Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 19
Ninguém está pronto para: Visitas inesperadas Parte 2


Notas iniciais do capítulo

A visitinha da Afrodite pode não significar algo ruim, pode?
(Capa: Afrodite na visão do Dante, hehe é claro que ele enxergaria uma deusa asiática linda como essa)



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Drew abriu a caixa térmica de Travis e encontrou apenas cerveja. Não era exatamente o tipo de bebida que se oferece para uma deusa, ainda mais sendo sua mãe. Ela pegou uma das latinhas e aproximou-se daquela cadeira exuberante. Todos os demais ainda estavam perplexos com a visita inesperada.

— Essa nova geração não sabe muito bem como se divertir à beira mar. — Comentou Afrodite, enquanto experimentava a bebida. — Isso é horrível, minha querida.

— Sinto muito, mamãe. É a única coisa que temos para beber.

— Pois muito bem, eu terei que intervir nessa festa. Se é que me permitem. — Afrodite se levantou da cadeira, ela usava um vestido de veraneio com alças e sandálias douradas, trançadas até os joelhos.

Ela movimentou as mãos e uma brisa suave soprou transformando uma pequena rocha em mesa com diversas bebidas e petiscos. Afrodite aplaudiu seu feito, ordenando que todos erguessem os queixos caídos e aproveitassem a festa. Mas, convenhamos que, com uma deusa na sua frente, era difícil relaxar.

Deuses não aparecem se nenhum motivo aparente.

Dessa forma, Drew pegou uma das garrafas de vinho e serviu em uma taça, oferecendo para sua mãe. Afrodite aceitou a bebida e sentou-se novamente na cadeira.

Os únicos ruídos naquele instante eram o sopro do vento vindo de um mar agitado. O crepitar do fogo na madeira e o balanço das árvores na floresta. Não era bem o tipo de recepção que uma deusa como Afrodite desejava.

— Vocês devem estar curiosos, pensando o que estou fazendo aqui. — Ela saboreou o vinho, fazendo boas críticas. — É verdade que não costumo compartilhar momentos assim com os heróis. Mas eu não pude deixar de atender o pedido de quatro pessoas em um mesmo lugar. Achei tão revigorante e amável da parte de vocês pensarem em mim nesse momento.

— Quatro pessoas? — Nico perguntou baixinho. Afinal, ele havia feito um pedido mental para a deusa, então pelo visto não foi o único.

— Isso mesmo querido. — Ela contemplou Nico por alguns segundos. — Fico feliz que tenha me chamado.

— Você a chamou? — Drew olhou-o imediatamente, talvez um pouco irritada.

— Não fique brava com ele, querida. Nico Di Ângelo apenas deseja que seus amigos sejam felizes. — Afrodite respondeu, em um tom de voz gentil. — E aproveitando o momento, eu acho que é hora de falarmos sobre seus poderes.

Drew sentiu o corpo estancar. Ser o centro das atenções em qualquer situação era fácil, mas não quando sua mãe poderosa está por perto.

— Mamãe, as poções foram recuperadas. — Suas palavras soaram inicialmente como desculpas. — Eu não irei mais fazê-las. Eu juro pelo rio Estige.

— Eu confio em suas palavras, minha pequena. Mas seus poderes não foram removidos porque você criou aquelas poções. Talvez já saiba a resposta, mas ainda precisa aceitá-la.

— Tenho certeza de que minhas decisões pessoais não deveriam ser interpretadas de maneira negativa, nem mesmo por minha mãe. — Drew prendeu a respiração, estava magoada desde o princípio, mas nunca foi contra a maneira que sua mãe agia. — Eu não quero meus poderes de volta.

— Oh! Minha abelhinha. — Afrodite levou a mão ao coração teatralmente.

Ela virou-se, encontrando os olhos de Dante sobre si. Drew buscou conforto nos olhares de suas amigas e amigos também. Ela olhou então para a mãe.

Afrodite possuía um ar de mistério e beleza refinada para sua filha.

Drew saiu, não havia mais nada para falar com a mãe. Assim que ela sumiu por entre as árvores da floresta, Dante se levantou e foi atrás dela. Andrômeda não teve tempo de falar nada, aproveitando a situação, Travis sentou-se ao lado dela. Ele não estava assim tão preocupado com a presença divina de Afrodite, pelo contrário, estava era contente porque Dante foi embora.

— Quanto tempo, senhora. — Percy se levantou. — Não sei porque, mas todas as vezes que nos encontramos alguma coisa importante, ou problemática, acontece. — Ele foi até a mesa e pegou algumas uvas, jogando-as para dentro da boca. — Espero que dessa vez eu não esteja na sua lista de tarefas diárias.

— Não, não está, sua hora ainda não chegou. — Afrodite sorriu, um sorriso frio e misterioso. — Mas tente não causar mais problemas daqui em diante. É um pouco irritante quando as pessoas tentam usar poderes além da compreensão somente porque querem o bem de seus amigos.

Percy captou a mensagem e deu um olhar agradecido para Afrodite, que não entrou em detalhes.

— Senhora. — Nico aproximou-se de Afrodite. Não era o momento mais adequado para falar sobre assuntos pessoais, ou era? Mas ele precisava.

— Sim, sim. Acho que temos muito o que conversar, meu jovem. Mas infelizmente eu nada posso fazer. Dizem as más línguas que eu amaldiçoei as crianças de Hades. Imagina, eu não tenho nada contra vocês. Muito pelo contrário, desejo que todos vivam intensamente e sejam felizes.

Parecia um belo discurso, mas ninguém ali estava acreditando muito nas palavras da deusa do amor. E discutir sobre o assunto estava fora de cogitação. Afrodite não faria do caminho de cada um algo muito simples.

— Então que história é essa de filhos amaldiçoados? Drew contou sobre os filhos de Hades e do meu pai. Mas eu bem queria saber a verdade vinda da Senhora.

— Oh! Sim. É verdade Perseu. Isso é um caso a parte. Eu não tive culpa, eram muitos monstros. O destino as vezes é cruel.

— Meu pai sempre me ensinou que o destino depende apenas de nossas decisões. — Alex aproximou-se da deusa lentamente. — Antes de morrer ele me falou que as minhas origens não podem dizer quem sou. Apenas eu mesmo.

— Seu pai foi um homem sábio, Alexander. — Afrodite abaixou o leque, deixando-o sobre seu colo. — Durante sua vida, haverá momentos em que uma segunda pessoa poderá fazer toda a diferença. Butch, querido, você pode me ajudar? — Afrodite mudou de assunto rapidamente. Butch estava em pé, perto da mesa, mas não comia nada. — Eu adoro tatuagem, sabia?

— Eu não sabia, senhora. — Ele falou, segurando a mão de Afrodite, caminhando até a cesta de romãs.

— Tenho certeza de que sua coragem, lealdade e gentileza será o suficiente para que o seu futuro seja arrebatador minha bela criança de Iris. — Afrodite tocou os dedos finos nos bíceps de Butch. — Você é forte.

Ela deu uma risadinha, apanhando uma romã. Annabeth estava do outro lado da mesa, não menos confusa que os demais, mas não queria dar o braço a torcer.

— Por que está fazendo isso? — A filha de Atena perguntou, cruzando seus braços.

— Ah! Filhos de Atena, sempre tão curiosos. — Afrodite suspirou. — Deve ser muito ruim ter razão. Oh! Butch, meu bem, experimente os macarons. São franceses, deliciosos.

Annabeth girou os olhos, achando ridícula aquela cena.

Percy não estava tão preocupado com Butch sendo assediado por uma deusa, ele era bem grandinho para se cuidar. A sua preocupação estava mais em Nico, que parecia perdido em seus pensamentos.

— Hey! — Percy segurou as mãos dele. — Está tudo bem?

Nico encarou-o, mas não parecia vê-lo. Seus olhos negros eram como duas pedras infinitas. Percy podia sentir radiar medo e poder. Percy o abraçou, beijando-o no topo da cabeça, prometendo que não precisava se preocupar com nada, pois ele estava ali.

Leo Valdez observava a deusa em uma conversa animada com Butch e Annabeth. Embora a loirinha não estivesse assim tão animada com a cena que se desenrolava diante de seus olhos. Ele sequer ouvia o que Jason estava falando, pelo menos não até Jason o cutucar, perguntando se estava tudo bem.

— Lembra-se da última vez que nós a vimos? Você era o príncipe encantado da filha dela, agora é o meu... você sabe.

— O que isso tem a ver?

— Afrodite sequer olhou na nossa cara.

— Continuo sem entender. — Jason olhou na direção da mesa, Afrodite estava colocando cerejas na boca de Butch. O coitado parecia mais deslocado que Marte em uma loja de ursinhos escolhendo um presente para Vênus.

Só para lembrar que Jason é romano, então era natural pensar em seus títulos romanos.

— Não me parece um bom sinal.

— Você está exagerando. — Jason passou a mão nos ombros de Leo, fazendo uma massagem leve. — O motivo da presença dela não deve ser por nós.

Aquela resposta não foi o suficiente para Leo desistir. Ele precisava saber. Além do mais, foi um dos que pensou em Afrodite antes dela aparecer, então ela não o ignorou completamente.

Leo podia ver que Alex também não estava muito satisfeito com o que ouvira da deusa. Segundo ela, uma outra pessoa fará toda a diferença na vida de Alex. E Leo desejou que essa pessoa fizesse algo bom para ele.

Vamos combinar que esse menino precisa ficar mais esperto.

— Vai ver ela não me reconheceu. — Jason comentou. — Afinal, estamos no acampamento Grego, eu sou do Romano.

— Jura? — Leo girou os olhos. — Já esqueceu que ela nos deu um banho de loja uma vez? Versão grega ou romana, essa deusa não esqueceria a sua cara bonita facilmente.

Mas Leo precisava agora cuidar de seus próprios problemas.

— Aproveitando que não parecem interessados em nós dois, eu preciso ir. — Jason enfiou a mão no bolso, tirando um papel dali de dentro, entregando para Leo. O rapaz já ia abrindo, mas Jason o proibiu. — Lê com calma depois.

— Eu não entendo, achei que fosse ficar. — Leo falou em tom de lamúria.

— Já disse que estou em missão. Não posso ficar, prometi para Reyna que cumpriria essa missão o quanto antes.

— E se eu for com você?

— Pode não ser uma boa ideia, pelo menos não depois de estar na lista negra do Senhor D.

— É que... — Leo guardou o papel no bolso da jaqueta. — Você não deve precisar de ajuda, não é? — Ele completou com um sorriso mecânico e Jason caiu direitinho.

— Assim que puder, eu volto. Talvez antes mesmo do verão acabar.

— O verão acabou de começar... — Leo não queria parecer mais desanimado do que estava. Mas já era tarde. Jason o fitou com carinho, mas não se aproximou, apenas continuou falando baixinho.

— Eu tenho uma responsabilidade em minhas mãos. Espero que compreenda.

— Sim, é claro. — Leo deu um soquinho de leve no ombro de Jason. — Vai lá e pega os manés que fugiram.

Jason deu uma olhada ao redor, cogitando a possibilidade de se despedir de todos, mas achou que os outros estavam muito ocupados.

— Sabe eu... sinto muito. — Jason passou a mão na testa. — Não sei como tive coragem de beijá-lo no aniversário do Percy, com todo mundo olhando. — E aproveitando que ninguém os olhava, beijou Leo rapidamente na boca. Não foi um beijo de despedidas do sonho, mas ambos sabiam que deviam treinar mais essa área.

Assim que Jason partiu, Leo se sentiu desanimado. Felicidade durava pouco, mas valia a pena. Não é? Eles ainda precisavam conversar mais e ver como isso iria acontecer, com Jason morando do outro lado do país... Ok! Era melhor pensar nisso depois. Mas porque não parecia tudo cem por cento certo? Porque alguma coisa o incomodava?

— Onde ele foi?

Leo virou-se e encontrou Alex parado logo atrás dele, com uma lata de cerveja na mão e aqueles olhos acinzentados...

— Ah! Resolver problemas romanos. — Leo imitou um sorriso de que estava tudo bem, mas não convenceu muito Alex. O rapaz cruzou os braços e ficou encarando-o, até que Leo desabafou. — Eu não sei o que está rolando, satisfeito?

Alex ergueu as mãos.

— Calma, eu só quero ajudar. Pode falar comigo quando precisar.

— Eu não sei se estou afim de falar nisso agora. — Leo se sentiu péssimo por isso, Alex parecia querer ajudá-lo mesmo. Mas era melhor assim, não estava pronto para pensar em Jason, ou na complicada história que vivia. — É impressão minha, ou o cara dos pôneis está levando uma cantada de uma deusa?

— Acho que o pai do Dante não vai curtir muito essa novidade. — Alex deu um gole na cerveja.

— Não sei se ele vai ter alguma chance de se vingar, parece que alguém estava muito vermelha de raiva. — Leo se referia a Annabeth, que realmente parecia ofendida com a deusa paparicando Butch. — Eu já vou indo, não tem mais nada para mim aqui.

Leo mexeu os ombros e enfiou as mãos no bolso da jaqueta e sentiu o papel que Jason lhe dera. É, estava curioso para saber o que era.

— Quer que eu vá com você? — Alex se prontificou, mas Leo recusou o convite, queria ir sozinho para pensar. — Tudo bem, amanhã a gente se vê.

Leo ergueu a mão e acenou desanimado. Ele caminhou num ritmo acelerado pela floresta, não seria uma ideia muito boa ser pego fora do chalé aquela hora. Seus irmãos brincavam de guerra de robôs, então não teve problema em acordar ninguém. O barulho lá dentro era abafado com um sistema antirruído aperfeiçoado por Leo.

Antes de ir para a cama, Leo ainda apostou no robô de Maya. Ganhou uma grana, porque Maya é muito boa em armar e destruir.

Ele deitou em sua cama e colocou os fones de ouvido. Deixou a lista tocar no aleatório, gostava de ser surpreendido por seu bom gosto musical. Começou a tocar Bon Jovi. E não existe no mundo melhor banda para cantar as dores do amor.

Leo tirou do bolso o papel entregue por Jason. A curiosidade não poderia aguentar mais alguns segundos. A princípio ele não entendeu muito bem o que significavam todos aqueles números, mas não demorou muito para sacar que eram coordenadas. Provavelmente seria as coordenadas dos lugares onde Jason estaria. E se isso era realmente um mapa de onde ele poderia estar, significava que aquela caça era perigosa e Jason não queria preocupá-lo.

Sem perder tempo, Leo se levantou de sua cama, os irmãos de chalé sequer notaram sua saída, estavam gritando para que o robô de Maya destruísse o outro. O acampamento estava na penumbra. Os campistas já deveriam estar todos em seus chalés, embora muitos soubessem que essa regra era facilmente burlada quando desejado.

Leo chegou ao chalé de Atena, não sabia se Alex ou Annabeth haviam retornado da festinha com Afrodite, mas ele esperava que sim. Quem atendeu foi Dominica, uma recente campista. Ela estava com os olhinhos vermelhos, deveria estar lendo, ou com muito sono. Leo perguntou por Annabeth.

— A cama dela está vazia. — Dominica olhou para Leo e bocejou. — Você quer deixar um recado?

— E o Alex? — Leo perguntou, recebendo um olhar preguiçoso. — Ele está aí?

— Eu não sei. — Dominica esfregou os olhos. Ela virou-se e abriu mais a porta do chalé, dando um grito. — Alguém viu o Alex?

— Hey! Não precisa acordar o acampamento inteiro. — Leo sacudiu os braços, ouvindo a voz de Alex pedindo desculpas para os irmãos. — Ah! Aí está você.

Antes de falar qualquer coisa com Leo, Alex pediu para Dominica ir para a cama e guardar seu livro, ou ela não conseguiria acordar no horário certo pela manhã. Ele deu um beijo na testa da menina e em seguida fechou a porta.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim. Jason me deu isso. — Ele entregou o bilhete. — Achei que fosse um bilhete romântico, mas pelo visto os romanos não são assim tão carinhosos.

Alex suspirou pesadamente e Leo decidiu que aquele assunto estava trazendo um ar pesado para as conversas dos dois. Então ele falou do bilhete, as coordenadas.

— Precisamos de um mapa. — Alex dobrou o bilhete e guardou em seu bolso, Leo ficou olhando para ele. — O que é?

— O bilhete é meu.

— Você disse que não era romântico, agora quer ele?

— É por consideração. Ok? — Leo recebeu de volta o bilhete e guardou no bolso de sua jaqueta. — Onde vamos conseguir mapas a essa hora?

Alex sorriu.

— Onde mais? — Ele abriu a porta do chalé, convidando Leo para entrar e não fazer barulho.

 


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Notas finais do capítulo

Afrodite: Atriz Li Bingbing
Drew: Atriz Zhang Ziyi

Para lembrar, eles ainda estão no acampamento de "castigo" como eu digito pelos cotovelos, vai demorar ainda uns 3 capítulos para eles saírem daí. Aí sim, tudo volta ao "normal".
Confesso que enfiei eles no Acampamento porque eu queria escrever um pouco sobre o Dionísio :x euhehue

Beijos, até mais. Comentem o que acharam. Já faz um tempo que não escrevo essa história, estou postando dos arquivos adiantados. Preciso de um ânimo e duas doses de conhaque para continuar xD