Mudanças escrita por Thay


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo! Advinha quem ressuscitou dos mortos nesse dia de finados? Isso mesmo, euzinha. Sinto muito pela a ausência, gente, mas tá uma correria danada na minha vida, mas graças a Deus as férias estão chegando e junto com elas um pouco de calmaria. Enfim, deixo aqui mais um capítulo.
Boa leitura!



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Ele estava sem sono afinal ainda estava cedo, mas mesmo assim ele não a trocou pela a oficina, procurou um notebook sentou-se na cama ao lado dela e passou a vasculhar na internet formas de como poderia ajudá-la. Ele leu e releu muitos relatos de maridos desesperados que queriam salvar suas esposas e casamentos e quando ele lia algum que culminava com a morte da parceira muitas vezes causada por suicídio ele olhava para ela um pouco temeroso.

– Pepper?- ele se inclinou um pouco pra ver se ela estava acordada, mas pela a respiração leve que ela exalava ele percebeu que ela realmente estava dormindo.- JARVIS, ela já tentou suicídio?
– Não senhor, mas às vezes ela crava as unhas em sua pele e se arranha.- Tony arqueou a sobrancelha, deixou o notebook de lado, ligou o abajur e mais uma vez se inclinou sobre ela só que agora ele passou a olhar detalhadamente e logo de cara ele viu as marcas avermelhadas em seus braços que ele não tinha visto no quarto escuro de Theo.
– Ela faz isso com frequência?
– Não.
– Isso é causado pela a depressão ou crises de pânico?
– Pode estar associado, mas devido aos últimos acontecimentos é bem provável que isso esteja sendo causado por alguma memória que ela possa estar revivendo.
– Existem mais marcas?
– Sim senhor, principalmente entre seu colo e ventre.- Tony suspirou aborrecido consigo mesmo e ao olhar pra ela lhe deu um beijo na testa, desligou o abajur e voltou a ler artigos de como tirar alguém do buraco sem entrar nele também, horas foram embora e ele só veio perceber quando viu que já passava das 23:00 da noite, preocupado, mas já tendo algumas ideias de como iria fazer as coisas daqui pra frente, Tony, desligou seu notebook, o colocou no criado mudo ao lado da cama e ao deitar envolveu Pepper em seus braços.

Tony acordou-se em um sobressalto, olhou a hora e viu que não dormiu tanto quanto achava havia se passado apenas duas horas desde que adormeceu e suspirou, as coisas que leu e que viu o fizeram ter um sonho que ele não lembra, mas que sabe que é ruim, o lado da cama que antes estava sendo ocupado por uma ruiva agora só tem um espaço vazio e o frio do ar condicionado se misturava com o ar que entrava através da porta da varanda do quarto que estava aberta.

– JARVIS, onde ela está?
– No banheiro, senhor.- ele se levantou fechou a porta da varanda e caminhou para o banheiro, assim que abriu a porta ouviu o som do chuveiro ligado e quando olhou para o box de vidro temperado a viu sentada no chão com a cabeça apoiada em seus joelhos dobrados e recebendo toda a água que o jato forte do chuveiro fornecia.
– Pepper?- ele chamou ao abrir a porta do box e achou que fosse vê-la aos prantos, mas quando ela levantou a cabeça não estava chorando apenas com os olhos um pouco avermelhados.
– Oi, eu te acordei? Desculpa.
– Não, você não me acordou.
– Quem me trouxe pra cá?- perguntou confusa.
– Eu, você amamentou o Theo e dormiu na cadeira de balanço, aí eu te trouxe pra cá.- mentiu ele.- O que tá fazendo aqui? E não me diga que está tomando banho por que isso a gente faz pelado.- disse ele apontando para as roupas encharcadas dela.
– Eu não sei, só quis vim pra cá.- ela esclareceu e pensou que ele fosse voltar a dormir, mas ele entrou no box e se sentou ao lado dela.- O que você tá fazendo?
– Tá calor.- ele respondeu encostando a cabeça na parede e depois a virou um pouco para que pudesse encará-la, ele sorriu para ela que fechou os olhos e ele acompanhou segundos depois, mas ficar quieto não era uma das habilidades de Tony Stark e constantemente ele abria os olhos e tentava tocá-la, mas quando sua mão se aproximava da mão dela ele voltava a afastá-la.
– Eu já deveria ter ido embora, né?
– Hãm?
– Eu sei que ficar perto de mim é difícil pra você.
– Pep...
– É nojento. Eu também ficaria longe de mim se pudesse.
– Do que você tá falando, Pepper?
– Eu vi o quanto você tentou tocar em mim e não conseguiu.
– Não, isso...
– Eu ouvi sua conversa com o Bruce. Sei que você quer a separação e que devo ir embora.- Tony arregalou um pouco seus olhos e começou a se explicar.
– Pepper, eu... não é...
– Tá tudo bem, Tony, eu entendo os seus motivos. Eu preferia que você não tivesse comentado com ele o que aconteceu, mas você já fez e eu não posso mudar isso, eu só peço que você não conte pra mais ninguém por que isso é muito vergonhoso pra mim.- ela se levantou e deixou o banheiro sem sequer olhar para trás, Tony, que rapidamente assimilou que ela ouviu apenas uma parte da conversa a seguiu com rapidez e se colocou na frente dela.
– Pep, pera aí, deixa eu me explicar.
– Não precisa.- ela se desviou, mas ele se colocou na frente dela novamente.- Da licença. Tony, eu quero trocar de roupa.
– Eu te dou licença se você disser que vai me ouvir.
– Tudo bem, só me deixe passar estou com frio.- ele saiu da frente dela e deixou que ela fosse em direção ao closet, ele não se interessou em trocar de roupa tudo o que ele queria era se explicar e estava pensando tanto nisso que não aguentou a espera e foi atrás dela.- Você não poderia esperar eu sair?- ela pergunta vestindo rapidamente uma blusa.
– Não. Olha, eu sei que você tá pensando mil e uma besteiras, mas nada do que tá na sua cabeça condiz com a realidade.
– Tá certo.- ela tentou sair, mas com cuidado ele pegou em seu braço para não assustá-la e ela parou.
– Eu ainda não acabei.- ela revirou os olhos e suspirou frustrada por conta da insistência dele. - Amor, eu pensei e repensei o que poderia te dizer, mas nada do que formulei tá na minha cabeça, eu também poderia mentir pra você e contar só um lado da história, mas também não seria justo, então vamos lá. Eu não senti nojo de você nem antes de saber o que aconteceu e nem depois, senti ódio e raiva de quem te fez isso e impotência por não ter te protegido, mas também senti medo.
– Medo de quê?
– Eu fui envenenado, Pepper, fui envenenado pela a desconfiança. O Arno não morreu naquele dia como achávamos, ele foi capturado pela SHIELD e eu não sabia disso fiquei sabendo depois, pouco antes de morrer ele falou que... que... que você...
– Por favor, não diga.- ele assentiu e respirou fundo.
– Também disse que o Theo era filho dele, eu não acreditei no começo não acreditei, mas você tinha me dito o que havia acontecido, ele havia se vangloriado pelo o que fez e teve um ano, um ano que aconteceu de tudo... eu não queria ter acreditado, mas aí me veio o pensamento de que talvez você tivesse perdido o nosso bebê e que o Theo poderia ser fruto do que ele te fez e como você sabia que eu não ia aceitar isso me fez acreditar que ele era meu filho. - Pepper virou o rosto para o outro lado e ele retomou seu relato.- A conversa que você ouviu entre mim e Bruce estava pela metade, ali ele perguntou o que eu faria caso o que eu estava pensando fosse verdade e foi quando eu falei que me separaria por que eu não ia conseguir conviver sabendo que o fruto daquela coisa estava vivendo sob o mesmo teto que eu e me chamando de pai.
– Se pra você ia ser difícil imagine pra mim. Theo nasceu dentro de uma banheira e se ele fosse filho do Arno ele não estaria vivo por que eu não iria conseguir viver com ele e eu também não estaria viva por que eu não iria conseguir carregar a culpa de ter matado-o.- baixando os olhos ela desviou dele que não fez nada para detê-la como das outras vezes aliviando-a, passando no banheiro procurou no armário algum remédio forte para dormir tomou dois comprimidos, procurou seu cantinho na cama e ali se encolheu.
– Posso dormir com você?- ela não responde, mas ele decide arriscar se enfia embaixo dos lençóis e se aproxima dela.- Eu queria ter algo melhor pra te dizer.
– Então se cale, é melhor pra nós dois.- ele se calou ela puxou um pouco do lençol pra si e ele se virou para o outro lado quando ela dormisse ele se viraria a abraçaria e tentaria dormir bem para que amanhã colocasse em prática tudo o que pensou para salvar ela e seu casamento.

Quando JARVIS o despertou Tony sentiu um enorme peso em seu corpo pois não conseguiu dormir havia muitas preocupações em sua cabeça para que ele pudesse deitar a cabeça no travesseiro e ter uma noite tranquila de sono, fora que também ele sentia que era sua obrigação cuidar de Theo e por isso volta e meia ele ia ao quarto do menino verificar se ele está bem.

– Senhor, o pequeno Stark despertou.
– Já ouvi, JARVIS, e já disse que já vou.- a preguiça e o corpo clamavam pra que ele ficasse na cama, mas suas obrigações o fizeram levantar ele foi ao banheiro escovou os dentes e jogou água no rosto para despertar ainda mais.- Pepper acordou?- perguntou ele enxugando o rosto.
– Não senhor.
– E o Bruce, tá aí?
– Está dormindo, senhor.- ele saiu do banheiro e sem parar em seu quarto foi diretamente para o quarto de Theo que estava agitado em seu berço, porém, era uma agitação de bom humor.- Ei, carinha, como é que você tá? Bem melhor depois da pomada e de uma boa noite de sono, não é?- o menino deu um sorriso banguelo e Tony sorriu.- Te devo desculpas, não é? Eu poderia ter acabado com aquela desconfiança ou melhor não deveria nem ter dado bola, mas eu não consegui e acabei arrastando você e sua mãe nisso.- ele deslizou as costas de seus dedos pelo o rosto do menino e suspirou.- Mas daqui pra frente as coisas serão diferentes.- o menino sorriu e Tony o pegou em seu colo e logo percebeu que o menino tinha feito xixi na cama já que ele havia optado por deixá-lo sem fralda.- Seu mijão.- ele reclamou e foi banhá-lo.- JARVIS, ligue pra uma dessas lojas de colchão e peça um novo para o berço do Theo.
– Devo pedir um ortopédico?
– Colchão ortopédico pra bebê? Sério?
– O colchão da pequena Stark era ortopédico, senhor.
– Sério? Isso bem foi coisa da Pepper. Bom, devemos dar tratamento iguais ao filhos, não é?
– Sim senhor.
– Então peça um colchão ortopédico pra ele também. Mais tarde eu me livro desse. Vamos colocar uma fralda, mijão.- Tony o deitou no fraldário e passou a pomada para assaduras no menino que ainda sofria com a ardência, depois de trocá-lo, Tony, o pegou nos braços e desceu para que pudesse preparar uma mamadeira, como todos os ingredientes já estavam na bancada ele economizou tempo procurando, preparou, esperou esfriar e andando pela casa alimentou o pequeno que assim que se satisfez abriu a boca para arrotar, ele riu, colocou a mamadeira vazia em cima da mesa de centro e deitou-se no sofá com o menino em cima de seu peito, afagando as costas dele, Tony, aos poucos foi cedendo e acabou dormindo. Ele sentiu o toque de alguém em seu braço, mas o que o fez despertar foi um grito fino de um bebê.
– Anthony, acorde.
– Hum.- ele bufou e abriu os olhos.- Marta?- perguntou ele ao reconhecer a figura em sua frente.
– Bom dia.- ela tomou Theo dos braços dele que se sentou no sofá e esfregou os olhos.- Olá, Theo, como vai o menino da vovó, hein?- ela aproximou seu nariz do menino e o deslizou em cima da testa dele.
– Quando você chegou?
– Hoje.- ela se sentou ao lado dele e desferiu um tapa em sua cabeça.
– Ai! Por que você fez isso?- perguntou ele esfregando a parte de trás da cabeça.
– Pra começo de conversa, por que você ignorou minhas ligações.- "péssima escolha" pensou ele.- E pela as coisas que você vem fazendo.
– Você já está sabendo?
– Você ignorava as minhas ligações, mas a Claire não, ela me disse o que vem acontecendo e também pedi para JARVIS me pôr a par de tudo. Às vezes eu tenho vontade de pegar um cinto pra te dar uma surra!- falou ela mudando seu tom de voz.
– Essa é a sua avó irritada, nunca queira ver ela irritada, Theo.- falou Tony para o menino que observava atentamente os dois.
– Claire me disse que a Virginia está doente, que só vive chorando pelo os cantos, que não sai daquele quarto, que não tá nem aí pra nada e nem pra ninguém e que vocês nem se falam mais... o que você acha que tá fazendo?
– Merda.
– Você lembra o que eu disse antes de sair, Anthony?
– Vou sentir falta da Claire?
– Não. Mente fazia, oficina do diabo. Foi isso que eu disse.
– E o que você quis dizer com isso? Eu não falo em códigos de ditado popular, Marta.
– O que eu quis dizer foi: ''tire sua mulher dali antes que ela pense demais e enlouqueça!''
– Se você tivesse dito dessa forma eu teria entendido.
– Teria mesmo? Por que eu me lembro de ter dito pra você tirar a Virginia do quarto e para cuidar do Theo e segundo a Claire e o JARVIS você não tava fazendo nada disso.- ele ficou calado, apenas olhando para Theo que estava prestando atenção na conversa.- Nem seu pai, Anthony, era assim, ele tinha os momentos de loucura dele assim como você, mas ele não era assim.- ele revirou os olhos impaciente.
– Pronto, era só o que me faltava comparação com o meu pai.- reclamou ele levantando-se do sofá.
– Eu não vou ficar fazendo comparações entre você e seu pai mesmo por que eu duvido muito que Howard fosse deixar as coisas chegarem onde chegou.
– E não ia ficar fazendo comparações, né? Olha, Marta, eu sei que mais uma vez eu errei com a minha mulher, que eu fui um babaca com ela e com o Theo, mas mais uma vez eu vou consertar as coisas, tá legal?
– Isso não é mais uma briga, Anthony, onde você pode chegar nela pedir desculpas e ver ela te desculpar e as coisas voltarem ao normal.
– Eu sei.
– Sabe mesmo? Sabe que vai ter de ficar ao lado dela mesmo quando ela ficar extremamente difícil de se conviver? Você vai conseguir fazer isso?
– Ela vem tendo paciência comigo a mais de 10 anos, Marta, acho que não me custa nada tentar...
– Você não tem de tentar, você tem de ser paciente.
– Eu vou ser paciente, Marta.
– Anthony, se você não tomar cuidado irá chegar o dia em que você não vai conseguir mais consertar seus erros e...
– Não, Marta, isso não vai acontecer.
– Então aproveite as chances que você tá ganhando e tome um rumo, por que ao contrário do gato a Virginia não tem 7 vidas.
– Gatos não tem 7 vidas, Marta, isso é uma...
– Você me entendeu, Anthony. O que aconteceu agora, foi algo maquiavélico e surreal, mas se tiver uma próxima não vai ser assim vai ser real e você vai sofrer por que sabia que podia ter feito diferente e não fez, você sabe muito bem o que passou e eu tenho certeza que não quer passar por isso de novo então não espere pra querer fazer algo quando for tarde demais.- ele ficou calado olhando para o chão.- Onde ela está agora?- perguntou Marta agora mais calma.
– Dormindo.
– Bom dia.- cumprimentou Bruce chamando a atenção deles.
– Bom dia.- responderam os dois.
– É... e então, Tony, falou com ela?
– Falei. E a propósito, obrigado.
– Não agradeça a mim, Rhodes fez toda a diferença se ele não tivesse insistido eu não teria feito.
– Do que você estão falando?
– Do teste de DNA.- respondeu Bruce.
– Que teste de DNA?- perguntou Marta, Tony e Bruce trocaram olhares e ela voltou a insistir.- Que teste de DNA, Anthony e Bruce?
– Bom, eu vou a cozinha preparar algo para comer.- Bruce desconversou e saiu da sala.
– Estou esperando a resposta.
– O teste de DNA que o Bruce fez pra me dá a certeza de que Theo é meu filho.
– Como é?! Você desconfiava que a Virginia tinha se envolvido com outro homem?
– Marta, isso é uma longa história.
– Pra sua sorte eu adoro histórias.
– Eu... eu descobri... que o cara que estava com ela a... a... por favor, Marta, não me faz dizer essa palavra.- ela levou as mãos a boca com tamanha surpresa e Tony fechou os punhos de raiva e começou a narrar a repulsiva história que o levou a tomar as mais errôneas atitudes.

A crise da noite anterior foi a primeira de muitas que ele presenciou a tarefa de ajudar Pepper estava mais difícil do que ele imaginou, havia dias em que lidar com ela era insuportável seu humor depressivo e sua irritabilidade o afastava, seu pessimismo, sua falta de vontade e indecisão o irritava, e seu medo, desespero e perda de peso o assustava. Já era sabido por todos da família a situação de Pepper o próprio Tony contou ele já não podia mais sozinho, Marta apesar de ajudá-lo e de ter até mais paciência também não conseguiria ajudá-la, todos faziam o melhor que podiam e já haviam cogitado a possibilidade de chamar um profissional, mas graças a agressividade que ela vem demonstrando nos últimos dias a entrada de um desconhecido só iria piorar a situação.

Aos poucos Pepper se perdia, chorava e sufocava dentro de si um pedido de ajuda, viver já não era algo que via de bom grado e o pensamento na morte que lhe trará a paz e a tranquilidade que busca foi ficando cada vez mais forte em sua mente. As alternativas estavam se esvaindo, ele já não sabia mais o que fazer, às vezes ele fechava os olhos e podia jurar que ouvia a risada de Arno acompanhada por um "você não vai conseguir, ela é minha" no mesmo segundo ele abria os olhos a procura dele, mas geralmente só encontrava um ambiente vazio.

Subindo para o quarto Tony andou a passos lentos, quando chegou na porta respirou fundo forçou um sorriso e resgatou do fundo do seu ser uma resta de bom humor, mas quando entrou ela não estava lá, ele atravessou o cômodo indo diretamente para o banheiro onde provavelmente ela estaria e ao abrir a porta do banheiro ficou estático ao ver a aparência esquelética dela, Pepper, estava de costas para ele e completamente nua, seus ombros estavam caídos, suas costelas eram possíveis ser contadas e sua espinha dorsal nunca foi tão bem vista quanto agora, suas pernas estavam chegando ao ponto de coxa e canela serem uma coisa só e seus braços estavam finos como dois gravetos.

– Pepper.- ele sussurrou baixo ao ponto de só ele mesmo ouvir, ele ainda prendeu seus olhos nela por mais alguns segundos até que a imagem doeu em sua vista e ele saiu do banheiro, desceu com um único intuito sair dali, ele precisava espairecer, ele precisava sair de casa antes que enlouquecesse também e dirigindo de forma imprudente pra fora da cidade ele chegou em um bar beira de estrada caracteristicamente frequentado por viajantes e motoqueiros.- A bebida mais forte que tiver.- ele foi servido pelo barman e repetiu a dose três vezes, a cada dose ele lembrava do que viu e a cada dose se despedaçava por dentro. Não demorou para que algumas mulheres caíssem para o seu lado ali ele viu ali mulheres lindas, mulheres sem traumas, mulheres livres e sorridentes, mulheres que ele poderia tocar, beijar e transar sem medo de que elas tivessem medo dele, mulheres que por alguns instantes o faria esquecer o que está acontecendo em sua vida.
– Você não deveria beber só isso é tão deprimente.
– Então por que não me acompanha?- ela rapidamente se juntou a ele pedindo a mesma bebida, Tony iniciou uma conversa que fluía com naturalidade, ela era linda, solteira, divertida, sedutora e no momento tudo o que ele precisava.
– Está quente aqui, não é?
– Você não faz ideia.- ele disse maliciosamente, a mulher sorriu deixou dinheiro suficiente para pagar o que consumiu e se afastou dele, Tony a acompanhou com o olhar e quando a viu sair do bar pagou sua conta e fez o mesmo, quando cruzou a porta foi surpreendido com um beijo, um beijo voraz e quente que ele demorou segundos para retribuir, ele estava louco afinal estava há 1 ano sem sexo e não aguentava mais isso, sendo puxado pela a mulher os dois acabaram indo parar no lado lateral do bar onde não existia nada atrás além de uma parede e ninguém podia vê-los, colocando-a contra parede e a tomando em um beijo avassalador, Tony sentiu uma mão por dentro de sua calça e gemeu baixinho quando ela o acariciou, desceu seu zíper, baixou calça e cueca e começou a masturbá-lo firmemente.- Oh, Pep.- ele sussurrou no ouvido da mulher sem se dar conta de que não era ela.
– Anny.- disse ela.- Diz, Anny.- pediu ela já descendo para terminar seu trabalho com outros métodos e foi quando ele parou.- Que foi?- perguntou ela quando ele a levantou pelo os braços bruscamente, ela tentou avançar em outro beijo, mas ele a segurou e a encarou por poucos segundos até que ele começou a se recompor.- Mas o que...
– Desculpa, eu... eu tenho de ir.- disse ele se afastando, praticamente correndo em direção a seu carro, entrou no veículo e deu partida sem contar duas vezes, saiu de lá cantando pneus e repassando em sua mente tudo o que aconteceu.

Debaixo da água gelada do chuveiro era onde Tony se encontrava, a água que lavava o seu corpo não conseguia lavar e levar seus medos e erros e a culpa, a maldita culpa agora estava pior o consumindo como o fogo que consome uma floresta se alastrando densamente, ele ficou ali até perceber que estava enrugado e quando saiu do banheiro da oficina ele se deixou levar e foi parar diretamente em seu quarto onde encontrou aquela Pepper que ele odiava, aquela Pepper que deu fim a sua mulher.

– Você venceu, já não sei mais o que fazer.- disse ele atraindo a atenção dela que via seu reflexo através da janela espelhada do quarto.
– Do que você tá falando?- perguntou confusa.
– Tô falando de você. Quem é essa, Pepper? perguntou ele ainda se referindo a ela.
– Eu.- respondeu ela o olhando como se estivesse louco.
– Não, essa é a última cartada do meu irmão. Você é a última arma dele pra me atingir.- Pepper ficou calda.- Não sei mais o que faço pra te ajudar.
– Nada, eu não preciso de ajuda.- ele riu e toda a raiva que ele estava sentindo veio junto.- Tá rindo de quê?
– De você! Olha só pra você, olha o que você se tornou, Pepper, se enfiou numa porra de um buraco que por mais que eu cave eu não te acho.
– Não preciso de...
– VOCÊ PRECISA!- ele gritou assustando-a.- VOCÊ SE DEIXOU CAIR E NÃO DEIXA NINGUÉM TE LEVANTAR! CARALHO! VOCÊ NÃO VIVE, VEGETA! POR DEUS, EU NÃO AGUENTO MAIS TE VER ENFURNADA AQUI, NÃO AGUENTO MAIS VER VOCÊ SE MATANDO AOS POUCOS, SIM, POR QUE VOCÊ TÁ MORRENDO, PEPPER! TÁ MORRENDO! E TÁ MATANDO EU, A CLAIRE, O THEO, SEUS PAIS, SEU IRMÃO... EU TÔ PERDIDO E SEI QUE NÃO SOU A MELHOR PESSOA PRA ESTENDER A MÃO, MAS, POR FAVOR, PEPPER, PEGUE! SE DÊ UMA CHANCE DE VIVER!- ela estava calada os gritos lhe assustaram lhe deixando impossibilitada de responder e ele respirou fundo.- Você lembra que um dia você me disse que eu tinha mudado e que estava fechado no meu mundo magoando a tudo e a todos? Você também tá fazendo isso comigo, com a Claire, com o Theo... Não me afaste, amor, não me afaste por querer te salvar de você mesma.- segundos foi o que eles gastaram se encarando, Tony, estava nervoso e cansado emocionalmente lhe deu as costas e saiu do quarto fechando a porta com força, ele chegou a sala e pegou um garrafa de uísque que estava na bandeja e até chegou a abri-la, mas ao invés de despejar o liquido no copo ele o arremessou contra a parede fazendo a frágil garrafa de vidro se estilhaçar.- MERDA! Merda de vida.- praguejou ele irritado e andando de um lado para o outro pela sala de sua casa.

A madrugada rasgou a noite e ele permaneceu lá, pouco tempo depois dos gritos, Claire, acordou e procurou o colo dele que depois de um tempo também teve de dar atenção a Theo, ele acabou por dormir no quarto de Claire e quando acordou foi relutantemente para seu quarto, quando chegou encontrou tudo virado e uma Pepper encolhida e sentada na cama aos prantos.

– Pepper.- ele chamou quando chegou perto o suficiente dela.- Pepper...
– Eu tô cansada.- ela falou e ele balançou a cabeça negativamente pois essa era mais uma das técnicas de afastamento.- Eu tô cansada de jogar esse jogo.- complementou ela.
– Que jogo?
– O da vida. O meu carrinho se atolou nos caminhos ruins.- Tony a olhou com o cenho franzido e ela suspirou entristecida.- Eu só quero encostar meu carrinho e abandonar a partida.- ele a olhou temeroso pois entendeu outro sentido no que Pepper disse.
– Você não pode fazer isso, Pepper, você não está sozinha nesse carrinho.
– Eu posso, tô cansada de dirigir.
– Não, não pode, você tem 3 passageiros e dois deles estão naquelas cadeirinhas do banco de trás.- ela levantou o olhar pra ele que segurou a mão dela.- Encoste o carro, mas só pra trocar de lugar, deixe que eu dirijo, eu guio a partir de agora enquanto você fica no banco do passageiro relaxando e olhando para a paisagem.
– O carro tá quebrado.
– Pra sua sorte o seu maridão é mecânico e adora consertar carro. Eu sei que não sou a pessoa ideal, Pepper, mas deixa eu te consertar, deixa eu mostrar que tô aqui pra você, por favor.- pediu ele carinhosamente e ela não o respondeu apenas procurou seus braços e ele entendeu que aquele foi o seu consentimento, a acalentou até ela se acalmar, pediu desculpas mentalmente pela a traição que cometeu e mais uma vez fez e refez promessas de que sempre estaria ali.


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Notas finais do capítulo

E então gente? O que você tem a me dizer sobre o que aconteceu?