ENNELIZE

Meg não tinha guardado café pra mim - "se você está com fome, acorde e vá comer", dissera ela. Por isso, depois de me secar, eu passei na cozinha e peguei comida dos elfos domésticos.

Depois disso, nós fomos para Hogsmeade - era dia de passeio. Já tinham se passado três semanas desde o início das aulas e nada de emocionante acontecera até agora. Acho que é por causa dos N.O.M.s - eles deixam todo mundo muito estressado.

Passamos na Dedos de Mel e depois fomos ao Três Vassouras pedimos uma cerveja amanteigada para cada uma e então eu abri um dos doces que comprara anteriormente e comecei a comer. Meg me olhou com espanto.

– O que foi? - perguntei.

– Ennie, como você ainda consegue comer depois de se empanturrar de comida?

– Comendo?

– Mas você não só come. Você devora qualquer coisa que apareça na sua frente.

– É você que come muito pouco.

Ela balançou a cabeça. Ia dizer alguma coisa, mas Elmond veio na nossa direção.

– E então garotas - falou ele, - como vão?

– Estava muito bem até uns dez segundos atrás - respondi.

– E o que aconteceu nesses últimos dez segundos? - perguntou ele fingindo estar curioso.

– Bem... - falei - deixe-me ver: você chegou.

Ele riu.

– Mas eu acho que Meg não se importa com a minha presença, não é Meg?

Ela hesitou por um curto segundo e depois respondeu:

– Na verdade, eu me incomodo sim.

Franzi a testa. Elmond sempre fazia essa pergunta e ela sempre respondia sim sem hesitar.

Ele ergueu as sobracelhas para ela, que respondeu com um olhar que eu não consegui decifrar. Depois Elmond assentiu com a cabeça e falou:

– Se é assim, acho melhor me retirar. Não gosto de ficar aonde não querido. - então ele se dirigiu para mim em particular: - Mas lembre-se Ennelize: eu estou fazendo isso em consideração a Meg, e não a você. Tchau.

– Você hesitou - decretei quando meu irmão já estava longe o suficiente para não me ouvir. - Por que você hesitou?

– Eu não hesitei - respondeu ela.

– Ah, é? Então por que Elmond ergueu as sobrancelhas quando você me escolheu, sendo que você sempre me escolhe?

– Você mesma diz que Elmond tem problemas.

– Não use o que eu digo contra mim.

– Se você tivesse sido inteligente o suficiente para ver que algum dia alguém poderia usar iso contra você - retrucou ela com um certo tom de frustração na voz - teria especificado isso na hora em que falou. Na verdade, você nem teria falado.

Eu fiquei boquiaberta com esse comentário. Meg estava defendendo Elmond descaradamente.

Mas depois eu fiquei com raiva. Com muita raiva. Ela estava me chamando de burra! Ninguém me chama de burra.

– Bom - ataquei, - não achei que fosse necessário mencionar isso, já que, na hora, eu pensei que você fosse minha miga de verdade. e amigas de verdade não usam a palavra da outra contra elas mesmas, muito menos para defender um idiota que nem o Elmond!

Me levantei rispidamente e dei alguns passos na direção da saída, mas acabei voltando, pois tinha deixado meus doces na mesa. Então, depois de me certificar que não tinha deixado nada na mesa, saí do bar.

ALVO

O dia estava indo muito bem até ela chegar. Ou melhor até elas chegarem.

Eu, Escórpio e Rose estávamos andando tranquilamente por Hogsmeade - ou tão tranquilamente quanto era possível para nós. Os passarinhos voavam e cantavam, felizes, no céu azul. As pessoas caminhavam tranquilamente, aproveitando o sábado. O povoado de Hogsmeade estava incrivelmente limpo, sem doces pelas ruas.

Então, Stéfany chegou. Ela logo tentou puxar algum assunto comigo:

– Ah, Alvo! Olá, eu estava mesmo te procurando. Eu queria te perguntar se você não...

Neste momento Ennelize Stanford saiu do Três Vassouras batendo o pé e segurando uma sacola de doces.

– E olhe quem está aí! - zombou Stéfany. - Ennelize Stanford, a Louca Mais Estranha do Mundo.

Ela riu da própria piada - foi a única - e Ennelize parou e deu um suspiro como se estivesse se segurando para não partir pra cima da Stéfany. Admirei o auto-controle dela. Sem querer defender a Stanford, mas eu já teria jogado a sacola de doces na cara dela à muito tempo.

– Me desculpe - falou a garota, - mas do que você me chamou, mesmo?

– Você não ouviu? Bom, acho que não tem importância eu repetir: Ennelize Stanford, a Louca Mais Estranha do Mundo.

– Hummm... e quando foi que começaram a me chamar assim?

– Agora.

– E foi você que inventou esse nome?

– Sim. Por que?

– Nada, não. É só que eu queria fazer ISSO!

E então... ah, sabe aquela minha admiração? Bem, esqueça-a. Ela tacou o saco de doces na cara da Stéfany.

Todos no local olharam para Ennelize, perplexos. E, ao ver a cena, um garotinho do terceiro ano gritou:

– GUERRA DO DOCES!

Aí todos começaram a pegar os doces que tinham nas sacolas e tacar uns nos outros. Feijõezinhos de todos os sabores, sapos de chocolate, delícias gasosas... Qualquer um que você possa imaginar. Pelos ares.

– Hum... Alvo? - chamou Rose.

– Sim? - respondi.

– Eu só acho que você deveria intervir, sabe, por ser um inspetor e tal - sugeriu ela.

Eu sabia que ela estava certa. Que, como inspetor, era tarefa minha evitar que coisas como essas aconteçam e, se acontecerem, intervir para que acabem. Mas um fato sobre mim era que eu era um péssimo inspetor.

Finalmente alguém tentou intervir. Mas foi a última pessoa que eu poderia imaginar: Escórpio.

– JÁ CHEGA! - berrou ele por cima da gritaria. - Isso é desperdício de comida! E de galeões! Se vocês não querem esses doces me deem! Porque eu quero.

Os participantes se entreolharam e depois olharam para Escórpio. Eles exibiam um olhar travesso, como uma criancinha prestes a fazer besteira.

– Escórpio? - chamei. - Se eu fosse você, eu sairia daí . Agora. E correndo.

– Acho que é uma boa ideia - concordou ele. Tarde demais. O doces começaram a voar na direção dele.

Escórpio até tentou recuar, mas eram muitos. Doces e pessoas jogando-os. A única coisa a fazer era esperar que os doces acabassem.

Alguns minutos - e milhões de doces depois, - a professora McGonagall chegou. Todos pararam automaticamente.

– BASTA! - berrou ela. - Eu quero saber saber quem começou essa guerra, e quero saber agora! O culpado fará uma visitinha à minha sala.

Apenas fiquei observando, enquanto todos os dedos apontavam para Ennelize Stanford.