Isso a fazia lembrar que ainda estava viva escrita por Monica Romero


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora.
Boa Leitura...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434635/chapter/3

Max e eu caminhamos por muio tempo, ficamos perdidos na presença do outro que eu mesma esqueci que queria que ele fosse conhecer Ilsa.

Expliquei para ele de quando eu entregava roupas para ela, de seu falecido filho, de quando a crise aumentou e fui mal comportada e de quando Rudy e eu roubamos os livros que lia enquanto ele estava desacordado. Depois de tudo isso disse apenas que ela soube que sobrevivi e me adotou.

–Não deve ser fácil, ser adotada novamente. -Max tinha dito aquilo com muito cuidado. O que me impressionou e provava o pensamento que eu tinha de que ele tomava muito cuidado com as palavras para não ferir nós dois.

A guerra nos assolou, mudou tudo em nós. Nossa perspectiva do futuro, nossa incerteza no presente e a dor do passado foi tudo o que nos restou.

Se não tomarmos cuidado iremos quebrar o vidro rachado que somos.

–Nunca foi.

Parei na porta da frente e depois de abri-la entramos.

–Ilsa?

Escuto o som de seus chinelos chiarem na cozinha.

–Mamãe. Temos visita.

Não demora muito para ela vir nosso encontro, como sempre, usando roupão.

Ela estava tão distraída com a tigela que carregava, que nem se deu conta de Max, parado ao meu lado.

–Olá querida. Pensei que chegaria mais tarde... -Ela finalmente nos viu. -E quem é este senhor? -Ela lhe sorriu.

–Sou Max. Max Vandenburg.

Ilsa olhou estática para a mão levantada de Max, que continuava estendida, em um segundo sua boca se abriu e ela soltou a tigela de sua mão.

–Mamá! -Exclamo tentando limpar toda sujeira deixada pela massa de biscoito no chão.

–Ma... Max?! O judeu?

–Sim. -Responde Max meio acanhado.

–Você está... Está vivo!

Ela sorri e o abraça tão espontaneamente que quase o derruba.

–Deus do céu! Pensamos que estivesse morto! Procuramos tanto por ti!

Ela se afastou e analisou seu rosto, depois suas roupas e, por fim, seu rosto novamente.

–Oh Max! Quero que me conte tudo! Liesel me contou muitas coisas sobre você, meu marido e eu ficamos muito curiosos a seu respeito. Procuramos você desde que as tropas do exército vermelho chegaram. Vejo que você está ótimo! Quantos anos tem?
Nunca a vi falar tanto.

–30.

Quatorze anos. Será muito? Ele tem praticamente o dobro.

–E gostou de Liesel? Ela se tornou um bom partido não é mesmo?

Coro de vergonha. Não ouso levantar o olhar da tigela virada de cabeça pra baixo.

Que vergonha.

Será que ele só vai se educado? Ou será que ele responda sinceramente?

–Sempre soube que seria. Mas admito que ela está muito mais bela do que todos meus sonhos.

Sonhos? Ele sonhava comigo?

–Eu sei que sim. Liesel mostre a biblioteca para Max. Vou chamar seu pai para se ajuntar a nós na janta. Fiquei a vontade Max.

–Obrigada.

–Deixe isso Liesel e vá logo!

Eu obedeço. Relutante.

Desde a última vez que roubei um livro com Rudy, nunca mais entrei na biblioteca com outra pessoa. Não queria matar essa lembrança dos cabelos cor limões. Este era um lugar só nosso. Foi nosso ponto de encontro de várias semanas.

Paro na porta embora deixe Max entrar. Somente o observo, não tenho coragem para entrar.

–Isso deve ser um paraíso para você, ladra de livros - sorriu ele.

–É sim. Amo esse lugar.

Ele olhou para mim e seu sorriso desfez um pouco.

Não podia esconder dele minha dor.

–------

Não demorou muito para Ilsa nos chamar para o jantar. Max de inicio não queria dizendo que não estava vestido para aquela ocasião, mas não aceitei um não como reposta.

Esperamos Herr Hermann chegar e depois das apresentações começamos a janta.

O prefeito fazia diversas perguntas para Max, eu ficava até receosa do que ele poderia perguntar, afinal ele serviu aos nazistas.

Depois que a guerra acabou, muitos tentaram aparentar ser os bonzinhos da história. O que na verdade era uma farsa. Ilsa realmente queria me adotar por gostar de mim, mas o prefeito concordou não com essas intenções. Para ele seria muito mais vantajoso para suas eleições dizer que adotou uma das vítimas da guerra que assolou o país.

E eu não gostava disso.

Logo as eleições chegariam. Ouvi escondida o discurso que ele pretende usar. E não gostei nem um pouco dele.

Trabalhar com Alex não era apenas um alivio. Era também uma maneira de conseguir aos poucos independência, mesmo que isso custasse dor para Ilsa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou gostando mto dos comentários. Pf continuem mandando.
Bjo