Solaris deu algum tempo a Spike observar a imagem de seus pais, ela esperou pacientemente até que ele falasse algo.

– Sabe... – começou Spike – Sempre tive medo de descobrir porque fui parar em Canterlot, se eu tinha sido abandonado, ou sei lá... Cheguei pensar que dragões deixavam seus filhos de lado para se virarem. Queria poder conversar com eles...

– Spike seus pais nunca te deixaram de lado mesmo depois daquele dia, eles podem te observar de onde estão sempre. E eu sei que eles sempre estiveram de olho em você, acredite em mim, todos os nossos ancestrais nos observam e sempre nos observaram até que o último dragão deixe esse plano.

Spike desceu do pedestal da estátua de seu pai, onde estava agora, observando a imponência de Fury.

– Como eles eram Solaris?

– Nobres, bomdosos, sua mãe era meio dura no treinamento, mas sempre me apoiou, queria poder ser a metade do que ela foi. – falou olhando para a outra estátua – Spike há muitas histórias sobre seus pais que posso te contar, porém, ainda tenho que cumprir minha missão nesse processo, lembre-se que o rei quer te ver. Você poderá voltar aqui quando quiser.

O pequeno dragão deu um sorriso enquanto observava as estátuas, sentia que um grande vazio em seu coração estava se preenchendo.

– Eu vou voltar para ver vocês de novo. – dito isso se afastou e começou a acompanhar Solaris a caminho da saída do memorial, no caminho Solaris contou alguns detalhes da personalidade de sua mestra, era nostálgico para ela poder falar sobre o assunto.

Eles se despediram dos dragões da terra Rock e Badrock, e logo estavam voando novamente.

– Solaris como é esse Gold King?

– Ele é um dragão dourado como Brave, só que mais velho e sábio, ele e seus irmãos juntaram todos os dragões a mais de mil anos atrás, sendo descendente direto dos primeiros dragões de Equestria. Spike vou te dar uma prévia do que você vai aprender aqui, começando por etiqueta, ao chegarmos lá antes que ele fale apresente-se e diga seu nome, da melhor maneira que você achar.

– Ele é bravo? – perguntou assustado.

– Hmm não exatamente, é um fato que a maioria dos dragões parecem meio rudes, impacientes, alguns parecem até intolerantes com outras espécies, mas nem todos são assim o problema é que os pontos negativos sempre acabam se sobressaindo, acho que é por causa de nosso tamanho.

Spike pensou a respeito do Solaris disse, ele mesmo tinha essa visão de seus irmãos, talvez influenciado pelo medo que os poneis possuiam a respeito deles.

Logo chegaram à montanha principal, a maior da região entraram por uma caverna cujo corredor era bem maior que a do memorial, dois dragões de porte maior que o da Solaris poderiam passar lado a lado ali.

Em pouco tempo estavam em um grande salão (enorme) onde dois dragões negros com elmos e armaduras estavam posicionados ao lado de uma grande abertura em um platô ao alto Brave estava digamos empoleirado no chão a esquerda estava um velho dragão azul.

– Me chamo Spike Wikle, muito prazer. – fazendo uma reverência.

– Prazer jovem me chama Wiston o conselheiro do rei, mas guarde sua apresentação quando o rei estiver presente. – sorriu o velho dragão – bem e aí vem ele.

Os passos do rei ecoavam pela caverna, logo seu vulto surgiu do outro corredor, bem a reação de Spike com a visão? Seus olhos se esbugalharam e seu queixo caiu, ele simplesmente congelou, nunca havia visto um dragão tão grande, mesmo na época em que fez sua migração, cada movimento de Gold King parecia mostrar uma grande força contida em seu corpo. Como ele poderia descrever essa cena um dia? “Imagine um drgão bem grande!” falaria “Pois bem ele é maior do que isso!” complementaria para quem escutasse sua história.

Gold King parou em frente a Spike e fixou seus olhos nele sério e solene esperando alguma coisa, um silêncio tomou conta do salão, o rei desviou o olhar para Solaris ainda com a mesma feição no rosto, que desviou para Spike retornando ao rei e fazendo um gesto com as patas dianteiras como se dizendo “O que eu posso fazer?”. O rei deu de ombros soltou um suspiro que até poderia parecer engraçado e começou a falar num tom mais digamos casual.

– Pelos nossos ancestrais, sou tão assustador assim que nunca ninguém consegue se apresentar a mim? – falou ainda olhando para Spike sem obter resposta.

O rei olhou para o alto soltou outro suspiro e aproximou sua pata direita ao lado de Spike estalando suas garras, ou dedos como preferirem.

– Meu nome é Spike Wikle! – falou de forma rapida e atrapalhada como se acordasse de um transe.

– Bem pelo menos isso sempre funciona. – falou o rei comum sorriso de canto de boca enquanto Wiston segurava uma leve risada e Solaris e Brave sorriam – muito prazer Sipke Wikle eu sou Gold King.

O grande rei aproximou seu rosto de Spike para observa-lo melhor e logo abriu um sorriso.

– Você tem a crista de seu pai quando era jovem e os olhos de sua mãe.

Esse comentário afastou qualquer medo do coração do pequeno.

– O senhor também conheceu meus pais?

– Claro que sim jovem seu pai principalmente era um grande amigo meu, sabia lutar como ninguém era um ótimo adversário na minha juventude.

– Sério? Uaaaaau. – se impressionou Spike.

O rei começou a contar as diversas encrencas em que ele e Fury se metiam em sua juventude, histórias essas que dos dragões presentes só Wiston sabia. Algumas eram engraçadas outras embaraçosas, os outros dragões ficaram até surpresos com a casualidade em que o rei contava essas histórias, ele realmente estava entusiasmado.

A conversa continuou por algum tempo, mais de duas horas, Spike hora perguntava de seu pai, hora de sua mãe e o rei respondia prontamente sempre emendando alguma história, até que o reipercebeu que a conversa estava quase virando um monólogo sobre passado, não que não fosse agradável relembra-las, mas ele queria saber mais da vida de Spike também.

– Meu jovem, estou falando demais!!! Ouvi dizer que você também tem boas histórias a contar.

– Eu? Que nada majestade, minha vida até que é bem comum.

– Comum?? Então salvar o Império de Cristal é algo corriqueiro em sua vida? – falou o rei com um sorriso.

– Mas como o senhor... – Spike fez uma pausa – Bem na verdade quem fez todo o trabalho foi a Twilight minha amiga, foi o conhecimento dela que nos fez encontrar o coração de cristal.

– Sim e se você não estivesse com ela ele jamais teria voltado para o seu devido lugar banindo o rei sombra. Ouvi dizer que há um vitral no castelo de Canterlot estampado com sua imagem. Isso pequeno é um fato que eu nunca imaginaria ver um dia.

Spike ficou sem jeito.

– Que é isso, eu só fiz o que deveria ser feito.

– E acredite você fez muito mais pelos poneis até hoje do que qualquer dragão já fez, fique feliz por isso Spike. – o rei fez uma pausa – Por falar em Canterlot como vai Celestia?

O pequeno dragão ficou surpreso com a pergunta, ainda mais sem ter o título princesa à frente do nome.

– Ela vai bem, muito melhor agora que sua irmã retornou do exílio.

– Fiquei feliz quando senti que a influencia da Nigthmare Moon deixou de dominar a princesa Luna, e ela continua petulante?

Uma pergunta que novamente desnorteou Spike, ele jamais chamaria a princesa Luna de petulante em voz alta, até porque ele não achava isso, bem ao que parece há uma relação de mais de mil anos entre eles.

– Bem majestade, na verdade eu não a conheço tão bem assim, mas não acho que ela seja petulante, ela teve alguma dificuldade para se adaptar a vida nos dias atuais, mas hoje ela é tão amada pelos seus súditos quanto à princesa Celestia.

– Me conte a história de como ela foi salva Spike, por favor?

E assim foi Spike contou a história toda e mais um pouco, elementos da harmonia, a festa da noite do pesadelo, a volta do Discórdia, suas amigas, o pequenino nem percebeu, mas estava sendo guiado pelo próprio rei. Havia sempre uma pergunta final que emendava em outro fato, ele parecia saber de tudo, porém, queria mais detalhes de quem efetivamente esteve presente nas ocasiões.

– Fascinantes são suas aventuras pequeno, vejo que tem grandes amigas em Poniville, eu recebi o recado de Celestia, bem rude diga-se, mas não a culpo.

– Por que rei? – perguntou inocentemente Spike sem a menor cerimônia.

O rei sorriu.

– A resposta vem de um tempo em que nós dragões olhavamos demais para nossos próprios narizes meu caro um dia Solaris lhe explicará melhor... Mas antes de continuarmos me responda uma coisa pequeno como você reverteu seu coração ganancioso?

– Meu o que?

– Da vez em seu aniversário, em que você começou a acumular coisas e a crescer sem parar, é um mal comum em dragões não devidamente orientados.

– Ah aquilo?... Foi assustador eu estava ciente, mas fora de mim só queria mais e mais...

– E o que você fez?

– Eu me lembrei do momento em que presenteei minha Ra.... amiga Rarity com um rubi de fogo e como ela ficou feliz e eu fiquei feliz por ve-la feliz. – Spike ruborizou

Gold King levantou uma das sobrancelhas.

– Você deu um rubi para sua... amiga Rarity, que interessante. Deve ter sido um momento e tanto não foi?

Spike deu uma risada sem graça.

– Puxa se foi. Ela brilhou, ficou tão feliz. – o dragão soltou um suspiro apaixonado lembrando-se do beijo que recebeu, mas logo se recompos – Sim ela gostou muito. – tentou disfarçar.

O rei abriu um novo sorriso.

– Que bom que ela gostou, mas agora voltemos falar sobre sua estada aqui Spike, você precisa treinar, preciso decidir com que grupo você ficará.

– Grupo?

– Magestade, me permita treina-lo. – interrompeu Solaris.

– Solaris você não está treinando nenhum grupo de adolescentes no momento. – retrucou Brave.

– Eu sei Brave, mas Spike não se encaixa em nenhum grupo de treino que temos, muita coisa ele já sabe por instinto, outras deixa a desejar ele precisa aprender com quem já passou pela etapa inicial, você sabe como os adolescentes já formam suas turminhas, seria difícil encaixa-lo numa delas e ele ser aceito de forma rápida.

– Explique melhor seu ponto de vista Solaris? – indagou o rei.

– É complicado explicar meu rei, mas acho que um grupo mais maduro seria ideal para o Spike e eu tenho esse grupo, acho que haveria benefícios para ambas as partes, peço um voto de confiança do senhor. – terminou Solaris fazendo uma reverência.

O rei nem pensou tanto tempo assim.

– Muito bem Solaris afinal o pequeno Spike já a conhece e vocês tem um passado em comum, você é uma ótima treinadora e não tenho dúvidas disso, que assim seja a partir de hoje você é a mentora do jovem crista verde e assumirá a responsabilidade de seus atos futuros.

– Sim meu rei, muito agradecida.

– Mas antes o leve a meu irmão Éfeso, apesar de ser tão jovem todo dragão que inicia o treino merece ganhar seu traje.

– Traje?

– Uma armadura de batalha. – respondeu Solaris

– Vou ganhar uma armadura LEGAL! – em sua mente logo veio a imagem de uma lança de cavalaria, armadura e capa vermelha.

– Vamos Spike, temos que falar com Éfeso, Brave você poderia pedir para os componentes de meu último treino se reunão na arena leste?

– A de três semanas atrás? Você tem certeza?

– Absoluta! – respondeu com entusiasmo.

– Você quem sabe Solaris.

Solaris saiu levando Spike em suas costas, logo atrás foi Brave, para convocar os alunos ao deixarem o recinto sob os olhares de Gold King e Wiston, logo o velho azul falou.

– Se eu entendi direito o coração desse jovem já tem dona, uma unicónio quem diria, será que ele sabe o que significa dar uma jóia perfeita para uma fêmea?

– Lógico que não Wiston, Solaris tem razão esse rapazinho fez muita coisa por instinto sem os pais para ensina-lo, porém quem diria que os poneis tinham tanta coisa a ensinar a ele nesse espaço de tempo, espero do fundo do coração que ele seja correspondido, mesmo sendo tão diferentes...

O rei fez uma pausa.

– Wiston, chame um mensageiro e redija uma carta para mim, a muito tempo estou em débito com a Celestia, ou Princesa Celestia preciso marcar uma reunião para que possamos colocar a conversa em dia por assim dizer.

– Como queira meu rei.

Wiston pegou um grande pergaminho e começou a anotar as palavras do rei.