Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 32
Novas surpresas




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–Não acha que deveria parar de tentar ajudá-la com Raoul? – Enrico falou ao ver Enzo arrumar-se para ir trabalhar. Eles não havia mais tocado no assunto sobre os sentimentos de Enzo desde a noite anterior.

–Como assim? Prometemos que iríamos nos divertir, se lembra? – o sorriso de Enzo poderia aparentar ser verdadeiro para todos, com exceção de Enrico, que o conhecia bem.

–Se estiver gostando dela, de verdade, conquiste-a. Raoul não há merece. Nos dois sabemos disso.

–Enrico...

–Faça o que tem vontade.

–Não posso fazer isso – murmurou.

–Por que não?

–Se eu fizer isso... A empresa irá para Giovanni.

–E daí? Seu dinheiro continuará sendo seu.

–Sabes tão bem quanto eu que o único preparado para este cargo é Raoul.

–Então espere um ano. Eles irão se separar e vocês poderão ficar juntos.

Enzo o olhou tentando sorrir, otimista. Ele sabia que Emma já começava a nutrir sentimentos por Raoul e ele por ela.

–Essa guerra eu já perdi – disse para Enrico ao sair do quarto. Saiu de casa pensativo e não demorou para chegar a seguradora. Assim que chegou foi para a sala de Raoul e estranhou não vê-lo.

***
Emma abriu os olhos sentindo o seu corpo languido. Olhou em volta e respirou aliviada ao se ver em seu quarto. Levantou-se e pela primeira vez percebeu estar apenas de lingerie.

–Como isso aconteceu? – se perguntou confusa. Levou o seu dedo aos lábios tentando recordar-se de tudo que havia acontecido.

Raoul arrumou a sua gravata, olhando-se pelo espelho, e não conseguia evitar um, largo, sorriso em sua face.

Flashback on

Emma retirou os sapatos assim que entrou no apartamento. Ela caminhava em frente a Raoul e ao jogar o par em um canto da sala, sorriu para ele.

–Fui uma boa companhia hoje? – ao vê-lo calado apenas a olhando, ela bufou. Andou ate onde ele estava, ficou na ponta dos pés e olhou em seus olhos – Fui ou não?

Raoul ainda não conseguia se acostumar com o jeito de Emma. Ele achava tudo estranho e convidativo demais.

–F.. Foi – falou hesitante. Viu o sorriso em sua face e antes que pudesse fazer algo, ela lhe beijou. Um beijo rápido e terno. – Porque me beijou?

–Para agradecer pela dança – falou marota ao se afastar dele.

Ele continuou parado na sala, olhando-a se afastar com, pouca, confiança.

Flashback Off

–Eu deveria deixá-la beber com mais frequência – se viu dizendo, sozinho, dentro do carro. O que o fez arquear uma sobrancelha. Estacionou o carro em sua vaga, pegou o elevador, ignorando os olhares de reprovação das pessoas que passavam por ele. Ao abrir a porta de sua sala, viu Enzo sentado, o esperando. – Veio cedo – comentou ao ir em direção a sua cadeira.

–Raoul.. Porque chegou tarde?

–Acordei tarde – olhou para Enzo e sorriu – por quê? Acha que eu faria algo com uma criança? Não seja ridículo. Estou contando os meses para me separar dela.

Enzo o estudou durante alguns segundos.

–Continua um hipócrita.

–Como?

–Qualquer um viu que gosta dela naquele jantar. Porque não admite de uma vez? Porque insiste em dizer que não sente nada e que vai se separar dela?

–És algum tolo? Sabes muito bem o motivo de eu estar casado com ela e morando sobre o mesmo teto.

–Sim, mas isso...

–Não seja tolo. Nunca iria me apaixonar por alguém como ela.

–Alguém como ela? – Enzo o olhou sem acreditar – eu vi. Você a beijou em frente a todos, sem necessidade. Você a ama.

–Desde quando beijar alguém é uma declaração de amor? – perguntou sarcástico – acho que está vendo romance demais.

–É você que esta vendo de menos. Nem sabe admitir quando ama alguém.

–Enzo.. Imaginei que já houvesse aprendido isso há muito tempo: “A ambição de poder é a mais forte de todas as paixões." Achas mesmo que eu vou me deixar cegar por uma mulher quando posso ter este império?

–Como consegue ser tão frio?

–Sempre fui assim – disse sorrindo.

–Espere... – Enzo o encarou sem piscar ou respirar – está fazendo com que ela se apaixone por você para que não peça o divorcio, é isso mesmo?

–Talvez – murmurou misterioso divertindo-se com o semblante pasmo de Enzo.

–Se estiver fazendo isso, eu lhe juro Raoul, que irá se arrepender.

–Está me ameaçando?

–Sim, estou – garantiu ao olhar sério para ele. Deu-lhe as costas e saiu a passos rápidos.

Raoul fechou os olhos ao escutar o som da porta sendo batida. Suspirou, levantou-se e ficou de frente para a sua janela. Avistou o céu acinzentado e não conseguiu evitar um aperto em seu coração.

–Enzo... Sentir, querer, admitir e confessar são coisas diferentes. Não posso me dar ao luxo de me apaixonar por alguém 15 anos mais nova. Já lutei muito para chegar onde estou e não deixarei nada destruir isso. É perturbador ver o olhar de reprovação de todos a sua volta. É ainda pior ter vergonha de se olhar no espelho por achar que o que está acontecendo é imoral. Não quero ficar com ciúmes de qualquer jovem que se aproximar dela. Não quero ser instável. Quero continuar o mesmo homem frio e seguro de si. Eu preciso disso para viver. – confessou, sozinho em sua sala.

***
Emma olhou para o seu celular pela milésima vez em menos de vinte minutos. A ansiedade a estava corroendo. Aos poucos as imagens da noite passada povoavam a sua mente, e deu-se conta do que havia feito. Ela havia sido... “despreocupada”pensou ao suspirar.

Rupert conversava com seus amigos até olhar para o pátio e ver Emma sentada sozinha. Despediu-se deles e não demorou para parar em frente a ela.

–Esperando uma ligação? – Rupert perguntou sorrindo ao ver o olhar assustado dela.

–Hã.. Olá – sorriu com as faces avermelhadas – me desculpe, não temos nos falado muito, não é?

–É, mas eu entendo e perdoo se sair comigo.

–Sair?

–Sim.

–Quan...Quando?

–Sexta à noite. Tem um lugar que quero que veja comigo. Aceita?

Emma assentiu ainda hesitante.

–Nos vemos depois então – Rupert despediu-se rapidamente.

***
Raoul olhou para o relógio em seu pulso e após praguejar um impropério, retirou a sua gravata e saiu da sala.

–Senhor Belinni – a sua secretaria o chamou – tem uma reunião daqui a 40 minutos e...

–Cancele – a interrompeu sem parar de andar – melhor, remarque. Estarei de volta em uma hora.

Ela assentiu confusa. Aquela era a segunda vez na semana em que ele saia no horário do almoço.

–Estranho – murmurou ao se sentar em sua mesa.

O carro esportivo dirigia pelas ruas da Itália a toda velocidade. Ele já nem sabia quantas multas receberia no fim do mês. Ao estacionar o carro em frente ao colégio, olhou em volta pensando no único motivo de estar ali.

A empresa que é minha por direito. A seguradora Felicitá” pensou inúmeras vezes.

Emma caminhava distraída pelo pátio do colégio na saída. Ao passar por algumas garotas no portão, foi em direção ao ponto de ônibus ate esbarrar-se em alguém. Olhou para pedir desculpas, ficando sem palavras ao ver Raoul.

–Raoul... O que faz aqui de novo? – perguntou temerosa. Ela não iria suportar outro jantar como o que havia ido.

–Vim lhe buscar.

–Não precisava ter vindo. Eu vou para o trabalho agora e...

–Apenas entre no carro – disse mal humorado ao ver as pessoas os olhando com curiosidade. Já estava perdendo a paciência quando viu o mesmo jovem da foto andando em direção a eles.

–Emma? – Rupert a chamou.

–Oi – o cumprimentou sem graça. Olhou para Raoul e em seguida para Rupert.

–Sou Rupert – estendeu a mão para Raoul – sou colega de classe de Emma.

Raoul o olhou de cima a baixo, demoradamente ate segurar em sua mão.

–Raoul Belinni – falou simplesmente deixando Emma inquieta.

Rupert sorriu sem graça diante do olhar de Raoul e quando estava prestes a dizer algo, uma musica foi escutada por todos. Os dois homens olharam para Emma, a qual apenas fez uma careta, recriminando-se a si mesma por não ter trocado o toque de seu celular. A mesma musica que ela havia dito que lhe lembrava Raoul tocava insistentemente. A mesma musica que havia dançado com ele.

–Droga... – sussurrou ao procurar o aparelho em sua bolsa. Ela tentou não olhar para o semblante de Raoul ate desligá-lo. Olhou para Rupert e sorriu – Eu estou indo, depois marcamos. – nervosa, afastou-se rapidamente indo em direção ao carro de Raoul.

–Deveria ser contra a lei. Jovens como ela não deveriam sair assim a luz do dia. Nunca vi uma jovem seduzir um homem tão bem – sussurrou para si mesmo ao seguir Emma. Quando a musica tocou, não conseguiu evitar que um sorriso surgisse em seus lábios.

O coração de Emma batia descontrolado em seu peito. Em seus sonhos aquela cena já havia se repetido inúmeras vezes, entretanto em todas Rupert descobria que ela era casada e se afastava dela.

Afinal.. porque eu me preocupo tanto com o que Rupert vai pensar? Ele iria entender se eu contasse a verdade, não é?” se perguntou.

Raoul ligou o carro, dirigindo em silencio em seguida. O radio encontrava-se desligado e Emma com os pensamentos longe.

–Não vai me perguntar o motivo de ter ido te buscar? – ele indagou ao olhar de soslaio para ela, rapidamente.

–O motivo? – repetiu voltando a prestar atenção nele – verdade... Esta é a segunda vez que vem me buscar. Não irá me levar para alguma festa não, né?

–Não, fique tranquila. Já fizemos a nossa atuação do mês – disse com um leve sorriso em sua face, o que não passou despercebido por Emma.

Ela ficou o olhando, impressionada pelo seu sorriso.

–Porque não lhe vejo sorrir sinceramente? – disse sem perceber, levando a mão aos lábios em seguida, arrependida.

–Apenas não tenho motivos para rir. – sua voz foi fria e dura, o que deixou Emma pensativa. O silencio voltou a reinar no interior do carro e sem perceber, Emma começou a se perguntar do motivo de Raoul ser daquele jeito. O que havia o tornado assim e de alguma forma sentia vontade de poder lhe ajudar. Ela queria vê-lo sorrindo, um sorriso verdadeiro sem ironia ou deboche.

–Chegamos – ele falou ao estacionar o carro em frente ao café onde ela trabalhava – a partir de hoje irei lhe buscar no colégio, todos os dias.

–Por quê? – indagou surpresa e confusa ao encará-lo.

–Não questione apenas aceite – falou olhando em seus olhos. Retirou o seu próprio cinto de segurança, e sem desviar o olhar, fez o mesmo com ela. Seus rostos se aproximaram ficando poucos centímetros próximos um do outro.

–Raoul... – murmurou o nome dele com a voz languida – porque está fazendo tudo isso? Imaginei que...

–Não imagine coisas – a interrompeu sério colocando uma mecha de seu cabelo para atrás de sua orelha – estou apenas fazendo o que deve ser feito. – afastou-se dela, olhou para o relógio no pulso e a olhou – vai se atrasar. – ficou a vendo sair do carro, confusa e assim que se viu sozinho, suspirou ao perceber o quanto estava atrasado para a sua reunião – Ficar com esta empresa está sendo mais difícil do que havia imaginado – percebeu ao acelerar o carro.

Emma olhou pela janela do café, Raoul se afastar rapidamente. Sem conseguir evitar, sorriu.

–Ele não é tão mal quanto aparenta ser. – “Desse jeito... Posso ficar em duvida de quem eu amo” pensou ao começar a trabalhar.


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