Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 8
Convivência




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Raoul lia o jornal com tranquilidade na sala ao ver de soslaio Emma passar com o uniforme do colégio ate a cozinha. Desde a ida deles ate o advogado, ela mostrava-se quieta e silenciosa. Ele acreditava que ela havia se conformado com a situação tentando viver de uma forma harmoniosa com ele. Já fazia dois dias que eles moravam juntos e aquele seria o primeiro dia dela em sua antiga escola.

Olhou para o relógio em seu pulso erguendo uma sobrancelha em desagrado. Ele odiava atrasos e naquele dia isto iria acontecer, pois levaria Emma ate o colégio a contragosto.

Esta será a primeira e a ultima vez” assegurou-se em pensamento.

***
Enzo tentou segurar o riso, mas ao ver Raoul chegar na empresa com uma hora de atraso não se conteve e riu abertamente. O semblante de Raoul era de puro desagrado.

–Isso é um marco – Enzo gracejou quando seu primo se aproximou dele – é a primeira vez que chega atrasado. Problemas com Raquel?

–Não deveria falar de algo que não sabe – tornou ríspido ao seguir para a sua sala sem paciência sem se dar conta que Enzo o seguia.

–Então estava com outra mulher? – ao ver o olhar que Raoul lhe lançou assobiou – não esperava que ela fosse substituída tão rápida.

–Enzo, não tem algum trabalho para fazer? És o único diretor que não faz nada – Raoul disse sério ao se sentar, ligar o computador e ler as suas correspondências.

–Não faço nada porque os meus subordinados fazem tudo – sentou-se em frente a Raoul apoiando os braços sobre a mesa – mas me diga.. Qual o motivo de ter chegado atrasado pela primeira vez desde que começou a trabalhar aqui? Foi alguma mulher certo?

Raoul suspirou fortemente ao olhar para o seu primo que sorria entusiasmado. Meneou a cabeça em desgosto por não conseguir dizer-lhe não ou esconder algo dele. Enzo era um dos poucos parentes que ele prezava.

–De certa forma foi sim.

–Quem é?

–Não vai me deixar em paz ate saber tudo, correto? – ao vê-lo assentir prosseguiu – A nossa avó conseguiu estragar a minha vida mesmo depois de morta. Não duvido nada que ela esteja fazendo tudo em minha vida ir mal mesmo morta.

–Coitada...

–Continuando. A garota que ela me forçou a desposar ficou órfã enquanto eu estava no Brasil. Agora ela está morando em minha casa.

–Um momento – disse erguendo a sua mão – está dizendo que sua esposa está órfã? Então é o único tutor dela ate completar a maioridade.

–Infelizmente – resmungou de mau humor.

–Ela sabe que estão casados? – ao vê-lo assentir sorriu – então podem transformar este casamento em realidade agora.

–Não brinque com algo assim. Ainda não fiquei louco para ter algo com uma criança que tem a idade para ser a minha filha.

–Hum... Voltamos a conversar depois de alguns dias – Enzo sorriu ao se levantar – vou sair para tirar algumas fotos. Até mais e boa sorte com sua vida de casados – acenou antes de sair da sala.

Raoul segurou-se para não dizer um impropério em voz alta, respirou fundo voltando a trabalhar. Apesar de tudo não conseguia se concentrar, ele precisava organizar seus pensamentos para saber como seria dali em diante.

***
Caroline sorriu ao avistar Emma caminhar ate a sala com o olhar perdido, ao se lembrar da morte de seus pais retirou o sorriso da face, caminhou ate ela e a abraçou, surpreendendo-a. Emma sentiu o abraço quente de sua amiga, se segurou para não chorar retribuindo o abraço. Algumas pessoas passavam por elas ignorando aquela demonstração de afeto genuíno.

–Onde estava nesses meses? – Caroline indagou preocupada – eu liguei para a sua casa, mas dava desligado e ninguém sabia dizer para onde tinha ido. Você está bem?

–Estou ficando, aos poucos – Disse sorrindo levemente.

–Só não suma de novo, está bem?

–Certo – garantiu – mas... O que perdi?

–Muita coisa, mas tenho certeza que irá tirar de letra – sorriu ao levá-la ate a sua cadeira onde mostrou todos os assuntos que ela tinha perdido nos últimos meses. Emma mostrava-se atenta, mas sua mente vagava. Ao olhar para o lado avistou o jovem ruivo que outrora fazia palpitar o seu coração. Ele estava sorrindo com alguns amigos e de forma inconsciente ela sorriu.

Caroline olhou para onde Emma olhava com tanta atenção e balançou a cabeça em desagrado. Para ela, Rupert Galli era apenas mais um jovem sem graça daquele colégio. As duas amigas passaram o resto do dia conversando sem Emma contar a verdade.

–Onde está morando agora? – Caroline indagou ao caminharem pelo corredor na hora da saída – está em sua antiga casa?

–Hum, na verdade... Estou morando com um... amigo da família.

–Amigo da família?

–Pode-se dizer que sim – murmurou pensativa ao se lembrar das palavras dele – mas.. Preciso ir agora. Até amanhã – despediu-se rapidamente e ao chegar no portão do colégio deu-se conta que não sabia voltar para o apartamento dele.

***
Enzo sorria com a câmera em mãos. Para ele não havia nada melhor do que tirar fotos com a sua Nikon. O seu sonho era viajar o mundo tirando fotos de tudo que via fazendo em seguida uma exposição. Mas tudo havia sido deixado de lado quando sua avó o pressionou a ser o diretor de Marketing da seguradora.

Andou calmamente pelo parque próximo de um colégio fotografando as expressões descontraídas das pessoas a sua volta e uma em particular lhe chamou a atenção. A de uma jovem cabisbaixa. A fotografou dando zoom inúmeras vezes. Já estava se aproximando dela quando a menina se levantou indo embora rapidamente. Enzo deu de ombros continuando a fotografar as pessoas.

Emma deu-se conta, tarde demais, que não tinha o telefone de Raoul e muito menos o endereço. Após pensar chamou um taxi e foi indicando os lugares por onde tinha passado com Raoul rezando silenciosamente para que desse certo.

***
Raoul saiu da seguradora no final da tarde. Sua mente não conseguia trabalhar de forma eficiente, afrouxou a gravata após entrar no elevador. Fechou os olhos ao escutar a musica instrumental que tocava e assim que escutou o barulho das portas de abrindo saiu andando pela garagem, um pouco, vazia para o horário. Entrou em seu carro, dirigindo em seguida em alta velocidade pela cidade. Ao se aproximar de seu edifício, minutos depois, avistou uma jovem sentada no meio fio com a mão apoiando a sua cabeça, os seus cabelos caiam de lado dando um ar de tristeza a ela. Ele tocou a buzina duas vezes ate ela se voltar em sua direção.

–Entre – falou alto revirando os olhos. – “Agora estou cuidando de garotinhas e saindo mais cedo do trabalho. Que desperdício” pensou ao vê-la se levantar do chão e caminhar ate o carro. Abriu a porta do passageiro, entrou em silencio, mas ele viu o seu rosto avermelhado. Não disseram nada ate entrarem no apartamento. – Porque estava sentada ali fora? – indagou sem expressão ao ver a jovem loira entrar na cozinha.

–Eu não tinha a chave –falou calmamente ao colocar água no copo e beber em um só gole.

–Tinha me esquecido disso – murmurou ao retirar o paletó sentando-se no sofá. A sua cabeça latejava pela primeira vez em anos. Sem dar-se conta fechou os olhos lentamente não demorando muito para adormecer sentado. Minutos depois, Emma colocou uma coberta sobre ele sentou-se ao eu lado olhando-o cuidadosamente. Ela não entendia como alguém tão bonito poderia ser tão frio. Levantou-se indo em direção ao seu quarto sem fazer barulho.

Raoul abriu os olhos atordoado ao sentir uma dor em seu corpo. Percebeu com desgosto ter dormido sentado, olhou para a coberta sobre si suspirando em seguida.

Sendo boa com alguém que está apenas lhe usando?”pensou ao se levantar e caminhar ate o seu quarto com a mão sobre o pescoço.


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