Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 43
Ninguém está pronto para: Mistérios no mundo inferior




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Acordar ao lado de Nico fazia Percy imaginar que estava em um sonho. Mas não um sonho qualquer, é daqueles sonhos que as pessoas planejam a vida toda, correm atrás, mas, geralmente, elas quebram a cara no meio do caminho. Pensando melhor, ele havia quebrado a cara vezes o suficiente na vida e esperava que finalmente tivesse alcançado o sonho perfeito.

Perfeição. Era uma palavra tão errada, mas ao mesmo tempo tão certa.

E se morrer estivesse no topo da pirâmide de Fracassados e quebradores de cara, então o grande vencedor era Perseu Jackson. E isso não o deixava contente, obviamente, ele morreu, mas o juízo continua o mesmo. Afinal de contas, até o momento, a morte estava apresentando ser uma fase muito agradável.

Pensou se todos os seres vivos poderiam ter o privilégio de uma pós morte boa como aquela. É como trabalhar a vida toda para, no final, se aposentar com uma boa poupança e viajar pelo mundo com artrite e osteoporose, mas curtindo a vida. No mundo inferior não parecia que ele iria precisar de cálcio para sobreviver... pois estava morto. Minha nossa, que linha de pensamento confusa.

O sorrisinho estampado na cara boba que Percy fazia, poderia ter assustado Nico, se acaso ele não estivesse com tanta saudade dele. Assim que abriu os olhos, abraçaram-se e ficaram agarrados em cima da cama por algum tempo.

— Preciso me levantar. — Nico tentou se mexer, mas foi levado a desistir de continuar a rebelar-se. — É sério, eu tenho que ir.

— O que você tem de tão importante para fazer hoje? Acho que ficar na cama comigo pode ser o castigo necessário que o mundo inferior poderia me oferecer.

Nico suspirou, queria rir, mas precisava mesmo se levantar. E o breve silêncio deixou Percy pensativo.

— Vamos combinar uma coisa. — Nico falou, enquanto vestia as roupas. — Você curte o seu início de pós morte, enquanto eu cuido do resto. Ok?

— Tão sério. — Percy cruzou os braços, tentando passar a impressão de irritado. Mas não conseguiu manter aquela pose por muito tempo. — Sabe que eu te amo, não é?

Nico sorriu.

— Eu sei. — Ele se aproximou da cama e beijou Percy. Deixando o quarto logo em seguida.

Percy olhou ao redor, não havia nada muito interessante para fazer ali, pelo menos não sozinho. Bem, até teria sim, mas não era o momento. Decidiu aprender um pouco mais sobre o lugar. O passeio não durou muito tempo, não era como se aquele lugar estivesse cheio de pessoas felizes e aproveitando todo o resto da morte.

Uma sensação de pesar caiu sobre Percy. Não havia nada dizendo que estar ali o faria feliz e satisfeito, ou havia? Decidiu procurar Nico e conversar com ele sobre o que passava pela sua cabeça.

Pode parecer bobagem, mas não era simplesmente pular o muro e sair andando por aí como se estivesse deixando um condomínio. Mas foi bastante inesperada a reação, ou melhor, a falta de reação quando Percy apenas abriu os portões dourados e deixou o Campos Elísio. E você sabe por que o Muro das Lamentações tem esse nome? Não é bem o tipo de lugar que você vai com seus filhos para passear. Também nada se parece com o que você vê nos animes onde os Cavaleiros de Ouro protegem com suas vidas.

Percy já havia passado pelo Mundo Inferior vezes suficiente para ele ter certeza de que o conhecia. Só que não sabia nada, nadinha, sobre o lugar. Talvez fosse porque agora ele possuía uma visão diferente. A de uma pessoa morta. É, isso poderia contar muito agora. Olhos mortos são diferentes?

O que mais Percy poderia esperar do inferno, senão coisas estranhas? Com certeza ele não falava sobre o jardim de Perséfone, que era, sem dúvida alguma, a coisa mais bela e inesperada que se podia encontrar ali embaixo... Essa questão de baixo ou cima, deixou uma pulga atrás da orelha. Afinal, eles viviam em uma espécie de Universo Alternativo? Ou estavam realmente embaixo da Terra? O núcleo central então seria parte do mundo inferior?

Chegando próximo a mansão de Hades, o filho de Poseidon possuía mais perguntas em sua cabeça, e malucas teorias, do que respostas propriamente ditas.

Percy olhou para a construção, tinha quase certeza de que aquele lugar não parecia tão sinistro como via naquele momento. Será que todas aquelas caveiras estavam mesmo ali, ou em todas suas visitas anteriores ele estava ocupado demais para ver a realidade? Ou seria seus novos olhos de pessoa morta enxergando a verdade?

Os guardas do mundo inferior não eram tão mais medonhos do que visto em filmes de terror. Quem viu um, viu todos. Percy achou graça naquilo. Quero dizer, ele realmente não estava preocupado se iria ser punido ou qualquer coisa parecida. Será que o fato de Nico ser qualquer coisa sua, fazia dele alguém intocável naquele espaço? Muitos chamariam isso de influência.

Hmmm, ele pensou nisso. Ter influência sempre significou alguma coisa no mundo. Seria assim também após a morte? Pensar na morte dessa maneira sempre lhe causava um arrepio. Um pouco mais sério do que aquele ventinho gelado que percorre seu corpo e você estremece todo. Era como se ele estivesse pronunciando uma palavra ruim. Algo tão errado, que não deveria ter acontecido. Ou aconteceu na hora errada.

Essa última frase fez Percy parar por um momento. Ele não pensou naquilo, tinha quase certeza disso. Mas, julgando pelo seu estado paranoico do momento, poderia aceitar tudo que viesse. Certas pessoas diriam que ele está no lucro.

Ignorando a arquitetura cadavérica, Percy empurrou o portão de ferro, esperando que não pegasse tétano com aquela coisa enferrujada. Uma piada no mínimo sem graça, mas ele riu sozinho e continuou andando pela terra negra, em certos pontos havia algumas pedras preciosas no caminho, não muito bem enterradas. Isso significava que nenhum pirata havia tentado esconder seu tesouro por ali. E o que Hades iria querer com joias preciosas naquele lugar?

As portas da mansão se abriram sozinha, como naqueles filmes de horror que o carro do mocinho não funciona, e ele tem que pedir ajuda para a casa mais próxima, que é a de alguém muito suspeita e que esconde um segredo. Suspeito, Nico não era, mas Percy também não era assim tão tolo em não achar que ele escondia alguma coisa. Deixá-lo mais cedo na cama, sem dar muitos motivos para sair, já era um bom sinal de que estava acontecendo algo. Teimoso e curioso que era, Percy não poderia deixar passar a oportunidade.

Ele entrou na mansão de Hades, não havia sinal daquela pressão espiritual que ele emanava. Era um poder ao qual ninguém poderia emitir com a mesma intensidade.

— Olá? Estou entrando. — Decidiu avisar, só para não parecer um penetra intrometido. — Nico? Tem alguém aí? — Percy foi caminhando pelo corredor, espiando através das portas e constatando que as salas estavam vazias. A poltrona de Hades, também vazia, embora a televisão estivesse ligada. Percy apertou o botão e a desligou. — Eu sempre quis saber como é que vocês puxaram o fio da companhia elétrica para esse lugar.

Ele abaixou-se até o chão, pegando uma pedra de diamante. Olhou na direção de uma outra porta, mais diamantes. Ou Nico estava brincando com a herança deixada pelo pai, ou a irmã dele havia voltado para casa.

Percy entrou na cozinha e viu algo que o deixou assustado. O corpo dele, desacordado, estava em cima da mesa. O semideus olhou para os lados e começou a ouvir uma voz sinistra fazendo algum tipo de evocação. Conhecia aquela voz de algum lugar. As coisas ao seu redor pareciam mais um borrão, quando estilhaços de vidro se espalharam por todo o cômodo e ele pode ver Luke Catellan do outro lado da mesa.


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Notas finais do capítulo

Oi queridos, tudo bem?
Pois é, 2016 foi um ano turbulento, eu não tive tempo nem para respirar devido ao trabalho e a faculdade.
Beijocas e até mais. Ótimo 2017 para vocês ♥



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