando as mãos de um garotinho, os cabelos negros como os meus e os olhos azuis límpidos como os de Luke. Sorri para ele e em troca a pequena criança se jogou em meus braços, beijando afetivamente todo o meu rosto. O apertei com força e Luke se sentou ao meu lado, abraçando-nos. Eu sorri ao sentir o cheiro de alcaçuz do menino e a colônia máscula de Luke.

Quando acordei, sentia-me estranha por não saber exatamente como interpretar o sonho louco que tive. Minha garganta estava seca e eu senti que estava sendo observada, olhei para a janela do meu quarto e não vi nada ali. Respirei fundo antes de levantar e ajeitar meu cabelo armado. Estava com aquela droga de pressentimento ruim novamente. Eu deveria estar feliz, já que naquela tarde o resultado para qual universidade eu havia passado seria divulgado, mas alguma coisa não se encaixava. Minha vida é repleta de surpresas, quando tudo está bem demais, coisas ruins acontecem.

Eu ainda estava meio tensa por culpa da prova que havia feito, mas naquele momento sentia um grande alivio no peito. Tia Ártemis havia me obrigado a sair do meu emprego, já que para ela, meu principal foco deve ser sempre os estudos e de certa forma ela sempre esteve correta. Apesar dos apesares e de suas manias chatas de implicar com Luke, ela apenas queria o melhor para mim e Jason.

Desci as escadas para a cozinha um tanto quanto desanimada, queria na verdade ficar deitada na cama o dia inteiro e voltar a ter sonhos loucos que eu jamais iria compreender o significado de cada um. Ao chegar no último degrau deparei-me com Piper fazendo panquecas ao lado de Jason e Tia Ártemis sentada lendo um livro qualquer. Sentei-me ao seu lado e pus uma mão no queixo, observando os dois pombinhos discutirem sobre por mel ou não nas panquecas, por fim, apenas colocaram em cima da mesa, ambos separados e ficaria a gosto de quem fosse comer. Preferi com mel.

– Hoje é um grande, grande, grande dia! – Ouvi Tia Ártemis saudar enquanto bebia seu chá verde e continuava sua leitura. – Lia, está animada para o resultado?

Limitei-me a assentir enquanto dava longas mordidas em minha panqueca. Tentava prestar atenção (juro) no que minha tia dizia, porém não dava muito certo. Por fim, fiquei apenas sentada na mesa observando os três se interagirem, já que eu ainda pensava nas cenas do meu sonho, estava louca para saber de mais detalhes e saber quem era a criança que estava com Luke.

– Thalia! Esqueci de te mostrar algo. – Jason se levantou e apalpou os bolsos, tirando de lá um papel estranho, parecia velho e desgastado, parecia que pertencia a algum exame psicológico, pelas palavras que pude pegar aqui e ali. Então, percebi o que havia escrito no centro, de caneta. – Foi a Reyna, essa é a letra dela e por mais que ache irritante esse “Ra. Ra” ela ainda assim o coloca como assinatura.

Eu peguei o bilhete com as mãos meio trêmulas, não sabendo de que data se tratava aquilo e nem como ele havia ido parar no bolso de Jason. Percebendo minha frustação e curiosidade, ele tratou de falar:

– Eu achei perto da sua porta. Tava ajudando a Piper a limpar a casa e aí topei com isso, parece que foi deixado recentemente. E foi. Ontem, quando você saiu com Annabeth e Samantha para a livraria ela veio aqui.

– E você veio me falar agora?

– Não achei que seria importante, já que ela apenas pediu pra utilizar o banheiro e foi embora.

Passei o polegar sobre aquelas cinco palavrinhas, meu coração martelando rapidamente.

Estava escrito, de um jeito apressado: “Sinto muito. Eu amo você”

Alguma grande merda iria acontecer, disso eu tinha certeza.

***

– Sabe que nós deveríamos estar na escola, não é? – Luke resmungou pela milionésima vez, enquanto tentava estacionar o carro na rua da casa de Reyna. Eu praticamente havia implorado de joelhos para que ele me trouxesse ali, eu precisava checar se tudo estava mesmo bem. Mas isso não o animou muito, já que ele estava ainda mais ansioso do que eu para saber o fim do resultado. – Ainda dá tempo de desistir.

– Para de ser idiota e estaciona logo. – Minha voz saiu mais séria que o normal. Eu estava com um pressentimento ruim, tentava em vão fazer meus batimentos cardíacos ficarem normais, porém meu coração estava para sair pela minha boca. Quando Luke estacionou, demorei um pouco para abrir a porta e ao sentir meus pés tocando a grama fria da casa de Reyna, senti um deja-vu. Era a mesma sensação de estar afundando na neve do meu sonho. – Desculpe-me por isso, por me arrastar até aqui.

– Tá tudo bem, Grace. – Luke disse e passou um braço ao redor dos meus ombros. Caminhamos juntos e eu toquei a companhia, minutos depois toquei novamente e ninguém atendeu. Luke girou a maçaneta e olhou para mim. – Está aberta.

Parecia que um furacão havia se passado por ali. O sofá estava fora do lugar, papeis jogados no chão, fotos foram tiradas dos porta-retratos, alguns objetos que costumavam ficar na estante não se encontravam mais ali.

– Reyna? – Minha voz fez um eco por todo o local. Andei alguns passos pelo corredor, conhecia bem aquela casa. Parei na porta do seu quarto e bati. – Reyna?

Ninguém respondeu. Luke ainda estava na sala, engoli um grande nó em minha garganta e abri a porta. Ao contrario do que eu esperava, estava tudo extremamente normal. Corri meus olhos pelo cômodo e entrei meio hesitante. Aquilo era invasão de privacidade. E a hipótese de ser presa ia e vinha dos meus pensamentos, deixando-me ainda mais nervosa. Parei de andar na beira de sua cama e notei vidros de comprimido ali, vazios.

Apertei um vidro com força, minha respiração estava irregular. A porta do banheiro estava entreaberta, mas não ousei ir até lá, já que uma carta me chamou a atenção. Sentei-me na cama e abri, o fino papel se rasgou com a força dos meus movimentos. Respirei fundo e terminei de abrir o delicado papel, me deparando com a letra corrida de Reyna.

“São nove e quarenta e cinco. Eu deveria estar no cursinho de espanhol ou em mais uma consulta com a Dra. Jackson. Porém, apesar de o dia estar maravilhosamente lindo, o céu repleto de nuvens e um sol caloroso, o dia começou ruim para mim, na verdade, todos os dias começam ruins para mim. Eu estava dormindo no quarto da minha irmã, já que hoje faz dois meses que ela se foi, e aí meus pais começaram a brigar. De início, eu não entendi absolutamente nada do que eles estavam falando, mas então uma palavrinha me chamou a atenção no meio da gritaria. Divorcio. Nunca lidei bem com palavras, elas me assuntam, elas me machucam. Eu tentei escutar o resto, mas apenas ouvia frases soltas e a pior foi quando meu pai declarou que só estava com minha mãe por mim. Pai, sei que você tentou fazer isso para me fazer se sentir melhor, mas me desculpe, me fez se sentir pior. Eu me senti um farto, comecei a chorar e espernear. Vocês ainda brigavam e eu pude perceber quando a mamãe saiu de casa. Você gritou e chutou o sofá diversas vezes, quando tudo estava em silêncio normalmente saí do quarto e estava tudo revirado. Me senti péssima no começo, sentei-me no sofá torto e fiquei esperando você e a mamãe chegar, fazer as pazes e esquecer isso, mas quando percebi que vocês não voltariam, que vocês provavelmente nem se deram conta de que eu estava em casa, eu não senti nada. Eu já deveria ter percebido que isso iria acontecer, que você estava traindo a mamãe com a sua secretaria e que vocês estavam construindo uma nova família. É, papai, duas semanas atrás peguei você e ela brincando com uma criança em uma parquinho, quando percebi que ela era uma irmãzinha, foi inevitável não sentir nojo. Você foi um canalha, realmente. Palmas a você, agora sei a quem puxei. Porque eu sou assim, mentirosa, enganadora, vulgar, como você. Obrigada. Mas calma, não é disso do que quero falar. Quero falar do fato de que o mundo está ao contrario e ninguém reparou, apenas eu, já que estou na mesma situação. Não adiante a quantas festas eu vá, a quantas viagens a Thalia me arraste, a quantas consultas e visitas ao grupo eu apareça, o número de rapazes as quais eu tente me interessar, não adianta mesmo, eu sempre estarei ao contrario, eu sempre me sentirei infeliz, a felicidade não faz parte de mim, eu não faço parte de mim mesma. Provavelmente minha alma já deve ter encontrado o céu ou qualquer coisa do gênero agora, depois que você, seja lá quem for, papai, mamãe, o vizinho ou a policia tiver lido isso. Fiz tudo para que nada desse errado. Meu plano começou a ser executado a partir do momento que, sentada naquele sofá fora do lugar, percebi que eu espero esse fim a muito tempo. Eu queria tanto que ao menos uma vez na vida as pessoas as quais convivo olhassem para mim e dissessem que tudo ficaria bem, que tivessem acreditado em mim quando eu disse que estava morrendo. Provavelmente agora o relógio da vida está na ultima badalada, anunciando a minha morte. Me desculpem, a todos, mas em meio a tantas coisas que já fizeram por mim, eu nunca pude realmente sentir o amor, e era o amor o que eu sempre precisei. O amor dos pais, o amor fraternal, o amor de amigos, aquele amor envolvente da paixão. Amor. E era o amor o que eu mais precisava. Eu não sei explicar, talvez eu tenha me seduzido pelas drogas, sexo, bebidas e pelas laminas. Ôh, elas eram minhas melhores amigas. Quando eu estava sozinha, precisava conversar ou qualquer coisa do gênero, elas me acolhiam, elas estavam sempre lá. A noite sempre veio fria demais, o coração apertava demais, eu sentia um sufocamento fora do normal e meus olhos ficavam marejados. Era inevitável não querer morrer logo de uma vez. Eu queria morrer sem dor, querer morrer dormindo, querer morrer sendo amada. Sou um anjo, como uma bela criança me disse uma vez, e estou voltando para casa. Eu peguei seus remédios, papai. Sinto muito. Eles são muitos e coloridos, eu amo cores. Combinei laranja com lilás, Hylla sempre adorou essa combinação. Azul e branco porque são as flores que quero receber no meu velório. Por último, ficaram as vermelhas, por ser minha cor preferida e representar sangue. Sim, sangue, meus pulsos nunca estiveram tão vermelhos como estão agora, torço que nenhuma gota pingue na carta. Desculpe-me a todos, mas eu me afundei na angustia e a vida não me deu boias. Precisava de um salva vidas, porém ele nunca veio ao meu encontro. E eu gosto muito do vermelho, e do quanto ele entra em contraste com a minha pele fria e branca. Hoje, ficarei inundada nas águas do lado de inverno e sorrirei por finalmente conceber ao meu desejo. A água, o vinho e o veneno. A água da banheira, o vinho do sangue e o veneno das pílulas. Essa mistura são a minha plateia, assistindo meu tão esperado espetáculo. Ninguém nunca vai entender a minha dor, só eu sei o quanto ela me mata. Não se perguntem porque estou morta, se perguntem por que vocês ainda estão vivos. Eu lutei demais. Eu sofri demais. Tudo demais. Papai, eu morri a muito tempo, dentro de mim mesma, só faltava cair na real. Pode ser que em outra vida eu pague o que estou fazendo agora, mas hoje é o que importa. Eu não vou viver amanhã. Não vou ver as nuvens, o seu límpido e sentir o sol bronzeando meus braços. Ninguém pode me salvar, e eu sinto muito. Amanhã nos jornais, eu infelizmente vou ser a matéria principal. Me desculpem por isso. Por ter que aturar isso na TV por um longo tempo. Eu só quero que saibam que eu tentei, apesar de tudo. Eu juro que tentei. Mas minha mente é uma incógnita que nem mesmo eu consigo entender. Eu nunca quis fazer ninguém chorar, mas poucas pessoas se importaram com as minhas lagrimas. Por favor, não chorem. Mamãe e Papai, não entre em depressão por perder suas duas filhas. Amigos, continuem seguindo em frente, eu imploro. Samantha, irei para um lugar melhor, meu anjo, irei me encontrar com Michele. Tenho um pedido a fazer: Não quero ser enterrada, quero ser cremada e se possível quero que minhas cinzas sejam jogadas ao vento. Eu não quero ser lembrada. Eu quero ser esquecida, perdoem-me. É um dos meus últimos desejos. Quero que vocês todos se vistam de branco e me tragam flores azuis e brancas. Não quero que certos familiares apareçam no velório, principalmente o Dakota, saiba que eu ainda te odeio. Antes de tudo isso acontecer, deixei um bilhete na casa de cada pessoa importante para mim. Na casa da Thalia, atrás do seu guarda-roupa tem uma caixa cheia de coturnos, que eram meus e da minha irmã, é um presente. No grupo de apoio, deixei outra caixa dentro do armário do Percy, contem várias fitas cassete com momentos nossos na clinica, sem vocês perceberem, eu gravava muitas coisas. Na casa do Octavian e Leo, tem uma carta especial. Piper e Annabeth, eu não odeio vocês, que fique bem claro. Então, é isso.

Estou partindo para sempre.

Com amor.

Reyna Avila Ramírez-Arellano.”

Foi inevitável não chorar. Minhas mãos começaram a tremer e o fino papel deslizou pelos meus dedos, tentei sufocar os soluços que saiam da minha boca. Deitei-me na cama e chorei, gritei, esperneei. Luke tentou me acalmar, perguntando o que estava acontecendo, mas eu não conseguia responder. Eu só conseguia chorar, pressionando os vidros de remédio contra o peito. Luke deixou-me e foi no banheiro, escutei um barulho de vômito e voltei a chorar quando ele apareceu na porta desesperado.

– Ela está... Por Deus, ela está....

– Ela está morta. –Solucei limpando as lagrimas que ainda corriam pelo meu rosto. Meio tremula, caminhei ao seu alcance e fiquei na porta do banheiro. A cor da água estava vinho, como ela havia descrevido em sua carta. Eu não conseguia ver seu rosto, apenas o borrão negro dos seus cabelos emergindo. Voltei a chorar e Luke me abraçou. – Precisamos salva-la.

– Sinto muito.

– Não sinta, precisamos salva-la! Você não entende, ela tem que ser salva!

Luke respirou fundo e apertou meus ombros, encarando-me diretamente nos olhos, percebi que ele também chorava silenciosamente. Nunca tinha visto Luke chorar antes e isso me deixou ainda mais desesperada. Ele tirou o celular do bolso e começou a ligar para a emergência, meio hesitante me aproximei da banheira e toquei no seu braço frio, seu corpo sem vida, os pulsos vermelhos me causavam enjoos. Senti vontade de vomitar, assim como Luke fizera, porém fui incapaz de fazer algo além de colocar meus braços na banheira e puxar Reyna, gritando pelo seu nome, suas pálpebras fechadas, ocultando os brilhos dos seus olhos cor de âmbar. Deslizei as mãos pelos seus cabelos, eu estava chorando e Luke também. Eu queria que ela soubesse que morreu sendo amada. Que na verdade, muitas pessoas se importavam com ela.

Luke se agachou ao meu lado e me ajudou a tira-la da banheira. Vestia um vestido branco, que agora estava sujo de vermelho. A pele azulada, os lábios roxos. Ele a deitou na cerâmica gélida e eu beijei suas mãos frias, os seus pulsos cortados. Lagrimas quentes descendo pelo meu rosto. Tínhamos tantos planos. Na verdade, eu tinha. Reyna nunca dissera nada envolvendo o futuro, pessoas suicidas não pensam no que pode acontecer amanhã. Elas são sempre o agora. O hoje.

– Você era tão linda. E eu te amava tanto. Desculpe-me por não ter dito essas coisas antes, desculpe-me por não ter dado valor a você. Desculpe-me por não ter percebido que você estava morrendo, que usava mascaras para fingir que estava tudo bem. Por favor, me desculpe. Eu deveria ter feito algo, deveria ter corrido mais atrás, tentado mais. Eu sinto muito. – Abracei seu corpo mole, molhando-me por inteira. Luke afagou meus cabelos e eu pude distinguir o som da ambulância distante, eu ainda queria acreditar que ela poderia estar viva, mas isso não seria possível. Ela deveria estar debaixo da agua a um bom tempo. Morta. Afundando-se. Como se uma ancora estivesse amarrada em seu pé. Como no meu sonho. – Mas está tudo bem agora, meu anjo. Você vai para um lugar melhor, minha rainha. Está tudo bem.

Beijei sua testa fria, e os cabelos que estavam grudados em sua testa fez um formigamento estranho nos meus lábios. A deitei novamente e voltei a chorar no colo de Luke, ele me apertava contra si e sussurrava que as coisas iriam ficar melhor, que eu não iria mais ter que conviver com aquilo.

– Tem algum problema comigo, Castellan? A morte me ama, ela sempre está me perseguindo, tirando de mim as pessoas que mais amo. Será que ela vai tirar você também de mim? Será que é um carma? – Eu disse com lagrimas nos olhos e Luke tentou replicar, mas eu continuei: – As pessoas vão embora. Elas sempre vão, é inevitável. Parece que eu tenho uma capacidade de afastar as pessoas de mim. Sabe, antigamente, eu amava a solidão. Ela nunca me deixava, nunca me abandonava. É a única coisa que não morre. Eu me pergunto, Luke, por que eu também não morro? Tenho que ficar aqui assistindo tudo isso, vendo as pessoas partirem? Seria tão mais fácil se eu estivesse morta e enterrada. As pessoas sofereriam, mas logo iriam esquecer. Eu deveria estar morta, eu deveria...

Eu poderia ter continuado se Luke não tivesse me puxada mais para perto de si e me beijado carinhosamente. Quando se afastou, olhou bem no fundo dos meus olhos e sussurrou:

– Nunca mais repita isso, entendeu Thalia? Nunca mais! Eu estou aqui e sempre estarei. Sempre. Prometa-me que nunca mais pensará em tais barbaridades. Você é minha, minha namorada, minha melhor amiga, minha companheira, minha colega de classe, minha vizinha e quem sabe algum dia, minha esposa. Então, não pense mais nisso. Tudo bem? Eu amo você. Sua punk idiota.

Eu sorri entre lagrimas o beijando. Não foi uma cena romântica, foi uma cena cômica, já que havia uma jovem morta ao nosso lado e a ambulância já havia chegado. Mas era algo para ser guardado no fundo do meu coração, no lado mais oculto dos meus pensamentos, guardarei esse momento por toda a eternidade.

Eu estava do lado de fora da casa de Reyna, sentada na varanda encarando a estrada. A ambulância já havia ido e eu esperava Luke terminar de espalhar a noticia para as pessoas. Todos ficaram chocados. De forma inesperada, levantei-me e fiquei parada no meio da rua, de braços abertos. Eu queria gritar com Eme, dizer para ela o quanto ela era estupida.

– Eu te odeio! – Gritei, alguns carros passaram por mim e buzinaram, porém eu não me importei. Abri os braços para cima e pulei algumas vezes. – Eu não tenho medo de você! Eu não tenho medo, Eme! Eu te odeio! Eu não estou com medo. Vamos lá, me mate, não é isso o que você quer? Ridícula! Eu te odeio! Eu não tenho medo! EU. NÃO. ESTOU. COM. MEDO!

Senti meu corpo sendo empurrado para o lado e cai na grama. Luke me encarava assustado, apertava meus pulsos contra a grama com força. Seus olhos estavam mais escuros.

– Você ficou louca? – Ele gritou intensificando ainda mais seu aperto. –Você quer se matar?

– Eu só quero que ela vá embora, Luke. Eu só quero ficar em paz. – Comecei a chorar e fechei os olhos com força, ele afrouxou o aperto e tocou meu rosto. – Eu quero que as coisas voltem ao normal.

– Elas vão voltar. – Beijou-me e me ajudou a ficar em pé. – Eu prometo.

***

Tocava uma música triste na igreja onde o corpo de Reyna estava sendo velado. Depois de sair da sua casa, eu e Luke passamos pela escola e pegamos o resultado, mas decidimos abrir depois, juntos. Eu sentia-me triste, com um pé atrás para me apoiar com mais firmeza a cada passo que dava. Minha vida sempre foi dramática demais. Com mortes demais, choro demais, porém aí é que estava o sentido de tudo isso, algumas pessoas nasceram para ter a vida eufórica demais e outras tristes demais, melhor do que não acontecer absolutamente nada. Eu já havia me conformado que coisas ruins foram tendenciadas a acontecer comigo, porém sempre soube que o melhor estava sendo guardado, que meu futuro estava sendo planejado.

Rachel sentou-se ao meu lado e começou a estalar os dedos, umas das manias que Katie tinha em comum com ela. Estava com torcicolo, pois fiquei tempo demais com a cabeça apoiada no ombro de Luke, vendo o padre orar e fazer toda a cerimonia fúnebre. Assim como Reyna havia pedido, todos nós estávamos de branco, e flores azuis e brancas davam o ar de sua graça. Seus pais tentavam em vão se acalmar e apesar de Reyna deixar bem claro não querer a presença de seu primo ali, ele foi e se manteve por perto o tempo todo. Eu pensava em como dar aquela noticia a Samantha, ela era esperta demais para cair no papinho de “Ela virou um anjinho e está no céu agora”, ela entenderia de cara o que estava acontecendo e ficaria ainda pior do que eu.

– Eu iria hoje mesmo falar algumas coisas com ela, sabe? – Rachel disse baixinho, ainda estalando os dedos. Percebi que ela se acalmava com o som das suas juntas se chocando. – Iria contar sobre eu e Will estarmos juntos e agradecer a ela por dar conselhos a ele e a mim também, ela sempre soube como ajudar as pessoas, mas nunca soube ajudar a si mesma.

– Fico feliz por você e Will. – Disse sincera encarando seus olhos verdes. Ela assentiu e abaixou a cabeça envergonhada, ainda desolada pelo que havia acontecido. – Tenho me perguntado o que poderíamos ter feito para ela se sentir melhor.

– Ah, você sabe, Reyna adorava pisar nos outros. Adorava ser superior. Adorava dar foras no pobre Octavian. Mas apesar disso, ela tinha uma coisa envolvente, uma coisa só dela. Que fazia a gente querer ficar perto dela. Ela sempre parecia entender o que estávamos sentindo. Ela dava ótimos conselhos e ficava feliz quando recebia elogios. Deveríamos ter elogiado a mais, entende? Elogios fazem a diferença.

Assenti, o ponto de vista de Rachel estava correto. Elogios fazem a diferença, elogios podem salvar alguém. Um abraço pode salvar alguém, um sorriso, uma ligação, um “tudo bem?”. Coisas simples. Estamos sempre ocupados em agradar os outros, querer atenção, receber elogios, que esquecemos de olhar para as pessoas também. Dizer o quanto seus olhos são lindos, ou como o novo corte ficou legal, sobre o peso estar adequado. Sempre gostei de mudanças, porque as pessoas poderiam chegar e dizer: “Nossa, como você está diferente” e eu sempre recebi como um elogio, imagina o quão ruim seria depois de muito tempo uma pessoa dizer “Nossa, você continua a mesma!” Não, a mesma figurinha repetitiva não faz parte de mim. Elogios fazem a diferença.

Reyna gostava de elogios. De abraços. De pessoas se importando com ela.

Sabe, eu não te conheço. Não sei o seu nome, não sei a sua idade e muito menos a sua história. Não sei o que você gosta. Mas, querido leitor, quero pedir-lhe um favor: Faça as coisas acontecerem, não seja orgulhoso, diga o quanto gosta de uma pessoa, abrace-a, seja gentil, seja importante.

Isso faz a diferença. Isso pode salvar alguém.

E você, já fez um elogio hoje?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Podem me xingar de todos os nomes possiveis, eu deixo.
Sei que devem estar me odiando e até querem parar de acompanhar, mas tudo bem, eu entendo.
Olha, eu amei escrever esse final. E os ultimos paragrafos ficam de lição para vocês, tudo bem? Lembrem-se: Certas coisas, fazem a diferença. Não deixem de salvar alguém!
Não esqueçam de comentar, estou recebendo tão poucos comentarios, mas juro que vou parar de reclamar.
Desculpe-me a quem está acompanhando Arabella e Cartas para Hope, porém eu preciso concluir Skinny Love até o dia dezoito, tenho duas semanas apenas. Tenham paciência, só mais duas semaninhas! E olha, o projeto de arrumar todos os erros da fic começou, minha melhor amiga, que tem os olhos de águia para qualquer tipo de erro, está me ajudando! Aê!
Para quem já assistiu o trailer de skinny love, pode perceber que certas cenas estão aparecendo aqui! uh3
Tenham uma boa noite e fiquem com Deus :]

E você, já fez um elogio hoje?

Reviews? Criticas? Elogios? Recomendações? Let's go!

~Queen



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Skinny Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.