Duas pessoas andavam pelas ruas de Magnólia de mãos dadas. Já era noite, a cidade estava iluminada e muitas pessoas andavam pelas ruas.

–Tia Mira ~ , ainda falta muito para chegarmos à casa da senhora? – A loirinha perguntou arrastando as palavras.

–Ainda falta um pouco! – A albina sorriu simpática – Por quê? Já está cansada?

–Hai! – Ela já havia percebido isso, pois os passos primeiro tornaram-se mais lentos, depois a aparência cansada.

–Vem aqui então! – A Strauss estendeu os braços, pegando a pequena no colo. A garotinha sorriu e a agradeceu – Você nunca foi a minha casa, certo?

–Não. Mas aposto que ela deve ser bem bonita, já que a senhora mora lá! – As suas sorriram, caminhando pelas ruas cada vez mais vazias.

[...]

Após mais alguns minutos de caminhada, chegaram à casa dos irmãos Strauss. Ela era um pouco grande, talvez pelo fato de que três pessoas habitassem o local, e aparentava ser muito organizada. Na frente alguns canteiros de flores de vários tipos e uma árvore um pouco maior que a casa.

Mirajane abriu a porta. Esperando por ela estavam Elfman e Lissana, que ao ver Lucy no colo da irmã, pulou do sofá onde estava atirada.

–Então é verdade que a Lucy virou criança! Nossa, ela tá tão fofa! – Disse, tomando a criança da mais velha e apertando-a em seus braços enquanto esfregava seus rostos.

Ao ser solta, percebeu-se que o rosto da loira estava corado, o que apenas piorou com o grito másculo do único mago que ali estava – Ser fofo é coisa de HOMEM!

–Vocês dois, parem com isso! Estão deixando Lucy constrangida. – Mira os repreendeu, e se agachando, se dirigiu a garotinha – Lucy, você quer comer algo?

–Hai! – Gritou em um pulo.

–Eu também quero Nee-chan! – Gritou o Strauss.

–Hai! Hai! Você também vai querer Lissana? – A irmã mais nova assentiu – Certo, esperem um pouco enquanto preparo alguma coisa – Disse, indo em direção à cozinha.

Passados alguns segundos, Mirajane voltou – Nee-chan, já está pronto?

–Não... Não temos nada... – Ela suspirou – Vou sair e comprar algumas coisas, Elfman, Lissana, cuidem da Lucy.

A expressão de tristeza e fome do mago rapidamente sumiu – Ser babá é coisa de HOMEM! – Todas as garotas riram do grito másculo, inclusive Lucy, que até então estava preocupada pelo fato de ser cuidada por um idiota.

A albina rank-S saiu para procurar algum lugar que ainda estivesse aberto. Para os três que ficaram, restou o silencio, que foi quebrado por uma albina animada – Lucy, você tá tão fofinha! Dá vontade de apertar! – Disse, pulando sobre a pequena e a apertando em um abraço.

–Abraçar fofuras é coisa de HOMEM! – Gritou, esmagando as duas em um abraço super apertado.

–Elf-nii... – O homem percebeu o que seus poderosos braços estavam fazendo, então as soltou. A garota soltou um suspiro enquanto o irmão se desculpava sem jeito.

–Tio Elfman – Chamou a pequena, ganhando a atenção da montanha – Porque você fica gritando HOMEM!? – Perguntou, tentando imitar o “HOMEM!”, o que sinceramente não combinou muito com sua voz fina e delicada, arrancando risadas das duas babás.

–Porque ser HOMEM é coisa de HOMEM! – Gritou. As duas garotas ficaram encarando-o, sem entender nada daquela frase – O que foi?

–Nada – Responderam juntas.

–Voltei! – A porta se abriu e uma maga cheia de sacolas a cruzou.

–Tia Mira! – A loirinha correu ao seu encontro, ganhando um abraço apertado.

–Nee-chan, deixa que eu carrego as sacolas! – Ofereceu-se, pegando as sacolas e levando-as para a cozinha.

–Certo, agora eu vou preparar algo, então esperem aqui, entenderam? – Disse, saindo da sala, deixando novamente apenas os três.

–Em Lucy, o Natsu também ficou fofinho? – A garotinha ficou encarando a Strauss – É que eu e o Elf-nii estávamos em uma missão, e quando voltamos eu vim direto para casa enquanto ele ia à guilda, então eu não pude ver o Natsu... – Terminou, estava emburrada.

–A-Acho que sim! – Respondeu com um sorriso nervoso. Algumas lembranças do dia voltaram à sua mente: Eles acordando meio que abraçados, as roupas caindo, o momento em que entravam na guilda, quando ele falou da calcinha dela, da brincadeira no balanço e do beijo que havia lhe dado. Seu rosto corou com esta última memória.

–O que foi Lucy? Seu rosto está vermelho. – Reparou Lissana – Não me diga que é por causa do Natsu! – Disse com um notável sorriso malicioso.

–Kyaaahhh!!! – A vontade da pequena era gritar. Mas por quê? Qual o motivo de estar envergonhada? – E-Eu...

–Está pronto! – Mira gritou. A chibi agradecia mentalmente à maga.

[...]

–Tia Mira, a senhora quer ajuda para limpar os pratos? – Perguntou. Antes que ela pudesse responder algo, começou a tirar a mesa.

–Claro! – Respondeu sorrindo, observando-a trazer alguns pratos. – E então Lucy, gostou da minha comida?

–Hai! A sua comida é muito gostosa! – Ela abriu um sorriso, fazendo com que a albina também sorrisse. Demoraram mais alguns minutos limpando tudo e conversando sobre coisas, e ao terminarem, suspiraram juntas.

–Obrigada Lucy! – Ganhou mais um sorriso em resposta – Bem, o Elfman e a Lissana já devem estar dormindo, então o que acha de tomarmos banho antes de nos deitarmos?

–Hai! – Gritou após cheirar dentro da camisa. Correu puxando a maga pela mão – Mas onde fica o banheiro? – Mirajane sorriu, e guiando-a pela mão, a levou até lá.

Graciosamente a mulher retirou suas roupas e ajudou a pequena a tirar as dela – Lucy, sente-se aqui. Vou lavar suas costas! – Ela obedeceu, sentando-se em um banquinho para que a esfregassem. – Certo, agora é a sua vez!

Ela entregou a esponja para Lucy, que agora esfregava com cuidado as costas da sua responsável. Em um relance de ideias, lembrou-se de algo importante – Tia Mira, eu não tenho outras roupas!

–Não se preocupe, eu consegui arrumar algumas – Respondeu com um sorriso. A garota também sorriu e voltou a esfrega-la.

Após terminarem o banho e colocarem seus pijamas, as duas magas foram para o quarto e deitaram-se na cama.

–Eu posso mesmo dormir com a senhora? – Perguntou, um pouco tímida.

–Claro! – Uma resposta simples acompanhada por um sorriso.

Passou-se algum tempo, os olhos castanhos de Lucy continuavam bem abertos, encarando o teto. Seu corpo inquieto se revirava de um lado para o outro da cama, o tempo continuava passando, o relógio com seu infinito tic-tac. Olhou para o rosto da albina, que aparentava dormir tranquilamente. Continuou se virando de um lado para o outro, sentia falta de algo que não conseguia explicar, por mais que estivesse calor, sentia frio, uma sensação gélida em seu interior, sentia falta de algo quente a envolvendo.

–Tia Mira... – Sussurrou, esperando que nenhuma resposta viesse.

–O que foi Lucy? – Ela estava acordada, ainda bem... – Não está conseguindo dormir?

–Não... Eu estou preocupada com o Natsu. Será que ele está bem? – Estava de costas para a Strauss.

–Então é isso que está te incomodando – Ela segurou a mão da loirinha – Não se preocupe! Ele está com a Erza, tenho certeza de que ela irá cuidar bem dele – Lucy se virou para ela. Seu rosto estava vermelho e com uma expressão chorosa. Por mais que reclamasse, sentia falta de ficar exprimida com ele na pequena cama de seu apartamento.

–Eu sinto falta dele... – Sua voz quase sumiu na tentativa de pronunciar tais palavras.

–Eu sei... – A maga mais velha a abraçou – Mas tente dormir, assim quando for vê-lo amanhã, estará bonita e cheia de energia e poderá aproveitar melhor seu tempo com ele!

A pequena sorriu totalmente corada. A albina beijou sua testa e ficou de frente para ela, olhando-a nos olhos.

–Boa noite Lucy!

–Boa noite Tia Mira!