Ao descer do carro me deparei com Alice.

 

“Vocês vão a uma festa a fantasia?” Droga ela já sabia, tinha estragado a surpresa.

 

“É acho que sim.” Com certeza ela estava mais animada do que eu ou Jake.

 

“Eu sabia! Acabei de ter uma visão minha comprando fantasias.. o que significa que?”

 

“Isso mesmo, eu ia te pedir ajuda.” Alice deu alguns pulinhos pela garagem. Ela parecia uma fada.

 

Entramos em casa, Jasper estava no sofá com o braço no encosto, provavelmente onde a Alice estava sentada antes da minha chagada. Minha mãe estava olhando pela janela e Rose e Esme estavam la em cima. Notei que nem meu pai, nem Emmett estavam em casa.

 

“Ness!” Rose exclamou da cozinha.

 

Minha mãe veio me abraçar.

 

“Como foi seu dia amor?” Porque eles insistem  em me perguntar isso todos os dias?

 

“Legal.”

 

Onde meu pai havia ido? Talvez eu fosse ter privacidade por uma noite. Sem meu pai na minha cabeça, talvez eu pudesse revelar a Jake tudo o que eu sinto. Me sinto mal por querer meu pai longe, afinal eu sei que ele só quer o meu bem, e não pode bloquear a recepção que ele tem dos meus pensamentos.  Mas privacidade as vezes é fundamental.

 

“Meu pai, onde ele ta?” Jake havia ido para a cozinha.

 

“Ele saiu com Emmett, já deve estar voltando.” Minha mãe tinha a voz triste, ela odiava ficar longe dele mesmo que fosse por alguns minutos.

 

Legal. Não vou ter a minha privacidade hoje. Eu sei que meu pai também não quer ficar me ouvindo o tempo todo. Porque é tão difícil?

 

Me sentei ao lado de Jasper, e me encostei em seu peito. Fui me acalmando devagar. Eu amava o Jasper. Com minha cabeça fresca, longe de qualquer sentimento eu conseguiria pensar calmamente.

 

Eu tinha que tomar coragem para falar com o Jake, e de preferência sem o meu pai por perto. Fechei os olhos e me desliguei, esperando uma idéia aparecer.

 

Não veio nada na minha cabeça. Cansada do vazio comecei a ouvir as conversas ao meu redor.

 

“Essa ou a amarela?” Esme pedia a opinião de Rose sobre alguma coisa.

 

“A amarela.” Não me surpreenderia dela ter escolhido essa porque combina com o seu cabelo.

 

“Será que ele vai demorar?” A voz de minha mãe saia fraca. Era como se ela fosse um dependente que estava esperando o traficante trazer sua droga.

 

“Não, ele já esta chegando.” Alice acariciava as mãos de Jasper. Ela havia se sentado no braço do sofá, já que eu havia tomado o lugar dela.

 

“Barbie, sabe como uma loira enche um pneu?”

Ate hoje Jake ainda não tinha conseguido achar uma que a Rose não conhecesse. Ela não desistia.

 

“Já!” Rose rosnava furiosa.

 

“Ela assopra o cano de descarga!” ele se contorcia no chão de rir da cara da Rose, prestes a avançar nele.

 

“Porque você não volta pra LA push?” A voz da Rose saiu tremula de raiva.

 

La Push! È isso, La Push é longe o suficiente para que meu pai não ouça meus pensamentos! Eu poderia passar uns dois dias por lá, só eu e o Jake. Seria ótimo!

 

Saltei do sofá com um só pulo.

 

“Mãe quero ir pra La Puch!” Os olhos de minha mãe se arregalaram.

 

“Tudo bem, no final de semana nós vamos.” Minha mãe não se empolgou com a ideia.

 

“Não mãe, eu quero ir hoje!” Eu notei que isso não ia ser facil, tinha que aproveitar enquanto meu pai não chegava.

 

“Nós não podemos amor, talvez no fim de semana.”Minha mãe se aproximou de mim.

 

“Mãe, não é nós...” Roso olhou para mim furiosa.

 

“Como assim? Você quer ir para La Puch sozinha?”

Minha mãe piscou algumas vezes, tentando entender o que eu estava pretendendo.

 

“Talvez o Jacob pudesse me levar, eu sei la.”

Estava tentando parecer o mais normal possível. Não queria que eles notassem como eu estava nervosa.

 

“Nunca! Você não vai sair por ai com um cachorro!” Rose parecia estar mais assustada com a ideia do que minha mãe.

 

“Isso não pode ser saudades do Charlie. O que você quer fazer em La Puch?” Minha mãe realmente não estava satisfeita, tinham se formado inumeras rugas na sua testa. A pele de mármore parecia querer rasgar.

 

“eu quero ficar sozinha com os meus pensamentos, com os meus sentimentos...” Decidi ser sincera quem sabe assim não seria mais facil.

 

Senti o cheiro do meu pai e o do Emmett. Sabia que demoraria menos de dois segundos ate eles entrarem na casa. Tinha que pensar rápido no que ia dizer. Logo percebi que era em vão, meu pai já estava me ouvindo.

 

“Edward!” Minha mãe suspirou.

 

Meu pai entrou serio pela porta, os olhos fixados em mim. Sua testa estava coberta de rugas. Logo o olhar dele procurou o de minha mãe e se acalmou um pouco. Só um pouco.

 

“Renesmee...” Ele cuspiu meu nome pelos dentes.

 

Esme fez um sinal em direção a porta com a cabeça. Alice e Jasper se levantaram e caminharam para fora da casa, jacob foi logo em seguida. Rose ignorou o pedido de Esme.

 

“Rose... eles precisam de privacidade.” Esme era sem duvida a mais calma dessa casa.

 

“Nem pensar! É sobre a Ness, então eu vou ficar!”

Meu pai soltou um olhar capaz de derreter ate chumbo em direção a Rose, mas ela não se mexeu.

 

“Rose vamos!” Emmett a segurou pelo braço, tentando a arrastar para fora da casa.

 

“Não!” Rose não se mexeu. Isso já estava passando dos limites. Não queria que Rose arrumasse encrenca com Emmett por minha causa.

 

“Rose... Por favor” Minha voz saiu doce o suficiente para que Rose bufasse, cruzasse os braços e saísse fazendo biquinho da sala.

 

Minha mãe se sentou, meu pai ao lado dela, eu fiquei de pé diante deles.

 

“Minha querida o que estava acontecendo?” Minha mãe tentava manter a voz firme. os sinos que tocavam quando ela falava estavam trêmulos.

 

“Ela quer ficar livre de mim.” Meu pai disse usando um tom ameaçador.

 

“Pai! Você sabe que não é isso! Eu quero ter dois dias de privacidade e só!” Já estava sentindo o sangue fervendo dentro de mim.

 

“Ness... Pode ser perigoso.” Eu não gostava de ter que discutir com eles, eu odiava isso.

 

“Mãe, o Jacob capaz de ir comigo.” Meu pai me fuzilou. Se ele não fosse meu pai eu teria saído correndo e gritando da frente dele,

 

“Eu não confio nele!” Meu pai cuspiu por entre os dentes.

 

“É assim agora? Quando os Volturi vieram atrás de mim, vocês confiaram nele a minha vida! Eu me lembro que ia fugir com ele!” Eu tinha perdido o controle, estava falando tudo o que meu coração estava sentindo.

 

“ Quantas vezes ele já não arriscou apropria vida por nós? De quantas coisas ele já não abriu mão para ficar aqui, para me proteger!”

 

“Não é nesse sentido que eu estou falando! Eu reconheço o amigo fiel que ele é, e sei que ele não excitaria nem por um segundo antes de dar a vida por você.” Não conseguia entender a expressão dos meus pais.

 

“Então é o que?” Embora eu acho que já sei a resposta.

 

“Você já é uma moça minha filha” Minha mãe se levantou e me abraçou.

 

“Eu tenho medo do que vocês possam fazer...” Minha mãe estava acariciando meus cabelos.

 

“E aquele papo todo de ‘Você e Jake estão próximos’? Meu pai estava prestes a arrancar o braço do sofá.

 

“Eu só não esperava que fosse ser tão rápido assim, eu falei porque achei que estava na hora de você ouvir, não porque achei que isso iria acontecer amanha ou hoje a noite.” Minha mãe voltou a sentar ao lado do meu pai.

 

“Você ainda á uma criança minha querida, eu sei que isso vai ser inevitável, mas talvez possa adiar por algumas décadas.” Meu pai estava relaxando.

 

“Pai! Ate parece que eu vou para La Puch para me casar! Eu só quero pensar! E pra sua informação a gente ainda é só amigo!” Mesmo que isso não fosse do meu agrado, era a verdade.

 

“Não, a resposta é não.” Meu pai foi serio, tão serio que quase me fez desistir.

 

Eu em sentei entre os dois, meu coração estava doendo, meus olhos estavam banhados em lagrimas.

 

“Edward... talvez não seja..” Minha mãe secava as lagrimas que transbordavam dos meus olhos.

 

“Bella! Não!” Eu afundei meu rosto no peito do meu pai, obrigando ele a me abraçar.

 

 

“Eu não consigo ver ela desse jeito.” Minha mãe acariciava minhas bochechas.

 

Eu levantei meu olhar ate encontrar o do meu pai, eu podia ver em seus olhos o conflito que estava ocorrendo agora dentro dele.

 

“Não conseguia resistir a esses olhos quando eram de sua mãe, e muito menos agora quando são seus.”

Meu pai estava disposto a me deixar ir?

 

“não vejo outro jeito...” Meu pai não estava satisfeito, mas não teve coragem de negar.

 

Eu os abracei e mandei inúmeras imagens de nós três juntos.

 

Minha mãe tocou no medalhão que eu havia ganhado dela no meu primeiro natal.

 

“Minha princesinha.” Eu sorri, e enxuguei as lagrimas.

 

Eu odiava ver meus pais assim, mais eles iam ter que entender que eu estava crescendo. E agora eu ia ter meu tempo para pensar em La Puch. Enfim ia poder colocar tudo em seu legitimo lugar. Tomarei minha decisão de contar a Jake ou não como me sinto. Meu coração estava pulando dentro do meu peito. Realmente incontrolável.

 

Seria uma experiência única, nunca tinha viajado sozinha antes, mesmo que fosse para um lugar que eu já conhecia.

 

Alice entrou pela porta da cozinha.

 

“Você já sabe quando vai?” Eles tinham escutado toda a nossa conversa. Isso era fato.

 

“Queria ir hoje a noite.” Olhei para o meu pai, afinal ele poderia ter mudado de idéia.

 

“Mas hoje é meio de semana. Como fica a escola?”

Minha mãe estava preocupa com a escola? Tão coisa de mãe.

 

“Volto amanha a noite, assim eu tenho o tempo que eu quero e só perco um dia de aula.” Meu plano era perfeito, com meu pai a frente disso eu provavelmente pegaria o avião hoje, cinco horas dentro voando, depois mais duas de carro e eu estaria em La Puch.

 

“Você ficaria exausta, é mais adequado que você durma uma noite lá e volte na sexta a tarde.” Nem havia me dado conta que Carlisle havia chegado, estava tão distraída que não senti o cheiro dele.

 

Meu pegou seu celular e ligou para o aeroporto. Enquanto ele fazia isso, eu fui dar a noticia a Jake. Ele estava bem afastado da casa, provavelmente para não escutar a conversa que estávamos tendo.

 

“Jake?” Eu sentia o cheiro dele mais não o via. Isso me fez lembrar o sonho. Balancei minha cabeça para expulsar essa lembrança.

 

Escutei o som das pegadas, dele atrás de algumas arvores. Fiquei parada esperando ele se transformar e se vestir. Tenho que admitir que senti uma curiosidade, mais logo expulsei esse pensamento também.

 

Jake saiu de trás das arvores só com a calça jeans. O cheiro amadeirado dele misturado com o cheiro da terra da floresta me fez fechar os olhos por alguns segundos.

 

“La Puch?” Jake estava surpreso com a minha inesperada vontade de viajar.

 

“temos que nos apresar, não quero perder o avião!” Jake sorriu, e me abraçou.

 

“vamos voando?” Ele costuma ir correndo, mas pra mim era muito cansativo, afinal eu não era completamente vampira ou lobisomem.

 

“Tem medo?” Jake deu uma gargalhada.

 

“Só não tenho esse costume.”  Nos caminhamos ate a minha casa.

 

Peguei uma mochila e comecei arrumar algumas coisas dentro dela, uma calça, uma blusa, um biquíni, um par de meias, roupas intimas, escova de dentes e outras coisas que ficavam no meu banheiro.

 

Tomei um banho rápido e me troquei. Corri ate o quarto do Jake, ele ainda estava no banho. Entrei assim mesmo, a porta do banheiro dele estava meio aberta, e um vapor invadia o quarto.