Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 37
Ilha de Capri: Enzo x Raoul




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Raoul observou a chuva cair pela janela, embaçada, de seu apartamento. E por mais que não quisesse já estava começando a se preocupar com Emma. Olhou mais uma vez para o relógio, o qual passava as horas lentamente e suspirou ao segurar o celular. Apertou algumas teclas e ficou olhando para a tela, a qual mostrava o numero de celular de Emma. Continuou desta forma por longos minutos ate discá-lo. Esperou que ela atendesse, entretanto a chamada caiu na caixa postal antes mesmo que ele pudesse ter esperança de que fosse atendido.

A medida em que as horas passavam, a sua preocupação aumentava ao ponto de não conseguir mais esconder.

***
Enzo afastou-se de Emma, ainda olhando em seus olhos, sorriu. Acariciou o seu rosto com delicadeza e quando estava prestes a dizer algo, viu o medo em seu olhar. Após o beijo, a razão invadiu a mente de Emma, deixando-a culpada e ressentida. Sem pensar, afastou-o de si.

–Eu..Não sei o que houve – murmurou mais para si mesma do que para o homem confuso a sua frente. – é melhor eu..voltar para o meu quarto – levantou-se e saiu apressada. Sentiu que se não se afastasse dele, poderia ficar ainda mais confusa.

–Não foi tão ruim – Enzo sussurrou sorrindo ao se levantar do chão. A olhou se afastar e sentou-se, voltando a comer a sua sobremesa.

***
Emma encostou-se na porta fechada de seu quarto, levando a mão aos lábios ainda quentes pelo beijo. Fechou os olhos, tendo as lembranças do beijo em sua mente.

–O que está havendo entre eles afinal? – se questionou ao perceber na confusão que havia se metido – dois primos... ambos sendo gentis, carinhosos e me..beijando.

***
Raoul sentiu os raios solares em seu rosto e piscou incomodado antes de sentir uma dor em suas costas. Abriu os olhos, resmungando e repudiando a si mesmo por ter adormecido no sofá da sala. Olhou para o relógio, levantou-se, andou ate o quarto de Emma e ao abrir a porta, encontrou tudo intocado.

–Ela não veio para casa? – se perguntou com um misto de sentimentos que iam desde a raiva à preocupação.

***
Enzo reprimiu um sorriso ao entrar no quarto de Emma, com cuidado, e vê-la adormecida, coberta e com o rosto em paz. Sua viagem consistia em conquistar Emma e observar o atendimento do resort. Como havia levantado cedo, foi ate o quarto dela para saber se tinha acordado e a levar consigo.

–Parece um anjo... – murmurou ao fechar a porta e sair.

Emma espreguiçou-se ao despertar. Sua noite fora repleta de sonhos e inquietação. Sua vontade era de ir embora e poder esquecer o beijo que trocara com Enzo, entretanto sabia, em seu intimo, que estava mentindo para si mesma. Ela havia gostado de sentir os lábios dele sob os seus. Estava tão inebriada pela atmosfera que esquecera o celular dentro da bolsa, a qual estava guardada no closet.

***
Raoul fechou a porta do quarto de Emma com força. Apesar de sua frieza, preocupava-se com ela e ao mesmo tempo com o testamento, pois sabia que se ela morresse ou sumisse no período de um ano poderia perder tudo. Pegou o seu celular, discou para o seu escritório, não demorando em escutar a voz de sua secretaria.

–Cancele meus compromissos de hoje. Tenho alguns assuntos a tratar – falou carrancudo antes de desligar o aparelho e ir em direção a porta de seu apartamento. Em instantes já tinha descido para o estacionamento, entrado em seu carro e ido em direção ao colégio dela. Entrou pelo portão sem identificar-se e com o semblante sério. Caminhou pelos corredores vazios parando em frente a uma porta do primeiro ano. Abriu a porta, abruptamente, sendo recebido pelos olhares confusos e indagadores. – Alguém é amiga de Emma Sartorelli? – indagou ao olhar em sua volta.

–Me perdoe, mas quem é o senhor? – o professor perguntou o encarando. Aquela era a primeira vez em que lhe acontecia algo semelhante.

–Vim procurar por Emma Sartorelli, minha... Sobrinha.

Caroline observou o homem a sua frente sem conseguir entender o que estava acontecendo. Levantou-se timidamente, e o olhou.

–A conhece? – Raoul indagou para a jovem em pé no meio da sala. Ao vê-la assentir, saiu da sala a chamando para acompanhá-lo. Todos olhavam para Caroline com curiosidade ate mesmo o professor que nada entendia.

–O que..houve com Emma? – Caroline perguntou ao homem enfezado no corredor.

–Quando foi a ultima vez que a viu? – perguntou a encarando.

–Ontem..quando saiu do colégio.

–Não teve noticias dela entre ontem e hoje?

–Não. Ela sumiu?

–Não aparece em casa desde ontem. Não atende o celular e não creio que tenha outros amigos.

–E o homem que veio aqui ontem? – disse pensativa – eles pareciam ser muito ligados.

–Homem?

–Sim...

–Como.. ele era?

–Muito parecido com o senhor.. se não me engano era o seu primo que veio.

Raoul parou ficando pensativo durante longos instantes. Lembrou-se da ida de Enrico ao seu escritório. Da sua conversa e das menções ao nome de Enzo, não demorando para juntar as peças do quebra cabeça.

–Desgraçado – falou alto afastando-se de Caroline sem nada dizer. Ela permaneceu parada, ainda confusa com os acontecimentos.

–O que está havendo afinal? – se perguntou.

Raoul andava a passos rápidos pelo colégio, retirou o celular de seu bolso, discou para um numero e logo escutou uma voz conhecida.

–Prepare o helicóptero. Estou indo para a Ilha Capri. Daqui a trinta minutos estarei chegando ai – desligou o aparelho, entrou em seu carro e o acelerou com pensamentos raivosos.

***
Enzo sorriu diante do comentário da bela mulher ao seu lado, a qual encontrava-se vestida de forma sóbria dado o seu trabalho, que seria levá-lo para conhecer a ilha explicando quaisquer duvidas que ele viesse a ter.

–Há mais algum problema na recepção? – ele perguntou ao caminhar envolta da piscina com ela, sem conseguir evitar de admirá-la.

–Não, senhor Belinni – a mulher falou sorridente ao ajeitar a sua saia. Ela possuía cabelos pretos, os quais encontravam-se presos, trajava um conjunto sério na cor rosa claro.

–Preciso de alguns relatórios referentes a quantidade de hospedes durante as épocas mais agitadas e as mais lentas. Para hoje, tem problema?

–Nenhum – sorriu.

–Ótimo – murmurou ao caminhar para a entrada do hotel sendo acompanhado por ela.

–Perdoe-me perguntar, mas...a jovem que veio com o senhor.. o que é sua?

Enzo a estudou com um sorriso na face. Aproximou-se dela a ponto de poder sentir a sua respiração quente.

–Acho que isto não é de sua conta. Seu trabalho é fazer o que mando, apenas isso. – sorriu travesso – espero que traga o relatório antes das seis da noite. – após dizer isto afastou-se a passos lentos.

***
A praia deserta era um convite para a jovem aproveitá-la. Emma sorriu ao entrar no mar com o seu traje de banho verde. Nadou ficando um pouco distante da praia, distraiu-se a tal ponto de não escutar o seu nome ser gritado ou de escutar um barulho familiar se aproximar. Quando retornou a praia, saindo da água com seus cabelos molhados, avistou Enzo sentado na areia acenando para ela de forma entusiasmada.

–Estava me esperando? – ela indagou sorridente, pois havia decidido deixar-se levar pelas emoções.

–Estava – confirmou levantando-se – fui ate o seu quarto, mas não estava então imaginei que tivesse vindo para cá.

–Entendi – murmurou ao olhar em volta – sempre acho estranho... o jeito que esta praia é vazia.

–Não costuma ser assim – confidenciou maroto – Eu que pedi para que o hotel fosse fechado. Quis que não fossemos incomodados ou interrompidos.

Emma o olhou surpresa. Ela nunca havia imaginado isso. Ficou parada vendo-o se aproximar dela, passar os braços ao redor de sua cintura e a puxar para si.

–Se parece com uma sereia de tão bela e encantadora que és – Enzo murmurou antes de beijá-la. Emma sentia que não deveria correspondê-lo, mas optou por ignorar a sensação que sentia e correspondeu ao beijo de Enzo. As mãos dele encontravam-se acariciando as suas costas dando-lhe uma sensação nostálgica. Deixou-se envolver, passou os braços ao redor de seu pescoço sentiu a maciez de seu cabelo ficando inebriada pelo aroma que ele exalava.

Um homem estancou ao ver o casal se beijando tão apaixonadamente. Raoul segurou com força o celular que encontrava-se em sua mão e perdendo o resquício de delicadeza que possuía avançou ate onde eles estavam.

–Linda cena – Raoul disse próximo ao casal batendo palmas, o que acarretou na separação deles e no semblante assustado de Emma. – realmente, fiquei surpreso em ver tal cena... Digna de Shakespeare.

–Raoul... como você descobriu que estávamos aqui? – Enzo indagou ainda com as mãos nas costas de Emma.

–Um marido sempre sabe quando e onde está sendo traído, não concorda Emma? – perguntou olhando para ela com o semblante sério. Ele percebeu o seu nervosismo e a surpresa em seu olhar. – Afaste-se dele e venha ate mim. Vamos embora agora – anunciou grosseiramente.

–Não pode forçá-la a ir com você – Enzo se intrometeu, segurando em sua mão.

–Não? Sou o único tutor legal dela. Se isso não me der poder sobre ela, não sei mais o que dará – argumentou com um sorriso frio no rosto. – então deseja que eu vá ate ai buscá-la? Como quiser – sua voz saiu carregada de ironia e raiva. Caminhou ate onde estava sua esposa, segurou em seu braço e a puxou com força, ignorando a expressão de dor em seu rosto. – e você, não se aproxime dela. – disse olhando para Enzo. Segurou Emma com força e a levou na direção oposta onde Enzo estava inerte. Ela tentou lutar, puxou o seu braço conseguindo apenas que ele ficasse com mais raiva. Ele a levou durante todo o percurso ate o heliporto ignorando o seu traje. Para ele, não importava se ela estava nua ou vestida, ele desejava apenas afastá-la de Enzo o mais rápido possível.

–Largue-me – ela gritou ao passar por um dos poucos funcionários do hotel, que olhou com curiosidade para eles – está agindo como um louco.

–Louco? – riu com sarcasmo – então sou louco por tirá-la dos braços do primo de seu marido? – indagou a largando com força. – é isso? Eu estou errado e você certa?

–Não temos nada. Apenas moramos juntos por um capricho do destino – argumentou passando a mão onde outrora Raoul havia segurado.

–Está sugerindo para termos algo? Apenas assim se comportará como uma pessoa decente?

–Nunca iria sugerir tal coisa a alguém como senhor.

–Alguem como eu?

–Sim... alguém impossível de se conviver. Nunca sorri. Nunca diz um obrigado. Nunca me olha com carinho e me trata com gentileza para no segundo seguinte ser cruel com mais força. Isso não é normal.

–O seu comportamento é normal? Desaparece e vem para uma ilha com Enzo. Pelo amor de deus, é ENZO. O segundo maior playboy da família Belinni.

–Não importa com quem eu estivesse aqui hoje, não é? A única coisa que lhe importo é me ter onde possa me vigiar, não é? – indagou após pensar um pouco – durante esse tempo em que convivemos juntos, fui apenas um fardo em sua vida, estou certa?

–Se estiver irá fazer o que em relação a isso? Vai embora? Para onde? Não tem ninguém que não seja eu. Está presa a mim ate o dia em que eu quiser.

–Não.. Está errado – ela disse séria. – se é assim que quer.. eu vou embora hoje mesmo de sua vida.

Raoul a estudou durante alguns instantes, sorrindo em seguida.

–Vai morar com Enzo? Ridículo. Não irá suportar as mentiras dele por muito tempo. Sabe tão bem quanto eu que ele a deseja agora por ser uma novidade. Quando cansar será tão cruel que desejará não tê-lo conhecido.

–Pode estar certo – sorriu – mas irei lembrar de todos os momentos bons em que passei com ele, enquanto contigo irei apenas me lembrar de toda a angustia que sinto ao estar ao seu lado.

–Angustia? – repetiu sentido a sua impetuosidade tomar conta de si – vamos ver se sentirá angustia com isso - em um único movimento a segurou pela cintura, aproximando os seus corpos. Raoul segurou em sua nuca com força, aproximando os seus rostos e a beijou. Suas mãos apertavam a pele branca de Emma deixando-a avermelhada, mas naquele instante isso não importava. Ele queria demonstrar que ela poderia ser sua, apenas sua.


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