Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 37
Ninguém está pronto para: Tudo dar errado


Notas iniciais do capítulo

Uma coisa a gente sabe, quando tudo está ruim, sempre pode piorar.



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Em plena Rodovia 15, entre as cidades Parowan e Beaver, o ônibus que transportava os jovens meio-sangues, infelizmente, teve que estacionar no meio do nada quando um pneu furou. Não era novidade a falta de sorte deles, a julgar pela trajetória daquele caminho que vinham seguindo desde um encontro em Nova Iorque.

Felizmente, ninguém procurava um culpado pela falta de sorte, ao contrário, estavam todos cansados, com fome, ou cheios de tédio. Outros com mais culpa do que tédio.

Jason recebia um novo curativo na testa, enquanto o braço direito estava já enfaixado. Aquilo não era nada perto da dor nas costelas fraturadas. Drew olhou-o com um certo pesar, delineando linhas de expressão em sua testa. Mas por poucos segundos, logo se recompôs.

— Sinto muito querido, não temos ambrósia aqui. Mas acho que essa mistura de ervas que a Annabeth criou pode ajudar a amenizar a dor. Está se sentindo melhor?

Jason levou um tempinho para desviar o olhar de uma pedra no chão, e então a encarou sem muita animação, processando a pergunta.

— Estou normal, agradeço o curativo. — ele disse apenas por gentileza. Drew lançou um sorriso reconfortante e se sentou ao seu lado, a pedra não era muito agradável, e estava quente. Sua testa começava a brilhar com o suor e ela chegou à conclusão de que deveria aposentar as botas de cano longo, pelo menos quando fosse passear pelos desertos dos Estados Unidos.

— Você não tem culpa do que aconteceu, já ficou claro de que nada foi culpa sua.

— Ah, é? Então por que será que eu sinto como se fosse minha culpa? — ele buscou resposta nos olhos curiosos de Drew, sem sucesso. — Eu estava lá, vi tudo, senti aquela fúria, mas, quando tentei me controlar, não podia mais. Como se eu tivesse deixado que o ódio me possuísse. Me senti forte por um momento, mas depois percebi que era por um motivo tão ínfimo.

— Seu coração despertou no momento certo. — Drew esticou a mão, pousando-a sobre o peito de Jason. — Tenho certeza de que o amor aqui guardado falou muito mais alto e amenizou a desgraça.

— Será mesmo? — Jason esfregou a ponta dos dedos nas têmporas, querendo poder aliviar a dor de cabeça que sentia.

Drew ficou de pé, desejando melhora para o amigo, ela se afastou e depois que Jason viu projetar duas sombras no chão, ele entendeu por que ela o deixou ali. O loiro ergueu a cabeça, com um pouco de dificuldade, por causa do sol, apertou os olhos para ver melhor o rosto preocupado de Leo, e um não tão preocupado ao lado dele.

— Como está se sentindo? — Leo perguntou, abaixando-se, apoiando um dos joelhos no chão quente.

— Péssimo, mas vou melhorar.

— Sinto muito por isso, Jason. — Leo tentava se equilibrar como podia naquela posição, ele sorriu, sem motivo aparente, somente para despertar algum tipo de compaixão. Pensava Jason.

— Me desculpa, cara. — Alex falou, ainda parado atrás de Leo, com os braços cruzados. — Eu tive que fazer o que era preciso, mas agora entendo que você não foi responsável por tudo isso. Pelo menos não 100%.

— É, é o que me falaram. — Jason não dirigiu o olhar para Alex, ainda fitava Leo e seus cabelos encaracolados cheios de pó da estrada. — Você já passou por isso, queria te perguntar uma coisa.

— Claro. — Leo desistiu do equilíbrio e caiu sentado no chão, obviamente não foi uma escolha sensata, pois a terra estava miseravelmente quente. Ele deu um pulo e bateu a sujeira das calças com as mãos.

— Quando seu corpo foi tomado por eidolons, o que sentiu?

— Eu... — Leo mexeu nos cabelos — Não me lembro de nada. Eu simplesmente apaguei.

— Entendo. — Jason juntou as duas mãos, apoiando a cabeça.

— Olha, o Percy acha que alguém está nos perseguindo. Não é novidade, porque sempre estão tentando nos matar, não é? Eu tenho certeza de que desejam nos colocar um contra o outro, como já tentaram fazer, lembra-se? — Leo tentou confortá-lo, sentando-se ao seu lado e levando o braço em volta do corpo de Jason. — Não vamos deixar ninguém dividir a gente novamente.

— Tem razão, Leo. — Alex comentou — Nós temos que fazer nossa parte e ficarmos juntos.

Jason ergueu a cabeça, olhando para Alex.

— Eu peço desculpas pelo que fiz. — As palavras saíram quase sofridas de sua boca. Na verdade ele não sentia, não por Alex.

— Está tudo bem. Não é como se a gente não tivesse merecido um ou dois golpes. É claro que destruir o Hotel foi um pouco exagerado. — Alex deu um sorriso frio.

Leo percebeu que o clima estava ficando pesado, ele decidiu mudar o rumo da conversa, mas já era tarde demais. Jason se levantou.

— Gente, aqui não é o melhor lugar para isso. — Leo ficou entre os dois, afastando-os com as mãos. — Vamos deixar nossas desavenças para depois. Não somos o problema maior aqui

— Um problema que você causou. — Jason encarava Alex furiosamente.

— Eu? — Alex moveu a cabeça para o lado, levando as mãos na cintura. — Certo, eu causei todo o problema. Posso saber como? Ah! Espera, foi com meu charme? Sabe, ninguém resiste.

Jason avançou com dois passos, mas Leo estava lá para impedir que ele fizesse mais alguma coisa.

— Deveria ter se afastado, se tivesse um pouco de vergonha pelos seus atos, que tipo de pessoa é você?

Alex gargalhou, chamando a atenção do resto do grupo. O pneu do ônibus tinha acabado de ser trocado por Dante e Butch. Annabeth estava com um mapa da rodovia nas mãos, com a ajuda de Travis e Connor, que conheciam muito bem o estado de Utah.

— Você não tem ideia de como é ridícula essa sua cena? — Alex virou as costas, mas Jason já estava com a cabeça muito quente para poder deixar o assunto para depois.

— Jason, por favor. — Leo implorou. — Vamos conversar sobre isso depois, eu prometo.

— Você não precisa me contar mais nada, está óbvio. Eu sou o idiota fazendo uma cena ridícula. Já entendi.

— Não, não é isso. Você não tem culpa de nada do que aconteceu.

— Pare de me dizer isso. Eu tenho consciência dos meus atos, sabia muito bem o que estava fazendo. E gostei, só precisava de mais um pouco para quebrar o pescoço desse babaca.

Lá na frente, Alex virou-se.

Drew mandou que Dante fizesse alguma coisa.

— O que você quer que eu faça? — ele perguntou, cruzando os braços. — Eles precisam resolver as próprias diferenças. E pelo que sei, você tem uma parcela de culpa nisso.

Ela o fuzilou com os olhos, mas não respondeu. Afinal, a culpa recaía mesmo em seus ombros. Mas, principalmente, nos ombros de Leo. O rapaz desistiu de segurar Jason, ou ficar entre ele e Alex. Dava para ver que ele iria pirar a qualquer momento.

— Você quer me quebrar? Ótimo, vamos ver se consegue fazer isso agora. — Alex se aproximou sem pressa de onde Jason estava. — Um fato curioso sobre os filhos de deuses metidos a valentões, é que eles subestimam a inteligência de outros.

— Eu acho que não vai ser muito difícil esfregar sua cara no chão, depois escreve no seu diário como foi. — Jason ignorou os pedidos de Annabeth e Andrômeda para se afastar.

— Percy! Me ajuda. — Annabeth gritou. — Butch, não fique parado aí.

— Foi mal, Annie, mas não sou eu que deve tomar uma atitude. — Percy moveu a cabeça na direção de Leo. Annabeth compreendeu o que ele queria dizer, e segurou o braço de Andrômeda para que ela não interferisse.

Leo queria poder voltar no tempo. Desejou ter tido mais coragem para agir sem precisar de uma ajuda mágica. Mas era hora dele parar de se lamentar e fazer algo para resolver a situação.

— A culpa é minha. Somente minha. — Ele falou em alto e bom som. Jason estava com suas mãos em punho, o sangue fervia de adrenalina, poderia iniciar uma luta contra Alex a qualquer segundo. A voz de Leo, atrás dele, fez o corpo dele travar. — Para começo de conversa, eu enganei você. Se eu não tivesse te dado aquela poção, talvez isso não estaria acontecendo. — Leo sentia o rosto esquentar — Quero dizer, pelo menos essa parte não aconteceria, não sei quanto ao resto.

— Do que você está falando? — Jason perguntou, girando o corpo. — Que poção?

— A poção do amor que Drew me deu.

A expressão no rosto de Jason endureceu.

— Uma poção do amor... — ele falou bem baixinho — Então tudo era mentira. — continuou, ainda em voz baixa. Jason procurou por Drew em meio ao grupo de meio-sangues, encontrando-a ao lado de Dante.

Leo continuou falando sobre como a poção agia, mas Jason o ignorava. Ele continuava olhando para a filha de Afrodite.

— Todo esse tempo você tem me dado conselhos, mas tudo era mentira. No fundo estava rindo pelas minhas costas, manipulando meus sentimentos com poção? Que tipo de pessoa doente é você?

— Hey! Vê lá como você fala com ela. — Dante se colocou na frente de Drew.

— Não, não precisa. — Drew ergueu a mão até o ombro dele, pedindo para que se afastasse. — Jason tem todo o direito de me culpar. Eu jamais deveria ter brincado com os sentimentos das pessoas dessa maneira. Peço perdão.

— Você acha que só pedir perdão resolve as coisas? — Jason esfregou o rosto com as mãos, não acreditava no que estava acontecendo.

Era fato que toda aquela explosão de sentimentos estava matando-o por dentro por não saber como lidar, nunca soube como fazê-lo. Desde que descobriu sozinho sua atração por Leo, ele estava em um conflito interno sobre o que fazer. E então, do dia para a noite o conflito acabou, pois ele já não conseguia mais viver um minuto longe de Leo.

Tentou e fracassou todas as vezes que decidiu partir. Sentia-se fraco perante aquelas decisões, achava que não iria conseguir lidar com o ciúme mortal que sentia. E tudo por causa de uma poção.

— Drew explica para ele. — era a voz de Leo — A poção somente funciona se existe um sentimento real. Eu não achei que fosse dar certo, porque eu não sabia que você sentia algo por mim.

— Isso é verdade, Jason. — Drew completou. — Se por acaso a pessoa que beber a poção já sente algo especial, uma paixão secreta, desejo ou amor, por aquela que compartilhou a bebida, o sentimento virá à tona com o tempo. Quando a pessoa bebe essa poção, inicialmente ela se sente atraída pela outra. E um único toque pode causar fervor. É como se abrisse seus olhos para aquela pessoa, e nas doze horas seguintes, a poção vai fazer o efeito. Caso dê positivo, os sentimentos escondidos sejam recíprocos, as coisas podem sair tudo bem no final. Mas isso não quer dizer que eles ficarão juntos para sempre. Apenas é uma maneira curta de fazer alguém declarar seus sentimentos verdadeiros.

— Por acaso passou pela sua cabeça que alguém guarda um sentimento por algum motivo? Será que você é tão fútil assim para não pensar nas consequências das suas experiências? Só porque você tem problemas para amar, não quer dizer que tenha que resolver os problemas de todos.

— Eu sinto muito Jason, jamais desejei fazê-lo mal. Somos amigos.

— Não sei se realmente isso é algo que um amigo faria. — Jason virou-se sem olhar para mais ninguém — Sinto muito, mas eu não posso continuar aqui.

Annabeth cutucou Percy.

— Faça alguma coisa, a culpa disso tudo é sua — ela sussurrou.

— O que ele fez? — Perguntou Luke. — O que você fez? — Luke olhou para Percy.

— Fiz o que sei fazer de melhor, estragar as coisas. — Percy correu na direção de Jason, ele não poderia deixar que os amigos levassem a culpa por suas ações. — Preciso conversar, algo sério.

— Sinto muito, Percy. Mas eu não estou com cabeça. — Jason parou por um momento, já bem distante do grupo. Quando Percy o alcançou, pode ver melhor a dor estampada no rosto dele. — Eu não sou como você, sabe, não teve receio de mostrar para todos os seus sentimentos por Nico. Já eu, escondi durante anos o que eu sentia por Leo. Algo dentro de mim achava que não podia, eu não sei por quê.  Apenas não consegui lidar com isso, fui fraco. Mas essa era minha decisão, entende? Eles não podiam ter se intrometido na minha vida, apenas eu poderia decidir o que fazer. Na hora certa. Poderia demorar mais tempo, só que um dia eu ia tomar essa decisão.

Percy já estava se martirizando internamente por ter sido o responsável pela confusão.

— Eu não pensei nisso quando dei para Leo aquela poção. Desculpe.

— Se tiver mais alguma coisa que você me escondeu, é melhor falar agora.

— Black Jack te odeia. — Percy mexeu os ombros. — Mas eu nunca iria deixar ele colocar excremento na sua comida. — A piada deu um pouquinho certo, e Jason sorriu, embora parecesse mais um sorrido de “será que dá pra piorar o dia?”. — Leo te ama, ele só não conseguia falar isso. Pensou que não fosse fazer mal.

— Ele me ama tanto que eu o peguei na cama com outro. Tenho quase certeza de que esse tipo de amor livre precisa que ambas as partes estejam de acordo.

— Já pensou na hipótese? — Percy ouviu o suspiro de cansaço de Jason. — Vamos, é brincadeira. Precisamos de você. Nosso grupo não está completo sem o galã de Roma.

— Pelos deuses, você é horrível como conselheiro e pior ainda quando quer consolar alguém.

— Eu tenho meu charme. — Percy abriu os braços, e sem esperar por uma permissão, ele puxou Jason para um abraço. — Você ainda tem uma missão, lembra-se? Duncan e Jorge ainda estão por aí. Sem contar naquela maluca da Charlote que enganou a todos no Acampamento.

Jason ponderou, ele jamais deixaria para trás uma missão. Não seria agora que começaria a virar as costas. Concordou em retornar.

— Que bom que decidiu ficar. — Leo comemorou quando Jason e Percy voltaram para perto do grupo. Jason preferiu não falar nada e Leo achou que merecia aquele tratamento de silêncio.

— Muito bem, vamos decidir o que fazer daqui para frente. — Annabeth abriu o mapa no chão. — Aliás, onde está a Rachel?

— Aqui! Aqui. — Rachel saiu do ônibus, com o celular na mão. — Consegui sinal, falei com meu pai e ele disse que pode nos ajudar. Tem um aeroporto em Salt Lake City, um piloto amigo dele vai nos levar para Nova York.

— Daqui até lá dá 3 horas de viagem. — Informou Travis, que apontou no mapa o melhor caminho para poderem cortar e tentar economizar pelo menos em uma hora a viagem.

— Se todos estiverem de acordo, vamos fazer isso. — Annabeth não viu ninguém protestar, então dobrou o mapa, entregando para Butch, que estava dirigindo o ônibus. — Nos tire desse deserto. — ela lhe deu um beijo e depois mandou que todos entrassem no ônibus.

— Eu já vou, eu já vou. — Drew ficou para trás, sentindo uma cãibra. Ela fez uma massagem sobre a bota, mas não adiantava muita coisa. — Isso dói demais.

— Vamos, precisamos partir agora. — Annabeth a apressou, entrando no ônibus.

— Calma, estou com uma dor horrível, preciso tirar essa bota.

— Eu te ajudou. — Dante estava alguns metros de distância dela quando a terra tremeu. Houve uma pausa, mas o segundo abalo sísmico foi maior, causando uma rachadura no chão, separando os dois. — Não se mexa. — ele ordenou. — Eu vou pular e te pegar.

— Não! É grande demais essa fenda. — ela sorriu para demonstrar que estava tudo bem, embora Dante não acreditasse muito, mas concordou apenas para tranquilizá-la. — Você está ouvindo isso?

Drew afastou-se da fenda criada no chão.

— Preparem-se. — Dante mandou que todos ficassem atentos. Percy desceu do ônibus, podia ouvir um chiado familiar. Eram bater de asas. — Está vindo lá de dentro.

— Vamos sair daqui o quanto antes. — Annabeth gritou, pedindo para que Butch ligasse o ônibus. — Jason, você pode buscar a Drew, voe até ela.

Mas Jason não teve tempo de sair do lugar, uma revoada de pássaros dourados saíram da fenda. As aves voaram para o céu, mas, logo em seguida, direcionaram seus bicos de aço para o grupo de semideuses.

— Se escondam embaixo do ônibus — Gritou Luke. — São Milhafres douradas. Não imaginei que fosse ver uma dessas na minha vida.

— Como derrota essas coisas? — Percy perguntou, deitado no chão ao lado de Luke.

— Eu nem sabia que era possível existir uma Milhafre dourada. Era apenas uma história antiga que eu ouvia quando entrei no acampamento. Ninguém nunca viu uma.

— Eu vou atrair a atenção delas — falou Dante. — Enquanto Jason busca Drew. — ele deu uma espiada para o outro lado da fenda, ela estava deitada no chão, com as mãos protegendo a cabeça.

Jason concordou e combinou com Dante a hora de atacarem. O filho de Zeus uniu forças suficientes para lançar vento na direção dos pássaros, desorientando-os. Armado com uma lança, Dante atraiu a atenção para os pássaros, recebendo a ajuda de Leo, disparando bolas de fogo para o céu, acertando vários pássaros. Os outros faziam sua parte para conseguir afastar a revoada.

— Estão vindo mais! — Percy gritou, ele de repente sentiu o chão tremer novamente. A fenda então explodiu com a quantidade de pássaros. E, dessa vez, eles não estavam sozinhos. — Harpias!!! — ele caiu no chão, preso por duas Harpias que seguravam seus braços.

— Olha quem encontrei. Percy Jackson, minha senhora vai gostar dessa novidade. — uma das Harpias grunhia e falava com o rosto pertinho de Percy. Dava para sentir o mal cheiro das penas de suas asas e o fedor que saia de sua boca demonstrava uma total falta de higiene bucal.

— Que nojo, sai de cima de mim, sua maluca. — Percy sentiu as pernas serem presas em alguma coisa. — Algemas? O que...

A Harpia que estava em cima de Percy agitou as asas e ecoou um grito estridente, fazendo quase todos os meio-sangues tamparem os ouvidos. Os Milhafres se assustaram e voaram numa outra direção, até que todos retornaram de onde vieram. A fenda criada no meio da estrada estava em silêncio.

Dante sentia uma dor lancinante na cabeça, os ouvidos zuniam com o efeito do grito da Harpia. Ele ajudou Andrômeda a se levantar e verificou o machucado na cabeça dela, pedindo para que Travis cuidasse daquilo.

— Hã? — Travis não conseguia ouvi-lo.

— Cuide dela, eu vou checar os outros. — berrou o filho de Ares. Ele se virou a procura de todos, mais precisamente em busca de Drew e Jason.

— Não consigo ouvir nada. — gritou Leo, para Alex. — Sua perna está sangrando. — Leo continuava gritando, pedindo ajuda para Annabeth.

— Acalme-se. — ela ergueu as mãos, para que Leo parasse de gritar.

— Por que você não ficou surda? — Leo tentou falar baixinho, mas não tinha controle sobre sua voz.

— Butch me protegeu. Ajude a conter o sangramento, aperte as duas mãos no ferimento, vou buscar a maleta de primeiros socorros. Onde está o Percy? — Annabeth se levantou e correu até o ônibus. — Onde está o Percy? — Perguntou para Luke.

— Nos separamos no meio do ataque. — Luke olhou ao redor, era um pouco difícil conseguir enxergar com a poeira da estrada levantada. — Perseu! — gritou. — Eu levei Rachel para dentro do ônibus, por um minuto e o perdi de vista.

— Percy! — Annabeth gritou. — Onde está Drew? E o Jason? — a loira tentou manter a calma, mas a voz vacilou quando ela encontrou com Dante. — Onde eles… cadê?

— Eles não estão em lugar nenhum. — Dante pressionava as mãos na cabeça, visivelmente perturbado. — Eu não sei onde estão.

— Foram levados? — Annabeth falou baixinho. — Eles foram levados. — ela olhou ao redor, seus amigos feridos. — O que vamos fazer? — ela não perguntou para alguém em especial.

— Vamos encontrá-los. — Luke respondeu. — Precisamos de ajuda.

— Ninguém vai nos ajudar, você ouviu o Senhor D. Estamos sozinhos nessa.

— Nós vamos dar um jeito. — Luke tentou parecer otimista, embora ele mesmo estivesse com dúvidas sobre isso.


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Notas finais do capítulo

Oie gente!! Sumi e agora voltei.
Estou terminando o final da história, daí decidi postar quando tivesse mais adiantado.
Temos ainda 5 capítulos e mais uns 2 ou 3 epílogos porque é gente demais pra dizer adeus.

Não desistam, estamos chegando lá!
Beijão