Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 43
Posse




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Uma semana já se passara desde que Emma se mudou do apartamento de Raoul. Por mais que não quisesse admitir para si mesma sentia falta dele. Sentia falta de esperá-lo a noite. Sentia falta de tê-lo como companhia no final de semana.

Era sexta-feira quando ela saiu com a mochila nas costas e o semblante serio. Caminhou ate o ponto de ônibus pensativa e não demorou para o transporte coletivo parar em sua frente. Ela subiu, sentou-se no fundo, colocou os fones em seus ouvidos e olhou para o celular.

–Ele nem ao menos me ligou – murmurou ao colocá-lo dentro de sua mochila. Tentou lembrar-se dos motivos que a fizeram sair da casa dele a fim de esquecê-lo, algo que só aconteceu quando chegou ao colégio e se deparou com Caroline e Rupert conversando.

–Oi – falou intrigada ao vê-los. Aquela era a primeira vez em que o viam juntos de forma amigável. – aconteceu alguma coisa?

–Não.. Porque a duvida?

–Então porque esta com ele? – perguntou ao olhar para Rupert, o qual suspirou tristemente.

–Emma.. preciso falar com você.

–Não há o que falar Rupert. – o olhou com frustração antes de virar as costas, mas ele a segurou pelo braço forçando-a a olhar para ele.

–Eu.. fui um idiota. Aquilo que escutou... não era verdade. Estava apenas.. querendo me mostrar, sinto.. de verdade.

–Só porque me disse isso acha que eu vou ignorar o que escutei aquela noite?

–Emma.. Me perdoe – murmurou tristemente – eu só.. fui um grande idiota.

–Rupert...

–Sei que não vai querer falar comigo novamente, mas... me desculpe de verdade.

Emma fitou o seu olhar entristecido ficando tentada a perdoá-lo, mas ao recordar do que escutou sentiu um aperto em seu coração. Ela havia confiado nele. Ela havia confiado em seu primeiro amor e ele a decepcionara. Puxou o seu braço, soltando-se dele.

–Depois falamos sobre isso, Rupert. Agora não consigo esquecer o que escutei de você. Carol.. Vamos? – indagou ao olhar para a sua amiga, a qual assentiu.

Ela realmente está diferente” Caroline pensou ao segui-la pelo pátio deixando Rupert para trás com o semblante triste.

***
Raoul suspirou ao colocar o relatório em cima da mesa, levantar-se e seguir ate a janela onde ficou apreciando a paisagem. Seus pensamentos encontravam-se longes dali. Por mais que não quisesse só conseguia pensar em Emma, em onde ela estaria e com quem.

–Não posso continuar com isso. Se isso prosseguir.. Não irá acabar bem. Sentimentos apenas deixam as pessoas mais fracas – disse consigo mesmo. – tenho que pensar no bem da empresa. Pensar em meu sonho.

Enzo hesitou antes de abrir a porta da sala de Raoul. Suspirou antes de prosseguir e o encontrou pensativo, olhando pela janela.

–Isso é um milagre – Enzo comentou sorrindo diante do olhar frio que Raoul que lhe lançou – é a primeira vez que entro aqui e não esta trabalhando. Problemas?

–Como se não soubesse – resmungou friamente – qual o motivo de sua vinda?

–A de sempre.. queria lhe ver, meu primo.

–Sabe algo sobre Emma, não sabe?

–O que deveria saber? – indagou sorrindo levemente – a única coisa que eu sei é que ela é sua esposa, és jovem, muito bem e tem um ótimo temperamento.

–Enzo... – o advertiu – ela é menor de idade. Se ocorrer algum problema..

–Não é sua responsabilidade – o interrompeu sem conseguir controlar-se – a única coisa que lhe vi fazendo esse tempo todo foi forçar um relacionamento com ela. Tudo por dinheiro. Não vi se aproximar dela, querer saber os seus gostos, saber o que lhe desgostas, o que lhe da medo.. Esse tempo todo o vi sendo você mesmo, mas agora isso não basta para ela. Não acho que seja tão difícil entender.

–Devo entender que está a acobertando.

–Não consegue prestar atenção a nada que não lhe interesse, não é?

–A única coisa que me interessa é Emma – disse sem perceber o quanto aquelas palavras eram verdadeiras.

–A única coisa que lhe importa é o dinheiro. Se acha que vou contar onde ela está engana-se. Não me importo com nada. Pode me intimidar, me ameaçar. Não ligo. Estou deixando isso tudo de lado. Irei cuidar de minha vida – deu as costas e seguiu para a saída com passos firmes.

–Enzo..Se soubesse o quanto tenho que me segurar. Toda a vez que ela esta ao meu lado é uma tortura. – murmurou consigo mesmo ao se ver sozinho na sala – mas não posso deixar que sentimentos brotem em meu coração. Preciso seguir em frente. – andou ate a sua mesa, pegou o telefone discando um numero – Sou eu. Raoul Belinni, preciso que consiga o endereço de Emma Sartorelli o mais rápido possível.

***
Enrico suspirou entediado ao caminhar pela seguradora. Há algum tempo que desejava falar com Enzo, mas nunca o encontrava em casa. Assim que adentrou o andar do marketing surpreendeu-se por ver todos concentrados, trabalhando. Foi ate a sala de Enzo e o encontrou com a cabeça deitada sob a mesa.

–O dia foi ruim? – indagou prestativo ao se sentar em frente a ele.

–Enrico.. o que faz aqui? – murmurou ao olhar para ele ainda com a cabeça apoiado na mesa.

–Não sei.. estava com tédio – deu de ombros – e você porque esta assim?

–Acabei falando demais para Raoul – suspirou pesadamente – sempre fui tão impulsivo?

–Sim – assentiu sério – que tal pedir desculpas?

–Sou alguma criança? – resmungou ao fazer uma careta.

–Parece – sorriu – e Emma.. como anda a nova vida?

–Bem.. Faz algum tempo que não falo com ela.

–Imaginei que fosse conquistá-la agora.

–Eu também... Sempre que a vejo fico feliz e...

–Sem sentimentalismo, por favor – o interrompeu sorridente.

–Tudo bem – assentiu ao erguer-se – estou confuso. Raoul parece gostar dela de verdade.

–Ninguém nunca disse que ele não gostava dela, apenas vemos a situação de forma diferente que ele. Para ele esta empresa é o seu oxigênio e Emma é apenas um meio de se conseguir isso. Ele gosta dela, de seu modo.

–É isso que me da insegurança. Não sei o quão grande ou pequeno é seu sentimento.

–Ou talvez você não tenha certeza sobre os seus sentimentos – Enrico disse sério ao olhar para o seu primo.

***
Caroline depositou a sua mochila em cima do sofá do apartamento que Emma estava alugando. Olhou em volta e sorriu entusiasmada.

–Estou impressionada. Você conseguiu mesmo.

Emma sorriu sem jeito ao retirar o seu caderno da mochila. Ela havia tirado o dia de folga para poder estudar com sua amiga. Já faziam algumas semanas que não via Raoul, mas o que lhe doía era lembrar-se dele a cada dia que passava com mais força. Sempre que segurava em seu celular, lembrava-se dele. Toda a vez que escutava alguma musica romântica lembrava-se dele. Ao escutar sobre a Toscana lembrava-se dele.

Isso é tudo tão cansativo.. Porque não posso esquecê-lo? Porque não é tão fácil?” se perguntou entristecida “Ele nem ao menos quis saber como estou vivendo. Isso não é prova suficiente para odiá-lo?”

–Emma? – Caroline a chamou estranhando o seu comportamento distante. – está tudo bem?

–Sim – mentiu com um sorriso na face. Sorrir quando seu coração estava confuso foi o que aprendera desde que perdeu os seus pais.

–Acho que algo está acontecendo, mas não quer me contar – insistiu ao sentar-se ao seu lado – sabe que pode contar comigo, não é?

–Eu sei... eu estou bem, de verdade.

Caroline assentiu incomoda. Ela sabia que algo estava errado. Começaram a estudar entusiasmadas só parando, uma hora depois, para almoçarem. Comeram em volta de um clima sereno e alegre. O sol já estava se pondo quando deixaram os livros de lado e sorriram aliviadas.

–Isso foi cansativo – Emma murmurou ao se espreguiçar.

–Verdade – comentou ao bocejar escutando em seguida o barulho da campainha – está esperando alguém? – Emma negou ao estranhar o visitante. Levantou-se e ao abrir a porta deparou-se com a ultima pessoa que imaginava ver aquele dia.

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Raoul trajava uma calça social preta, blusa social azul clara, a qual possuía os dois primeiros botões abertos. Ele passou as mãos pelos cabeços em sinal de alivio e desespero. Fitou a jovem em sua frente sem expressar nenhuma emoção em seu semblante. Ao olhar para o seu rosto e seu corpo percebendo que ela estava bem, não se conteve. Ergueu a mão lhe esbofeteando em um ato impulsivo. O som do tapa ecoou pelo corredor vazio e silencioso. A respiração da jovem tornou-se fraca e seus olhos perderam o brilho. A face de Emma ficou avermelhada, em seus olhos podia ser visto o inicio de um choro, mas ela apenas encarou o vazio indagando-se do motivo dele estar ali.

–O... O que fez? – indagou com voz chorosa – porque me bateu?

–Sua... como atreveu-se a fugir?

–Por.. Porque está aqui? – Emma perguntou com a voz hesitante – porque me bateu? Eu não lhe entendo...

–Não me importa se entende ou não, o que importa é que enfim lhe encontrei – disse baixo ao fitar os seus olhos ignorando as suas perguntas. – Nunca mais fuja de mim. NUNCA MAIS – falou grosseiramente. Sem conseguir controlar-se, a segurou pela cintura, puxando-a para si ignorando a surpresa em seu olhar – Se me rejeitar.. Não sei o que farei – a advertiu antes de segurar em sua nuca e a beijar de forma apaixonada. Em um impulso, ela retribuiu o beijo, pois de alguma forma o seu corpo já acostumara com seus toques e seus beijos. De forma inconsciente ela respondia a ele para o deleite de Raoul. Acariciou o rosto dela assim que se separaram, encostou a sua testa na dela sentindo o seu aroma tão familiar. – como senti falta disso...

Emma não sabia o que fazer. Manteve os seus braços inertes ao lado de seu corpo. Não podia negar que estava feliz por vê-lo em sua frente, mas sentia medo dele. Medo de sua reação. Aquela era a primeira vez que o via expressar um sentimento diferente que não fosse ironia, sarcasmo e desejo. Ele estava furioso.

–Raoul... o que faz aqui? – insistiu com a voz baixa. Seu rosto ainda ardia e seu coração batia descompassado.

–Vim buscar o que é meu por direito.

–Não sou um objeto.

–Mas também não és livre – afastou-se dela a encarando – a deixei livre por um tempo, mas já está na hora de retornar para o meu apartamento.

–Não vou – o enfrentou sem acreditar em suas próprias palavras – “Se não olhar em seus olhos, ele pensará que não tem coragem” incentivou a si mesma ao fitar os seus olhos.

–Achas mesmo que esta em condições de me enfrentar?

–Acho.

–Muito bem – tornou após pensar um pouco. Passou por ela entrando no apartamento dando-se conta pela primeira vez da presença de Caroline. A cumprimentou rapidamente voltando a sua atenção para o apartamento – não é tão ruim.

–Raoul... já disse que irei assinar o divorcio daqui a um ano então, por favor, me deixe em paz.

–Isso eu não posso fazer – sorriu. Um sorriso diabólico – se não vai para a minha casa, eu virei pra sua. – anunciou calmamente para a surpresa das jovens.

Caroline não sabia o que pensar, pois ao ver o modo com que Raoul tratava a sua amiga começara a perguntar-se se ele não tinha sentimentos por ela. A medida que o tempo passava começou a ter certeza. Para Caroline, Raoul estava apaixonado por Emma e com medo de perde-la.

Rupert deixou o simplório ramalhete de flores cair ao chão. Com esforço tinha conseguido o endereço de Emma e ao chegar a encontrou aos beijos com um homem, o mesmo homem que era conhecido por ser o seu tio.

–O que está havendo aqui? – se perguntou confuso ao vê-lo entrar no apartamento dela. - Ela.. Ela beijou o próprio Tio?


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