A garota piscou mais uma vez, e então senti o Jake se levantar. Olhei para ele de pé, parecia que ele estava esperando que eu também levantasse, a sala já estava quase vazia.

“Já acabou a aula?” Perguntei incrédula, não tinha visto o tempo passar de tão tomada pelo ciúme que eu estava.

“Já sim, vamos eu ainda vou te levar ate a sua próxima aula.” Sorri e passei meu braço pela sua cintura, para mostrar a todas que ele era meu, só meu.

Jake me deixou na porta de minha sala, e foi para a sua próxima aula.

Só tinha um lugar vazio, e era ao lado de uma garota morena, com os cabelos castanhos e na altura dos ombros, olhos negros e levemente estreitos. Me sentei ao seu lado, um pouco nervosa, não sabia se ela estava contente ou não com a minha presença. Ela se virou em minha direção com um sorriso imenso:

 “ Oi, você deve ser a Renesmee não é?” Ela não me odiava ou me achava estranha a ponto de não falar comigo, isso era ótimo.

“Pode me chamar de Nessie.” Retribui o sorriso, afinal ela estava sendo tão simpática.

“ Eu sou a Mishely!” ela estava realmente empolgada com a minha presença, isso estava me alegrando.

Alguns segundos se passaram em silêncio, Mishely tinha o habito de ficar mordiscando o lápis. Ela se virou para mim, seu olhar era curioso e sua voz saiu baixa :

 “Você é filha do Carlisle? O novo medico da cidade?” A curiosidade dela sobre minha família não me assustou.

 “ Adotiva.” Ela mordeu o lápis outra vez, e agora mais tranqüila por eu não te me importado com essa pergunta, ela continuou.

 “Todos são filhos adotivos dele? Ou só você?” ela já conhecia o resto da minha família? Como assim?

“Carlisle adotou eu e meu irmão, o Eduard” Ela me interrompeu :

“o ruivo?” Ela já conhecia meu pai?

 “é ele mesmo,a Alice, a baixinha de cabelo preto e o irmão dela, o grandalhão, Emmett. A Rose e o Jasper são sobrinhos da Esme, quando os pais deles morreram eles vieram morar com a gente. Já a Bella, ela é casada com o meu irmão.” Ela arregalou os olhos quando eu disse casada.

 “Eles são tão novos... mas também com um cara desses ate eu ia querer casar!”

 Enquanto ela falava do meu pai ela se abanou com o caderno, senti uma pontada de ciúmes dentro do meu peito, mas logo foi interrompida com mais uma pergunta.

 “O resto deles também estão juntos?” Sorri com a pergunta, ela esta interessada nos meus tios também?

 “Rose com Emmett e Alice com Jasper.” A expressão dela se entristeceu mais eu não me culpo por isso, afinal eles são mesmo lindos.

“E o seu namorado ele morra com vocês?” Eu a encarei assustada, ela estava se referindo ao Jacob, ele não era meu namorado, embora eu quisesse muito isso.

“Não, não ele ainda não é meu namorado. Não, meu pai não deixaria. Ele mora com meu irmão.” Ela consistiu com a cabeça, e olhou para a professora. Acho que as perguntas tinham acabado por hoje, espero que ela volte a falar comigo amanha, que não tenha falado comigo só por curiosidade.

Quando abri meu caderno eu me surpreendi com o desenho de um lobo e uma garota embaixo da lua cheia. O lobo tinha uma proporção muito maior do que a de um lobo comum, em relação a garota. O desenho era em preto e branco, mas pelos traços firmes e bem feitos eu logo reconheci a mim e a Jake. O desenho estava realmente perfeito, cada detalhe do pelo dele contra o vento, os finos ossos de minha clavícula sobre a minha pele pálida.

“Nossa é lindo! Foi você quem desenhou?” Realmente Mishely era muito curiosa.

“Não, acho que foi o Jake.” Respondi sem tirar os olhos do desenho.

“O seu quase namorado?” Consciente com a  cabeça.

Passei o resto das minhas aulas admirando o desenho, no final da minha ultima aula antes  do almoço. Que tinha sido a pior, já que nem o Jake nem a Mishely estavam nela, e por isso eu passei a aula inteira sem falar com ninguém. Assim que sai pela porta avistei Jake encostado na parede me esperando, ao me ver ele soltou um sorriso largo. Parei bem na sua frente me inclinado par mais perto dele, para poder sentir seu cheiro bem de perto. Ele sorriu e me abraçou afundando seu rosto nos meus cabelos enquanto minha bochecha encostava em seu peito nu, ainda amostra pelo casaco mal fechado. O toque da sua pele quente na minha fez minhas bochechas corarem, eu odiava ter herdado isso de minha mãe. Me afastei delicadamente do seu abraço, para poder fechar o seu casaco ate esconder  peito.

Ele me olhou sem entender nada.

“É por isso que elas não param de olhar para você!” Eu brinquei, ele sorriu novamente passando o braço pela minha cintura e me guiando ate o refeitório.

Novamente todos os olhares estavam em nós, mas dessa vez não me incomodou.

“poderia comer um leão!” Jake disse entre risos.

“Acho que você comeu um semana passada!” Ele me sacudiu e soltou uma enorme gargalhada.

Sentamos em uma mesa sozinhos, na minha bandeja tinha uma maça e na de Jake tinha uma pizza media, dois refrigerantes, uma batata grande, um sanduíche, um pudim e uma maça. Incrivelmente ele acabou de comer junto comigo. Nos estávamos conversando, quando notei que Jake ficou serio, ele estava prestando atenção em alguma coisa. Tentei me concentrar e escutar o que ele estava escutando.

Eram muitas vozes, todas embaralhadas em conversas paralelas, eu e Jake erramos os principais assunto, mesmo todos sendo novatos. Mas uma conversa em especial, na mesa atrás da nossa me chamou atenção. Era entre dois garotos, um era loiro e muito alto e forte, provavelmente o maior aluno da escola, depois de Jacob, que era de longe o mais alto e forte, não só dos alunos mas também dos professores. O outro tinha a cabeça raspada e era um pouco menos forte do que o louro. Os dois vestiam jaquetas do time de futebol da escola. Isso explicava o tamanho deles. O loiro olhava para nossa mesa e falava como outro:

“Ela é linda, e parece ser tão inocente.”

O outro ria das palavras do amigo, que eram ditas com voz de deboche. Enquanto isso as mãos de Jake iam se fechando em bolas sobre a mesa.

“Em duas semanas você ganha ela!” O menor disse rindo ainda mais alto.

“Ela não passa de uma vadia!” O Loiro soltou rindo alto.

No mesmo momento Jake levantou da mesa e saiu em direção a mesa deles, eu me levantei na mesma velocidade, podia sentir o Jake se transformando e pulando na garganta daquele garoto. Eu não sabia como, mais eu tinha que impedi-lo. Jake jogou a mesa deles contra a parede, e levantou o garoto loiro pela jaqueta,  em um movimento rápido Jake socou o garoto que caiu no chão desacordado. Se eu não pudesse escutar seus batimentos, eu diria que ele estava morto. Eu abracei Jake com toda minha força, impedindo-o de partir para cima do garoto, ele estava tremendo tanto, que estava difícil de ficar parada. Minha mão estava tocando a pescoço dele, e aproveitei para mandar a minha memória do Carlisle dizendo que não podíamos fazer nada que fosse estranho ou suspeito.

O garoto do cabelo curto se abaixou para poder levantar seu amigo, quando viu que ele estava inconsciente, ele veio na nossa direção, eu estava abraçada com o Jake, estando assim de costas para ele. Entre os assovios, e gritos incentivando uma briga, o garoto gritou:

“Olha o que você fez! Tudo por causa dessa vadia!”

Jake se impulsionou para frente, mas dessa vez eu consegui segura-lo. O garoto continuou :

“É melhor soltar seu namoradinho, já que ele não consegue te dar o que você quer!”

Quando ouvi essas palavras, meu sangue ferveu dentro de mim, indo todo para minhas bochechas, não pensei, deixei a raiva tomar conta de mim. Fechei minha mão em uma bola e me virei erguendo o braço, acertando bem no meio do nariz dele. Jake parou de tremer e começou a rir, quando o garoto caiu sentado com o nariz sangrando. A reação do resto dos alunos não foi diferente, todos estavam rindo. Não é muito comum um garota acertar um soco em um cara desses, muito menos quebrar o nariz dele.

Senti o jake me abraçando com força, como se estivesse me segurando, foi a ai que pereci o cheiro de sangue.Até então, a raiva tinha tomado conta de mim de tal forma que não tinha percebido a sede queimando em mim. Fechei os olhos e me concentrei para não atacar. Jake estava colocando minha cabeça em seu peito, tentando esconder o cheiro de sangue como seu cheiro, não adiantava, mas me dava mais segurança.

Um corredor se abriu entre a multidão de alunos e um homem de terno, cabelo bem arrumado que aparentava uns quarenta anos apareceu.

“Srª. Cullen e Sr. Black me acompanhem ate a diretoria.” Ai não, ele era o diretor, meu pai vai me matar.

“Vocês ai, levem eles para a enfermaria.” Enquanto falava ele apontava para os outros garotos com a jaqueta do time.

Chegando na sua sala, eu e Jacob nos sentamos e abaixamos a cabeça. Sabíamos que o que tínhamos acabado de fazer era errado, muito errado.

“Eu não, sei o motivo disso tudo, mais não tem desculpa. Vocês se comportaram como selvagens. Se vocês estavam acostumados a esse tipo de comportamento da onde vieram, vocês podem se preparar para mudar, porque aqui na minha escola eu não permito isso!” Ele estava furioso, andou ate uma mesa no canto e pegou das folhas de papel, estendeu uma na minha direção:

 “você tem que trazer assinada pelo Carlisle e pela Esme, amanha.” Estendeu outra na direção do  Jake.

“ No seu caso Sr. Black, Carlisle e Esme podem assinar também.”

Olhamos um para o outro e nos levantamos, a conversa tinha sido muito mais curta do que eu tinha imaginado que seria.

 “Volte para suas aulas.”

Assim que saímos da sala, Jake revirou os olhos.

“Meu pai me matar..” minha voz saiu acompanhada de gemidos, Jake me abraçou, e falou:

“Você? E eu? Ele vai me culpar, e afinal a culpa é minha!” Eu olhei firma mente para ele, apertei meus olhos e estreitei meus lábios.

“Não começa se culpar não Jake, a culpa é daquele garoto, e não sua!” Quando terminei de falar já estávamos em frente a minha sala.

O resto das aulas foram razoáveis, muitas pessoas vieram falar comigo depois do acontecimento e muitas se distanciaram de mim.

Assim que paramos o carro na garagem, Jake me olhou com um sorriso tímido nos lábios, não sei como ele conseguia ser tão calmo. Meu primeiro dia de aula e eu já chego em casa com uma advertência? Meu pai vai me matar, minha mãe vai ficar chateada e o Carlisle decepcionado. Merda.

“Pronta para encarar a fera?”

“As feras você quis dizer.”