Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 33
Deixando-se levar




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Caroline colocou o longo vestido preto em frente ao seu corpo e sorriu ao ver o olhar positivo de Emma pelo reflexo do espelho. Elas haviam saído mais cedo do colégio para poder encontrar o vestido para a formatura delas que aconteceria em alguns meses.

–Não acha que está sendo muito precipitada? – Emma perguntou ao olhar em sua volta, buscando um vestido para si mesma de forma subconsciente – não deveria procurar um vestido quando estivesse mais perto da data?

–Não acho – sorriu – quanto mais cedo comprarmos, melhor e mais perfeito ele será – disse divertida. – deveria procurar um pra você também.

–Estou sem dinheiro pra isso.

–Mas não gasta nada do que ganha.

–Estou guardando para ir morar sozinha – confessou.

–E.. Raoul sabe? – ao vê-la negar com a cabeça, suspirou – ele poderia te apoiar.

–Provavelmente não.. Por algum motivo ele não quer que eu saia de lá – disse sem firmeza.

–Já perguntou?

–Já..

–E não disse nada?

–Apenas falou que não era de meu interesse – suspirou ao lembrar-se de suas palavras – não sei o que está acontecendo de verdade. Parece que ele precisa de mim para algo. Algo que não deseja que eu saiba.

–Não consegue pensar em nada?

–Não – meneou a cabeça. Ela havia pensando em diversas possibilidades, mas nenhuma com fundamento – não sei mais o que pensar.

–Bem... Tente não pensar nisso então. – sorriu compreensiva.

–Está bem – concordou sem animo.

–Vamos procurar um vestido para você – Caroline falou mudando o animo de Emma – não adianta falar nada. Eu vou pagar como um presente de aniversario atrasado e se não aceitar.., Ficarei ofendida – sorriu ao segurar na mão de Emma e a levar em direção a alguns vestidos.

***
A sexta-feira chegou rapidamente e com ela, o encontro de Emma. A jovem olhou-se no espelho do vestiário de seu trabalho pela quinta vez em menos de dois minutos. O vestido azul folgado estava a deixando desconfortável. Seus cabelos encontravam-se soltos e seus olhos denotavam o cansaço que sentia. Fechou o seu armário, pegou a sua bolsa e suspirou ao sair do vestiário. Passou pelos seus colegas de cabeça baixa, com vergonha do modo como estava vestida. Despediu-se singelamente e ao chegar à saída imaginou o que Raoul estaria fazendo àquela hora.

Caminhou ate o ponto de ônibus e assim que subiu, um carro esportivo estacionou em frente a cafeteria.

Emma olhou para os lados, em frente, ao local onde tinha marcado com Rupert e estranhou o seu atraso. Olhou para o relógio em seu pulso e quando estava prestes a pegar o seu celular escutou o seu nome. Olhou para trás e um sorriso brotou em seus lábios.

–Me perdoe o atraso – Rupert disse ofegante – vim correndo.. Tive um problema e.. Me perdoe.

–Acabei de chegar – mentiu sorrindo.

–Vamos? – perguntou ao segurar em sua mão, levando-a pelas ruas Italianas. Ao caminhar, sentiu sua mão quente sobre a sua e sentiu seu coração bater mais forte e sorriu. Sorriu por perceber que seus sentimentos não haviam mudado por ele. Caminharam por alguns minutos ate ele parar em frente a uma casa, com um sorriso, a puxou em direção à entrada e não demorou para escutar um barulho de musica.

***
Raoul olhou para o relógio fazendo uma careta. Emma já estava há duas horas atrasada. Passou pela sua mente ir buscá-la no trabalho, apesar da ideia lhe parecer muito absurda. Seu plano era continuar em volta a ela para que não pedisse o divorcio durante o tempo que restava.

–Preciso ser gentil com ela durante esse tempo... Apenas isso, mas onde ela se enfiou? – indagou-se perdendo a paciência.

***
Emma segurou o copo temerosa de beber o que tinha dentro. Olhou para Rupert e o viu conversando com um grupo de pessoas do outro lado da sala. A festa seguia animada. Inúmeros jovens dançavam freneticamente conforme a musica, enquanto ela apenas sentia-se deslocada. Em seu intimo havia sonhado com um encontro romântico entre eles.

–Por que estou aqui afinal de contas? – se questionou ao colocar o copo em cima de uma mesa próxima. Caminhou entre as pessoas e ao se aproximar de Rupert, escutou a sua conversa.

–Vejo que trouxe a garota do colégio – um dos garotos disse sorrindo – vai levá-la para o meu quarto mais tarde?

–Quem sabe – Rupert respondeu sorrindo abertamente.

Emma não precisou escutar o resto da conversa para imaginar do que eles estavam falando. Virou de costas e caminhou para a saída. Segurou as lagrimas, a dor da rejeição e do coração partido ao chegar na rua. Olhou em volta tentando lembrar-se do caminho que havia feito, sem sucesso. Percebeu ser tarde da noite ao dar-se conta de ser a única, parada, na calçada.

–O que posso fazer agora? – se perguntou com medo. Abriu a bolsa, olhou para o seu celular e ao recriminar-se, discou o único numero que tanto desejou ver em sua tela. – Raoul..

–Emma? ONDE ESTÁ? SABE QUE HORAS SÃO? – gritou furioso.

Desculpe.. mas poderia me buscar? Não sei onde estou.. – disse timidamente com medo da resposta dele.

Após algum tempo em silencio, ele a ensinou como configurar o seu celular e não demorou para receber a localização dele em seu aparelho.

–Daqui a pouco estou ai. Vá para algum lugar movimentado, não fale com ninguém. – disse antes de desligar.

***
–O que estava fazendo naquela rua? – Raoul indagou assim que Emma entrou em seu carro, trinta minutos após ligar para ele. Ele ainda trajava sua calça de moletom e sua blusa de mangas compridas.

–Eu... Vim com um amigo.. – murmurou ao sentir as suas mãos tremulas.

–Amigo? – repetiu ao dirigir pelas ruas vazias – e ele te deixou sozinha? Belo amigo – ironizou – foi aquele ruivo, por acaso?

–N.. Quer dizer.. Sim.

–Não deveria tentar protegê-lo.

–Não estou...

–Não? – a interrompeu e a encarou ao parar em um sinal vermelho – perguntar o que aconteceu será o mesmo que nada pelo que percebi. Da próxima vez não vá para qualquer lugar que te chamarem. Me entendeu?

Ao vê-la assentir em silencio, suspirou. Não queria demonstrar preocupação exagerada ou frieza, mas era o que estava demonstrando para ela naquele instante. O restante do caminho foi feito em silencio com exceção do som do vento presente pela janela aberta. Assim que Raoul estacionou o carro em sua vaga no edifício, Emma desceu andando na frente. Apertou o botão do elevador e não demorou para as pesadas portas se abrirem e perceber que lagrimas inundavam os seus olhos. Ficou parada vendo as lagrimas caírem pelo seu rosto, fechou os olhos e segundos depois sentiu um braço envolta de sua cintura, aconchegando-a ao seu corpo quente.

–Chorar por ele não vai revolver nada – Raoul sussurrou em seu ouvido fazendo-a estremecer. Manteve os seus olhos fechados com medo de ver alguma expressão nos olhos de Raoul.

–Não estou chorando por ele – confessou de olhos fechados.

–Chora pelo o que então?

–Pela dor do amor.

Raoul manteve o seus braços envolta de sua cintura e olhou para o reflexo dela no espelho. Não quis admitir, mas teve vontade de a beijar e a levar para a sua cama naquele instante.

–Não sei por quê... Mas tenho que fazer isso – ele murmurou ao retirar os braços e a virar para ele. Viu o olhar dela confuso ao abri-los e o encarar. Segurou em seu queixo, sentiu o halito quente dela e a beijou antes que se arrependesse. O gosto dos lábios de Emma mesclavam-se com o sabor salgado de suas lagrimas. Os braços dela rodeavam o seu pescoço, enquanto as mãos dela enlaçavam a sua cintura. Naquele horário ninguém passava pelo saguão do edifício, o elevador fez um barulho, fechando as suas portas e o casal apenas manteve-se trocando beijos e caricias.


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