Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 2
Oh Love.


Notas iniciais do capítulo

Hello queridos novos leitores.
Tudo bem com vocês? Comigo não. Sabe aqueles seletivos filho da puta que vocês fazem para estudar em uma escola boa? E aí você estuda bastante, fica dias sem dormir, não come direito, não sabe mais pensar em nada a não ser cálculos matemáticos e orações de lingua portuguêsa para quando você finalmente fazer uma prova de 40 questões e só acertar 16?
Esse é o meu caso. Estou chorosa. Estou envergonhada. Estou abalada.
Mas, isso não vai me impedir de fazer os capitulos. Não mesmo.
Espero que gostem



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Estava um dia calmo na Califórnia. As pessoas passavam na rua cumprimentando umas as outras, os surfistas nas praias, os adolescentes em alguma festa e as casas totalmente silenciosas, como se não tivesse ninguém em casa. Todas menos a minha, que parecia vibrar a cada solo de guitarra vindo da micro – mas potente – caixinha de som localizada no canto do meu quarto.

Começou a tocar Green Day e eu obviamente acompanhei.

{Oh Love, Oh Love....}

Deixei chegar no refrão antes de subir na coma e cantar com os olhos fechados.

– Far away, far away... – Cantei com os braços para cima, como se estivesse em um show de verdade.

Continuei cantando, mas como toda alegria dura pouco, ouvi Jason esmurrar a porta.

– THALIA. – Ele gritou e chutou a porta. – ABAIXA ESSA PORCARIA.

Aumentei mais ainda.

– Thalia! – ele se jogou na minha porta várias vezes a fim de derruba-la. Sem sucesso. – Mãe, manda a Thalia abaixar essa coisa.

Continuei ouvindo Oh Love e passeando pelo quarto, procurando outro CD para escutar. Depois de um tempo não ouvi mais o barulho do meu irmão esmurrando a porta, então supus que ele havia desistido e de qualquer forma o CD da minha banda preferida havia chegado ao fim.

Abri meu guarda roupa a procura dos CDS e eu não os encontrei.

– Onde vocês estão, hein? – Perguntei para o nada, me referindo aos CDS – Quero tanto ouvir Simple Plan... cadê vocês, pequenos?

Procurei debaixo da cama, perto do som, no guarda roupa novamente e mesmo assim não encontrei. Parei no meio do quarto com as mãos na cintura. Aonde a minha caixa havia ido parar? Pensa Thalia, pensa. Você não trancou a porta do quarto quando foi pra escola. Quando chegou ele estava limpo. Pensa Thalia. Hoje é dia de faxina do Jason.

Jason!

Abri a porta do quarto e fui ao seu, chutei a sua porta assim como ele havia chutado a minha.

– Quem é?

Ignorei a pergunta tosca dando outro chute e ele abriu a porta.

– Que é que você quer? – Ele perguntou e eu não respondi (Eu nunca respondia mesmo) já entrando no quarto e mexendo nas suas coisas.

– Thalia, isso é invasão de privacidade, cai fora daqui.

Procurei por todo o quarto e não encontrei. Ponderei em desistir ou não, porque talvez não tivesse sido ele. Mas havia um lugar onde eu não havia procurando, poderia ser besteira ir procurar lá, mas eu estava desesperada.

Caminhei até o banheiro e eu abri a porta. Se eu achei alguma coisa lá dentro? É, eu achei, mas não era o esperado.

Piper estava enrolada em uma toalha me olhando com espanto.

– Olá Thalia! – Ai Deus, é nessas horas que ela começa a tagarelar – Quanto tempo, não é mesmo? Senti tanto a sua falta lá na loja da minha mãe! Como você está? Andou “falando” ultimamente? Ai, ai, é brincadeira Grace! Olha, os seus CDS estão no guarda roupa do Jason, lá em cima, e o fato de você me encontrar aqui de toalha não é o que você está pensando. É que eu vim fazer o trabalho de química aí eu me sujei e..

Parei de prestar atenção assim que ela disse onde estavam os meus CDS. Esse era o bom dela: Dê ouvidos a ela e ela te contará tudo, até mesmo coisas que você não precisa saber.

Jason olhou para Piper incrédulo, como se não acreditasse que ela havia me contado tudo enquanto ela ainda tagarelava por estar só de toalha, e eu pouco me importava com o motivo disso.

Saí do quarto e fui para o meu, coloquei um CD do Simple Plan e começou a tocar “Welcome to my life”, acompanhei toda a música em frente ao espelho, até que alguém bateu na minha porta. Isso mesmo, ninguém me deixa em paz.

– Thalia, querida – A voz mansa e paciente da minha mãe soou do outro lado – A Annie está lá embaixo, vou mandar ela subir, tudo bem?

Em resposta abaixei o som e destranquei a porta. Demorou poucos segundos e Annabeth entrou, jogou a mochila no chão e me encarou.

– Thalia! Sua vadia de quinta! –Ela gritou com as mãos na cintura – Por que você não foi para a escola hoje? Me deixou lá, sozinha e temos um trabalho enorme de filosofia para fazermos.

Apenas revirei os olhos e me joguei na cama encarando o teto.

– Thalia! Reaja! – ela andou até a janela e puxou a cortina – Por que você nunca deixa a janela aberta? A vista daqui é tão linda...

– Eu gosto dela fechada – como sempre, minha voz saiu só um sussurro – E a vista é apenas outra casa.

Eu só falava com Annabeth e não era nem ao menos uma frase completa, no máximo sete palavras. Era o seguinte: Annabeth parecia ser a única a me entender, só que as vezes ela ficava tão insuportável que eu a ignorava e não lhe dirigia uma única palavra.

– É linda sim! Tem aquele vizinho gato do lado! O Percyzinho.

– Ele se mudou. – falei cortando seu barato, estava mais do que na hora de ela cair na real.

– Mudou? – Annabeth se jogou na cama ao meu lado – Ai meu Deus, depois de três meses eu na dele com uma imensa vontade de falar um “Oi Percy, lindo dia não é mesmo? Te acho mó gracinha.” E você me diz que ele se mudou?!

Eu não disse nada, apenas continuei olhando para o teto, que havia uma mancha amarelada me trazendo nostalgia dos tempos felizes. Tempos em que eu odiava comer queijo e meu pai amava. Um dia ele chegou no meu quarto com um prato cheio de diferentes queijos derretidos: Cheddar, Suíço e etc. Eu tive um ataque e joguei o prato para cima.

Acontece que, os queijos grudaram no forro branco. Demorou quase uma semana para minha mãe se acalmar e limpar o queijo. Mesmo depois de tantos produtos de limpeza ainda ficou uma mancha amarelada. Meu pai dizia que aquela mancha era algo que ficaria marcado ali para sempre e que eu sempre me lembraria desse dia. Pena que toda vez que eu lembro, angustia e solidão me abalam.

– Tenho de descobrir onde ele está morando agora.

Fiz um murmúrio de desaprovação. Fui até o som e aumentei mais um pouco, sentei-me no chão e abri a mochila de Annabeth, pegando os cadernos e a pasta com os trabalhos de filosofia, enquanto ela ia observar algo na janela.

Depois de um tempo lendo e relendo sobre o assunto do trabalho, caí na real que tinha que ser relacionado ao amor e eu não acreditava no amor, por isso uma imensa vontade de vomitar invadiu meu estomago: “Escreva um poema, historia fictícia ou qualquer texto dissertativo sobre o amor, coração partido ou drama e traga-o na quinta.”

Ai meu Deus do céu, eu mereço. – Pensei.

Annabeth ainda estava olhando para a janela de um jeito estranho. Fui lentamente até ela saber o que estava acontecendo. E foi aí que eu o vi.

Pose de surfista. Os cabelos cor de areia. Os olhos em um azul claro, parecido com os de Jason. A boca em um tom perfeitamente avermelhada e uma leve covinha em seu sorriso. Ele olhava diretamente para a janela do meu quarto e fez um sinal de telefone acima do ouvido sibilando um “Me liga.”

Por um momento tive a ilusão de pensar ser para mim, mas então vi que ele não olhava em minha direção e sim para Annabeth que estava meio abobada. Então, definidamente não era eu quem estava flertando. Fechei a cortina rapidamente.

– Thalia!

Puxei Annabeth pela mão e peguei o caderno.

–Ah é – Ela pareceu acordar – O trabalho.

Começamos o trabalho. Ela ficou com a parte do amor, melosidades e eu sobre coração partido, ilusões e mil e uma baboseiras. Annabeth já havia terminado a um bom tempo e eu não havia escrito uma única palavra.

– Thalia, o trabalho é para só daqui a um mês – quando ela disse isso, tive vontade de mata-la – Por que está me olhando desse jeito? Thalia... Tem algo preocupante em seu olhar.

– Se não é para amanhã – Tentei ao máximo possível fazer minha voz ficar alta e não um sussurro. Fracassei. – O que você tá fazendo aqui?

– Eu sou sua melhor amiga! – Ela pareceu ofendida – Você não foi para a escola, aí eu aproveitei para fazer o trabalho, te visitar e ver o Percy.

Revirei os olhos.

– Foi mal.

– Sem problemas – ela disse pegando a mochila e indo até a porta – Vou indo, beijos. Vê se fala mais da próxima vez que eu passar por aqui, já está ficando chato esse silêncio constrangedor... Mas... quer saber, não tem muita importância. Tchau Thalia.

Dito isso, ela fechou a porta. Ela podia ser bem mal com as palavras as vezes e nem percebia.

Joguei-me na cama com as mãos nas têmporas encarando a mancha amarela novamente. E do nada, como sempre, veio a angustia e a solidão me atormentar, e com isso eu comecei a chorar. A vontade de gritar socorro e não poder inflava tanto o ar dos meus pulmões que eu não conseguia mais controlar. Aumentei o volume do som da musica Revolution – The Beatles ao máximo possível e comecei a gritar. Escutei alguém batendo na porta novamente, só poderia ser Jason, então solucei e passei a chave mais uma vez na porta, me assegurando de que ninguém me veria no estado em que eu estava.

Calmamente meus soluços foram se aliviando e eu consegui voltar ao normal. Era sempre assim: A vontade de chorar vinha, o Silêncio me incentivava a isso e então eu me desmanchava. Era tão bizarro que ninguém desconfiava que no fim eu chorava daquela forma. Eu não tenho sentimentos, minhas lagrimas não tem um proposito, elas simplesmente caem do nada.

Fui para o banheiro, lavei meu rosto e encarei-me no espelho. As pessoas diziam que eu estava mais magra, com ossos saltados para fora e uma aparência mais doentia do que de costume. Mas eu não achava isso, eu não via isso. O que eu via era uma garota rechonchuda, gorda. Meus cabelos repicados com mechas azuis precisavam ser penteados o mais rápido possível e meu rosto inteiro estava manchado de preto por culpa do delineador.

– Você é tão idiota – falei para o reflexo do espelho – Imbecil.

– E você é tão estranha – retruquei – Deve ser por isso que ninguém se importa com você ou com seus poucos sentimentos.

Quando você sofre depressão, uma das coisas que mais te afeta é o antissocialíssimo. Você vira uma pessoa chata, fútil, que tem o lema “foda-se” e finge não se importar com nada e que certas coisas não te atingem. Mas elas atingem e faz um buraco tão grande em você, cravado no seu coração e insubstituível. E, o que mais atinge, é como parece que você não tem ninguém para confiar, e aí você se olha no espelho e fala com seu próprio reflexo. Monologando. Ou conversa sozinha, desabafa, como se alguém ouvisse, como se alguém se importasse. E pelo menos um minuto, você se sente feliz.

Sai do banheiro, enxuguei o rosto, desliguei o som e abri a janela. O garoto Surfista não estava mais lá e confesso que eu havia abrido a cortina só para vê-lo. Eu já ia fechar tudo novamente quando olhei para a rua e vi que o garoto da casa ao lado estava conversando com a Annabeth animadamente em cima da calçada. Ela havia tirando os óculos e soltado o cabelo. Ele, estava com um sorriso no rosto e com as mãos nos bolsos. Os dois deviam estar conversando sobre algum assunto engraçado, pois ambos sorriam.

Fiquei lá, os observando.

– Sabe – murmurei para o Silêncio, que ouviu como um grito no vácuo – Eu queria saber fazer isso. Saber flertar, saber conversar com as pessoas. Saber não se envolver, não se apegar. Saber... viver, mas eu não sei e bem lá no fundo, eu não me importo nem um pouco com tudo isso.

Suspirei fundo e me aproximei mais da janela. Annabeth continuava falando de alguma coisa, mas o garoto estava olhando para cima, para mim. Aproximou-se da Annabeth e disse algo, ela ficou com uma cara interrogativa e olhou para cima, sorriu e acenou. Ele a cutucou novamente e lhe perguntou algo, ela respondeu. Ele riu e acenou para mim também.

Fique imóvel. Não disse nada. Não expressei nada. Não fiz nada, apenas olhei, e nisso eu me dava bem.

Eles engataram novamente em uma conversa, se esquecendo de mim. Depois de um tempo Annabeth ficou nas pontas dos pés e beijou seu rosto, ele apenas sorriu, se despediram e ambos sumiram do meu ponto de vista.

–Eu também queria saber fazer isso – comentei para o Silêncio – conversar com um garoto sem parecer uma estranha. Flertar. Me despedir com um beijo ou abraço. Mas eu não sei.

Afastei-me da janela e olhei as horas: Seis e meia. Não estava com fome. Eu nunca tinha fome. Então coloquei outro CD para tocar e passei o resto da noite trancada no meu quarto, fingindo que não existia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, sei que ficou grande e meio confuso, mas vou melhorar! Bjks!