Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 30
All Of The Stars.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Sei que permaneci um bom tempo sumida, mas tive motivos, diversos na verdade.
Primeiro, viajei, depois, provas, depois uma briga horrenda com meus pais, então veio o castigo, logo após ele o bloqueio de criatividade e de quebra a internet falhou quando mais precisei dela.
Pessoal, coisas tem acontecido comigo, então não sei bem o que será daqui em diante. Calma, antes que algo concreto aconteça, eu vou terminar de postar a fanfic, não se preocupem, não vou deixar vocês com aquela vontade de saber o fim e saber que eu não irei continuar.
Meu papo está meio morbido, de fato, até eu estou assim, talvez eu melhore e semana que vem eu chegue aqui feliz, sorrindo, fazendo planos, mas enquanto isos, continuarei na mesma merda, trancada em meu quarto, em silêncio eterno.
Lília e Jubs, amo vocês. Guardarei vocês no core eternamente.
Leitoras, também amo vocês e espero que vocês gostem do capitulo. Tem algo tremendamente errado comigo, e eu não sei o que é.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/437252/chapter/30

Sempre acreditei que a pior parte de um velório é quando as pessoas começam a falar coisas sobre aquele que está morto. Elogios fúnebres sempre pareceram tão falsos para mim, tão caóticos, se achamos aquilo tudo sobre tal pessoa, por que não dizemos a ela enquanto ainda está viva? Talvez eu tenha uma mente muito fechada, ou um pensamento antigo e irregular, mas a minha opinião sempre será essa.

Todas aquelas pessoas que eu nunca havia visto na vida falando sobre a minha mãe me causava uma sensação estranha, eu queria sair dali, mas precisava continuar ao lado de Jason. Ele foi o mais atingido da coisa toda e eu simplesmente não poderia abandoná-lo, ou viver em recluso. Ele precisava de mim, mais do que eu precisei dele ou de qualquer outra pessoa quando meu pai morreu. Não me passou, nem por um segundo, ficar cabisbaixa. De alguma forma, aprendi que a vida continua e tudo é apenas passageiro. Fama, dinheiro, status, a vida em si é passageira. Uma hora tudo acaba. Estamos apenas no começo do fim.

Foi estranho quando eles fecharam o caixão e fomos para o enterro. Eu queria conseguir parar de chorar, mas não conseguia. Luke tentava me acalmar, dizendo coisas positivas, enquanto eu apenas chorava. Nunca chorar me pareceu algo tão bom, que me trouxesse tanto alivio. Jason ia com Piper e Leo em um carro enquanto eu estava na caminhonete de Luke com Reyna. Ela nada dissera durante todo o percurso, e eu praguejava coisas idiotas.

Não gosto de me lembrar daquele dia, na verdade, eu não me lembro de muita coisa. Esse é o problema, eu estava tão perdida em milhões de pensamentos, que não conseguia me focar em tudo o que estava acontecendo. Lembro-me de ter ouvido um grito e algumas pessoas segurarem Jason, enquanto ele berrava o nome da mamãe. Lembro-me de Luke me abraçar fortemente e beijar em diversos lugares no meu rosto, segurando minhas mãos com força, checando se os analgésicos que eu havia tomado estavam fazendo efeito. Lembro-me das belas palavras do padre, os pais de Luke falarem diversas condolências, Sra. Jackson beijar o topo da minha testa antes de ir embora, Annabeth com os olhos inchados e vermelhos por conta do choro. E por fim, lembro-me do murmurinho dos passos sobre a grama seca do cemitério, as pessoas indo embora enquanto eu continuava em pé ao lado de Jason e Tia Ártemis, Luke e Reyna me esperavam no carro. Tia Ártemis segurou nossas mãos e disse:

– As coisas vão melhorar. – Ela engoliu em seco, talvez tentando não chorar. A vi derramar pouquíssimas lagrimas. – Tudo sempre melhora.

Tudo o que pude fazer foi assentir e dar uma última olhado no tumulo antes de ir embora. Eu estava tão triste que até mesmo o toque do celular de Reyna – A Thousend Years – Me fez se derreter por inteira. Luke começou a rir e foi aí que eu chorei mais, de braços cruzados e cabeça para cima. Eu queria enforca-lo, mas ele esteva dirigindo, então deixaria isso para outro momento. Ao chegarmos em casa eu fui diretamente para o meu quarto, ignorando Katie, Piper e Leo no sofá. Tomei um longo banho e fiquei horas a fio submergida na banheira, querendo que a água estivesse mais gelada e que essa frieza transbordasse para o meu sangue. Por Deus, como é ruim sentir. A moda agora é não sentir, e eu gostaria tanto de seguir esse novo conceito. Sentir dói, machuca, acaba milimetricamente todo o seu ser. Eu queria tanto que meus sentimentos se tornassem gelo por um momento e eu pudesse ter aquela sensação de meses atrás, a sensação de que absolutamente nada importa.

Ao sair do banheiro e vestir uma roupa mais confortável, percebi que estava literalmente tremendo de frio. Me agasalhei com dois casacos de lã e dei uma espiada na sala, não havia ninguém ali além da Tia Ártemis, ela ficaria um bom tempo conosco, a guarda de Jason iria ser passada para ela. Respirei fundo e fui no quarto de Jason. Ele estava sentado na cama olhando para seus troféus de basquete. Percebi que ainda chorava, sentei-me ao seu lado e dei um longo beijo em sua bochecha. Jason olhou vagorosamente para mim, tentou sorrir porém não conseguiu.

– Não acha que está na hora de dormir? – Perguntei acariciando seus cabelos loiros. Ele balançou a cabeça negativamente e fungou, aquilo apertou meu coração de tal maneira que meus lábios ficaram em uma linha fina, eles estavam tremendo. – Veja, não sou a melhor pessoa a dor conselhos, mas nós devemos superar, deixar as coisas acontecerem e...

– Cala a boca.

– O que?

– Apenas... – Ele começou a falar e sua voz ficou esganiçada, logo então estava chorando. Limpou os olhos duas vezes seguidas, mas de nada adianta, as lagrimas continuavam a cair. Balbuciou algumas coisas, abrindo e fechando a boca, omitindo um som horrível. O abracei com força e ele se encolheu. – Apenas cale a boca. Vamos ficar em silêncio. Por favor, não quero pensar em nada, não quero sentir nada, não quero ouvir nada. Tem alguma coisa muito errada acontecendo comigo e com a minha vida, mas eu não sei o que é. Então, por favor, apenas me abrace, Lia.

Fiz o que ele pediu. Deitamos na cama juntos e ele enlaçou seus braços na minha cintura, enterrando o rosto no meu ombro, estávamos em posição fetal. Choremos juntos, fungamos juntos, fizemos diversas promessas juntos. Tínhamos que ficar juntos, porque dali em diante, seriamos apenas nós dois. E eu o amava tanto, ele e Tia Ártemis eram a única família que eu tinha. Se eu os perdesse, não acredito se conseguiria continuar.

Quando Jason dormiu, dei um longo beijo em sua testa e o abracei com mais força. Fiquei encarando o verde claro das paredes do seu quarto antes de pegar no sono, imaginando, o que faria dali em diante.


***

– Se você roer mais uma vez a unha, juro que te dou um tapa.

– Será que ele terminou?

– Você ainda continua roendo.

– O Luke é inteligente, provavelmente está analisando tudo antes de preencher os papeis.

– É, acho que sim.

– Será que ele terminou?

– Bom, eu acho que...

– Annabeth, será que ele já terminou?

– Se você perguntar isso mais uma vez, entro nessa escola de merda e arrasto o Luke da sala, aí ele vai tirar zero e adeus faculdade. – Ela praticamente gritou, todos a nossa volta nos encararam espantados. Revirei os olhos e voltei a roer as unhas, batendo o pé direito impaciente. Eu estava com calor, o vestido que Luke me obrigara a vestir estava pinicando a minha pele. Estava impaciente. – Está pior do que eu esperando a lista dos aprovados no seletivo que o Percy fez.

– É, mas você fez maior cena ao ver o nome dele ali. Dançou, pulou, gritou, cantou, fez promessa de dançar pelada no seu primeiro dia de aula na faculdade, bebeu e gritou de novo. O pior, foi que, duas horas depois, vocês dois terminaram o namoro.

– Eu não tenho culpa se ele quer ir para o outro lado do mundo e eu vou me esconder dentro da biblioteca do campus. Não rola, apesar de eu o amar profundamente.

– Aham, to ligada. Será que ele já terminou?

– Thalia Asher Grace, eu vou...

– AI MEU DEUS ANNIE, OLHA ELE ALI.

Comecei a correr até Luke. Veja bem, eu não sou muito normal. Luke havia me dito diversas vezes para não se preocupar com o fato dele ir estar fazendo a sua prova, que eu provavelmente ficaria horas em pé em frente a escola se fosse espera-lo terminar, que eu deveria estar preocupada com as minhas provas e tudo mais. Porém eu estava tão ansiosa, e feliz por ele, eu não sou uma pessoa muito cristã, mas rezei todas as orações que eu conhecia. Ele tinha que passar.

Luke se virou quando eu o chamei e sorriu surpreso. Ele abriu os braços e eu pulei em seu colo, suas mãos apalparam as minhas coxas para me segurar e eu o beijei com intensidade. Luke sorriu durante o beijo e nos separamos por apenas um segundo, o suficiente para ele me chamar de louca, e nos beijamos novamente.

– E aí, o que achou? Estava difícil? Acha que vai passar? Em qual lugar? – Perguntei, já no chão, olhando para cima para poder encarar suas orbes azuis. Eu odiava o fato de ser mais baixa e ter que levantar a cabeça para falar com ele. – Castellan, diga alguma coisa!

– Não tenho nada a dizer, os resultados irão chegar, devemos apenas aguardar.

– Mas Luke...

– Shiiii. – Ele sussurrou e segurou meus ombros. – Que tal se... – Luke se agachou um pouco e passou um braço nas minhas costas e o outro na minha panturrilha, me ergueu rapidamente como se eu fosse um ser indefeso, sorri feito uma idiota, pois ele estava com uma blusa de botões preta e meu vestido era branco, parecíamos recém-casados. – Você parasse de ser tão ansiosa, apressada, ou seja o que for, calasse essa matraca e me beijasse novamente?

– O que é matraca? – Annabeth perguntou, estava claramente incomodada por estar presenciando aquilo, mas eu a aturei por tanto tempo que ela parecia ter o bom senso de suportar aquilo.

– Sei lá, meu pai usava essa expressão comigo, acho que é calar a boca.

– Luke! – Dei um tapa forte em seu ombro e ele sorriu de lado, fazendo assim eu dar um tapinha em seu rosto. – Chato.

E, por fim, nos beijamos. Parecíamos aqueles casais clichês de filmes, e por incrível que pareça eu gostava disso. Eu deveria ter aproveitado ainda mais aqueles momentos, me entregado por inteira, sem medo, sem hesitar. Deveria ter ido mais a pista de skate com ele, a ponte, a praça, a igreja, a praia, ao meu jardim, ao seu quarto, ao nosso canto no campo da escola. Deveria ter feito mais e mais. Antes de tudo apenas se tornar lembranças antigas.

Aprendi um pouco tarde demais a aproveitar o agora e deixar o futuro um pouco de lado.


***

– Eu to ferrado. – Leo repetiu pela milionésima vez enquanto nos sentávamos, o grupo de apoio de certa forma parecia maior, ou talvez fosse impressão minha. Mas não era, havia dois garotos e quatro garotas novas, pareciam meio distantes, mas acabaram se interagindo aos poucos. Estávamos com nossas notas em mãos, a ponta dos meus dedos tremiam. – Tenho certeza que repeti de ano.

– Você não vai reprovar, cara. – Nico disse após rolar os olhos. Ficava uma imagem engraçada quando ele rolava os olhos, sentia uma imensa vontade de rir.

– Estão todos aqui? – Frank perguntou erguendo seu folhetinho, assentimos e ele começou. – Huuummm, tá meio misto aqui. De notas baixas, eu tenho apenas dois C e um D. Aqui diz que... EU PASSEI. HAZEL VAMOS CASAR, EU PASSEI. LEVESQUE CASA COMIGO AGORA.

Todos nós começamos a rir descontroladamente, ainda mais pelo fato da Hazel ter caído dura no chão, como se não acreditasse no que estava acontecendo. Will, Rachel, Hazel, Nico, Octavian e Charles tiveram notas médias. Silena passou em todas as matérias com A. Faltava apenas eu, Leo e Reyna.

– Minha vez. – Leo disse abrindo o envelope, ele fechou os olhos rapidamente e respirou fundo. – Hum... eu não tenho nenhum A. – Ele declarou e nós rimos. – Tem um B, vários C, dois D e um F. Puta merda. Prezado Sr. Valdez, apesar de suas notas péssimas, devemos informar que você foi... APROVADO. CUPA SOCIEDADE. EU PASSEI. EU SOU O LEO VALDEZ.

– Desnecessário. – Hazel disse baixinho.

– Minha vez, por favor, estou ansiosa. – Declarei me levantado, totalmente exaltada. Minhas mãos tremiam tanto que acabei rasgando um pouco do envelope, respirei fundo. – Certo, tenho muitos A, okay, dois A-, três B e alguns C. Certo, okay, meu Deus, eu passei. Eu li certo? Alguém me ajuda, estou cega. Me socorram.

Eu comecei a rir nervosa e acabei por ter um ataque de risos. O pessoal do grupo me acompanhou e eu ainda ria, pelo nervosismo, por minhas notas, por tudo. Pisquei os olhos algumas vezes e me sentei meio zonza. Sorri abertamente para Reyna e ela sorriu de volta, levantando-se.

– Vamos lá. – Ela disse rindo e olhou rapidamente para mim, quando nossos olhares se cruzaram, soube que havia alguma coisa errada. – Não importa qual seja o resultado, espero que não me abale de uma forma muito intensa. Hum, não tenho nenhum A ou B, que trágico. – Ela disse fazendo piada, o que fez o clima ficar tenso, até mesmo ela estava tensa. – Tenho apenas quatro C e um D. Cara, eu tenho um, dois, três, quatro... sei lá, vários F. Wow, Senhorita Ra. Ra – Ela parou de falar ao ler seu nome e ergueu uma sobrancelha, ninguém dizia nada. – Pra que colocar minhas iniciais? Que porra é essa? Desnecessário. Enfim, aqui diz que eles sentem muito e que esperam que eu me dedique mais próximo ano, e que eu estou, oficialmente, reprovada.

Eu prendi o ar com força. Achei que ela iria ficar pasma, reclamar, chorar ou qualquer reação do gênero. Mas não, Reyna apenas sentou-se calmamente enquanto todos nós a encarávamos espantados. Ela sorriu amarelo e dobrou calmamente a folha com suas notas. Ninguém disse nada durante um bom tempo, Percy parecia querer medir as palavras certas para dizer algo. Mas não se manifestou. Na verdade, ninguém se manifestou. Exceto o Will, que se levantou em um pulo e disse apressadamente:

– Eu estou apaixonado, devo me preocupar?

– Cara, isso é pergunta pra se fazer em um momento como esse? – Charles perguntou.

– Depende de quem, Will. E se o sentimento é recíproco.

– Bom, ela não gosta de mim desse jeito.

– Quem é a felizarda? – Perguntei segurando o riso, Will era realmente bonito, encantador até.

– Ah... Então...

– Fala, Will. – Rachel disse fria cruzando os braços, olhando acusadoramente para Silena, como se ela fosse culpada de algo. Havia um grande bico em seus lábios. – Também quero saber, quem é a “felizarda”.

Will nada disse, apenas continuou encarando-a.

– O gato comeu a sua língua? – A ruiva perguntou se pondo de pé e pegou suas coisas. – Acho que já vou. Até mais, pessoal.

Quando ela saiu, todos nós olhamos maliciosamente para Will. Ele ficou vermelho como um pimentão e começou a gaguejar.

– Ela está na sua. – Beckendorf, Frank e Nico falaram juntos, arrancando uma gargalhada de todos nós.

– Mas ela quase me matou com o olhar!

– Cara, quando uma garota tenta matar você, acredite, ela está na sua. – Charles Beckendorf disse cheio de si e olhou para Reyna. – Sinto muito, Rey.

– Que nada. – Ela disse abandando as mãos. Olhou para Percy e arqueou uma sobrancelha. – Já que o clima está totalmente confuso, uma montanha russa, acredito que o Jackson tenha algum aviso a dar, não é mesmo?

Olhamos para Percy, ele deu um sorriso amarelo sem jeito e pôs as mãos no bolso da calça jeans. Ficou de pé e encarou cada um de nós, percebi que ele parecia um pouco mais velho, maduro até, o que iria falar a seguir deveria estar martelando em sua mente a muito tempo e de certa forma ele iria sair machucado disso tanto quanto nós.

– Então, eu consegui a bolsa para ir estudar biologia marinha na Europa. – Aplaudimos, felizes e Percy corou um pouco. Agradeceu e continuou: – Mas tem algo ruim nisso, eu vou ter que me mudar para lá, obviamente, o que significa que infelizmente perderei uma parte do contato que tenho com tudo aqui, minha família, meus amigos, minha namora e... O grupo de apoio. Nas últimas semanas estive procurando um substituto, não achei. Sinto muito, pessoal, mas não temos como prosseguir.

Ninguém esperava por isso, muito menos eu. Seria estranho acordar nas quartas feiras, e ir para a escola e a tarde não ter nada para fazer, sem as visitas ao grupo. Eu já sentia saudades da Dra. Jackson e pelo jeito iria sentir mais saudades ainda dali, de estar ao lado de toda aquela gente, fazendo piadinhas internas matinais, contando os problemas, desabafando, sendo uma família.

Hazel e Silena soltaram um gritinho, provavelmente irritadas. Senti uma tristeza profunda, tanto pelas pessoas que já estavam no grupo de apoio quanto pelas que iam pela primeira vez ali. O grupo ajudava em tanta coisa, que seria confundido como uma âncora interna. Reyna deixou uma lagrima escapar e pediu licença para ir ao banheiro, Percy estava com um ar tenso, cansado.

– Me perdoem, por favor.

– Tá tudo bem. – Octavian disse se levantando e trocando um high five com ele – Nós compreendemos e ficamos feliz por você ter passado.

Percy deu um sorriso de lado. Apesar disso, continuamos conversando entre si, rindo das baboseiras que Leo falava e Octavian complementava, de Silena reclamar por estar gorda enquanto Beckendorf a elogiava a todo momento, dos mine ataques de riso que Nico dava algumas vezes, das piadas de Will e da minha cara pasmada ao olhar novamente para minhas notas. Riamos por qualquer coisa, algo que aprendemos ali foi que o riso era um tipo de terapia, que rir é algo bom, que faz bem para a saúde.

Sorria. Sorria para qualquer coisa, estando sendo filmado ou não. Apenas, sorria.


***

Encarei Jason por um momento antes de trocar um olhar cumplice com Tia Ártemis. Apesar de ele as vezes ainda falar da mamãe e reclamar por estar com saudades como se fosse uma criança, ele estava feliz, feliz até demais, devo ressaltar. No momento, estava parado em frente ao espelho da sala ajeitando os cabelos e a gola da camisa, segurei o riso quando ele passou gel demais na parte direita do cabelo, o deixando com uma aparência ridícula, mas ele parecia não se importar. Iria para um encontro com Piper, e por mais que negasse, estava se arrumando demais só para impressiona-la.

– Meu menino, acredito que a McLean não se importa muito com as aparências. – Minha tia começou um discurso, tentando em vão não sorrir. Jason ficou vermelho e voltou a arrumar os fios loiros rebeldes. – Então que tal parar de se arrumar todo e confiar em si mesmo?

– Baboseira.

– Tá querendo impressionar quem, Jason? A Piper? Já saiba que ela sempre foi caidinha por você e hoje tenha um penhasco, abismo ou seja o que for.

– Não viaja, Lia. Se a mamãe estivesse aqui, ela me apoiaria.

– Jolie sempre ligou demais para a aparência. – Tia Ártemis retrucou e antes que Jason pudesse falar algo, a campainha tocou. – Ela chegou. Grace! Pare de passar gel nesse cabelo, pelo amor de Deus.

Abri a porta e dei de cara com uma Piper simplesmente simples. Sério, não estou exagerando, ela estava de chinelos, uma calça skinny, blusa branca colada, alguns colares, uma jaqueta de couro curta e os cabelos em uma simples trança de lado. Uma roupa comum para ir, sei lá, ao shopping, e não a um encontro. Isso me fez rir, pois Jason estava de smoking e tudo mais. Que constrangedor! Quando eles dois se viram, ficaram um encarando a roupa do outro e foi muito engraçado a reação de ambos. Ela começou a rir e disse “Não precisava ter exagerado” e ele “Talvez você que tenha vindo com a peça de roupa errada” e ai tiveram uma discussão boba, depois deram um beijo bem meloso e nojento e saíram. Fiquei rindo com tia Ártemis encarando ambos pela fresta da janela, ela fazia comentários ingênuos e eu maldosos, às vezes me repreendia, mas acabava concordando.

Ajudei Ártemis a fazer o jantar para nós duas e depois de limpar a cozinha e ver um pouco de TV com ela perguntei se já poderia ir para o quarto, porém acabei desistindo e perguntei se poderia ir para a casa do Luke, o que a fez negar de imediato.

– Mas Tia, ele é meu namorado e eu não o vejo faz um tempinho por causa da prova depois de amanhã e...

– Justamente, em dois dias você vai fazer o seletivo, tem que estudar e descansar, não namorar.

– Tia Ártemis!

– Já dei minha resposta.

– Por favor, por favorzinho, eu faço tudo o que a senhora pedir! Vou a igreja mais vezes, parar de ir com a Annabeth na Victoria Secrets, fazer mais a coisas dentro de casa, estudar um pouquinho mais, não demorar nos meus passeios... Eu faço qualquer coisa mesmo!

– Eu quero que você grave todas as temporadas de Gossip Girl e Friends para mim.

Abri e boca para falar algo, então analisei o que ela havia dito e sorri.

– Tá falando sério?

– To.

– Beleza! Tchau, volto amanhã.

– Quero você as nove.

– Amanhã!

– Você vai dormir lá? Onde já se viu isso, uma moça de família, dormindo na casa de um delinquente.

– Primeiro, o Luke não é delinquente, segundo, eu estava brincando e terceiro, dez e meia eu estou aqui.

Ela assentiu e eu saí saltitando de casa – Ironia, okay? Fui andando calmamente mesmo. – [n/a: risos] passei pelos jardins e pelas casas que nos separavam. Cruzei os braços na altura do peito, estava usando uma das blusas que ele havia me dado, short jeans e estava descalça. Quando apertei a campainha, reparei que onde eu havia pisada, havia ficado a marca, fazendo-me rir internamente ao ver o quão estranho era os meus dedos.

Luke demorou um pouco para abrir a porta, mas quando finalmente o fez, me encarou um pouco confuso por conta do horário e surpreso, pois eu deveria estar estudando. Apenas dei de ombros e entrei, ele me seguiu com o olhar e fechou a porta rapidamente.

– Cadê seu pai?

– Tá na casa da minha mãe. – Falou, sentando-se no sofá ao meu lado e passando os braços ao redor dos meus ombros. Deu um beijo na minha testa e voltou a atenção para o filme. – Acho que volta apenas amanhã, não sei.

– Quando é que eles finalmente vão ter apenas uma casa? Aqui, lá ou em qualquer outro lugar?

–Me pergunto isso todos os dias.

Começamos a sorrir e eu coloquei minha cabeça em seu ombro, começamos a conversar sobre diversas coisas e principalmente sobre o futuro. Foi bem estranho no começo, pois haviam diversas coisas entre nós dois que eram totalmente opostas, mas outras se encaixavam perfeitamente, a conversa foi fluindo aos poucos e acabamos por ficar fazendo promessas bobas, em uma noite de domingo como qualquer outra.

– Está nervosa para a sua prova? – Perguntou bagunçando meu cabelo e eu lhe lancei um olhar raivoso por isso, mas ele continuou mesmo assim.

– Não muito.

– Vai ser fácil, eu acho. – Desligou a TV e olhou para o que eu vestia, deu um sorriso ao qual eu não pude distinguir o significado e murmurou: –Tenho uma surpresa para você.

Estendeu a mão para mim e nos levantamos, subimos a escada em direção ao seu quarto. Pensei em perguntar a ele o que era, mas ele parecia tão apressado e empolgado, sorrindo de um jeito bobo a todo momento. Quando entramos, pegou uma caixa em cima da escrivaninha e pôs em cima da cama, pulei em sua cama e fiquei encarando a caixa.

– Posso abrir?

Ele assentiu e eu analisei a caixa. Era branca com detalhes pretos, bem sútil. Abri o laço e me deparei com fotografias, não uma, ou duas, mas sim várias. Todas minhas, Luke sempre estava com sua câmera por perto, eu já havia o pegado muitas vezes fotografando as coisas do nada, seja pessoas ou qualquer coisa ao seu redor, e muitas vezes a câmera estava apontada em minha direção, mas ele sempre dizia que estava apenas ajustando o foco. Em nossas saídas para qualquer lugar, ele colocava a câmera em nossa direção e as vezes percebia que ela disparava sozinha, mas acreditava que Luke as apagava. E então, estava ali, diversas fotos, incontáveis fotos, de diferentes ângulos, em diferentes lugares, sozinha ou acompanhada de alguém. Sorri internamente, enquanto por fora encarava aquilo tudo maravilhada. O som estava ligado, tocando músicas aleatórias e de uma forma bem clichê, tocava “All Of The Stars”. Luke sentou ao meu lado e olhou as fotos junto a mim, pegou duas delas, que era idênticas, porém uma preto e branco e outra colorida.

– Vou ficar com a preto e branco e você com a colorida. Pode parecer estranho o que eu vou dizer agora, mas eu quero que, não importa o que aconteça, quando você estiver triste, com saudades de mim ou qualquer coisa do gênero, olhe para essa foto, feche os olhos, os abra, encare as estrelas e pense nesse dia, e, não se esqueça: Depois de uma grande tempestade, um belo dia surge.

Olhei a foto. Essa, eu havia realmente me preparado e feito a pose. Havia sido tirada com o seu celular, estávamos no Starbucks e Luke reclamava por eu estar comendo batatinhas em vez de um café da manhã saudável, ele bebeu um pouco do seu cappuccino e ficou a marca no seu lábio superior, como um bigode. Comecei a rir descontroladamente, aí ele me sujou de ketchup e posicionou uma batata na minha boca, fiz um bico e ele disse que iria tirar uma foto. Havia ficado bem engraçada, implorei para que ele deletasse, mas cabeça dura como sempre, disse que iria guardar de lembrança. Estávamos tão felizes, lindos, olhávamos um para o outro, rindo dos bigodes falsos feito de comida e só de olhar, percebia que estávamos verdadeiramente apaixonados um pelo outro.

– Eu te amo. – Balbuciei apertando a foto contra o peito. Luke nada disse, apenas se aproximou e beijou-me. Um beijo calmo, seu polegar acariciando minha bochecha e a ponta de seus dedos causando um calor por todo o meu corpo. Ironicamente, começou a tocar Do I Wanna Know?, fazendo-me se afastar e rir. – Fez isso de propósito, não é?

– O que? A música? Claro que não! – Disse dramaticamente como se estivesse ofendido, mas seu sorriso malicioso o entregava. Afastamos a caixa e deitamos na cama, nos beijando calmamente.

– Tá, beleza, no que exatamente, você está pensando?

– Em você.

– Em mim?

– É, tipo, em você, em nós, aqui, deitados, nos beijando e eu não sei exatamente no que estou pensando agora, mas talvez eu esteja tendo pensamentos impuros demais, ou sei lá, eu só sei que, não sei de nada. Por Deus, o que estou falando? Você me deixa assim, e isso é uma droga porque eu nunca amei alguém como eu amo você, Thalia Grace.

Nós ficamos nos encarando, eu sem saber exatamente o que fazer. Seria a primeira vez que teríamos algo realmente profundo e já que estávamos ali, com sua música preferida do AM tocando, decidi continuar. Doando-me por inteira, sentindo sua pele sobre a minha, os sussurros que trocávamos um com outro, a janela da sacada aberta, o céu estrelado, o disco que ainda tocava, a precisão de cada momento.

Dormi profundamente naquela noite, aconchegada em seu peitoral nu, tentando gravar cada detalhe na minha mente, ao som harmonioso da voz de Alex Turner, sem me preocupar com o fato de minha tia reclamar sobre eu chegar em casa apenas no dia seguinte.

Nossos desejos estavam sedo cumpridos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro ortografico, e desculpem pelo capitulo. Sinto que poderia ter melhorado ele, ter aperfeiçoado, mas o barulho que estava ao redor, com todas as coisas acontecendo, ele ficou assim, meio who, porque tudo ao meu redor me afeta.
Proximo capitulo é o meu favorito.
E o que vocês, certamente, irão odiar para sempre.
Sinto cheiro de morte, choro, lagrimas.
É.
MANO EU TO ESTRANHA, EU QUERO ME MATAR, VCS ENTENDEM? PRECISO DE UM GRUPO DE APOIO, UM CARA LEGAL, AMIGOS DE VERDADE.
PORRA.
ESTOU MORRENDO
Depois do meu surto, desejo boa madruga, bjão.
~Queen
E sim migos, eles dois transaram, qual o problema? bjo pros fãs.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Skinny Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.