Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 28
Ninguém está pronto para: Duras verdades & Ideias mortais


Notas iniciais do capítulo

Ninguém está pronto para encarar a verdade que não queremos ver.



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Leo abriu a geladeira e pegou uma lata de cerveja. Ele aumentou o volume das caixas de som e tirou a bandana que segurava o cabelo para trás, usando-o como lenço para limpar a graxa em seu rosto. Já fazia um tempo que Leo Valdez não se sentia inspirado para trabalhar em seus projetos, mas nas últimas semanas ele estava empenhando a criar algo que viesse ajudar os semideuses.

O projeto que Leo estava trabalhando era um rastreador. Estava em fase de teste e nesse instante ele rastreava Alex. Na tela do seu laptop havia uma bolinha azul movendo-se rapidamente no mapa. Leo deduziu que ele estava de moto, e em cinco minutos bateria à sua porta.

Jason retornou para a Califórnia há duas semanas, e ele havia sugerido que Leo fosse junto nesta viagem, mas Valdez recusou. A desculpa que ele deu sobre ser mais útil em Nova York colou, e ele repetia isso para si mesmo todos os dias. Isso porque não queria admitir que algo a mais estava prendendo-o ali.

A campainha tocou e logo depois Leo ouviu umas batidinhas na porta. Era Alex. O teste do rastreador estava concluído. Mas ainda precisava de mais ajustes.

Alex entregou o rastreador para ele Leo.

— A pulseira pode ser facilmente quebrada em uma luta. — Alex entrou, sentindo-se a vontade para mexer na geladeira de Leo. — E o Chalé de Afrodite e Apolo vão, com certeza, perguntar se tem em outras cores para combinar com suas roupas.

Alex deu uma risada boba, era apenas uma piada. Mas pensando bem, poderia mesmo acontecer. Ele puxou uma cadeira e sentou, abrindo a tampa da garrafa de água, dando uma olhada ao redor. Estava uma bagunça. Na verdade, era sempre assim, mas dessa vez, Leo estava se superando.— Você foi assaltado, ou algo assim?

— Eu estou sem tempo para arrumar as coisas. — Leo estava parado diante de sua mesa, mexendo na pulseira do rastreador. — Estou pensando em fazer inicialmente com três cores básicas. Branco, preto e prata.

— Legal. Mas que tal você pensar que… — Alex se levantou e pegou a pulseira das mãos de Leo. — Se eu não quisesse ser encontrado, teria facilmente tirado isso do meu pulso.

— Eu pensei nisso. Por isso estou desenvolvendo uma nova pulseira. Como uma algema, não poderá ser removida. Preciso trabalhar em um metal mais resistente. Estou pensando em ir até o acampamento para isso. Meus irmãos seriam de grande ajuda nesse momento.

— Beleza, quando a gente vai?

Leo o olhou um pouco confuso.

— A gente? Quer dizer, nós dois?

— Sim. — Alex balançou os ombros. — Desculpe, mas, você quer ir sozinho?

— Não! Não é isso. Eu só não estava esperando que você quisesse vir comigo.

Alex deu um belo sorriso, jogando os cabelos para trás. Leo afastou-se dele, enfiando a mão no bolso da calça, encontrando ali uma traquitana pequena que costumava mexer sempre que ficava nervoso.

— Se achar que deve, pode perguntar para seu namorado.Ah! Ops, esqueci que ele não está aqui.

— Não seja cruel. — Leo não gostava quando Alex lhe jogava na cara aquela situação. O que não era de toda verdade. — Jason está ajudando Percy da maneira que ele puder. Além do mais, fui eu que não quis ir com ele para o Acampamento Romano.

— Ah! É mesmo? — aquilo era novidade para Alex, ele se levantou e começou a arrumar a mesa de trabalho repleta de papéis. — Você não quis ir com ele porque acha que é mais útil em Nova Iorque?

— Isso mesmo — Leo afirmou com uma expressão séria.

— Interessante. Levando em consideração que você não saiu um minuto sequer dessa toca que você chama de casa.

— Não precisa humilhar. — Leo falou baixinho.

Alex encostou as costas na mesa e cruzou os braços. Ele vestia uma jaqueta de couro e a camisa por baixo era branca, mas estava manchada com molho, denunciando que havia comido um cachorro quente. Leo girou os olhos, sentindo um incomodo por ter notado aquele detalhe pequeno e sem importância para aquela conversa.

— Posso te perguntar algo pessoal? — Alex tombou a cabeça para o lado, buscando contato visual com Leo, que tentava desviar os olhos da mancha de molho da camiseta do rapaz.

— Todas as perguntas que você faz são pessoais.

— Tem razão. — Alex descruzou os braços e olhou para a parede onde havia uma lousa cheia de anotações e algorítimos. — Na verdade não é uma pergunta. É mais uma ideia que passou pela minha cabeça.

— E o que seria?

— Você está fugindo do Jason — se ele precisava de uma confirmação para provar sua hipótese, a cara de Leo já era a resposta. Alex não pode negar que estava satisfeito com isso.

— Não fale bobagem. Jason e eu estamos passando por um momento difícil, queremos ajudar Percy e Nico, e ainda tem o acampamento, ele tem suas obrigações.

— Ouça bem o que você diz — Alex aproximou-se de Leo, fazendo-o dar um passo para trás — Essas são desculpas que você têm alimentado. Poderia ter ido embora com Jason no momento que ele estalou os dedos.

— Não me tome como um cachorro. — Leo sentiu-se incomodado com aquele estalar de dedos de Alex.

— Eu não quis dizer isso. Pelo contrário. É Jason.

— Como assim?

Alex não se aproximou mais, ele virou e retornou ao trabalho, evitando ao máximo deixar as coisas desorganizadas para Leo. Afinal, ele possuía um sistema. Um sistema onde gênios e suas bagunças se entendem. E Alex compreendia o sistema de Leo, melhor do que ele mesmo.

— Jason está preso aquela poção que você o fez beber.

— Como você sabe sobre… — Leo tampou a boca. De certo Alex estava apenas jogando verde. E colheu a resposta bem madura. Valdez odiou-se naquele momento.

— Nosso DNA pode estar preparado para lutas mortais, encarar monstros e ler textos de linguagem muito antiga. Mas quando não estamos prontos para algo, por mais que desejamos no fundo do nosso coração, isso acaba se tornando uma tortura. Você já se perguntou se Jason realmente desejava se declarar? Acha mesmo que se ele te amasse profundamente, teria esperado todos esses anos para fazê-lo?

— Eu…— A mente de Valdez trabalhava a mil por hora, mas nenhuma palavra inteira saia de sua boca. E se Alex estivesse certo disso? E se Jason não estivesse preparado para se declarar.

As lembranças de Leo com Jason vieram a tona naquele instante. Jason sempre ressaltando que não sabia o que lhe dera na cabeça, apenas sentia um desejo inexplicável de beijar Leo. E isso tudo era culpa da poção. Sem a poção, Jason jamais teria coragem de se declarar.

***

Nico estava sentado na poltrona de Hades, aguardando a chegada do pai. Já havia passado uma semana desde que despertara e descobrira que estava no mundo inferior a mais tempo do que havia planejado. Ele tentou de todas as maneiras retornar para a superfície, mas todas as tentativas foram frustradas. Também não conseguia entrar em contato com Percy ou qualquer outro mortal.

A frustração corroía seu corpo, além da decepção que Persefone lhe causara. Por mais que a deusa tentasse explicar seus motivos, Nico não conseguia perdoá-la. Ele entendia a preocupação da madrasta, mas não era mais uma criança. Possuía o livre arbítrio. Era o filho de Hades. Tinha o direito de ir e vir como bem desejasse. Mas seu direito de escolha fora arrancado de suas mãos.

Hades estava no Olimpo, e Nico não sabia o que poderia ser tão importante para que ele demorasse tanto para voltar.

— Querido. — Persefone entrou, carregando consigo uma bandeja. — Eu trouxe uma salada de margaridas com laranja para você comer.

— Eu não estou com fome. — Nico não se importou em parecer como uma criança mimada, ele só queria ficar sozinho.

— Por favor, coma só um pouco.

Nico a encarou seriamente, a deusa notou o tom avermelhado ao redor de seus olhos negros.

— Eu como se você me deixar voltar. — Se ele seria tratado como criança, então agiria como uma, e fazer trocas estava no topo da lista de birras.

— Não posso. Hades não me permitiu. Ele logo vai voltar. — E então ela saiu, deixando a bandeja sobre a mesinha de centro.

Nico escorregou o corpo na poltrona, fechando os olhos. Ele podia ver Percy em uma busca infinita, mas não podia fazer nada para ajudá-lo. Com as mãos atadas, sem ter o que fazer e para onde ir, Nico decidiu procurar ajuda fora do reino de Hades. Quer dizer, alguém naquele lugar devia ser útil para ajudá-lo. Mesmo sem condições de subir para o mundo mortal e falar com qualquer outro mortal… Nico podia falar com os mortos. Dã!

Ele precisava encontrar alguém que tivesse uma ligação forte, ou um assunto inacabado com Percy Jackson. Pois, assim que voltasse à vida, iria ao encontro dele.

A ideia era brilhante e perigosa. Nico só precisava fazer a escolha certa.

Ele pensou em Bianca, mas todos esses anos, jamais conseguiu contato com a irmã. Também pensou em Charles Beckendorf. Mas Nico sabia que a morte dele não havia nenhum assunto inacabado. Beckendorf dera a vida de bom grado para que Percy tivesse sucesso em sua jornada. Silena também dera sua vida em prol à luta. Assim como tantos outros. Quem, no mundo dos mortos, poderia ter algum assunto inacabado com Percy Jackson?


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Notas finais do capítulo

QUEM no mundo dos mortos teria um assunto inacabado com PJ??? :v
Nico você tem certeza de que vai fazer isso?
UHUHEUHEUHEHU

— Eu tô quase fazendo o Alex arrancar um beijo do Leo, as roupas e o que mais for. Não decidi ainda o que faço. Alguém me de uma luz. Os capítulos deles estão em aberto, não consigo fechar KK tô aceitando sugestão.

Beijocas :D