Loucuras na Adolescencia escrita por Naty Valdez


Capítulo 36
Capitulo 36 - Subestimação


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente, eu sei que estou atrasada e tal, mas eu tenho sim uma desculpa esfarrapada convincente e uma pessoa a quem culpar. E esta pessoa não é ninguém menos que a tia Fortuna, uma certa deusa da sorte que não da sorte pra ninguém.
Fofa, não? Essa querida diva me deixou sem internet pelo mês que se seguiu. Isso mesmo. Então, vamos la:
— A desculpa esfarrapada convincente: não tinha internet.
— Culpa de: tia Fortuna.
As vezes eu acho que Nêmeses tem razão, sabe...
MAS EU ESTOU MUITO FELIZ COM OS COMENTARIOS DE VOCES. Gente, peço mil desculpas por não responder, mas é que ta difícil sem net, e roubar Wifi não é fácil. Serio. Mas mesmo assim, muito obrigada, espero que continuem comentando, ta bem? Vou dar meu jeito de responder!
Se eu ainda estou sem internet?
Pode-se dizer que sim.
— Culpa de: tia Fortuna.
Mas vamos la! Temos que agradecer a diva, fofa e espetacular da “Christielen Di Ângelo”, aquela diva que fez uma recomendação mais que perfeita para a fic. Querida, quer casar comigo? Beleza, deixa pra la. Hahahaha’
Mas enfim, galera, aproveitem esse capitulo. Muito Biluke pra vocês....



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Produção.

O coração de Bianca batia tão rápido que ela se perguntava como Luke não conseguia escuta-la.

Assim que parou no acostamento, não conseguia tirar as mãos do volante. Suas mãos suavam, sua respiração estava forte, seu rosto ficando pálido. Nunca, jamais, em toda a sua vida ela poderia imaginar que seria parada pela policia por fazer algo errado. Jamais. E, pior, sendo realmente culpada. Ela estava mesmo em alta velocidade e por vontade própria. Ai, meu Deus!, ela pensava, o que me deu na cabeça? O que eu fiz?

― Bianca, calma, por favor ― Luke pôs a mão no ombro de Bianca e, assim como ela, estava tremendo. Não que ele não tivesse enfrentado esse problema algumas vezes ― é, pois é ―, mas ele não estava preocupado com sigo mesmo. Era com ela. Ela o persuadiu a fazer isso. Se acontecesse algo a ela, Luke nunca se perdoaria ― Eu prometo que nada vai acontecer com você, tá bem? Fique tranquila.

Ela queria acreditar nele. Sua voz era tão reconfortante e calma... Bianca sabia que ele já havia passado por essas situações algumas vezes e que estava mais calmo, mas nisso, mais a aterrorizava.

Ela escutou a porta do carro da policia abrir e fechar. Segundos depois, um policial apareceu na sua janela usando aquele típico uniforme azul escuro, cinto preto, com uma arma pendurada de um lado e um bastão do outro. Ele tinha bigode ― o que estava cheio de farelo e algo que Bianca suspeitou que fossem rosquinhas ―, usava o quepe policial e tinha as mãos na cintura.

― Muito bem, olha o que encontramos aqui ― disse o policial. Sua voz era grossa e autoritária ― Uma mocinha rebelde. Seus documentos, por favor.

A sorte de Bianca era que ela nunca saia de casa sem a sua identidade. Não via logica pra fazer isso, na verdade. Pegou a mochila no banco de trás e pegou o documento e a carteira de motorista, entregando ao policial logo em seguida.

― Os documentos do carro ― pediu em seguida, o que fez o coração de Bianca congelar. Os documentos do carro não estavam com ela. Nico nunca pensaria que Bianca teria algum problema com a policia.

― Ah, ah... Eu ― ela começou a gaguejar. ― E-eu não estou com o documento, senhor...

―Ah, então você é uma menor de idade, que está dirigindo um carro em alta velocidade sem os documentos? Que coisa triste, Srta. di Ângelo ― ele havia olhado em sua identidade. Então, ele olhou pela primeira vez para Luke, que não tinha conseguido dizer nada até o momento ― E o senhor? Documentos, por favor.

― Ah, é... ― Luke gaguejou ― Não... Não estou com eles.

O policial olhou pra Luke com cara de “essas crianças de hoje em dia” e pôs as mãos na janela.

― Olha, policial ― começou Luke ― Eu me chamo Luke Castellan e tenho dezenove anos. Eu e Bianca estávamos praticando um pouco e não percebemos a velocidade e...

― Blá, blá, blá, sempre a mesma historia ― interrompeu o policial ― Sabe, crianças, acho que, como um não tem documento e outro estava em alta velocidade em um carro que, provavelmente, não é dele e ainda é menor de idade, acho que vou ter que levar os dois detidos. E aí, o que vocês acham?

Bianca e Luke se entreolharam. Ambos tremiam.

― Vamos, crianças, pra fora do carro e entrem no meu. Seu carro será rebocado até a delegacia. Não é maravilhoso? Vão até economizar gasolina!

***

Enquanto isso, Percy e Annabeth em suas respectivas casas tentavam dar conselhos aos dois seres mais complicados do mundo, a qual gosto de denominar Nico e Thalia. Não que eles não dessem contra, mas, fala sério, estamos falando de
Nico e Thalia.

Annabeth tinha pegado o pior, diria eu. Thalia, em seus transtornos crônicos de bipolaridade não era uma pessoa muito fácil de lidar. A garota estava jogada no chão da quarto de Annabeth com o travesseiro na cara. De vez em quando ela soltava um grito. Annabeth estava em cima da sua cama, sentada em cima de um monte de travesseiros empilhados esperando a boa vontade da amiga.

― Quer conversar agora? ― ela perguntava a Thalia, enquanto roía as unhas ― Você me pediu cinco minutos e já se passaram sete.

Thalia soltou um grito.

― Ah, acho que agora eu quero ― Thalia tirou o travesseiro da cara e colocou-o embaixo da sua cabeça ― Eu só não sei por onde começar a falar. Tem muita coisa que eu quero dizer.

― Bem ― falou Annabeth ― que tal começar pelo começo? Seria o mais logico, certo?

― Sua inteligência me surpreende, Chase ― falou Thalia, sarcástica ― Mas eu estou desistindo de falar de novo. Me dê mais cinco minutos.

Annabeth bateu a mão na testa. Tinha sido assim na ultima hora: Thalia ia falar, desistia, pedia cinco minutos pra pensar e voltava querer falar. Annabeth concluiu com isso que a bipolaridade de Thalia não podia ser normal.

― Ah, quer saber, agora eu falo! ― decidiu Thalia, cinco segundos depois, mas agora era pra valer ― Annabeth, não faça essa careta! Agora é sério!

― Tá bem! ― Annabeth saiu de cima dos travesseiros e sentou-se normalmente na cama ― Fale, o que te vier na cabeça: me chingue, grite, me mande uma ameaça de morte, mas fale! Se tiver que esperar mais cinco minutos, eu juro que vou te estrangular.

― Calma, extressadinha ― falou Thalia, rindo da amiga ― Tá bem, Annabeth. Eu sei que fui orgulhosa naquela hora, mas... ― Annabeth curvou-se pra frente enquanto Thalia falava ― eu não... Consigo me arrepender. Eu... Não vejo o meu erro, mas ao mesmo tempo sei que eu estou errada. Entende?

― Não.

― Ótimo. É, tipo, na minha cabeça, se eu fosse ficar com alguém, esse alguém teria que me aguentar os meus ataques antes mesmo de ficarmos juntos, pois só assim eu teria certeza de que esse alguém é certo pra mim. Afinal, não vou mudar. Porém, eu sei que eu sou um ser vivo exagerado, briguento, barraqueiro, impulsivo, irritante, cabeça dura...

― Thalia, já entendi.

― Okay, certo. Então eu penso que também eu deveria mudar um pouco o meu jeito, mas eu também sou muito torrona quanto a mudanças. Assim dá merda em tudo! ― Thalia pôs as mãos na testa, frustrada, e sentou-se logo em seguida ― Annabeth, socorro! Eu não sei o que eu faço! ― ela tampou o rosto com as mãos ― Ser complicada é uma bosta!

Annabeth esboçou um micro sorriso. Se estivesse no lugar de Thalia, correria atrás do Nico, pediria desculpas, teria uma grande conversa com ele e resolveriam muito bem as coisas. Mas ela também imaginou que Thalia se estivesse no lugar dela também já teria resolvido o seu problema. Era quase a mesma teoria sobre dar conselhos bons as outras pessoas, mas não conseguir segui-los: não importa o quanto de problemas das pessoas a sua volta que você consiga resolver ― o seu sempre será o mais difícil.

Annabeth levantou-se da cama e sentou-se de frente pra Thalia.

― Thalia, olha, só pra começar, seu jeitinho de complicada acabou por conquistar o di Ângelo, então eu acho que você deveria dar um desconto a ele.

― Sim, claro. Agora eu tornei a vida dele complicada.

― É ― Annabeth riu ― Isso é bem possível. Não, minto, isso é um fato. Mas o que eu acho, Thalia, é que você não devia dar pra trás agora. Digo, okay, ele pode estar com muita raiva de você... Muita raiva mesmo... Muita raiva...

― Annabeth, eu já entendi.

― Okay, desculpe. Mas... Você não acha que, depois de tudo o que ele fez pra vir atrás de você, não é a hora de você fazer alguma coisa em relação a ele também? Digo, não está na hora de você correr atrás dele também?

A ideia de correr atrás de alguém aterrorizava mais Thalia do que subir uma escada para o segundo andar. Porém, ela percebeu que os dois casos eram muito necessários: em dos casos ela ficaria sem quarto; em outro, sem o possível cara da sua vida.

― Pode até ser, mas... Eu... Sinto medo ― ela gaguejou, envergonhada com o fato.

― Medo de quê? ― Annabeth perguntou suavemente.

― Medo de medo ― Thalia explicou.

― Claro, não podia ser diferente.

Acredite, a discursão acabou ali.

Do outro lado do muro, dois garotos jogavam vídeo game. Quando se trata de uma conversa de garotos, as melhores começavam por aquele jogo. Bem, na cabeça de Percy. O jogo envolvia armas, sangue, correr, ação e adrenalina. O Jackson tentava achar uma maneira de começar uma conversa calculista e com segundas intenções pra cima de Nico. A frase chave pra começar seria:

― Caramba, Nico, você tá acabando comigo!

Como sempre, muito criativo, Sr. Jackson. Mas Nico jogava como se fosse um zumbi. Se estava indo bem ou não, não fazia a menor ideia. Pouco se importava também.

― Ah, trágico, trágico ― falou ele.

Percy fez uma manobra no jogo. Nico nem havia percebido que o seu personagem havia perdido a cabeça, já que continuava apertando os botões do controle remoto. Percy disse:

― Parabéns, Nico, você ganhou!

― Valeu!

De repente, ele voltou a ficar animado, como um surto de bipolaridade de Thalia. Percy, assim como Luke, achava que a troca de saliva constante com Thalia o estava contaminando. Nico levantou-se e começou a rodear o quarto olhando para as coisas. Ele disse:

― Para o que você me chamou aqui mesmo, em Jackson? ― ele falou, parando na janela, apoiando-se de costas nela ― Sei que não foi pra perder no vídeo game.

Percy sorriu, andando até onde ele estava e apoiando os cotovelos no peitoril da janela, olhando para a grama lá embaixo.

― Você é esperto! Na verdade, Annabeth me pediu para falar com você sobre a Thalia. Ela anda muito preocupada com você. Mas, não se preocupe, o que você me falar não vai ser dito a ela.

Nico riu.

― Ah, essa Annabeth... ― falou Nico ― Ela está nisso desde o começo de tudo. Nunca vi uma garota tão preocupada como ela. Às vezes, eu acho que ela se preocupa tanto comigo, com a Thalia e com todo mundo em geral que se esquece de que tem uma vida turbulenta pra aguentar em casa.

Percy o olhou curioso.

― Está falando dos pais dela?

― Aham. Ela falou alguma coisa sobre isso com você?

― Ahn... Talvez tenha comentado uma hora ou outra.

Nico riu.

― Percy, já que nosso papo é sobre garotas, me diz: vocês dois tem alguma coisa, não é? Você e a Annabeth?

― Ah... ― Percy engoliu em seco ― Eu te perguntei da Thalia primeiro, espertinho. Não tente mudar de assunto.

―Você não me perguntou nada sobre a Thalia, Percy ― Nico sorriu vitorioso ― Você me disse que ia conversar comigo sobre ela, mas não me perguntou nada. Se não me falar, vou deduzir que vocês não tem um caso.

Para um cara que bugou achando que tinha ganhado um jogo e agido como se tivesse possuído, Nico está muito esperto!, pensou Percy.

― Está tão visível assim?

Nico apenas assentiu.

― Não temos um caso ― Percy contou ― Ela só está me ajudando com uma coisa assim como está te ajudando com a Thalia. Só isso.

― E que coisa é?

― Ah... Nico, desculpa, mas... É delicado demais.

― Tá bem ― ele ergueu as mãos em rendição ― Não pergunto mais. Mas porque a Annabeth sabe? Digo... Sei lá. Viraram amigos tão rápido assim?

― Foi um acaso. Ela descobriu. ― Percy olhou pra janela da frente, imaginando o que Annabeth estaria fazendo nesse momento ― Vai me falar agora?

― Falar o que?

― O seu caso com a Thalia.

― Ah ― Nico suspirou ― Não tenho nada pra falar, Jackson. Eu e a Thalia não temos mais um caso. E tudo por causa dela mesma.

― E por quê? ― Percy perguntou, quando duas garotas apareceram na janela de Annabeth.

― Porque a Thalia é um ser vivo muito grosso e anormal ― falou Nico. ―Às vezes eu penso que ela nem parece uma adolescente comum que brinca com todo mundo.

― Muito grossa?

― Em partes.

― Anormal?

― Definitivamente.

Percy virou a cabeça de Nico pra janela, fazendo-o olhar para a janela da vizinha. Nico arregalou os olhos com a cena que viu.

Não era ninguém menos que Thalia e Annabeth brincando de dar travesseiradas uma na outra. Os dois viram Thalia acertar um travesseiro na barriga de Annabeth, que meio que ficou sem ar. Preocupada, Thalia andou até ela e apertou sua bochecha, fazendo uma careta, como se dissesse “Tadinha, gente”. Em resposta, Annabeth acertou seu travesseiro na cabeça de Thalia. Depois, elas seguram se batendo com o travesseiro.

― Grossa? Anormal? Uma adolescente incomum que não brinca com todo mundo? ― perguntou Percy.

― Cale a boca, Jackson.

Nico virou-se de costas, tirando o celular do bolso. Percy riu, mas continuou olhando pra frente. Annabeth tinha acabado de dar uma travesseiradas em Thalia quando olhou pra janela e o viu. Ela parou, ofegante, e se dirigiu a janela, olhando pra Nico. Thalia a seguiu. Annabeth olhou pra Percy como se perguntasse “O que ele está fazendo ai?”, enquanto Thalia não conseguia tirar os olhos do garoto.

― Que estranho ― murmurou Nico do lado de Percy ― Uma ligação perdida de um numero que não conheço. Quem será?

Percy pode escutar o celular de Annabeth tocar lá da casa dela. Ela correu para atendê-lo e voltou pra janela. De repente, seus olhos se arregalaram, como se tivesse recebido uma notícia ruim. Em seguida, ela gritou:

― Ei, vocês dois! ― Nico virou-se, e, quando encarou Thalia, a garota desviou os olhos constrangida ― Desçam lá embaixo. Você principalmente Nico. Tenho que falar uma coisa.

Annabeth puxou Thalia para a porta do quarto. Percy, vendo que Nico não havia entendido nada, o puxou pra baixo também.

***

Segundo depois, os quatro estavam na entrada da casa de Percy.

Percy e Nico demoraram mais que as meninas pra chegarem, o que as levou a chegar a casa de Percy. Percy olhou pra Annabeth, que vestia apenas o vestido florido que colocara de manhã. Nico tentou não olhar para Thalia, que conseguia vitoriosamente não olhar pra ele, mas fracassou. Só desviou o olhar quando Annabeth disse:

― Nico, é uma emergência muito grande ― ela erguia as mãos, como se pedisse calma ― Fique calmo e me prometa que não vai perder a cabeça.

― Agora você me deixou preocupado ― falou Nico, dando um passo a frente ― O que aconteceu? Foi alguma coisa com alguns dos nossos amigos?

― Foi com a Bianca.

Nico, mesmo que parecesse impossível, ficou branco. Mais branco. E deu um passo pra trás logo em seguida. Como toda pessoa exagerada, pensou o pior.

― O que aconteceu com a minha irmã? ― ele gritou ― Anda, Annabeth, fala!

Thalia se espantou com aquilo. Teve vontade de dizer “Calma, Nico, por favor”, mas achou que isso não seria conveniente. Pelo menos não com a situação em que se encontravam.

― Ela foi presa. ― falou Annabeth.

― O que? ― isso foi uma pergunta em uníssono de Nico, Thalia e Percy. ― Como assim a minha irmã foi presa? ― continuou Nico, mesmo irritado com o fato, não deixava de estar aliviado.

― Eu não sei dizer o que aconteceu. ― Annabeth contou ― Ela estava em alta velocidade ou algo errado do tipo com o seu carro quando um policial apareceu. Luke estava no carro com ela nessa hora. Foi ele que me ligou. Disse que ela te deu uma ligação, mas você não atendeu.

― Eu vi a ligação, mas... ― Nico falou, até que se interrompeu ― Espera, o Luke estava com ela? O que o Luke estava fazendo com a minha irmã em um carro em alta velocidade? ― ele rugiu.

― É uma boa pergunta ― Percy falou, olhando pra Annabeth.

― Eu também não sei ― ela falou, ignorando o garoto ― O que interessa é que você precisa ir até a delegacia pra tirar ela. Está com os documentos do carro?

― Estou, mas... ― ele pôs as mãos desesperado na cabeça ― Ah! Eu estou sem meu carro! Estava com ela, obviamente. Como eu vou chegar...

― Ei, cabeção, relaxa que eu te levo ― falou Percy, dando dois tapas de leve nas costas de Nico ― Qual a delegacia?

― Eu tenho o endereço. ― falou Annabeth ― Posso ir com vocês? Não é todo dia que Bianca di Ângelo é presa por ultrapassar o limite de velocidade.

Nico e Percy assentiram. Annabeth voltou-se pra Thalia que estava com um olhar de quem chupou limão e não gostou. Obvio. Annabeth a havia trocado por um passeio emocionante na cadeia. Que troca estranha.

― Thalia, vem conosco para o caso do Luke precisar de um auxílio maior? ― falou Annabeth ― Sei que você não tem juízo como um ser vivo de maior, mas mesmo assim...

― Tá, Annabeth, já entendi. Não precisa esculachar. ― falou Thalia.

Nico olhou pra Thalia de novo e a mesma desviou o olhar. Vai ser sempre assim?, eles se perguntavam. Percy olhou pra Annabeth com cara de “Fala serio”. Ela deu de ombros, não entendendo.

― Annabeth, vem comigo lá tirar o carro? ― Percy perguntou.

― Não, eu prefiro...

Annabeth, vem comigo tirar o carro? ― a voz de Percy era 100 vezes mais autoritária, então ficou claro que ele queria falar alguma coisa com ela, ou deixa Thalia e Nico sozinhos.

― Tá bem ― Annabeth andou até o lado dela, mas olhou pra trás, imaginando como eles iam ficar. Vai ser rápido, ela pensou, não vai dar tempo de eles se decapitarem. Eles correram até a garagem.

― “Thalia, vem conosco para o caso do Luke precisar de um auxílio maior?” ― Percy imitou a voz de Annabeth enquanto abria a porta da frente pra ela ― Porque você não disse logo: “Thalia, seu ex-namorado tá precisando muito de você, e só de você. Vai lá salvar ele”.

― Ei! ― ela sentou-se no banco ― Não foi essa a minha intenção! Eu só queria que a Thalia fosse conosco pra não ficar sozinha. E, talvez, para ajudar o Nico.

― Ah, sério? ― ele chegou bem perto dela ― Pois não foi o que pareceu. ― Percy se afastou e fechou a porta.

― Confie em mim, Percy ― ela disse, depois que ele deu a volta e entrou no carro ―Eu acho que sei o que eu estou fazendo.

― Acha?

― Acho.

― Beleza. Espero que esteja certa, né.

― Eu também.

***

Luke pensava em como podia ter sido tão burro.

Desafiar Bianca a andar em alta velocidade em uma estrada movimentada por policiais no carro no irmão mais velho dela? O que você tinha na cabeça, Castellan?, ele se perguntava. Não tinha lógica. Ele não podia ter sido mais burro!

Agora eles estavam detidos dentro de uma cela em uma delegacia de segurança mínima. Bianca estava sentada em um canto do chão da cela, os joelhos erguidos, a cabeça abaixada. Luke estava em pé na grade, esperando alguém conhecido.

Mas ninguém aparecia.

Ele olhou para trás. Bianca, encolhida, parecendo estar com medo. Ele se sentiu culpado também na hora. Sendo dois anos mais velho, ele deveria dar o exemplo, e não manda-la cometer uma burrice. Por sua culpa agora, uma garota que nunca havia conhecido nada de uma prisão a não ser a entrada foi convidada a passar um tempinho dentro de uma cela suja e escura ali dentro.

Ele andou até ela e se sentou ao seu lado.

― Me desculpe ― ele falou, colocando uma mão em suas costas.

Bianca não levantou de imediato. Luke imaginou que ela poderia estar chorando. Bianca poderia ser forte na hora de enfrentar Rachel Dare ou uma obrigação que a mandava limpar toda a biblioteca, mas a ideia de ser presa provavelmente a assustava.

― Te desculpar? ― Bianca levantou a cabeça, e, por mais incrível que possa parecer, seu rosto estava perfeitamente normal. Nenhum olho vermelho, nenhuma lágrima descendo, nenhuma expressão de assuntada. Bianca estava confiante como uma pessoa que vai a padaria comprar pão ― Por quê?

― Por... ― Luke tinha que se concentrar. Como ela não estava desesperada? Por quê? ― Por fazer você vir para aqui.

― Ah ― Bianca olhou pra cima, rindo de Luke ― Fala sério, Castellan. Você é muito metido! Que me colocou aqui foi um policial, porque eu pisei no acelerador e esqueci de tirar o pé. Você só teve o azar de me acompanhar na hora.

― Bianca, você sabe muito bem que foi eu que te persuadi a isso ― Luke devolveu ― Se não fosse por mim, se eu não tivesse te dado essa ideia, você não estaria aqui com medo de ficar presa!

Bianca soltou uma gargalhada.

― Acha mesmo que eu estou com medo? ― ela perguntou ― Castellan, não entendo porque você ainda me subestima. Eu não estou com medo. Eu sei que não vou ficar presa. Não fiz nada tão grave assim.

― Mas...

― Luke ― Bianca pôs uma mão em meu braço ― Não estou com medo. Agora, poxa, eu estou começando a achar que é você quem está morrendo de medo.

― Eu? ― Luke perguntou, indignado ― Claro que não. Bem, sim, eu estou com medo. De que você se afaste de mim depois de tudo isso.

Bianca olhou pra Luke de uma maneira muito especial. Se perguntada, internamente, o que ele queria dizer com isso. Luke, por outro lado, apenas apreciava o olhar sem saber o que ele significava. Contando que ela continuasse...

Bianca tirou a mão de seu braço, e a levou a mão dele.

― Isso não vai acontecer. ― ela disse.

Luke ia beija-la. Algum impulso do além o mandava fazer isso. E ele o teria feito se não estivesse escutado barulho de chaves e a porta da cela sendo aberta.

Os dois viraram os rostos rapidamente para a porta. Bianca se levantou logo em seguida, indo ao encontro do irmão que foi o primeiro a entrar. Nico a abraçou protetoramente. Percy e Annabeth entraram em seguida. Annabeth foi direto ao encontro de Luke, o abraçando em seguida. Percy torceu o nariz. Thalia ficou ali do lado de fora, apenas observando a cena.

― Ah, céus ― Nico falou, soltando Bianca ― Quando Annabeth me falou que tinha acontecido alguma coisa com você, eu pensai no pior, serio. Tudo bem? Fizeram alguma coisa com você?

― Nico, deixa de exagero ― Bianca falou ― Não aconteceu nada comigo, estou muito bem.

― Bem? ― ele questionou ― Bianca, você foi presa! Se ligou e caiu a ficha agora? ― foi quando ele olhou para Luke. Nico mudou a expressão de preocupado para O Cara Mais Raivoso do Mundo. Ele andou na direção de Luke, pisando forte no chão. ― Foi você! A culpa foi sua! Você a convenceu a isso! ― ele deu um empurrão em Luke.

Percy, na hora, segurou Nico junto com Bianca. Thalia correu pra dentro, indo para o lado de Luke junto com Annabeth.

― Nico, calma, por favor ― pediu Bianca ― Não foi ele! Fui eu. Eu que resolvi acelerar quando o policial nos pegou! A culpa foi realmente minha!

― E o que ele estava fazendo com ele em um carro, Bianca? ― perguntou ele, raivoso, ainda olhando para Luke.

― Eu ia dar uma carona pra ele!

― No meu carro? Eu te emprestei pra você ir embora e você me inventa da dar mais uma voltinha? ― ele gritou ― Fala serio, Bianca. E ai vem a ideia de andar em alta velocidade. Essa não é você! Você foi influenciada!

― Influenciada?! ― Bianca esbravejou, largando Nico ― Não posso fazer nada de diferente que estou sendo influenciada? Porque não podem acreditar que eu posso ser mais corajosa, que eu possa ser mais... Normal?

Todo mundo ficou um silencio. Até mesmo Thalia. A respiração de Nico foi desacelerando enquanto ele pensava. Percy o soltou devagar.

― Bianca, você é normal ― falou Nico, com mais calma ― O único problema é que...

― Eu sou uma nerd CDF normal a qual vocês estão acostumados a ver lendo um livro ou estudando para a prova ― Bianca estava ficando nervosa ― Esse é o normal pra vocês. Ninguém me chama para nada se não for pra uma ajuda em matemática. Todo mundo me subestima.

― Não subestimamos você ― se intrometeu Percy ― Só não estamos muito acostumados com a versão rebelde Thalia da Bianca doce e calma que vemos todos os dias. E olha que eu só te conheço a algumas semanas, sinceramente, eu nunca imaginei que você poderia um dia vir parar na cadeia e...

― Jackson ― falou Annabeth, ao lado de Luke ― Cale a boca.

Percy fez silencio.

Nico olhou pra Bianca, curioso. Bem, pra quem ele achava que era Bianca. Bianca era uma garotinha fofa que, quando tinha três anos, pulava nas costas do irmão mais velho de quatro pra brincar de cavalinho; a garota que ganhou sua primeira medalha acadêmica por honra ao mérito sendo a melhor em matemática aos oito anos; a garota que chorou por três dias quando beijou pela primeira vez um garoto e descobriu que príncipes encantados não existiam. Aquela garota que estava ali na frente dela era uma mulher mais velha que cansou de se esconder atrás de uma carinha de nerd.

Talvez ela sempre teria sido assim. Porem, as circunstancias a levaram a ser que era. Sendo mais nova, Bianca sempre levava um credito a mais de atenção. Se fosse rebelde como Nico, seria vigiada 24 horas por dia. Agora ela não queria mais ser assim. Não queria mais que a subestimassem.

― Eu... ― Nico olhou pra ela ― Eu acredito em você. Me desculpe.

― Não é só pra mim que você precisa pedir desculpas. ― falou Bianca.

Nico virou-se pra Luke, que tinha uma aparência neutra. Não fazia sentido. Porque mesmo Nico o empurrou? Agora ele percebia o quanto havia sido injusto. Até hoje, Luke só o havia ajudado.

― É... ― Nico deu um passo a frente em direção a Luke ― Me desculpe, cara. Eu... Você me ajudou tanto com... ― ele deu uma olhada de relance para Thalia, mas desviou logo ― Tantas coisas. Eu... Me desculpe.

― Tá ― Luke abriu um sorriso, estendendo a mão ― Tudo bem, di Ângelo. ― Nico aceitou a mão de Luke e eles deram aquele típico abraço de garoto Dois Tapas Nas Costas. Mas assim que se separaram, Nico disse: ― Mas faz a minha irmã aprontar de novo que eu te parto o pescoço.

― Nico ― falou Bianca.

― Brincadeira.

O guarda, que assistia pacientemente a tudo o que acontecia os chamou pra sair. Os seis saíram da cela e caminharam diretamente para a saída. A chave do carro de Nico foi devolvida. Quando ele viu o carro, falou:

― Não é a coisinha mais linda que vocês já viram?

Todos o olharam com um olho maior que o outro.

― Não ― responderam.

― Eu estou achando que você veio mais pelo carro do que por mim, maninho. ― falou Bianca ― Tenho quase certeza.

― Claro que não ― Nico passou um braço ao redor dos ombros de Bianca ― Eu nunca mais vou subestimar você, Bianca.

― Acho bom mesmo ― ela falou.

Os dois seguiram felizes para dentro do carro e deram partida em seguida. Sem um obrigada, sem um tchau, sem um nos vemos depois, sem nada.

― Ah, é isso? ― perguntou Percy ― A operação resgate acaba assim? Ultrapassado.

― Fala serio, Cabeça de Alga! ― Annabeth deu um tapa em sua nuca ― Eles estão bem agora. Você deveria estar feliz com isso.

― Eu estou ― falou Percy, olhando diretamente para Luke em seguida. De um jeito casual, ele perguntou ― Quer uma carona, Castellan?

― Não, obrigado, eu vou a pé. ― ele disse, andando em direção a Annabeth e lhe dando um abraço ― Tchau Annie, obrigada por trazer o Nico.

― Sem problemas.

Luke andou até Thalia, que olhava para o final da estrada onde o carro de Nico desaparecera. Ele pôs a mão em seu ombro.

― Ah... Thalia? ― ele falou e ela olhou pra ele ― Talvez você devesse fazer alguma coisa a respeito de si mesma também, não é? Como a Bianca fez por ela. Tchau.

Ele seguiu caminho comas mãos nos bolsos. Percy apenas assoviou.

― Tchau pra você também, Castellan ― ele murmurou pra si mesmo e depois voltou-se para as meninas ― E aí, quem vai querer carona?

***

Já haviam deixado Thalia em casa.

Percy parou na frente da casa de Annabeth e tirou o cinto esperando ela descer. Mas ela não desceu, o que o surpreendeu na hora.

― Annabeth, não vai entrar? ―ele perguntou ― Já chegamos.

― Eu sei ― ela respondeu ― Mas eu não estou com vontade nenhuma de entrar na minha casa e ver a cara da minha madrasta. Aposto que ela vai me perguntar onde fui sem avisar. E o que respondo: “Fui ali na delegacia cumprimentar uma amiga”? já estou prevendo problemas.

Ela baixou a cabeça.

― Você despejando as coisas em mim é uma novidade e tanto ― Percy falou, sorrindo ― Não que eu esteja reclamando, é claro.

― O que posso fazer se você é o único ser vivo que sabe dos meus problemas? ― Annabeth indagou.

― O Nico também sabe.

― Mas o Nico não me entende como você me entende, entende? ― ela falou, mas riu logo em seguida da sua repetição, fazendo Percy rir também.

― Eu entendo ― ele falou ― Mas eu sei o que você vai fazer: você vai entrar na sua casa, e se aquele estereótipo ambulante falar alguma coisa com você, você me chama e eu explico umas coisinhas pra ela.

― Ou eu posso simplesmente dizer “Foda-se”.

― Funcionaria se fosse a Thalia.

― Está me subestimando, Jackson? É isso?

― Jamais.

Annabeth e ele riram. Não era todo dia que conversavam daquele jeito. Nenhum dos dois queria parar com aquilo.

― Eu falei com meus pais ― Percy falou de repente ― Foi uma conversa difícil, mas eu consegui. Sábado a tarde, um dia depois da festa do Nico.

― Prometo que vou estar lá ― Annabeth disse e em seguida abriu a porta do carro. Ela seguiu andando pela calçada, até chegar no portão. Lá, parou e olhou pra trás. Percy olhava pra ela ainda. E só parou quando ela desapareceu porta adentro.


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Notas finais do capítulo

Pois e, gente, nao posso falar muito. Eu esqueci de dizer la em cima que estou postando pela casa de uma amiga! E deveria estar fazendo trabalho, mas...
AQUI ESTOU EU!
Eu realmente espero que tenham gostado! Por favor, nao deixem de comentar! Eu prometo que nao vou parar a fic, okay?
Comentem, favoritem e recomendem!
Beijos da Naty ♥