Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 50
Confiança




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/435717/chapter/50

O clima na mansão não podia ser pior. Em um canto os murmúrios começaram a serem formados, enquanto no outro Enzo mantinha o seu olhar impassível e imutável. Enrico viu Enzo andar cabisbaixo e parou em sua frente.

–Ocorreu algo? – Enrico perguntou curioso ao vê-lo com o olhar perdido – Encontrou Emma?

–Enrico... vá ajudá-la – tornou com a voz fraca – eu.. não posso, não agora.

Enrico o olhou confuso, mas ao ir em direção de onde Enzo havia vindo, surpreendeu-se ao ver Emma no chão chorando apenas enroladas com um lençol. Correu ate ela, segurou em seus ombros, a forçando a se levantar.

–Emma, o que houve? Cadê Raoul?

–Ele... não quer mais me ver – disse com a voz fraca. Ergueu-se com dificuldade ao se apoiar em Enrico. Deixou-se ser guiada sem ao menos reparar nas pessoas onde para onde estava indo. Só deu-se conta de onde ele a levou quando escutou o barulho da porta se fechar. Olhou em volta e o encarou – onde estou?

–Em meu quarto – disse carinhosamente – o que houve?

–Ele descobriu... que.. não tivemos nada em Toscana.

–Aquele idiota é bem lerdo – sussurrou para si mesmo. – então ele não quer falar com você? – a viu negar com o semblante entristecido e lagrimas nos olhos – porque não volta pro seu quarto e vai se vestir? Ai quando estiver mais calma, a gente conversa.

Emma assentiu ao ir em direção a porta. Apertou o lençol contra o seu corpo e olhou para Enrico antes de sair.

–Obrigada – balbuciou entristecida.

–Porque essa família é tão complicada? – se perguntou ao sentar-se na cama. Enrico não estava com paciência para ir atrás de Enzo, mas sabia alguém teria que ir. Levou a mão aos cabelos e após pensar decidiu o que deveria fazer. Arrumou as suas malas e caminhou em direção ao quarto de Emma. Bateu na porta incontáveis vezes até perder a réstia de paciência que sentia. Tentou abrir a porta e ao perceber que ela estava aberta, estranhou. Entrou no quarto escutando o barulho do chuveiro. A chamou varias vezes, mas não escutou resposta. – Estou entrando – gritou do lado de fora do banheiro. Colocou a mão na maçaneta e surpreendeu-se ao constatar que ela estava aberta também. Olhou para a jovem sentada embaixo do chuveiro cujas lagrimas misturavam-se com a água. – Porque não me disse que não estava bem? – virou-se abruptamente ficando de costas para não vê-la nua – ei, você está bem?

–Não sei... – murmurou com voz chorosa – parece que meu coração foi dividido.

–Emma.. não me preocupe tanto – suspirou aliviado – vou arrumar as suas coisas para adiantar. Quero que saia daí o mais rápido possível, ok?

–Tem certeza? Tem certeza que quer me ajudar?

–É claro. Eu já disse, sou sua fada madrinha – sorriu antes de sair fechando a porta atrás de si – Não conhecia esse lado selvagem de Raoul.. é como dizem... os homens na cama são oposto na vida. – murmurou consigo mesmo ao lembrar-se das marcas que vira no corpo de Emma. Procurou por suas malas, encontrando dentro do guarda-roupa. Colocou as roupas dela dentro de qualquer jeito e assim que fechou a viu sair do banheiro enrolada em uma toalha. – não precisa ficar tão triste, tudo vai se ajeitar. Eu tenho certeza.

Ela nada disse, apenas foi ate onde a sua mala estava, pegou um conjunto e caminhou de volta ao banheiro.

–Porque eu fui mentir? Se eu tivesse contado a verdade... tudo poderia ter dado certo? – se perguntou após fechar a porta.

***
Raoul controlava a sua fúria. Desde o momento em que havia a deixado, soube que era o errado a se fazer, mas não conseguiu pensar em nada. Desejava apenas se afastar dela. Entrou no primeiro avião que conseguiu e não demorou para estar de volta a Itália. De volta ao seu apartamento que tanto lembrava ela.

***
Com fúria nos olhos Enrico invadiu a sala de reuniões atraindo a atenção de todos. Raoul o olhou inabalável já imaginando o motivo de sua visita.

–Senhores, sinto por isso, mas tenho que me ausentar por alguns minutos – Raoul disse ponderado ao se levantar de sua cadeira e seguir ate onde Enrico estava – já retorno – prometeu ao segurar no braço de seu primo e o puxar em direção a saída. Assim que a porta da sala de reuniões foi fechada atrás de si, Raoul o soltou e com o olhar em chamas o esmurrou, fazendo-o cambalear e cair no chão atordoado – seu cretino, isso tudo é culpa sua.

–Minha? – balbuciou ao levar a mão onde apanhou – O único cretino insensível aqui é você.

–O único que me enganou com suas brincadeiras foram vocês três.

–Três? – murmurou confuso – eu, Emma e.. Enzo? – perguntou após pensar um pouco, sorrindo em seguida – ora, o único que não quis perceber foi você. Se ate Enzo que é lento percebeu... isso é uma vergonha para o presidente da Felicitá.

–Enrico não brinque com a sorte – falou esquecendo-se de onde estava – desta vez eu só lhe bati, mas da próxima irei tirar tudo de você. Acho mais sensato que saia.

–Não posso – resmungou ao se erguer do chão – eu prometi ajudar uma pessoa. Posso ser um mulherengo como vocês dizem, mas não suporto ver alguém chorar por nada. – o encarou sério ainda surpreso por vê-lo em sua frente – Ela não fez por mal. Raoul, ela só tem 15 anos. O que espera de uma adolescente? Espera que ela seja madura para perceber que falar a verdade poderia uni-los, mas do que uma mentira? Esta agindo como se nunca tivesse essa idade. Admito que tive culpa, mas convenhamos você foi um idiota por não perceber a verdade no dia seguinte. Não havia vestígios. Não havia provas. Sejamos sensatos.

–Cale-se.

–Raoul.. vá falar com ela. Deixe-a se explicar corretamente e..

–CALE-SE –gritou – estou cheio de você e Enzo tentarem fazer de minha vida um jogo, onde os únicos vencedores sejam os dois. Eu decidirei sobre a minha vida. EU. Então pare de vir atrás de mim e diga a ele para fazer o mesmo.

–Mas.. Emma..

–Não quero saber – disse friamente – faça o que quiser com ela, só desejo sua assinatura daqui a alguns meses.

–Raoul.. acabará se arrependendo.

–Digo o mesmo a você – falou antes de lhe dar as costas e retornar para a reunião. Enrico permaneceu parado pensativo. Ele já não sabia o que fazer para contornar aquela situação.

– Talvez eu devesse armar alguma coisa? – perguntou-se.

***
Enzo hesitou antes de bater na porta do quarto de Enrico onde sabia que Emma estava. Ele retornara de Nova York horas depois que Enrico entrou em um avião com ela. Ele precisava de tempo para analisar seus pensamentos. Já estava voltando para o seu quarto quando a porta se abriu e viu o olhar perdido da garota por quem havia se apaixonado.

–Emma.. – murmurou o seu nome trazendo nostalgia a si. – você.. está bem?

–Vou ficar – tentou sorrir otimista, mas sem sucesso. Segurou a alça de sua mochila com força ao ver o seu olhar – Tenho... que ir trabalhar.

–Não precisa ir hoje, se não quiser.

–Eu vou. Eu tenho que ir. Obrigada por ter me acolhido durante esse tempo.

–Vai voltar pra ele?

–Como se ele quisesse isso – murmurou para si mesma – não. Vou voltar pra minha casa.

–Ficará sozinha.

–Eu sei.

–Pode ficar aqui o tempo que quiser.

–Eu sei, obrigada Enzo, mas tenho que seguir em frente. Não posso ficar dependendo dos Belinni para sempre.

–Está sendo radical, não acha?

–Não – negou com a cabeça – preciso me sentir útil.

–Emma..

–Desculpe Enzo, mas obrigada. Está sendo um ótimo amigo – aproximou-se depositando um beijo suave em sua face – isso não é uma despedida é apenas um ate logo.

Enzo a fitou assentindo. Ela se dirigiu a saída contra a sua vontade, mas soube que era o melhor a se fazer naquele momento. Sempre que a olhava se lembrava de seu sofrimento ao ver Raoul ir embora.

–Raoul vai atrás de Emma. Ela vai atrás dele, mas ninguém vai atrás de mim. É isso que eu quero mesmo? – perguntou-se ao olhar para o nada. – “Achei que estivesse velho para ter paixões platônicas”.

A porta se fechou atrás da jovem loira. Emma respirou fundo antes de seguir ate o elevador. Por dentro sentia-se sem vontade de fazer nada, entretanto tinha consciência que devia seguir em frente.

–Como Enrico falou... Tudo vai melhorar – sussurrou para si mesma inúmeras vezes como uma prece.

***

Recomendo escutar a partir daqui : http://www.youtube.com/watch?v=9HkaVss_LKs&feature=related

O apartamento de Raoul estava escuro. Não escutava-se nada, apenas os passos do habitante solitário do lugar. Raoul suspirou ao retirar o seu paletó, desafrouxar a gravata e deixar o seu corpo cair no sofá. Fechou os olhos pensativo. Ele se perguntava o que estava fazendo de sua vida.

Olhou em volta depositando um sorriso triste na face.

–Perseguir os seus sonhos não deveria ser tão difícil – sussurrou consigo mesmo ao apoiar a sua cabeça no encosto do sofá, pegando no sono.

***
Enrico não conseguia entender por mais que tentasse a paixão súbita de Enzo por Emma. O encarou com o semblante divertido a fim de amenizar o clima que encontrava-se turbulento.

–Não vai perturbar Raoul hoje?

–Eu imagino que a cota dele está cheia e a sua também pelo que vejo – replicou ao olhar para o rosto de Enrico, o qual possuía uma vermelhidão.

–Ele só me pegou desprevenido.

–Claro – sorriu levemente. Ficou em silencio durante alguns instantes ate o olhar – Emma.. ela o ama, não é?

–Sabes a resposta tão bem quanto eu, mas apenas não tem coragem para admitir.

–Quando ficou tão maduro? – resmungou – me lembro de quando perturbávamos juntos o Raoul.

–O único que mudou foi você – deu de ombros – estou apenas fazendo o que acho certo. Alem do mais.. Eu ainda o perturbo.

–Acha que estou errado, não é? Acha que eu não a amo de verdade, não é?

–Sim – assentiu sério – seus sentimentos são confusos. Uma hora demonstra amá-la e em outra a trata como um brinquedo. Eu não sei quem é pior, se é você ou Raoul. Ambos a tratam como algo manipulável e no fundo desejam apenas brincar com ela.

–Está sendo muito duro.

–Não. A diferença é que Raoul é cabeça dura o suficiente para pensar na hipótese de sentir algo por ela, enquanto você... É volúvel o bastante para se dizer apaixonado.

–Se o nosso papel é brincar com ela, qual é o seu nessa historia?

–Salvá-la de vocês – sorriu otimista – alguém deve salvar a princesa dos monstros, não concorda?

–Mas na maioria das vezes o salvador se apaixona.

–Verdade? – fingiu pensar – a verdade é que o salvador prefere as bruxas más.

–Mulherengo.

–Masoquista – replicou sorridente – e Emma... ela voltou pra casa?

–Sim.

–Isso é bom – murmurou – “Agora só preciso fazer com que um deles dê o primeiro passo”pensou.

***
A televisão anunciava um objeto qualquer a ser comprado, enquanto no sofá Emma segurava um pote de sorvete com lagrimas nos olhos. Desde que sairá do avião com Enrico soube que cometeu um erro, mas um erro que não sabia como consertar. Seus olhos estavam fixos no aparelho a sua frente enquanto sua mente vagava.

****
O barulho de batidas acordaram a jovem. Ela abriu os olhos atordoada ao se dar conta do que estava acontecendo. Viu o pote de sorvete vazio e televisão ligada. A desligou antes de levantar do sofá e ir em direção a porta. Ao abri-la olhou surpresa para o homem sorridente parado em sua frente.

–Já sei como te ajudar – Enrico anunciou feliz – só terá que confiar em mim. De verdade.

Emma o encarou sabendo ainda atordoada, mas soube que aquela seria a sua única chance.

–Eu confio – disse para o deleite do Casanova a sua frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lição de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.