Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 44
Sendo puxada




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–Raoul... O que pensa que está fazendo? – Emma indagou perplexa pelo comportamento dele. Ele encontrava-se sentado no sofá com o semblante divertido. A sua face ainda doía, mas isso não a importava no momento. O que importava era ficar longe dele apesar de ter gostado de vê-lo indo atrás dela.

–Eu já disse. Virei morar aqui com você.

–Isso é ridículo. Não pode fazer as coisas por capricho.

–Mas foi exatamente isso que fez – sorriu convencido – saiu de lá por capricho, alugou isto por capricho e pediu a ajuda de Enzo por capricho.

–Isto.. Esta enganado – tornou aflita – não fiz nada disso por capricho.

–Imagino. – voltou sua atenção para Caroline com o semblante sério – não me pareceu surpresa ao nos ver se beijando.

Caroline sorriu sem graça, pois não sabia se poderia contar que já sabia de tudo. Passou a mão pelos cabelos em sinal de vergonha.

–Pelo visto Emma já lhe contou que somos casados – Raoul prosseguiu a encarando. Ao vê-la com as faces levemente avermelhadas concluiu estar com a razão.

–Raoul.. é melhor sair – Emma tornou ao ver o embaraçamento de sua amiga. – Cansei de seus jogos. Este apartamento é meu e estou dizendo que deve ir embora.

–Poderia nos deixar a sós? – Raoul indagou ao olhar para Caroline, a qual apenas assentiu. Levantou-se, pegou as suas coisas e saiu, mas antes piscou para Emma de forma travessa. Assim que saiu do apartamento estancou ao ver Rupert parado com o olhar perdido.

–Rupert.. O que faz aqui? – Caroline perguntou ao se aproximar dele e só então percebeu as flores no chão – você... O que você viu?

–Emma.. Como ela pode beijar o seu próprio tio? Isso... eu vi errado, certo? Não tem como isto acontecer – murmurou confuso. Seu olhar estava mais perdido que seus pensamentos.

–Rupert.. acho melhor sairmos daqui – Caroline disse calmamente ao colocar as mãos em seu ombro – é melhor conversamos.

–Não.. Eu preciso vê-la – sua voz denotava o desespero que sentia. Esquivou-se de Caroline e ao bater na porta, tentou manter-se impassível ao ver Emma abrir a porta com as faces rosadas e os lábios avermelhados – quem é ele afinal? – perguntou diretamente.

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–Rupert.. O que faz aqui? Como descobriu onde moro?

–Emma.. ele é mesmo o seu tio? – apontou para o homem em pé no meio da sala com o semblante sério.

–Rupert.. Depois nos falamos, eu.. eu preciso resolver algo.

–ME DIGA AGORA – gritou sem paciência.

Emma encarou o jovem a sua frente sem reconhecê-lo. Ela nunca havia o imaginado transtornado daquela forma. Antes que pudesse responder sentiu as mãos de Raoul em sua cintura, olhou para ele e teve a certeza do que aconteceria a seguir.

–Ela é minha esposa – Raoul o informou sério – então peço para que não tenha ilusões.

–Es... Esposa? O vi se apresentar como tio dela..

–Foi a melhor forma de não criar tumulto.

–Ela.. só tem quinze anos e o senhor deve ter uns trinta e poucos.

–Trinta anos – o corrigiu puxando Emma para si – se tens duvidas espero que isto acabe com todas elas – segurou o sorriso ao ver a expressão assustada de sua esposa. Passou a mão pelo seu rosto, fechou os olhos e tomou os seus lábios. A beijou com paixão ao mesmo tempo em que acariciava o seu corpo. Seu intuito era mostrar ao jovem a sua frente que Emma era propriedade dele, apenas dele.

Rupert sentiu o chão a baixo de seus pés abrir-se. Entrou em um mundo de escuridão ao vê-la sendo beijada e retribuir daquela forma. Sua vontade era separa-la dela e a levar dali, mas sabia que não poderia fazer nada. Ele ainda era uma criança e ela estava, supostamente, casada. Viu Raoul afastar-se de Emma com um sorriso na face e ela com o olhar perdido o encarando.

–Então.. é verdade, Emma? – Rupert insistiu rogando aos céus que ela desmentisse.

–Rupert.. – olhou para ele e suspirou. Ela não pretendia continuar mentindo para o seu primeiro amor – sim. É verdade.

–Então.. esse tempo todo.. esteve me enganando?

–Eu.. não te enganei.. apenas..

–Cale-se – falou frio – e eu pensando que era diferente, mas enganei-me. – virou as costas e foi embora sem olhar para trás e sem ver as lagrimas nos olhos da jovem Emma, a qual se apoiou na porta ao vê-lo ir embora.

–Menos um problema – Raoul comentou ao puxá-la para dentro e fechar a porta com força – agora podemos decidir o que vamos fazer.

Emma levou a mão aos lábios e em seguida ao seu coração, o qual doía de forma dilacerante. Sua respiração estava difícil e suas vistas turvas.

–Como.. como pode fazer isso? – murmurou pasma olhando para o nada – como pode me beijar na frente dele?

–Isto não importa agora. O que importa é..

–CLARO QUE IMPORTA – gritou ao encará-lo – como consegue ser tão insensível?

–Então você o ama? – Raoul indagou ao ver o desespero e a raiva em seu olhar, sentimentos estes que via pela primeira vez na sua jovem esposa.

–Do que isso importa? Poderá consertar os seus erros se eu lhe responder isso? – indagou ao olhar para ele com frieza. – Só pensa em si mesmo – murmurou consigo mesma ao afastar-se dele, entretanto sentiu a mão dele agarrar em seu braço e a puxar de encontro ao seu corpo – já estou cansada de ser puxada por você.

–E eu cansado de puxá-la para mim, mas continuarei a fazer porque sei que isto.. é a única coisa que pode nos unir – disse sério ao abraçá-la. – “ Só faço isso pela seguradora”pensou incerto “Mas porque me sinto incomodado pelas suas lagrimas? Uma garota como ela não pode ter feito com que eu me apaixonasse tão rápido. Isso não pode acontecer”.

Emma fez menção de afastá-lo, mas deu-se por vencida, pelo menos durante alguns segundos. Sentiu o seu aroma, as suas mãos envolta de seu corpo e desejou poder voltar no tempo. Desejou poder poupar Rupert daquela cena e desejou poder não conhecer o seu esposo.

Essa seria a forma mais sensata de não sofrer” admitiu para si mesma ao fechar os olhos.

***
–Como ela pode mentir para mim assim? – Rupert sussurrou consigo mesmo, revoltado – ela vai me pagar. Ninguém faz isso comigo. – decidiu ao sair do edifício. Na saída deparou-se com Caroline e a observou com atenção – o que faz aqui ainda? Está esperando Emma? Porque duvido que ela vá sair de casa por agora.

–Rupert.. ela te contou? – perguntou delicada com a preocupação em sua voz.

–Sim e me senti um...

Antes que ele terminasse a frase, os braços de Caroline rodearam o pescoço dele. Ela o abraçou com força surpresa com sua própria atitude. Ela não havia pensado, apenas agiu por pensar em como ele poderia estar se sentindo. Continuaram daquela forma por alguns segundos até ela se afastar sem graça.

–Desculpe.. agi por impulso – se explicou com a cabeça baixa – é melhor irmos, não acha?

–Caroline... porque fez isso? – perguntou confuso olhando para ela.

–Porque sei como é estar apaixonado por alguém que não nos nota – confidenciou ao olhar em seus olhos, sorrindo tristemente em seguida – é melhor irmos. – o viu assentir e caminharam lado a lado para longe do edifício.

***
Emma afastou-se de Raoul o Maximo que conseguiu. Estava irritada com ele, mas não podia ignorar a sua gentileza.

Não seja ridícula. Ele está apenas jogando com você.” Pensou confusa. Olhou para ele e suspirou antes de prosseguir com a conversa que Rupert havia interrompido.

–Raoul.. Não sei o que está acontecendo contigo, mas é melhor ir embora.

–Emma.. eu não vou.

–Sim, irá. Podemos estar casados, pode ser o meu tutor legal, mas este lugar esta em meu nome.

–Já disse que não vou a lugar algum sem você.

–Porque a insistência? Não será melhor ter a sua antiga vida de volta? Desde que meus pais morreram.. tudo esta confuso e conturbado. Sua vida mudou muito e não acho que queria.

–Nem todas as boas mudanças são esperadas – ratificou olhando para ela de forma séria.

Emma tentou sorrir, sem sucesso. Sentou-se no sofá e assentiu ao que ele dissera.

–Sim, está correta. Sair de seu apartamento foi uma mudança para mim, uma boa mudança, e assim continuará.

–Como espera pagar por isso? - falou tentando mudar a sua tática para persuadi-la.

–Eu já paguei algumas semanas – respondeu determinada – guardei o que ganhei durante esse tempo em meu trabalho de meio período.

–Duvido que seja uma quantia razoável, daqui a algumas semanas irá acabar. Com o que pretende se sustentar?

–Eu trabalho. Nunca me importei e não vou começar agora.

–Emma... ainda acha que a vida é tão doce? Muito bem.. farei como quer, mas saiba de uma coisa. Irá voltar para mim rastejando e arrependida por recusar o meu pedido. – foi ate a porta, mas antes de abri-la escutou a voz de sua esposa.

–O que fez não foi um pedido. Ordenou-me para que voltasse, me chantageou e tentou me manipular, mas nunca me pediu para que voltasse contigo.

Raoul não disse mais nada, apenas bateu a porta com força e foi embora com o semblante fechado.

–Ele só pode estar louco – Emma murmurou solitária em seu apartamento.

***
Todos os olhares voltaram para Emma assim que adentrou no colégio. Ela não entendia o que poderia estar acontecendo. Escutou murmúrios com seu nome diversas vezes, mas ao entrar em sua sala percebeu a seriedade da situação. Os alunos de sua turma encontravam-se reunidos e assim que perceberam a sua presença na sala a olharam com repugnância.

–O que está havendo? – Emma perguntou-se ao andar ate a sua cadeira, mas ao chegar viu um bilhete em cima de sua mesa. O abriu ficando pálida ao ler, olhou em volta e ao perceber os sorrisos segurou as lagrimas.

Vadia.

A palavra escrita no bilhete ainda martelava a mente de Emma, ela não conseguiu se concentrar nas aulas e sentia falta de Caroline. O intervalo passou solitária sendo alvo de murmúrios e sorrisos maliciosos. Já estava ficando cansada quando foi abordada por um jovem do ultimo ano. Ele a parou antes que entrasse em sua sala.

–Precisa de algo? – ela perguntou ao vê-lo olhar para ela de cima a baixo.

–Estou apenas olhando para você. Não tem como não ficar surpreso – comentou e em seguida escutou risos atrás de si. Os colegas de Emma estavam na porta da sala.

–Não estou entendendo.

–Uma coisa me deixa curioso.. como conseguiu fazer com que um Belinni se casasse com você? Deve ter dado algum golpe nele, não foi?

–Ca.. Casado.. comigo? – murmurou perplexa ao olhar em volta. Seus olhos encontraram o de Rupert. – não sei do que está falando – respondeu ao olhar para o seu primeiro amor – se me der licença, preciso entrar na sala. – tentou ignorar o jovem e seus colegas, mas antes que pudesse fazer algo o jovem estava em sua frente, impatando-a de passar – por favor, deixe-me passar.

–Só deixarei se me contar e fizer a mesma coisa que fez com o Belinni para que ele ficasse com uma criança como você.

–É. Nós também queremos ver isso – as garotas da sala dela falaram com sorrisos zombeteiros. – Uma garota como ela. Tao vulgar. Enquanto estava casada ficou dando em cima dos garotos daqui.

As faces de Emma já estavam avermelhadas de vergonha, mas o que mais lhe doía era saber que Rupert havia contado.

–Querem saber o que eu fiz, não é? – Emma disse ao segurar as lagrimas – Eu o seduzi. Eu o levei para cama e o ameacei. Se ele não casasse comigo, iria dizer que fui violentada. É isso que queriam escutar? – perguntou friamente – não tem vergonha? – olhou para Rupert deixando uma lagrima cair em seu rosto – eu realmente pensei que... gostávamos um do outro, mas percebi que apenas eu gostei de você. – deu as costas saindo com a cabeça erguida e lagrimas em seu rosto.


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