Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 27
Uma doce sensação




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Emma abriu a porta do apartamento com receio. Não esperava que seu encontro tivesse demorado tanto, mas sentia-se como se houvesse traído Raoul de alguma forma. Meneou a cabeça para espantar tais pensamentos ao entrar no apartamento, o qual encontrava-se escuro com apenas a luz de fora iluminando o cômodo da sala. Trancou a porta e caminhou em direção ao seu quarto. Assim que colocou a mão na maçaneta da porta escutou o barulho da porta de Raoul abrindo, virou-se ficando sem ar ao vê-lo sem camisa, vestindo apenas uma calça de algodão.

–Boa noite.. – ela murmurou sem graça. Abaixou os olhos sentindo as suas faces avermelhassem.

–Chegou muito tarde – falou sério observando as reações da jovem a sua frente – onde estava?

–No cinema.

–Com quem?

Emma ergueu a cabeça fitando-o. Aquela era a primeira vez que ele lhe fazia uma pergunta tão pessoal.

–Com... R...Um amigo.

–Amigo – repetiu com sarcasmo. – lembre-se que para a minha família somos casados. Tente conter seus hormônios durante um ano e não saia em publico com qualquer garotinho. Para os Belinni, és casada comigo e é fiel. E quero que continuem pensando assim. Estamos entendidos?

–Mas porque isso? Seria mais fácil contar a verdade – disse pensativa – eles devem saber que isso é uma mentira.

–Não se preocupe em entender, apenas faça o que eu digo. É o mínimo que deve fazer já que mora em minha casa e tem tudo o que precisa.

Emma fechou a mão com força ao escutar as palavras dele. O sangue subiu em sua cabeça.

–Não lembro-me de ter pedido para vir morar aqui. O único que foi atrás de mim, foi o senhor. Também não me lembro de ter implorado por sua ajuda.

Raoul sorriu de lado ao perceber que nem sempre ela era dócil.

–Costuma mostrar suas presas? Isso é interessante – murmurou ao caminhar ate ela, parando em sua frente. – Imaginei que fosse um coelho indefeso, mas me enganei.

–Estou dizendo apenas a verdade e se não me queria aqui porque me trouxe? Um casamento desse tipo não deve ser motivo suficiente.

–E não é – falou misterioso ao encará-la. Segurou o seu queixo, erguendo-o um pouco, e sem que percebesse já havia tomado os lábios dela. Fechou os olhos ao sentir a maciez dos lábios de sua esposa, tentando não imaginar o quanto assustava ela se encontrava.

Emma manteve-se paralisada. O beijo que Raoul lhe dava era diferente de tudo. Por mais incrível que parecesse, o sabor dele conseguia apagar o de Rupert facilmente. Ela fechou os olhos, recriminando-se, e correspondeu com ardor o beijo que recebia. As mãos de Raoul encontravam-se na cintura dela, apertando-a contra si quase deixando-a ciente do desejo dele por ela.

No meio de um corredor, em um apartamento, na Itália duas pessoas se beijavam ardentemente ignorando todos seus pensamentos.

Raoul não sabia, mas sentia a necessidade de mostrar a Emma, que ela era dele, enquanto ela deixava-se levar pela sensação inebriante dele em seus braços. A razão já começava a deixar a mente deles quando Raoul se pós a beijar o pescoço dela antes de empurrá-la contra a parede. Suas mãos moviam-se pelo seu corpo, mas ao erguer as pernas dela colocando-as na direção de sua perna, parou. A soltou e se afastou abruptamente. Passou as mãos pelo cabelo em forma de confusão.

–Boa noite – falou antes de correr em direção ao seu quarto. Trancando-se em seguida.

Emma fitou o nada ao levar a mão ao seu coração. Ela não havia percebido o perigo que corria naquele casa ate aquela noite.

–O que eu estava prestes a fazer? – se perguntou confusa ao lembrar-se dos beijos dele – como alguém pode ter tamanho poder sobre mim?

Raoul encostou-se na porta com o semblante desesperado.

–O que está acontecendo comigo? Nunca imaginei ter complexo de Lolita – falou a si mesmo antes de suspirar. Andou até a sua cama sabendo que não dormiria aquela noite e temia que o mesmo acontecesse mais vezes. – Tenho que me afastar dela.

***
Raoul andou de um lado para o outro a espera que Enzo chegasse na empresa, o que só aconteceu minutos depois. Enzo assim que abriu a porta sorriu, largamente, ao ver o seu primo desesperado.

–Ela já pediu o divorcio? – indagou bem humorado.

–Preciso de sua ajuda – disse direto deixando Enzo interessado – eu pagarei todas as despeças, mas peço que deixe Emma ficar em sua casa.

–Não... Estou entendendo – murmurou confuso fechando a porta – o que houve? Ela quer sair de lá?

–-Enzo... Isso está errado. Tenho 30 anos, não posso ficar morando embaixo do mesmo teto que minha esposa de quinze anos. Isso não é correto.

–Vocês moram como irmãos. Não se preocupe, ninguém está lhe recriminando.

–O problema não é esse – confessou ao afrouxar a gravata. Tudo estava lhe sufocando. Aquela seria a primeira vez que demonstrava fraqueza para Enzo.

–Qual é? Senti-se atraído por ela por acaso? – falou sorrindo, mas ao ver o semblante sério de Raoul percebeu ser verdade – ”Isso é interessante” pensou entusiasmado. –Se for isso, qual o problema? É casado com ela, estão morando juntos e é o tutor legal dela. Tudo está ao seu favor.

–Não é porque estou segurando uma arma que vou atirar.

Enzo ficou parado tentando entender a analogia até levar a mão a sua cabeça.

–Você pensa demais, Raoul. Tem certeza que quer deixá-la em minha casa? Sabe tão bem quanto eu que as mulheres entram lá puras e saem devassas – gracejou – deseja isso para ela?

–Sei que não fará nada.

–Eu não... Mas Enrico está lá em casa. Tenho certeza que ele irá fazer – mentiu, segurando-se para não rir do desespero de seu primo.

–Enrico? Aquele desgraçado. Vou matá-lo – anunciou ao ir em direção a porta sendo detido por Enzo – me solte.

–Fique tranquilo. Não deixarei que ele e Emma fiquem sozinhos, certo?

–Acha que estou preocupado com isso? – esbravejou – por culpa dele... Eu ficou sentindo calafrios ao me imaginar preso aquela menina por toda a vida. Se aquela noite der frutos, eu prometo que irei matar Enrico e jogar o seu corpo para os tubarões.

–Não se preocupe, tenho certeza que não deu em nada. Se acalme agora.

–Como se fosse possível – resmungou antes de ser soltado por Enzo.

–Se está ficando tão louco pela garota apenas leve-a para cama – Raoul o olhou com tamanha frieza que Enzo sentiu um calafrio – se não quiser apenas procure alguém parecida. Não crie tanta confusão por nada. Fica parecendo que está apaixonado por ela, meu primo.

Raoul não queria ponderar sobre essa questão e em questão de segundos viu-se fora da sala de Enzo.

–Porque diabos fui pedir ajuda a ele? Devo estar desesperado – sussurrou ao caminhar entre os empregados, os quais encarava-o com curiosidade.

***
–Muito bem me conte tudo – Caroline disse assim que Emma sentou-se ao seu lado da classe.

–Do que.. está falando? – perguntou nervosa lembrando-se do beijo de Raoul.

–Ora de seu encontro do que mais poderia falar?

–Ah.. Verdade – murmurou aliviada – fomos ao cinema, apenas isso.

–Vai me dizer que não teve nada? Quero os detalhes, os menores.

–Nos.. Nos beijamos – disse envergonhada.

–Isso é ótimo – falou animada – mas vocês estão namorando? Quero dizer, será estranho ter um marido e um namorado.

Emma manteve-se em silencio. Nem ela sabia o que tinha com Rupert e não sabia se desejava ser sua namorada na situação em que se encontrava.

–É bom se preparar porque seu amor está vindo ai – Caroline sussurrou para Emma, a qual olhou para a frente vendo Rupert caminhar, confiante, em sua direção.

–Oi – Rupert a cumprimentou antes de depositar um leve beijo em seus lábios, atraindo a atenção de todos na sala. – Pensei que me ligaria quando chegasse em casa.

–Me desculpe eu... – “Estive beijando meu marido e me esqueci” pensou – achei que estava tarde. Não queria incomodar.

–Bobagem – falou sorridente – alguns amigos estão indo hoje depois do colégio se divertir, quer vir?

–Não posso – disse sem coragem de dizer o verdadeiro motivo.

–Tem algum compromisso?

–Quase isso – falou evasiva.

Caroline não entendia o porquê dela estar ocultando o seu emprego, mas optou por ajudar a sua amiga.

–Ela já marcou de sair comigo, sinto muito – Caroline falou sorrindo deixando Rupert mais a vontade – da próxima vez, ela vai.

Ele assentiu e antes de sair deu outro beijo nela.

Emma levou as mãos aos lábios e estranhou ao senti-los frios. “Quando Raoul me beija eles ficam quentes. Tão quentes quanto meu coração, mas porque com Rupert, o garoto que amo, eles ficam frios?”.


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