Meu avô e Billy estavam assistindo ao jogo, Seth já tinha ido embora e eu e Jake estávamos na cozinha. Jake estava sentado na mesa. Eu estava encostada na bancada brincando com duas esculturas de madeira. Uma era de uma Índia e a outra de um peixe.

Eram muito bem confeccionadas, cada detalhe era delicadamente talhado na madeira clara. A índia era linda, parecia com o retrato da mãe de Jacob, mais não tive a coragem de perguntar se ela era.

Minha mãe tem um pingente que foi Jake que esculpiu, um lobo. È extremamente lindo. No outro lado da pulseira tem um coração de diamante, enorme. Foi presente do meu pai, aposto que foi por ciúmes do presente do Jacob.

Eu olhei em direção a mesa, Jake estava me observando brincar com as esculturas de Billy. Seus olhos estavam brilhantes, seu coração estava calmo.

Eu não podia deixar esse medo que eu sentia tomar conta de mim, eu tinha que falar com Jake sobre meu sentimentos, esse sentimento sufocado dentro do meu peito esta me causando uma agonia sem tamanho.

Deixei as esculturas de lado, me debrucei sobre a mesa, Jake soltou um largo sorriso. Estendi minha mãe ate tocar o lado esquerdo do seu rosto.

Vamos tomar um ar? Estou entediada.

Ele se levantou, pegou a minha mão e me levou em direção a porta. Antes de sairmos ele virou em direção a sala.

“Agente vai ficar na garagem.” Charlie acenou com a cabeça para nós e logo voltou a olhar para a TV. Billy nem se deu ao trabalho de perder um segundo da partida.

Jake me guiou entre as arvores ate chegarmos na garagem. Atualmente estava vazia, já que Billy não podia mais dirigir.

Senti minhas pernas ficarem frouxas, estava lutando para meu coração não me denunciar. Havia um tronco serrado um pouco mais alto do que um banco tradicional, principalmente em relação a mim. Dei um leve pulinho e me sentei sobre ele. Jake se encostou na parede, ficando assim de frente para mim. Ele devia estar a uns três metros de mim, mais eu conseguia sentir a seu sangue pulsando nas veias.

O calor emitido do seu corpo se confundia com o meu, e quebrava o gelado vento de La Push. Ele ainda estava se camisa. Os músculos de seu abdome se estendiam e contraiam acompanhando sua respiração.

Senti minhas bochechas começarem a corar, então olhei para o chão e comecei a brincar com os meus pés, soltos no ar.

“E ai ta gostando?” A voz de jake estava empolgada, ele também devia estar feliz de poder conversar comigo sem o meu pra escutar.

“Muito.” Eu sabia que tinha que falar tudo agora, eu não poderia adiar ainda mais essa conversa. Eu precisava mostrar a ele de uma vez o que eu sentia por ele, como eu o amava. Muito além de amizade. Ele foi meu primeiro e único amor. E assim vai ser, por toda a minha existência.

Respirei fundo, puxando todo o ar que coubesse dentro dos meus pulmões, nesse movimento minha mente foi inundada pelo perfume de jake. Era difícil me concentrar desse jeito.

“Você já guardou alguma coisa de alguém por medo de que essa pessoa não esteja pronta pra saber?”

Droga, porque eu não disse logo o que eu quero dizer, ficar dando voltas só vai fazer meu medo aumentar.

“Talvez, mais porque você ta falando isso?” Ele ergueu uma sobrancelha, erguendo em conjunto um canto da boca.

“Eu queria te contar uma coisa, mais tenho medo de você não gostar.” Eu tinha tomado a minha decisão, agora era tarde para voltar atrás. Ou ele ia entender ou iria ficar em La Push e eu voltaria sozinha para casa.

Não conseguiria lidar muito bem com a segunda opção, mais eu não podia mudar meu destino. Se o sonho de ser feliz não fosse possível, eu iria encontrar um meio de existir sem condenar toda a minha família a dor que eu estaria sentindo.

“To curioso! Da pra falar logo!”

Fechei meu olhos, respirei fundo outra vez. Foi impossível controlar meu coração, ele ecoava dentro do meu peito tão fortemente, meu estomago estava estranho, como se houvesse borboletas dentro dele. Delicadamente saltei do tronco, ainda olhando para o chão eu dei um passo em direção à Jake.

Levantei meus olhos devagar ate encontrar os olhos de Jake, brilhando de curiosidade. Meus pés não queriam me obedecer, me concentrei nos olhos de jake para dar o próximo passo. Minhas bochechas estavam pegando fogo.

“Ja-Jacob.”Além de gaguejar minha voz ainda saiu fraca e desgastada, quase inaudível, ate mesmo para ele.

Jake se endireitou, ficando com as costas completamente encostadas na parede. Dei ultimo passo, ficando a menos de quinze centímetros de Jake. Meus olhos mergulhavam dentro os dele.

Respirei fundo, a ultima vez. Levantei-me nas pontas dos pés, para poder alcançar o rosto de Jake. Não foi o suficiente, então lancei meus braços em volta do pescoço de Jake e o puxei para baixou com delicadeza, fazendo assim nossos lábios se tocarem.

Eu o empurrava contra a parede, deixando ele sem ter para onde fugir. Meu coração estava preste a explodir.

As mãos de Jake ficaram jogadas e imóveis ao lado do seu corpo. Movimentei meus lábios devagar, mas os de Jake ficaram completamente parados. Ele não estava correspondendo ao meu beijo. Algo invadiu meu coração, algo como uma adaga.

Tudo tinha dado errado, ele não estava pronto para isso. Eu tinha posto tudo a perder. Eu queria sair correndo e nunca mais ter que olhar na cara dele outra vez, para evitar a vergonha. Mais eu não conseguiria viver longe desses olhos negros.

Eu continuava tentando fazer ele reagir ao meu beijo, mas ele não reagia, era a mesma coisa que beijar uma pedra, só que ele era quente e macio.

Senti meus olhos começarem a se encher de lagrimas. Eu não tinha o direito de forçar ele a nada, eu não podia destruir as coisas como eu estava fazendo. Eu tinha que parar de pensar só me mim e passar a pensar nele. Se ele estivesse pronto, eu saberia. Eu sou uma ignorante e apreçada.

Deixei meus braços caírem pelo seu peito, afastei meus lábios devagar dos dele. Meu coração estava tão fraco que cheguei a duvidar se ele ainda estava batendo dentro do meu peito.

Dei um passo para longo de Jake. Minha cabeça estava girando em alta velocidade enquanto o ar estava penetrando meus pulmões vagarosamente.

Jake estava me olhando sem expressão alguma no rosto. Seus olhos estavam vazios. Fechei os olhos devagar, quando os abri minha visão estava embaçada pelas lagrimas que estavam se acumulando nos meus olhos. Jake agora era só uma mancha escura na minha frente.

Eu ia ter que aprender a esperar, ou ate mesmo a não ter o que eu quero. A amor nem sempre pode ser correspondido, e as vezes nos faz preferir a morte.

Não tinha idéia de como dói ser rejeitada, de como dói não ser o bastante para quem e o mundo pra você.

Senti as lagrimas escaparem dos meus olhos. Não queria que ele me visse chorando, não queria parecer mais imatura ainda.

“Desculpa...” Eu te amo. Era isso que eu queria gritar, mais não consegui. Deixei as palavras mais certas saírem da minha boca, enquanto meu coração gritava outras.

Me lancei em direção a floresta, ia correr ate não agüentar mais. Estava decidida a deixar Jake em paz. Ele não era obrigado a me ver nesse estado. No meu terceiro passo, senti uma mão quente segurar meu pulso.

Me deixa ir.