No capítulo anterior:

- Sinto muito, Edward – falou, chorosa – Isso tudo é muito confuso, existem pessoas no meio de nós dois que não sabem o que se passa conosco. Eu ainda estou com o James... E você ainda não está pronto para se esquecer da Lizzie. – disse séria.

Vestiu seu casaco e pegou sua boca. Olhou para mim de uma forma que doeu em meu coração e se foi, deixando-me ainda mais confuso do que já estava.

-x-

Bella POV.

Mais uma vez eu me deixei levar pelo sentimento, pelas sensações maravilhosas que Edward inconscientemente me proporcionava. Isso tudo era tão frustrante! Não fazia nada bem pro meu coração insano me deixar levar por aquele homem. É tudo tão confuso... Existem coisas que não foram resolvidas, eu não quero ser à sombra da minha irmã na vida dele.

Eu quero ser simplesmente a Isabella, a irmã gêmea, mas quero ser eu mesma. E Edward ainda não está pronto pra isso. Não importa quanto tempo se passe, ele ainda a tem no coração. Por um momento, senti inveja dela, ciúmes.

Saí da casa de Edward completamente atordoada, minha cabeça fervia e eu estava a ponto de sucumbir. Entrei em meu carro e imediatamente dei partida no mesmo, eu dirigia em alta velocidade. Pouco me importava se eu estava infringindo algumas leis de trânsito, eu só queria chegar ao meu apartamento.

Fiz o caminho na metade do tempo normal, estacionei de qualquer maneira e até a demora do elevador estava me tirando do sério. Assim que o mesmo abriu sua porta, entrei e apertei o botão do meu andar com fúria. Então as lágrimas caíram sem piedade. Eu estava tão confusa que não sabia se estava chorando de raiva, de tristeza ou se eram as duas coisas juntas.

Abri a porta do meu apartamento e entrei, larguei minhas coisas no sofá da sala e fui tirando a roupa e deixando pelo caminho. Cheguei ao meu banheiro e abri a torneira para encher a banheira. E assim que a mesma estava com água suficiente, terminei de despir as roupas íntimas e entrei.

Deixei-me levar pela sensação tranqüilizante da água morna em meu corpo tenso e só saí da banheira quando minha pele já estava bastante enrugada. Vesti um pijama confortável, tomei dois comprimidos para dor de cabeça e me deitei. Seria uma mentira dizer que consegui dormir.

Edward POV.

Eu não conseguia entender o que estava acontecendo conosco. Era tão confuso e tão maravilhoso ao mesmo tempo... Eu só tinha certeza de uma coisa: eu a queria, queria continuar com aquilo que temos, podia ser errado, mas não estava me importando com o que era certo. Só queria sentir aquela sensação extraordinária que era ter Bella em meus braços.

Então, decidi que estava na hora de começar a me mexer.

[...]

Gostaria de dizer que tudo aconteceu como eu planejei, que eu consegui conversar com Bella. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram nos dias que seguiram.

Eu tentei de todas as maneiras tentar falar com Bella, mas ela estava me evitando. Irônico, não? Há um tempo eu que a evitava e agora era ela. Mais perfeito que isso, impossível!

Eu tentava falar com ela no horário do almoço, mas ela nunca estava. Sempre estava saindo para almoçar com o James. E quando eu a via, ela estava de braços dados com ele. Sorrindo pra ele, rindo com ele, abraçada a ele... Isso estava me tirando do sério, sinceramente.

E nas raras vezes que eu a encontrava, ela dava a mesma desculpa esfarrapada:

- Não posso falar com você agora, Edward – disse, mordendo seus lindos lábios – James está me esperando.

Quando não era isso, era outra coisa:

- Estou ocupada demais – disse, suspirando – Nos falamos depois, sim? – e então se virava, saindo de perto de mim.

Eu já estava ficando puto.

E com isso o mês de janeiro se passou. Eu correndo atrás dela e Bella fugindo de mim. Será que eu estava pagando por tê-la tratado mal quando nos conhecemos? Acho que só poderia ser isso... Mas eu não vou perder as esperanças, vou encurralá-la qualquer hora dessas, eu só precisava ficar atento. Bella não iria escapar de mim assim, tão fácil... Não mesmo.

Bella POV.

Eu já havia decidido o que fazer. Iria evitar Edward o máximo possível.

De início isso foi uma boa estratégia. Mas Edward era insistente, para o meu desespero. Ele sempre vinha a minha sala e eu sempre conseguia enrolá-lo, mas eu sentia que chegaria um momento que as minhas desculpas falhariam. E todas as vezes que ele entrava em minha sala, ou quando nos esbarrávamos no corredor do hospital, eu me segurava o máximo para não agarrá-lo ali.

Ele sempre vinha tão lindo e com a expressão séria e determinada, que me fazia suspirar depois que nos separávamos. Deus! Isso só poderia ser uma doença! Eu não poderia estar tão apaixonada assim!

Em contrapartida resolvi me jogar de cabeça no relacionamento com James. Sei que não éramos namorados propriamente ditos, mas ele já sentia assim. James era tão atencioso e carinhoso que me assustava certas horas. Mas era um bom homem e era notável o quanto ele gostava de mim.

Só que meu coração é um burro. Eu não conseguia sorrir verdadeiramente, não conseguia sentir aquela paixão e a vontade excessiva que James tinha de estar comigo. Acho que eu deveria ganhar um Oscar pela minha atuação. E todas as vezes que ele me beijava, minha mente traiçoeira me cegava com as imagens dos beijos com Edward. Repreendia-me toda a vez, isso já estava ficando maluco.

Além disso, eu faltava me afogar na privada toda a vez que Edward me via com James. Eu sentia seu olhar me queimar, e olhar de uma forma estranha para o amigo. Falando nisso, a amizade dos dois estremeceu, talvez seja a culpa que Edward e eu compartilhamos pelas... Ok, hora de esquecer!

Com todas essas atribulações, os dias passavam rápidos e o mês de janeiro foi embora. E assim o mês de fevereiro começou. Eu estava saindo de casa, era um final de semana e Alice me convidou para ir até sua casa. Ela queria minha ajuda com o chá de bebê dos gêmeos, agora me perguntem o que eu entendo de bebês? NADA.

Enfim, mas como eu era a madrinha do David tinha que estar presente. Cheguei à mansão Cullen, pois Alice estava ali até os gêmeos nascerem. Encontrei a Mercedes do Carlisle estacionada ali, a BMW do Jasper, o Audi do Emmett, o Corola do meu pai e o Volvo do Edward. Gemi frustrada, não queria encarar Edward, mas era inevitável.

Saí do carro, peguei minha bolsa e travei o meu pequeno automóvel. Ajeitei minha blusa e encarei a mansão a minha frente. (n/a: look Bella) Coragem, Bella! Dizia minha mente. Tomei fôlego e caminhei até a porta, apertando a campainha em seguida. E quem atendeu foi Esme, ela abriu um grande sorriso pra mim e me abraçou apertado.

- Estava com saudades suas, querida – disse, ao me soltar.

- Eu também – confessei, sorrindo.

- Vamos, entre. – dei passagem a mim.

Fomos caminhando até a grande sala de visitas e no meio do caminho um anjinho de cabelos loiros abraçou minhas pernas.

- Tia Bella! Tia Bella! – cantarolou a pequena Anna.

- Hei anjinho – peguei-a no colo e lhe dei um beijo em suas bochechas coradas.

Esme ria da neta e eu também, a garotinha tagarelava sem parar e eu me divertia. Anna era uma garota tão esperta e fofa, realmente parecia um anjinho. Entramos na sala e todos já estavam acomodados ali, acho que a minha espera. Todos falaram comigo ao mesmo tempo, e apesar de não estar olhando diretamente para Edward, eu sentia seu olhar sob mim. Cumprimentei-o brevemente e sentei-me ao lado de Alice com sua enorme barriga de seis meses, no final do mês ela entrava no sétimo mês de gestação.

Ela estava radiante e bem melhor pelo que Esme me relatou. Anna não saía de meu colo, ela estava quietinha e brincava com meus cabelos enquanto eu conversava com as mulheres da família sobre o chá de bebê dos novos integrantes da família.

- Nunca vi a Anna tão apaixonada por outra pessoa a não ser o tio Edward – declarou Rosalie, depois do almoço, e Anna bocejava em meu colo.

- É verdade – disse minha mãe – Quando a Anna era um bebê não saía do colo do Edward quando o via.

- Ela ainda é apaixonada por ele – disse Esme – Mas parece que você ganhou o coração da minha neta, Bella.

Eu apenas sorria perante elas, encabulada.

De fato eu gostava bastante da pequena Cullen, ela era um amorzinho, um encanto de menina e era fácil apaixonar-se pelo seu jeitinho meigo.

- Acho que ela que ganhou o meu – falei e elas riram.

- É, e me deixando com ciúmes – disse Edward, chegando até nós.

Alice ralhou com o irmão caçula e as outras mulheres também. Esme abraçou o filho de lado e lhe deu um beijo na bochecha, eu não dizia nada, apenas acompanhava tudo com o olhar.

- Sinto você diferente, Edward – falou a matriarca dos Cullen – Parece mais feliz.

- É verdade – intrometeu-se Alice – Está tão mudado – disse, encarando o irmão – O que devemos a isso?

Edward apenas sorriu e rapidamente nossos olhares se encontraram, era tão intenso o verde de seus olhos que senti um arrepio em minha nuca. Tratei de desviar o olhar, sentia minhas bochechas queimarem.

- Quando eu souber, digo a vocês – disse Edward, brincando.

[...]

À tarde na mansão Cullen foi agradável. Decidimos que o chá de bebê seria no final do mês, pois assim o tempo estaria melhor para uma festa no jardim da mansão. Meu pai, Emmett, Jasper e Carlisle assistiam ao jogo de beisebol na TV. Alice e as outras estavam no quarto de bebês que Esme preparou especialmente para os netos, e eu resolvi sair de fininho.

Talking To the Moon – Bruno Mars

(n/a: escutando galera!)

Fui até a parte detrás da casa, onde havia a piscina que estava coberta, fazia frio, mas não tanto assim. Sentei-me num dos bancos que havia ali e fiquei a observar o tempo. Estava tão absorta na paisagem a minha frente que me assustei quando uma mão tocou minha perna.

- Ai Edward, que susto! – ralhei, com a mão no peito.

- Desculpe – disse ele, sorrindo torto.

Eu assenti com a cabeça e voltei a minha atenção ao céu nublado da cidade. Não me fazia bem estar ali com ele, sozinhos. Meu coração já começava a bater desesperado e eu tentava pensar numa forma de sair dali sem que ele percebesse que eu estava fugindo.

Ficamos alguns minutos em silêncio, mas ele quebrou.

- Por que está fugindo de mim, Bella? – indagou.

Fiquei sem saber o que responder. Eu tinha um bilhão de razões, mas ele não precisava saber.

- Não estou fugindo – respondi, num murmúrio.

- Claro que não – rebateu, irônico.

Fiz a besteira de encará-lo. Edward me fitava, incrédulo de minhas palavras.

- Bella... – recomeçou – Precisamos conversar sobre o que houve.

- Não, não precisamos – disse, firme – Tudo que tínhamos pra falar, já dissemos.

- Não, não dissemos – rebateu – Você disse o que pensava, mas não me deixou falar.

- Edward... – gemi, frustrada – Não vamos nos confundir mais ainda! – supliquei.

- E se eu te disser que estou pronto? Se eu disser que quero você? – murmurou, fitando-me seriamente.

- Não – sussurrei – É errado. – assinalei.

- Eu não me importo – disse, com raiva – Eu quero estar com você, é errado se sentir assim?

Meus olhos se encheram de lágrimas, controlei-me para não chorar.

- Você não sabe o que está falando – disse, desviando de seu olhar.

- Sei sim – insistiu – Eu quero... – hesitou.

- Quer o que? – indaguei.

- Eu... – hesitou mais uma vez.

Seus olhos me encaravam de uma forma tão determinada, mas ao mesmo tempo tão confusos. Como podia isso, meu Deus?

Edward abriu e fechou a boca várias vezes, as palavras não saíam. Ele não conseguia, ele não sabia o que queria.

- Você não sabe o que quer, Edward – disse, convicta – Você acha que sabe, mas não sabe de verdade... Quando você souber o que quer, aí talvez podemos conversar de verdade.

Então me levantei e saí, deixando-o sozinho. Voltei a entrar na mansão e respirei profundamente, eu precisava sair dali. Fui até a sala e despedi-me rapidamente de todos, papai me indagou o motivo de sair tão cedo, inventei que James havia me ligado e que precisava me encontrar com ele.

Peguei minha bolsa e saí.

Edward POV.

Eu sou definitivamente um estúpido. O que eu diria a Bella? Se na verdade ainda não sei distinguir meus sentimentos por ela?

Bufei irritado e voltei a entrar na casa de meus pais, procurei Bella, mas o pai dela disse que a mesma saiu apressada, pois recebeu uma ligação do namorado. Segurei-me para não revirar os olhos. Assenti com a cabeça e fiquei ali com os rapazes, eles assistiam ao jogo, mas eu não... Minha mente estava em outra pessoa.

Já era tarde da noite quando o pessoal foi embora. Jasper foi até a casa dos pais com Rosalie, a família deles ainda estava abalada com a morte da avó. Meus pais estavam na sala e conversavam sobre sei lá o que. Decidi ir até o quarto que Alice dividia com Jasper e encontrei minha irmã já de pijamas e se deitando em sua cama.

- Já vai dormir? – indaguei, quando entrei.

- Só me preparando – respondeu, sorrindo.

Assenti e me sentei numa poltrona próxima a cama.

- Você está estranho, Edward – começou – Mas é um estranho bom – concluiu, sorrindo.

- É.

- O que houve? – indagou, Alice sempre foi perceptiva demais.

E sem que eu percebesse já estava contando a Alice tudo. Desde a primeira vez com Bella até agora. Contei meus medos e dúvidas, contei o quão confuso estava e que não sabia o que fazer. Minha irmã me ouviu atentamente, não opinou e nem me interrompeu em nenhum instante. E quando eu terminei minha narrativa, Alice apenas me encarava com seus olhos verdes herdados de nosso pai.

Ficou em silêncio e respirou fundo algumas vezes, e estava pensativa.

- Então, Ali... O que acha que devo fazer? – perguntei, quebrando o silêncio.

Alice sorriu largamente e me fitou séria em seguida.

- Você está apaixonado por ela, Edward. – disse simplesmente.

- O QUE? – minha voz subiu de tom.

- É a verdade. – disse, sorrindo – Sei que é extremamente confuso, irmão... Sei que você ainda ama a Elizabeth, mas a irmã dela conquistou você... – concluiu – E pelo que você me contou, Bella se sente da mesma forma em relação a você. O problema é que vocês dois estão pensando demais na Elizabeth e se esquecendo de vocês dois.

- Mas... Mas... – balbuciei.

- Não tem nada de “mas”, irmãozinho – riu – Você está completamente apaixonado por Isabella Swan, a irmã gêmea de sua esposa falecida. – falou divertida – E o que você deve fazer é simples, dizer isso a Bella. E só assim os dois poderão viver em paz, e acabar com toda a confusão que estão fazendo. – disse, sabiamente.

- Alice! – exclamei, aturdido – Eu não estou apaixonado por ela! – exaltei-me – Eu não posso estar... – murmurei, incrédulo.

- Não pode ou não quer? – inquiriu, fitando-me seriamente.

Não consegui responder. Abri e fechei a boca várias vezes, mas não conseguia encontrar as palavras. Alice apenas sorriu complacente comigo, levantei-me e me despedi da minha irmã. Era muita coisa pra minha cabeça.

- Você vai entender, Edward – ela disse quando eu lhe dei um beijo na testa – Sei que é complicado, mas você vai compreender e irá fazer o certo. – sorriu e acariciou meu rosto.

Eu apenas assenti e saí de seu quarto. Desci as escadas e me despedi de meus pais. Entrei no Volvo e dei partida, fui dirigindo e pensando nas palavras de Alice até chegar a minha casa. Era demasiado assustador o que ela havia me dito.

Bella POV.

Eu pensei que Edward ainda insistiria depois da conversa na casa de seus pais, mas me enganei. Isso significa que ele caiu em si, percebeu o que era a realidade. De certo modo isso me aliviou, mas me deixou mais deprimida do que já estava.

Eu tinha que amar alguém assim? Dessa forma? Com essa intensidade?

James percebeu que eu estava estranha, inquieta e triste. Perguntou várias vezes, mas disse que era apenas a TPM. James sorriu quando eu disse isso e falou que iria me animar. E é impressionante dizer que ele conseguiu. Procurei me desligar dos problemas e curtir aquele homem.

Nós ainda não havíamos transado, mas eu acho que já estava na hora. O dia dos namorados estava chegando e James disse que iríamos jantar e depois iríamos dançar. Ele sabia que eu adorava dançar.

[...]

E o dia 14 de fevereiro chegou. Por alguma razão eu não me senti feliz como deveria estar. Eu tinha um namorado, oras. Tinha um programa a dois, iria me divertir. Mas eu não conseguia. Respirei fundo e me levantei da cama, fui direto para o banheiro e tomei um banho. 

Vesti-me para o trabalho e dei graças aos céus que hoje era sexta-feira. Dirigi calmamente até o hospital e sorri quando encontrei um buquê de cravos vermelhos em cima da minha mesa. Tinha um cartão ali, peguei-o e o abri.

Sinto-me nas nuvens por ter você em minha vida, Bella.

Que esse dia seja tão maravilhoso quanto eu espero que seja.

Até mais tarde,

James.

Sorri e guardei o cartão. Coloquei o buquê de cravos na outra mesa e comecei a trabalhar.

Já estava quase na hora do almoço e tinha acabado de me despedir do último paciente do dia. Estava arrumando minhas coisas para ir embora quando a porta de meu consultório se abriu e lá estava Edward, lindo como sempre.

- Belas flores – disse, fitando o buquê que estava em meus braços.

- Obrigada – agradeci e continuei a arrumar minhas coisas.

Edward continuava ali, filmando tudo que eu fazia. Peguei minha bolsa e caminhei até a porta, conseqüentemente ficando de frente para ele.

- Com licença? – pedi.

- Almoça comigo? – perguntou, desarmando-me.

- Ah... Irei almoçar com James. – inventei.

- Sério? – disse, divertido – Belo almoço o de vocês, na sala de cirurgia – revirou os olhos – Que eu saiba seu namoradinho está numa cirurgia, Bella. – concluiu.

Droga!

Eu tinha me esquecido desse detalhe.

- O que você quer, Edward? – fui direta.

- Apenas almoçar contigo. – disse, bem sério.

- Aqui no hospital?

- Não, naquele restaurante que fomos outro dia com meus irmãos e seus conjugues. – falou.

- Ótimo, te encontro lá. – falei.

- Vai comigo? Depois voltamos para pegar seu carro. – insistiu.

- Não. – sibilei, séria – Ou iremos em carros separados ou não irei a lugar algum. – disse, firme.

- Tudo bem – bufou.

Deu-me passagem e então caminhamos até a garagem em silêncio. O Volvo estava estacionado ao lado do meu Uno. Cada um entrou em seu carro e seguiu para o restaurante. Estacionamos lado a lado novamente e saímos. Entramos juntos no restaurante e escolhemos uma mesa, logo o garçom veio com os cardápios e sem pressa fizemos nossos pedidos.

- Então, vai sair com o James hoje? – indagou Edward.

- Vou – respondi – Posso saber o motivo do seu repentino interesse?

- Não – respondeu e sorriu – Vão aonde?

- Edward, eu não tenho que dar satisfação da minha vida pra você. – falei, entediada – Pode me dizer o motivo de estarmos aqui?

Ele me encarou seriamente e suspirou.

- Tudo bem – convenceu-se – Tem certeza de que ele é o certo pra você? Você realmente gosta do James, Bella?

- Eu não tenho certeza, Edward... Ainda estamos nos conhecendo. – falei – E eu gosto dele. – menti, descaradamente.

- Poxa, vocês estão saindo há quase seis meses e ainda estão se conhecendo? – debochou – Sendo que nós dois nos conhecemos tem o mesmo tempo e já transamos... Quantas vezes? – fingiu contar – Três?

- Aonde você quer chegar com isso, Edward? – perguntei, sem paciência.

- Quero apenas te fazer enxergar que não gosta tanto assim do James. – falou, sério – Se você gostasse mesmo, não tínhamos feito algumas coisas – sorriu sacana – Não acha?

- Se você não se lembra, Edward... O que fizemos foi um erro, e concordamos que iríamos esquecer e seguirmos nossas vidas. – disse.

- Que erro bom, não acha? – riu – Já que o cometemos mais duas vezes – sorriu.

- Eu realmente não estou te entendendo, Edward – suspirei – Eu fui atrás de você da primeira vez e você me evitou... Cometemos o mesmo erro no ano novo e você disse que não queria estragar a pouca amizade que temos – o citei, debochada – Depois você me convida para jantar e transamos pela terceira vez... – bufei, irritada – O que você quer de mim, Edward Cullen?

Ele me fitou intensamente por alguns segundos.

- Não saia com ele. – pediu, encarando-me – Por favor.

- Não posso fazer isso – falei – Sinto muito, Edward... – tomei fôlego – Eu preciso ser amada, entende? Eu preciso de alguém que goste de mim por quem eu sou.

- Mesmo que você não ame a pessoa que te ama? – indagou.

- Eu posso aprender a amá-la. – respondi.

Tomei coragem e me levantei. E saí do restaurante sem ao menos almoçar. Peguei meu carro e fui para o apartamento.

Edward POV.

MERDA. MERDA. MERDA. MERDA. MIL VEZES MERDA!

POR QUE EU NÃO CONSEGUIA CONFESSAR MEUS SENTIMENTOS A ELA? POR QUÊ? POR QUÊ?

Cancelei os pedidos e então saí dali. Eu tinha perdido meu apetite. Entrei no Volvo e fui pra casa.

Ciúmes é uma grande merda.

Eu havia chegado mais cedo no hospital e acabei encontrando James saindo da sala de Bella. Ele estava exultante e me contou – sem que eu o perguntasse – que havia acabado de deixar um buquê de cravos vermelhos – flores preferidas dela – para sua amada. E também disse que ambos iriam jantar hoje, para comemorar o dia dos namorados. Eu apenas sorri forçado e disse que tinha vários pacientes me esperando.

E por isso ataquei Bella no final de nosso expediente. Eu sabia que James estava numa cirurgia e ambos não iriam almoçar juntos. Mas o ciúme é uma praga, e me deixou cego. Fui com o intuito de acabar com essa palhaçada e dizer o que estava me matando há dias, mas não consegui. Acabei me descontrolando quando Bella disse que realmente gostava do James.

E aqui estou eu, em casa, puto de raiva e me roendo por não ser eu a estar com Bella hoje. Passei o restante da tarde jogado no tapete da sala, ouvindo músicas e tentando me acalmar, pensando no que fazer.  E quando menos percebi já passavam das seis da tarde. Levantei-me depressa e tomei um banho. Coloquei uma roupa e peguei as chaves do Volvo.

Stay – Hurts

(n/a: escutando, please!)

Já sabia o que fazer. Iria até o apartamento de Bella e diria tudo que estava entalado na garganta. É, é isso. O porteiro de seu prédio me conhecia e liberou a entrada pra mim, perguntou se queria ser anunciado e eu disse que não, queria fazer uma surpresa para Bella. Ele riu e assentiu, então segui com o carro e estacionei ao lado do carro dela. Peguei o elevador e fiquei mais impaciente ainda enquanto não chegava ao andar dela.

Minha vida inteira esperando o momento certo
Para dizer como me sinto
Eu sei que tentei lhe dizer que preciso de você
Aqui estou eu sem você
Eu me sinto tão perdido, mas o que posso fazer?
Porque eu sei que este amor parece real
Mas eu não sei como me sentir

Assim que o elevador abriu, eu andei a passos largos até a porta dela. Respirei fundo e tomei coragem, apertei a campainha. Sem demora ouvi o som de seus passos e a chave sem girada, a porta se abriu e ofeguei ao vê-la tão linda. Bella usava um vestido da cor de chumbo curto e colado em seu corpo, moldando suas curvas; usava meias finas pretas e um par de botas de camurça preta, que ia até abaixo de seus joelhos e o salto era fino; seus cabelos estavam presos num coque frouxo e sua franja caía de lado, estava bem maquiada e me olhava assustada.

Você diz adeus na chuva
E eu fico em pedaços enquanto você vai embora
Fique, fique
Porque toda a minha vida me senti assim
Mas eu nunca consegui achar as palavras para dizer
Fique, fique

- O que você faz aqui, Edward? – indagou-me.

- Precisava falar com você – disse – Posso entrar?

Ela me avaliou por um segundo e disse:

- Se você for rápido, pois James está quase chegando para me buscar.

Eu assenti e entrei. Observei Bella fechar a porta e então seguimos para sua sala de estar.

Tudo bem, tudo está bem
Desde que você veio
E antes de você
Eu não tinha para onde correr
E nada que me prendesse
Cheguei tão perto de desistir
E eu me pergunto se você sabe
Como é a sensação de te deixar

- Vim aqui lhe dizer o motivo de não querer que você vá com James. – falei, Bella não disse nada, apenas me encarava – Eu demorei a admitir isso para mim mesmo, Bella... – suspirei – Eu estou perdidamente apaixonado por você.

Bella me encarou lívida, percebi que ela não acreditava em mim, seus olhos a denunciavam.

Você diz adeus na chuva
E eu fico em pedaços enquanto você vai embora
Fique, fique
Porque toda a minha vida me senti assim
Mas eu nunca consegui achar as palavras para dizer
Fique, fique

- Não. Você está brincando... – murmurou, nervosa.

- Não, eu não brincaria com isso. – disse, sério – Eu realmente estou apaixonado por você... Não consegui evitar. E o ciúme doentio me cegou, e fez com que eu agisse daquela maneira mais cedo... Desculpe-me por isso.

- Edward... – murmurou, confusa – Não podemos! Isso é errado... Você sabe disso! – acusou-me.

- Sinto muito, Bella... Mas não posso voltar atrás. – sorri – Bem que eu tentei. – ri – Mas não dá. Eu gosto de você mais do que deveria, e isso me corrói a todo instante, preciso de você.

Então você muda de idéia
E diz que você é minha
Não vá esta noite
Fique

Ela continuava a me encarar confusa, podia sentir a sua tensão.  Esperei que ela se acalmasse, não queria pressioná-la. Mas para o meu desespero, o interfone tocou e Bella foi atender. Quando voltou pegou seu casaco e a pequena bolsa.

- Você ainda vai sair com ele? – perguntei, tentando controlar a minha raiva.

- Sinto muito, Edward – falou, chorosa – Mas eu preciso ir.

Diz adeus na chuva
E eu fico em pedaços enquanto você vai embora
Fique, fique
Porque toda a minha vida me senti assim
Mas eu nunca consegui achar as palavras para dizer
Fique, fique

Bufei irritado e caminhei até ela. Não deixei que ela saísse, pois lhe chapei um beijo na boca. Era um beijo ousado, furioso e cheio de paixão. Bella não me negou, retribuiu com a mesma intensidade. Por um momento, pensei que ela estava se rendendo, mas foi ilusão. Bella me empurrou e encarou-me com fúria.

- Não esteja aqui quando eu voltar. – disse, raivosa.

E então saiu batendo a porta sem delicadeza alguma. Pela janela a vi cumprimentar James com um singelo selinho e os dois entraram no carro dele, partindo para não sei onde em seguida.

Fique comigo, fique comigo
Fique comigo, fique comigo
Fique, fique, fique, fique comigo.

Eu estava decidido e não iria desistir tão fácil assim. Ficaria aqui e quando os dois voltassem, lutaria por ela como tinha que ser.

-x-