Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 41
Ninguém está pronto para: O funeral


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Tenho notícias boas.
— Fui para o Canadá ano passado, estudar inglês. Voltei linda e poliglota (risos).
— Passei na UFRJ. Weeee
— Mudei para uma casa nova e estou fazendo uma reforma que não acaba nunca.

E o que interessa realmente é o fato de que eu vou agendar os capítulos dessa história.
Bem, é isso, minha ausência se deu por esses motivos. Estudando e trabalhando muito. Sabe como são as prioridades da vida. Beijocas.



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— Você está mesmo mais gostoso do que antes. — Era tudo o que Percy Jackson conseguia dizer, enquanto tirava suas roupas e observava Nico fazer o mesmo.

O reencontro trazia mais do que desejo e saudades, era como se Percy estivesse sentindo seu coração ser colado aos pedacinhos com cola quente. Aquele buraco no peito, aquela solidão, a dor... tudo já não existia mais, não fazia sentido. Ficou no passado.

Percy queria beijá-lo com fúria, desejava-o intensamente. Mas queria manter aquele momento para sempre congelado em sua memória. Olhou para Nico, que já estava confuso com a demora. Percy sorriu, estava feliz.

— O que está te incomodando? Pensativo desse jeito, parece até que planeja algo mirabolante. — Nico decidiu não esperar, ele se aproximou, arrastando-se sobre a cama macia. Era mesmo muito confortável ali em cima.

Nico ficou de joelhos, enquanto Percy abraçava-o pela cintura. Ganhou um beijo carinhoso, mas também foi desafiado a manter o contato visual, enquanto seus corpos estavam unidos em um abraço apertado.

— Não tenho pressa, não mais. Posso viver por toda a eternidade. Me diga, por que não morri antes? — Percy sorriu.

A expressão de Nico mudou, sua face ficou mais séria e os olhos turvos.

— Você não sabe o que diz. — Ele tentou se afastar, mas os braços de Percy o segurava com força, impedindo o movimento.

— Não me entenda mal. — O filho de Poseidon tentou corrigir o que falou, sem permitir que Nico abandonasse a cama. Deitou-o e ficou por cima dele, segurando suas mãos. — Não é hora para brigar.

— Não é uma briga. — Nico não tentou fugir, mas também não parecia animado como antes. — Você não entende, Percy. Ainda que eu esteja preso no mundo inferior, como um rei, eu ainda estou vivo.

Percy não compreendeu onde Nico queria chegar com aquela conversa. Afinal de contas, eles estavam juntos, não era isso que importava?

— Você mora em um lugar onde pessoas mortas são torturadas de um lado, esquecidas do outro. Algumas poucas vivem bem, e quer me dizer que é normal só por estar mais vivo do que eu?

— Não, não é normal. Não somos normais. Sua morte não foi normal. — Nico pareceu desistir da explicação, relaxou o corpo na cama, sendo vencido. Percy perdeu as forças e se deitou ao seu lado.

Com os olhos fixos no namorado, ele revivia em sua memória algumas lembranças aleatórias. Coisas simples, como ir ao mercado, chegar em casa e abraçar a mãe, sair com os amigos. Coisas que não seriam mais possíveis acontecer. Realmente estava acontecendo coisas estranhas.

Percy Jackson chorou sua morte.

***

O Moravian Cemetery, localizado na rua Richmond Road, recebia alguns visitantes e convidados para o funeral daquela tarde. Drew Tanaka estava vestida de preto, sustentando um par de óculos escuros no rosto. Acompanhada de alguns outros meio-sangues, fizeram um cortejo pelo salão até Sally Jackson, que estava sentada em uma cadeira, ao lado do caixão do filho.

— Senhora Jackson. — Drew não conseguia olhar para o corpo de Percy dentro do caixão. — Sinto muito. — As palavras saíram trêmulas, então Drew afastou-se.

Annabeth Chase consolou Sally com um abraço, não conseguindo segurar as lágrimas. Logo depois, outros amigos de Percy também a cumprimentaram, lamentando a perda do rapaz. Não demorou para que Poseidon aparecesse no velório. Ele havia entrado em contato com Sally naquela manhã, dizendo que o filho merecia um ritual fúnebre de acordo com as tradições de sua família. Mas Sally o ordenou que ficasse longe de seu filho, pois, quando ele mais precisou, Poseidon não estava lá.

Assim que Poseidon se colocou ao lado do caixão, observando as feições serenas do filho morto, Sally caminhou até ele, sem forças para brigar. Então eles se abraçaram.

Drew pousou a cabeça no ombro de Dante, após ver a cena dos pais de Percy se abraçarem, ela escondeu as lágrimas, recuperando-se logo em seguida.

— Não está certo. — Ela sussurrou. — A profecia, não faz sentido. Percy não poderia morrer. Está tudo errado.

— Você quer ir embora? — Dante perguntou.

— Eu quero que você faça algo por mim. Mas é algo completamente louco, você precisa confiar em mim. — Ela o encarou, clamando por dentro para que Dante concordasse.

— Vou precisar apagar alguém? — Ele acariciou os cabelos dela.

— Não de um jeito ruim, mas provavelmente as pessoas vão ficar loucas. Preciso dos outros também. Vamos, eu não vou deixar que ninguém nessa vida se sacrifique por culpa de algum deus.

***

Percy estava descalço, observando a paisagem da janela de seu apartamento. Por alguns segundos chegou a acreditar que estava em Nova Iorque, e que aquela cena fazia parte de seu cotidiano. Mas aquela não era a verdadeira Nova Iorque.

Ele não conseguia descrever aquela sensação. O dia, a noite, nada fazia sentido, sequer existia. Era um lugar onde o tempo não importava. Fazer planos também não.

Havia algo errado e Percy podia sentir. Ele teve certeza de que as coisas não estavam certas, quando viu nos olhos de Nico que ele estava mentindo. Era, no mínimo, a maior decepção que poderia sentir.

Em silêncio, Nico aproximou-se de Percy, ele o abraçou pelas costas, apoiando a cabeça. Ficaram assim por uma quantidade de tempo, esse tempo que Percy não sabia mais calcular.

— Me desculpe por aquilo. Eu não quis estragar nosso momento juntos. Mas foi tudo muito repentino. — A voz de Nico estava abafada por ele ainda manter a cabeça nas costas de Percy. — Eu poderia ter planejado por mil anos esse momento, mas nós sempre somos pegos de surpresa pelos nossos atos inesperados.

Percy se virou, encarando Nico. Agora ele parecia mais tranquilo, sem os olhos turvos e confusos.

— Eu preciso me acostumar com a sua mudança de comportamento. É perigoso saber que tenho nas mãos a pessoa mais poderosa do mundo todo.

— Não seja bobo. Estamos seguros aqui embaixo. — Nico beijou Percy brevemente.

— Estamos mesmo? Por favor, não aja como se estivesse me protegendo das coisas. Eu posso dar conta de tudo.

— Pode mesmo? — A mão de Nico brincava com o cós da calça de Percy, sua cabeça baixa e a falta de contato visual era uma resposta clara para aquela conversa. — Pode dar conta de tudo? Pode ser meu salvador?
        Nico ergueu a cabeça, fitando os olhos verde-água de Percy.

— Você que me salvou.

***

Leo Valdez estava sentado no banco da praça. O clima fúnebre continuava palpável no ar. Ele não conseguiu entrar para ver o corpo de seu amigo sendo velado.

O dia estava quente, o sol a pino no céu. Tudo diferente do que costumava ser retratado nos filmes, quando um herói morria. Sempre chuvoso e frio.

Leo suspirou, ele viu Drew sair com Dante, os dois caminharam rapidamente em sua direção.

— Onde está o Luke? — Drew perguntou.

— Ele disse que ia dar uma volta, não estava muito bem. — Leo se levantou. — Como é que está o clima lá dentro?

— Como em qualquer velório. — Drew pediu para que Dante encontrasse Luke, pois ela e Leo iriam reunir os outros.

— O que você quer fazer, exatamente? — Leo correu atrás de Drew, preocupado com o plano que ela estava tramando. — Melhor dizendo, o que nós iremos fazer?

Ela parou em frente a porta da pequena igreja do cemitério, onde Jason consolava a irmã Thalia. Ambos seriam de grande ajuda naquele momento, só que antes, ela precisava conseguir a atenção dos irmãos Grace, que não eram muito fãs dela naquele momento.

— Leo, você pode levar Alex, Annabeth e quem mais puder no estacionamento? Eu encontro com vocês logo mais.

Leo concordou, embora tudo aquilo fosse bastante suspeito, mas, no fundo, confiava que Drew poderia realmente ter algo importante para revelar e queria todos reunidos.

Drew não tinha tempo de pensar no que iria fazer para conseguir a atenção de Thalia, então ela improvisou. O que saísse na hora seria lucro.

— Como vai, Thalia. — Drew falou, tirando os óculos escuros. As olheiras e o avermelhado em seus olhos eram mais do que provas de que ela havia passado a noite chorando. Mas isso não iria comover Thalia.

— Estou péssima. O que você acha, Tanaka? — Thalia limpou o nariz com um lenço que Jason lhe deu.

— Pega leve. — Jason pediu.

— Meu amigo está morto, que tipo de pergunta é essa? — Thalia cruzou os braços, ignorando os pedidos do irmão.

— Sinto muito. — Drew disse baixinho. — Eu preciso de vocês. É algo importante, queria que viessem comigo.

Thalia riu nervosamente.

— Se você não sair da minha frente, eu juro que vou colocá-la para fora daqui.

Drew não se moveu e continuou falando o mais baixo possível.

— Eu acho que posso trazê-lo de volta. — Ela então conseguiu a atenção dos irmãos Grace. — Mas preciso tirá-lo daqui.


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Notas finais do capítulo

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beijocas.



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