Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 45
Escolha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/435717/chapter/45

O corpo de Emma tremia. Ela estava sentada no chão no meio da sala de seu apartamento. A tristeza ainda envolvia o seu coração de forma brutal, enquanto as lagrimas caiam constantemente pelo seu rosto. Por mais que tentasse esquecer das palavras e dos olhares não conseguia. Apesar de Rupert ter contado, ela culpava a Raoul por tudo que passava.

***
Enzo sorriu ao segurar as sacolas e subir as escadas do prédio. Havia saído mais cedo da seguradora e passado em um supermercado. Ele desejava surpreender Emma cozinhando para ela. Caminhou pelo corredor do terceiro andar e ao bater na porta de um dos apartamentos, esperou ansioso. O sorriso em seu rosto se desfez assim que a porta se abriu. Emma estava com os olhos avermelhados e o semblante entristecido.

–O que houve? – perguntou preocupado. Ela nada disse, apenas se agarrou a ele. O abraçou sem importar-se com nada. Ficou chorando em seu tórax por alguns segundos ate entrarem.

***

–Agora que está mais calma.. conte-me o que houve – Enzo pediu ao se sentar ao lado dela no sofá. As compras que ele levara foram deixadas de lado, naquele momento o que importava para ele eram as lagrimas dela que teimavam em cair.

–Todos.. todos sabem que estamos casados – disse entristecida ao lembrar-se das palavras ditas – o garoto por quem era apaixonada.. contou a todos que eu era casada.

–Como ele descobriu?

–Raoul... – um sorriso frio e triste brotou em seus lábios ao contar. A cada palavra dita via a expressão de Enzo alterar-se. Ele não conseguia mais se controlar. O seu desejo era de poder acabar com todas as dores no coração dela. – eu... Não sei o que fazer...

–Não precisa fazer nada – declarou convicto ao segurar a sua face delicadamente – eu cuidarei de você a partir de agora.

–Enzo...

–Estarei ao seu lado. Eu te apoiarei, fique tranquila – ao dizer isto aproximou o seu rosto do dela e a beijou. Um beijo terno e fraternal em sua testa.

Emma fechou os olhos sentindo os lábios quentes e gentis de Enzo em sua testa e agradeceu aos céus pela sorte que estava tendo em tê-lo ao seu lado.

Porque o Raoul não pode ser assim?” questionou-se, mas logo percebeu algo “Como posso continuar a pensar nele depois de tudo? Será que sou tão burra assim?”.

–Vamos melhorar o seu humor, está bem? – Enzo disse sorrindo ao se levantar – estava pensando e acho que isso será o melhor para hoje. Pegue algumas roupas suas e vamos sair.

–Como?

–Virá ficar em minha casa pelo menos esta noite. Não posso deixá-la sozinha aqui. Não do jeito que está. Eu tenho quartos extras e tenho certeza que irá se divertir muito comigo e Enrico.

–Mas... não quero incomodar e ficarei bem.

–Eu acredito em você – a encarou seriamente – mas eu lhe prometi que iria lhe proteger e cuidar de ti. É isso que estou tentando fazer, apenas isso.

Emma sorriu levemente ao limpar o seu rosto com o dorso das mãos e assentiu. Foi em direção ao seu quarto, pegou uma mochila, colocou algumas peças de roupa e logo caminhava em direção ao carro de Enzo.

–Esqueci de perguntar, o que trouxe? – indagou ao olhar para o banco traseiro as sacolas plásticas.

–Alguns ingredientes. Eu irei cozinhar para você hoje, sinta-se honrada, pois a única pessoa que já provou de meus dotes foi minha mãe. Há muito tempo atrás.

–Eu já me sinto honrada de te ter ao meu lado, Enzo – confessou sem jeito ao olhar para a janela sem perceber o olhar de surpresa dele.

Nunca vou parar de me impressionar com ela” Enzo pensou sorridente.

***
Raoul passou a mão pelos seus cabelos de forma nervosa. Ele não desejava confrontar o seu tio naquele momento, mas percebeu ser inevitável quando o viu entrar pela porta de sua sala sem ser anunciado. O sorriso em sua face denunciava sua mais recente armação.

–Isso deve ser algum mal habito de família – Raoul disse sério ao levantar-se – o que faz aqui? Espero que isso não se torne um habito, pois esta empresa é minha. É bom se lembrar disso.

–Meu querido sobrinho é sempre bom vir lhe convidar para reuniões familiares – sorriu ao estender um pequeno envelope na cor azul – como já deve saber é imprescindível sua presença.

–Muito bem, eu irei – pegou o envelope jogando-o em sua mesa – se foi apenas isso... peço que se retire, pois estou ocupado.

–Ah, não esqueça se levar sua, jovem, esposa. Terá muitas crianças, ela não ficará deslocada – ironizou antes de dar as costas – recomendo que aproveite esta sala e este status porque daqui a pouco será meu.

–Sonhe.. continue sonhando, meu caro tio – sentou-se novamente assim que Giovanni saiu de sua sala, mas sua atenção não voltou-se para os papeis em sua frente e sim para a imagem de Emma que não lhe saia da cabeça. – Droga – resmungou ao olhar para o relógio em seu pulso. Levantou-se e ao passar pela sua secretaria lhe disse – cancele minhas reuniões e compromissos de hoje. Voltarei amanhã cedo.

Um carro esportivo já familiar para os estudantes, estacionou em frente ao colégio. Raoul desceu sério e à medida que os estudantes saiam ele buscava alguém entre todos os alunos. Ficou parado durante longos minutos ate retirar o celular de seu bolso e discar para um numero já familiar para ele. O celular tocou, suspirou após desligar frustrado.

–Onde ela se meteu? – se perguntou.

–Então é ele? – uma voz feminina disse logo atrás de Raoul, o fazendo virar-se – devo admitir que ela se casou com um belo homem. Uma pena ele ser tão velho.

–Concordo – a outra garota respondeu após sorrir e afastar-se.

Raoul olhou em volta percebendo pela primeira vez os olhares, não demorando para perceber o que havia acontecido. Entrou rapidamente no carro, deu a partida e seguiu para o centro da cidade.

***

Recomendo ler com esta musica: http://www.youtube.com/watch?v=9KtgOzGgV9E

Emma semicerrou os olhos ao ver Enzo se aproximando com um olhar estranho. Ela se afastou o máximo que conseguiu, mas foi inevitável. Ele a alcançou e sorrindo melou o seu rosto com as mãos sujas de farinha de trigo. Um gritou ecoou pelo apartamento trazendo uma gargalhada do homem.

–Enzo.. Isso é maldade – reclamou ao tentar limpar o rosto após ele se afastar.

–A única que começou isso foi você – sorriu ao voltar a sua posição inicial, a de polvilhar a assadeira. Assim que chegaram ao apartamento, ele a colocou as coisas dela em seu quarto e não demoraram para começarem a cozinhar o prato preferido dele: lasanha.

–Como é injusto. Eu so te sujei um pouquinho no rosto – disse angelicalmente ao vê-lo trabalhar.

–Um pouco? – a olhou cético – meu rosto esta metade a La manteiga e a outra a La farinha.

Emma fingiu estar pensativa enquanto o olhava e não conseguiu segurar o riso. Ele estava certo, concluiu por fim. Ela havia o sujado no rosto duas vezes e ele apenas revidara.

–Talvez.. eu não tenha sido muito bondoso.

–Enfim a verdade – gracejou. A olhou demoradamente e sorriu – é bom vê-la assim.

–Assim?

–Sorridente.

Seus olhares continuaram fixos um no outro. A sensação que tinham era de estarem conectados a alguma coisa. Enzo pigarreou envergonhado.

–Espero que não se importe em dormir em meu quarto hoje – comentou casualmente – vou ficar com Enrico, ou melhor, no quarto dele.

–Não precisa fazer isso por mim.

–Já disse qual é meu dever a partir de hoje. A sua única função é ser protegida.

–Você é ótimo, mas sabe que não posso aceitar, não é?

–Por quê? – perguntou ao largar o que fazia. Caminhou ate onde ela estava parando em sua frente – sou inferior a alguém para que não possa aceitar-me como seu protetor? Sou tão insignificante assim pra você?

–Não... Nunca pensei nada disso sobre você – lhe respondeu olhando em seus olhos.

Antes mesmo que Enzo pudesse avaliar a situação a sua mão já estava na nuca dela apesar de seu olhar pasmo. Ignorando-o aproximou os seus lábios, fechou os olhos e a puxou para si. Emma sabia que deveria afastá-lo, mas lembrou-se que aos olhos de Raoul ela era apenas um brinquedo.

Então porque tenho que privar de tudo? Talvez por ele ser o primo de meu marido.” Pensou. Ao colocar a mão em seu peito para afastá-lo, sentiu os seus lábios sobre os seus. Não o beijou, pois virou o seu rosto, entretanto conseguiu sentir o doce sabor dele.

–Me.. Perdoe – disse envergonhado ao afastar-se dela – eu.. não foi minha intenção, apenas...

–Está tudo bem – mentiu ao sorrir. A verdade é que seu coração palpitava violentamente. Ela sentia suas faces queimando – porque não terminamos isso? Se demorarmos demais a lasanha pode ficar ruim.

Enzo assentiu como um robô. O seu plano não era beijá-la daquela forma. Ele queria que ela se apaixonasse por ele da mesma forma e intensidade que ele estava por ela. Virou as costas e retomou o que fazia.

Emma levou a mão aos lábios e um sorriso tímido brotou em seus lábios.

A chuva.. irá se dissipar se eu for com ele?” questionou-se pensativa.

Estavam tão perdidos em seus pensamentos que quando a campainha tocou, os assustou.

–Eu atendo – Emma se prontificou ao vê-lo tão concentrado. Saiu da cozinha com os pensamentos confusos, abriu a porta e sentir o ar lhe faltar. Encarou o homem a sua frente sem conseguir dizer nada, apenas o encarou em silencio.

–QUEM É? – Enzo gritou da porta da cozinha, mas ao chegar na sala deparou-se com Raoul na porta olhando para Emma com o semblante carrancudo – O que faz aqui? Problemas na empresa? – questionou aparentando naturalidade.

–O que ela faz aqui, Enzo? – perguntou entrando no apartamento. – não me recordo de ter permitido algo assim.

–Raoul não esta exagerando? – Enzo indagou, mas logo lembrou-se das lagrimas de Emma e do que ele havia escutado – de qualquer forma precisamos conversar. Emma pode nos deixar a sós um pouco?

–Ela não irá pra lugar algum – Raoul tornou sério. Virou-se para ela e a olhou com desprezo – enquanto eu estava preocupado, você estava aqui com Enzo. Depois deseja que eu lhe trate de forma mais amistosa?

–Estava preocupado comigo? Por quê? – perguntou confusa e curiosa. – Desde que comecei a morar contigo nunca se importou comigo então porque agora?

–Esta é a hora em que sorri e fica feliz e não que questiona.

–Em seu mundo, não no meu – rebateu séria.

–Devo ser mesmo um idiota – Raoul resmungou ao aproximar-se dela. Passou o dedo por sua bochecha limpando-a – eu descobri sobre o colégio. Parece que todos já sabem... Acredito que eu tenha minha parcela de culpa e por isso.. Lhe procurei para... me desculpar.

–Se desculpar? Mas como descobriu?

–Isso não importa agora.

–E quando irá importar? – “O que estou falando? Eu deveria ter feito o que Enzo disse e saído da sala. Porque sigo sempre meus instintos e sentimentos?”

–Quando o fato se sobrepuser as circunstancias.

–Isso.. não quer dizer nada – murmurou.

–Na verdade estou dizendo tudo – sorriu irônico ao abaixar a sua cabeça, mas uma mão apareceu em sua frente – Enzo... havia me esquecido de você.

–Percebi – disse sério. Segurou no braço de Emma e a afastou dele – não deveria se deixar ir tão facilmente. Ele faz de sua vida um inferno e é só aparecer que vai para os braços dele?

–Eu não fui para os braços dele – disse ultrajada e envergonhada por saber que era verdade.

–Raoul por quanto tempo continuará brincando com ela? – Enzo perguntou já cansado – apenas deixe-me protegê-la. Em toda a sua vida nunca se preocupou ou cuidou de ninguém, deixe-me fazer isso. Ela merece alguém como eu e não como você.

–Se acha melhor então... Engraçado porque é pra mim que ela vem. Nunca precisei ir atrás dela como você faz – olhou sério e desviou seu olhar para Emma – irá embora comigo ou ficará com ele aqui?

–Está me pedindo que escolha entre vocês dois? – indagou pasma – isso não é algum filme...

–E você não é a mocinha sendo disputada entre dois homens, então é melhor vir comigo – avançou ate onde ela estava, segurou em seu braço, mas a sentiu resistir – isso é um não?

Após pensar, ela o olhou séria.

–Sim, eu não irei com você – falou certa de suas palavras. Puxou o seu braço, soltando-se dele – por sua culpa estou sofrendo no colégio. Por sua culpa perdi o meu primeiro amor e por sua culpa me sinto sozinha todos os dias. Não quero continuar com isso. Não quero continuar confusa. Eu desejo que esta nuvem escura dê lugar ao sol, apenas isso.

–Minha culpa? É minha culpa ter lhe dado um teto para morar e é minha culpa que esteja estudando em um bom colégio. É minha culpa também estar preocupado com uma criança tão inocente e idiota. É minha culpa ainda pensar em como deve estar quando não a vejo e é minha culpa... – calou-se ao perceber o quanto estava falando. Respirou profundamente e sorriu. Um sorriso sem vida – minha culpa foi pensar em você. Faça como quiser e você – virou-se para Enzo – tome cuidado com suas ações, pois sabe no que elas podem resultar. Não me importo que não more comigo ou que esteja gostando de Enzo – Raoul tornou frio ao dar as costas a Emma – mas esteja preparada para ir a um encontro de minha família comigo, esta é sua única obrigação.

Emma permaneceu em silencio. Tais palavras nunca havia imaginado escutar de um homem tão frio e sarcástico quanto Raoul. O viu ir embora sem saber o que pensar ou o que dizer.

–Isso foi... espetacular – Enrico comentou proximo a porta de entrada. Ele havia escutado metade do discurso de Raoul e não conseguia evitar a surpresa. Entretanto, em sua mente ainda restava duvidas de sua sinceridade. Ele tinha a impressão que Raoul poderia estar mentindo para manter Emma perto de si com o intuito de não perder a empresa – ainda estou surpreso. Ate meu coração derreteu com isso – gracejou ao entrar em casa. Olhou para Emma e em seguida para Enzo – vejo que aprontaram bastante na minha ausência.

–Emma.. se resolver ir com ele a hora é essa – Enzo lhe informou com o coração partido, mas surpreendeu-se ao vê-la sorrir para ele e negar com a cabeça.

–Eu disse que ficaria aqui e é isso que vou fazer.

Isso está ficando cada vez melhor” Enrico pensou entusiasmado ao ver o casal a sua frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lição de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.