UCLA, 2002

“Eu não sei mais o que fazer.” Murmura James enquanto caminha profusamente de um lado para o outro no dormitório que dividia com Sirius. Seu colega de quarto e Remus o encaram em confusão.

“Dá pra ser mais específico?” pergunta Sirius.

“Ok, ok.” Responde o outro, respirando fundo e parecendo nervoso. “O que eu vou dizer é muito sério e eu estou quase tendo uma síncope aqui, então...”

“Você não vai desmaiar né?” Diz Remus preocupado. “Não queremos repetir o episódio da prova de cálculo I.”

“Está bem, respire fundo. Lá vai.” James para no meio do quarto, os dois amigos o encarando confusos e aflitos. “Acho que estou apaixonado.”

Há uma pausa de lentos segundos... Seguidos de gargalhadas.

“Hahahahahaha- isso é- hahaha- você? – haahhhaha – apaixonado?” Sirius ofega entre risadas, Remus acompanhando-o. Ambos tinhas lágrimas dos olhos e suas mãos na barriga.

James revira os olhos e encara o teto, como se já esperasse a reação.

“Acabou a gracinha?” pergunta irônico. “Posso falar?”

“Espera.” Remus fala ofegante. “É sério?”

“Awn, Prongs, não sabia que se sentia assim! Eu aceito!” Sirius brinca.

“Calados, os dois.” James diz, revirando os olhos mais uma vez. Ele senta na sua cama e suspira. “Eu realmente acho que posso estar apaixonado.”

Remus e Sirius se encaram, sérios, parecendo ter uma conversa silenciosa.

“E por quem...”

“Aí que tá o problema.” James fala, o cenho franzido. “Acho que estou apaixonado pela Lily.”

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L.A.X, Aeroporto Internacional de Los Angeles – 2015

“Isso é ridículo.” Murmura um James mal humorado e inquieto. “Não acredito que me convenceram a fazer essa loucura.”

Lily revira os olhos e continua a olhar para a tela do celular.

“Tecnicamente, essa loucura foi apenas um efeito colateral da outra loucura que você cometeu.” Judy diz sarcástica, recebendo um olhar assassino de James. “Lembra? Pedir para minha mãe mentir por você? Fingir que é sua ex-mulher e nós, seus filhos? Isso te recorda algo?”

“Você consegue ser mais insuportável que o Sirius.” Responde o de óculos, mostrando a língua para a garotinha, que apenas revira os olhos.

“Eu gosto do tio Sirius.” Harry diz. “Ele me dá batata frita.”

“Falando em Sirius...” Lily se pronuncia finalmente, fitando James de forma confusa. “Onde está ele?”

O moreno se senta ao lado dela, pegando a bolsa que estava ao lado da ruiva e começando a mexer nela.

“Ele não vem.” Fala enquanto revira o objeto. “Disse que preferia ficar fora do drama e ajudar o Remus. Ahá, achei!”

Lily revira os olhos pela milésima vez no dia com a imagem do amigo comendo suas jujubas tão adoradas, e sorri um pouco. Ela sempre carregava um saquinho na bolsa, pois sabia que ele amava.

“Ainda bem, não estava nem um pouco a fim de fingir ser a namorada dele.” Lily estremece. “Nojento.”

James imita o gesto.

“Urgh, nem me fale.” Ele observa Lily pelo canto do olho enquanto mastiga seu doce, pensativo. O pensamento de Sirius a abraçando e beijando o veio à cabeça e ele estremeceu mais uma vez. Pensar naquilo era tão... Desconfortável.

“Enfim.” Ele se pronuncia, colocando um braço em volta dos ombros de Lily, sorrindo amarelo quando ela o olha, desconfiada. “Obrigada por fazer isso.”

Ela arqueia as sobrancelhas em surpresa. Definitivamente não esperava tal declaração.

“Ter jujubas na bolsa? As crianças adoram.” Responde, fingindo-se de desentendida. Judy franze o cenho.

“Eu não.” Diz Harry alheio à situação. “Tem gosto de plástico.”

“Hey!” James exclama ofendido, colocando a embalagem colorida no peito como se a protegesse. “Tem gosto de infância! E eu não estava agradecendo somente pelas jujubas, mas sim por tudo o que está fazendo por mim, Lils.”

Sem nenhum motivo aparente, Lily cora, pigarreando e mexendo-se desconfortavelmente no assento, o braço de James ainda ao redor de seus ombros.

“Só estou fazendo isso pelos benefícios, você sabe.” Ela tenta se recompor, brincando. “Roupas novas, viagem com tudo pago...”

James revira os olhos.

“Sim, sim, claro que é por isso.”

Ele a observa pelo canto do olho enquanto mastiga suas guloseimas e se pergunta se, ao longo de todos esses anos de amizade, Lily fizera qualquer coisa por ele esperando algo em troca. Ela sempre tudo por ele, e James não poderia ser mais grato e orgulhoso por tê-la como melhor amiga.

“Falando em benefícios...” murmura Lily irônica e, ao olhar na mesma direção que ela, vê Jessica com sua mala indo em direção à “família”.

“Hey.” James sorri para a namorada, levantando para beijá-la levemente no lábios.

Lily não sentiu a repentina falta que fazia ter o corpo do moreno ao seu lado, nem a sensação de formigamento que o contato deixara em sua pele, e definitivamente não notou no olhar desconfiado de Jess ao vê-los naquela posição.

Mas eles eram apenas amigos. Amigos abraçam um ao outro, e sentem o coração bater mais forte quando sorriem um para o outro... Certo?

“Hey.” Jess sorri com seus dentes extremamente brancos e os olhos azuis brilhantes. “Olá crianças, tudo bem?” ela sorri simpática.

“Maravilhoso.” Judy murmura irônica, antes de receber uma cotovelada da mãe e sorrir amarelo. “Tudo ótimo, Jess e com você?”

“Estão animados para a viagem?”

Lily não soube por que, mas se surpreendeu com a naturalidade de Jessica ao se direcionar às crianças, um sorriso sincero no rosto. Ela trabalhava com crianças, afinal, não era de se espantar a facilidade que tinha com as mesmas.

Harry se levanta afobado.

“Eu mal posso esperar pra nadar com os golfinhos!” exclama ele e engaja em uma conversa sobre animais marinhos com Jess. James sorri com a interação dos dois, e o estômago de Lily se revira de maneira incômoda.

“Mãe, está tudo bem? Você tá meio verde...” Comenta Judy preocupada.

“Hm? Não querida, está tudo bem.”

James, não tão alheio à Lily quanto ela pensava, franze o cenho em preocupação.

“Não é nervosismo por causa do avião? Você trouxe seu remédio?”

Desde sempre, Lily tivera medo e ansiedade ao viajar de avião, e sempre levava consigo um calmante para conseguir dormir durante o trajeto. Por mais que estivesse nervosa com isso, algo a dizia que esse não era realmente o motivo do sentimento desagradável no fundo de seu estômago.

“Estou bem, James. Já tomei remédio, não precisa se preocupar.”

“Mas Lil...”

“Eu disse que estou bem.” Respondeu mal humorada, recebendo um olhar engraçado da filha e ouro assustado do amigo.

“Ok, Zangado, eu entendi.” Brincou ele. “Acho melhor pegarmos nossas coisas, o voo está marcado para daqui a pouco.”

Logo todos pegaram suas respectivas bagagens e estavam prestes a passar pelo portão de embarque quando algo os chamou atenção.

Um homem com vestes coloridas e estampas havaianas corria na direção do grupo, um enorme chapéu em sua cabeça que aparentava ter cabelo até demais...

“Esperem!” gritou o homem, se atrapalhando com as malas e por pouco não atropelando uma senhora. “ME ESPEREM!” Gritou antes de tropeçar na mala de um homem alto e cair com tudo no chão, bem aos pés de James.

O moreno de óculos encara a cena estupefato.

“Sirius?!” exclama, perplexo. “O que diabos está fazendo aqui?”

Jessica e as crianças se seguram para não cair na risada, e Lily apenas suspira estarrecida, como se nada daquilo a surpreendesse.

“Lily me implorou para vir.” Disse o moreno se recompondo ao se levantar antes de piscar para a ruiva. “Meu xuxu não consegue ficar muito tempo sem mim, não é amor?”

Ele a abraça e beija sua bochecha.

“O que está fazendo aqui? Pensei que ia ajudar Remus...” Lily sussurra no ouvido do amigo.

“Briguei feio com a Marlene, Remus disse que era melhor eu vir.”  Respondeu o outro entredentes. “E é de graça.”

Os dois se separam e sorriem felizes, suas mãos entrelaçadas.

“Eu estava brincando, querido.” Lily comenta contrafeita. “Mas fico feliz por ter vindo.”

Jessica, que observava a cena com olhos astutos, sorriu de lado.

“Acho muito legal essa iniciativa de vocês tentarem se dar bem pelas crianças. É muito maduro de sua parte.”

James sorri orgulhoso – não perdendo o revirar de olhos de Judy – e beija a bochecha da namorada, contente.

“Lily e eu pensamos apenas na família.”

Enquanto caminhavam de através do portão de embarque, James virou para Lily apenas em tempo de a ruiva o encarar com antipatia e fazer um gesto nada amigável em sua direção.

Aquela viagem seria um tanto conturbada...

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Marlene McKinnon acordou arrependida.

Não por ter enchido a cara de vinho e chorado – novamente – com Diário de Uma Paixão , ou por ter comido tanto chocolate que ela podia sentir a gordura sendo direcionada para seus quadris, mas sim por ter sido tão estupida em relação à sua vida amorosa.

Quer dizer, quem diria que Marlene McKinnon iria, afinal de contas, ficar balançada com Sirius Maldito Black?

Tudo bem que sempre houve uma pequena tensão sexual, mas nada que ela não já tivesse sentido com outros caras, e, por Deus, era Sirius Black! O cara aproveitava toda situação para tirá-la do sério.

Toda confusão com Remus rendera muita duvida sobre ela levar a questão Black adiante, afinal, não estava nem um pouco disposta a magoar o amigo, muito menos ficar no meio da amizade dos dois.

Mas logo Sirius e Remus haviam conversado, e aparentemente tudo havia voltado ao normal: Melhores amigos para sempre, Remus e Tonks sendo fofos e Sirius Black na sua cama quase todos os dias da semana...

Até ele a pedir em namoro e ela recusar veemente.

Quer dizer, não era como se Lene não quisesse. Era só que tudo aquilo era muito novo para ela, que não tinha muita paciência com relacionamentos, ainda mais relacionamentos com Sirius Black. Os dois haviam começado as coisas com o famoso sexo casual, ela não esperava que tudo aconteceria tão rápido assim.

Então ele havia ficado magoado, e ela raivosa e os dois tiveram a briga do século, com direito à porta batendo na saída e tudo mais. Os gritos dos dois haviam sido tão altos que vizinhos preocupados haviam batido em sua porta para saber se estava tudo bem, quando Lily a ligou pedindo para que cuidasse de sua casa enquanto estivesse viajando.

Marlene prontamente aceitou a proposta, se esforçando o máximo para não deixar seu estado de humor ser demonstrado no tom de sua voz – aparentemente teve sucesso em sua tentativa, uma vez que Lily estava um tanto ocupada discutindo com James paralelamente.

Ela e Sirius não se falaram durante três dias quando Remus a mandou uma mensagem perguntando se estava tudo bem, declarando que Sirius não conseguia se concentrar no trabalho e estava tão resmungão quanto um velhinho. Lene tentou não se sentir culpada, e seu orgulho falou mais alto novamente.

E lá estava ela, deitada no sofá de Lily com um balde de pipoca ao seu lado enquanto Justin Timberlake declarava seu amor para Mila Kunis em outra comédia romântica, sentindo-se miserável após receber uma mensagem de Sirius que dizia:

Indo para o Havaí com James. Conversamos quando eu chegar?

Não sabia se sentia raiva ou culpa, e a mensagem com certeza não a deixou mais relaxada.

Bem, pelo menos ele falou comigo.

A porta do apartamento se abriu e uma Bonnie feliz surgiu.

“Oi Lene.” Sorriu a adolescente, erguendo uma sobrancelha para o estado da mais velha no sofá. “Tudo bem por aí?”

“Deixa eu adivinhar, Lily mandou você checar se eu estou viva?”

A loira sorriu simpática e sentou-se ao lado de Lene, pegando um pouco de pipoca.

“Desculpe. Ela me disse que estava preocupada com você, e que não queria que ficasse sozinha.”

Lene suspirou, apoiando a cabeça na almofada do sofá e fitando a tela da televisão sem realmente assistir o filme.

“Lily é legal demais pro próprio bem.” Diz. “Mas na maioria das vezes, certa.”

Bonnie concorda com a cabeça e enche a boca de pipoca, suspirando quando o casal se beija no filme.

“Sinto falta do meu namorado.” Diz ela. “Um mês sem vê-lo me deixa triste.”

“Nem me diga. O meu possível namorado fugiu e foi pro Havaí.”

“Sirius?”

Lene a encara espantada.

“Como sabia?”

“Lily me contou do seu problema. Você realmente não quer um relacionamento?”

“Eu não sei... Eu só queria que as coisas fossem um pouco mais devagar.”

Bonnie tenta esconder o sorris de escárnio.

“Parece ter dado certo.”

Lene arqueia as sobrancelhas, contrariada.

“O que quer dizer com isso?” pergunta.

“Tipo, você falou que queria ir devagar. Ele meio que atendeu o seu pedido né? Tanto que viajou pra praia, espairecer um pouco, pensar sobre as possibilidades.”

A morena cerra os olhos, e a loira continua.

“Quem sabe se divertir em festas, conhecer pessoas novas...”

A sugestão pairou no ar enquanto Marlene praticamente pulou do sofá com a realização.

“Ai meu deus, e se ele conhecer outra garota? Ele vai lembrar das coisas que eu disse e...”

Bonnia sorriu inocente.

“Bonnie, você acha que eu deveria ir também?”

“Sinceramente? Eu não sei o que você tá fazendo aqui ainda.”

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UCLA, 2002

“...Lily?” Remus pergunta, uma linha formada em seus lábios. “Você está apaixonado pela Lily?”

James suspira, sentando-se em uma cadeira ao lado da porta e colocando a cabeça entre as mãos.

“Sim, droga.” Murmura ele. “Eu não sei, há um tempo que eu sinto essa... Essa coisa no meu peito toda vez que vejo ela. É como se meu cérebro parasse de funcionar, cara. É bizarro.”

Sirius troca olhares mais uma vez com Remus, não conseguindo conter o sorriso nos lábios.

“Moony, pode passar a grana.”

James encara os amigos, espantado.

“Vocês... Vocês apostaram na minha vida amorosa?”

“Não sua vida amorosa, Prongs.” Remus responde, sorrindo de lado. “Sua vida amorosa com a Lily. E eles não estão juntos ainda, Padfoot, nada de grana.”

O outro põe a mão no peito, ofendido.

“Vocês são os piores amigos que alguém poderia ter.”

“Mas e aí, o que vai fazer?” pergunta Sirius, do outro lado do quarto, largado na cama. “Vai se declarar ou...”

James suspira, bagunçando os cabelos num ato de nervosismo.

“Eu não sei... Ela tá com o Diggory faz um tempão, acho difícil ela corresponder meus sentimentos. Além do que, não quero estragar nossa amizade.”

Ambos Sirius e Remus reviram os olhos, e o primeiro está prestes a falar algo quando a porta do quarto é aberta de supetão e por ela passa uma Lily um tanto esbaforida e sorridente.

“Vocês não vão acreditar no que acabou de acontecer.” Exclama sorridente e levanta a mão direita para os amigos verem. “Amos me pediu em casamento!”