Ninguém está pronto para a vida escrita por Kori Hime


Capítulo 12
Ninguém está pronto para: Novas maldições


Notas iniciais do capítulo

É como dizem: Maldições ruins chegam cedo.



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Drew estava sentada na cadeira do pai, usando um vestido preto moldado especialmente para seu corpo e botas tão longas que iam até suas coxas. Ela havia deixado a casa de Percy naquela tarde, combinando um horário para se verem novamente, o que a filha de Afrodite não esperava era que Percy traria companhia em sua pequena reunião.

Drew o olhou incrédula, mas Percy jurou pelo rio Estige que não havia contado para ninguém que ela estava sem seus poderes. E que poderia continuar fazendo a cara de malvada de sempre.

— Eu só não sei o que esses dois estão fazendo aqui. — Disse Drew, apontando o queixo para onde Alex e Dante estavam parados.

— Sinto muito pela falta de educação. — Alex aproximou-se da mesa. — Eu sou o Alexander James Mitchell. Muito prazer senhorita Tanaka. Já ouvi coisas muito boas ao seu respeito.

Ele cordialmente, e delicadamente, segurou a mão de Drew.

— Eu me lembro de você. Achei que tivesse morrido, sumiu por bastante tempo.

— É, eu tive que cuidar da minha madrasta. Mas como pode ver, eu estou vivo.

— Bastante vivo, por sinal. — Ela deu um sorriso cheio de graça. Percy pigarreou e os dois cortaram o clima que estava constrangendo o resto do grupo. — E quanto ao filho de Ares? Não te convidei para minha festa particular. — Drew fuzilou Dante com um olhar irritadiço.

O desprazer era recíproco. Dante não se deu ao trabalho de responder, sequer olhou para Drew. Todos sabiam que aqueles dois brigavam como cães e gatos, mas ninguém sabia o real motivo. E ninguém tinha coragem de perguntar.

Então eu é que não vou me meter nessa conversa.

— Eu encontrei com ele quando estava vindo para cá, achei que seria legal mais pessoas para ajudar. Já que a Rachel e Annabeth estão no acampamento nesse momento. — Dessa vez Percy teve que quebrar o clima de tensão que pairava no ar. E até fez recomendações do ótimo trabalho de Dante na cafeteria, entregando bolos.

Ok! Foi desnecessário essa, mas Percy tentou apaziguar a situação.

— Vamos ao que interessa. — Drew cruzou as pernas, batendo a ponta de suas unhas sobre a mesa de vidro. Seu pai estava em uma viagem de negócios, por isso ela poderia ficar à vontade na sala dele. Sendo que ela também ficava a vontade quando ele estava lá.

— Espera. — Percy a interrompeu. — Ainda falta o Nico.

— Pelos deuses, Perseu, eu não tenho tempo para esperar seu namorado vir do mundo dos mortos... — Drew falava aborrecida, gesticulando as mãos, mas um segundo depois, a parede onde Dante estava escorado parecia uma cortina negra e então Nico saiu das sombras. — Pronto. O príncipe dos mortos chegou, agora vamos ao que interessa.

Nico e Percy trocaram olhares cúmplices. Eles queriam se abraçar, beijar... essas coisas de casal. Mas apenas tocaram as mãos, e como sempre, a mão de Nico estava super fria e a de Percy muito quente.

— Uma coisa muito importante foi roubada do cofre em meu laboratório, que fica no porão do prédio onde moro. O segurança não se lembra de nada, ninguém viu nada, as câmeras de vigilância captaram duas pessoas estranhas. — Atrás de Drew havia dois monitores grandes, onde ela deu play no controle remoto e o vídeo de vigilância começou. — Vejam, eles conheciam bem o lugar.

— Pode ter sido algum parente seu? — Percy perguntou o que todos estavam pensando naquele momento. — Ou algum irmão de Chalé? Eles não têm acesso ao laboratório para fazer os produtos de encanto e beleza?

— Sim, tem acesso, mas não, não foram eles. — Drew levantou-se da cadeira, seus cabelos negros estavam perfeitamente penteados e somente Percy sabia que daquela vez não tinha nada de truque mágico de beleza. Foram boas horas no salão. — Por mais que eu tente querer culpar um deles, não foi trabalho de uma criança de Afrodite.

— Hermes? — Nico chutou, mas com um pouco de cautela. Não queria acusar ninguém sem provas.

— Se fosse algum filho de Hermes, eles não iriam aparecer na filmagem. — Comentou Dante, lá do fundo da sala. — E eu garanto que não foi ninguém do Chalé de Ares. O que a gente iria querer com essas porcarias de cosméticos?

Drew riu nervosa com aquele comentário.

— É claro que não foram vocês, sequer sabem resolver a tabuada de multiplicação de dois, quem dirá entrar no meu cofre! — Drew respondeu afiada.

— Se fosse um dos filhos de Ares, teríamos mandado seu maldito laboratório para a lua.

— Ok! Ok! — Percy caminhou pelo escritório. — Sem brigas. Eu não quero ter que usar a força com vocês dois.

Drew e Dante olharam sérios para Percy.

— Posso tentar manipular as imagens e ver se consigo alguma coisa. — Leo falou tirando de seu cinto de ferramentas mágico um laptop. Ele sentou na cadeira onde Drew estava e começou a trabalhar. Alex puxou uma cadeira para ajudá-lo com a tarefa.

Enquanto isso, Nico e Percy encontraram um minutinho para conversarem.

— Oi. — Percy falou.

— Oi? Uma semana sem me mandar mensagens, e só me diz um oi? — Nico se ofendeu, mas não queria mostrar que estava zangado.

Mentira. Olha só! Percy foi no mundo inferior e disse na cara de Hades que o caso dele e de Nico não era brincadeira de criança. Firmou um compromisso com aquelas palavras. E agora vinha com um Oi? Faça o favor, Percy.

Nico di Ângelo estava puto. Qualquer um ficaria. Mas era melhor lavar a roupa suja em casa. O que já era tarde demais, pois a 'entendida' no assunto de relacionamento do grupo estava observando-os naquele instante.

— Vocês dois são uma bomba relógio juntos. Sabia? — Drew estava sentada em cima da mesa de vidro, dando uma espiada no trabalho de Leo. Ela usava uma maquiagem discreta, o que era incomum para sua personalidade. Apesar dos brincos fazerem um papel de chamar mais atenção do que o vestido.

— Como é? — Nico não achou que ouvira corretamente. Mas ele ficou branco feito farinha de bolo, achou que Drew sabia daquele certo probleminha de Nico, o descontrole de poderes. — Do que você está falando?

— Vocês não conhecem a lenda dos filhos amaldiçoados? — Ela jogou os cabelos para o lado.

— Eu tô um pouco cansado de maldições, mas se tiver meu nome envolvido, quero saber da história. — Percy notou que Nico ficou nervoso, mas a curiosidade dele falou mais alto.

— Existe uma lenda de que mamãe amaldiçoou as crianças de Hades. E desde então elas não podem alcançar a felicidade plena, o amor, blá, blá, blá. É bem dramático, eu não tenho certeza dos detalhes, e só para constar, não aprovo essas maldições.

— Meu pai falou algo sobre isso. — Nico di Ângelo quis parecer que não acreditava em tais histórias, mas era óbvio que ele acreditava.

— No jantar. — Percy olhou para Nico e depois voltou para Drew. — Ele disse que mais uma vez os filhos de Poseidon e Hades se encontravam. O que você sabe sobre essa maldição?

Todos pararam para ouvir o que Drew tinha para dizer, até mesmo Leo Valdez. Se bem que ele continuou com os olhos no laptop. Mas possuía dois bons ouvidos. E Dante não estava muito interessado em maldições de amor e essas coisas. Alex queria saber por motivos de – Sou filho de Atena, curioso de nascença.

— Marrie a filha de Poseidon, fugiu da França com a ajuda de Pierre, filho de Hades. A família dela foi condenada a forca no fim da Revolução Francesa. Mas Pierre a salvou das masmorras. Porém, não conseguiram ir muito longe. Sendo filhos de poderosos deuses, os monstros os atacaram de maneira cruel quando chegavam à Alemanha.

— Que história triste. — Percy segurou a mão de Nico, que suava frio. — E o que tem eles serem filhos dos grandes?

— Eles eram amantes. — Drew analisou as faces duras de Nico e Percy. — Marrie esperava um filho. Imagine, filho dos filhos de dois dos três grandes. Mamãe sempre nos conta essa história em sonhos.

Percy apertou com mais força a mão de Nico.

— Eles morreram? — Nico perguntou com uma leve suspeita de que sabia a resposta.

— Marrie morreu primeiro, ela não possuía forças, estavam muito longe do mar. Assim que ela cai no chão, Pierre explodiu em chamas negras. Todos os monstros morreram, mas ele também. Aliás, neste local existe uma cratera gigantesca. Fica na cidade de Forbach.

— E porque você está contando isso para nós? — Algo dizia que todos na sala já sabiam a resposta, Percy podia sentir as vibrações vindas do corpo de Nico.

— Quando mamãe se interessa muito por um casal, é porque alguma coisa séria pode acontecer. — Ela não sorriu. Não aquele sorriso diabólico, marca registrada de Drew. — Sinto muito, queridos. Eu realmente não aprovo essas maldições.

Drew realmente parecia compadecida com os dois. Só um pouquinho, ainda precisava manter sua dignidade.

— Tudo bem. — Percy deu uma piscadinha para Nico, virou-se de frente para ele e segurou o rosto do namorado com as duas mãos. — Não vai ser uma maldição que vai me impedir de ficar com você. Entendeu? Além do mais, você é forte, e sabe se controlar agora.

Nico balançou a cabeça positivamente. Sentindo todas as entranhas de seu corpo gritar. Eles se beijaram rapidamente e Percy acariciou o rosto de Nico.

— Consegui. — Leo gritou, olhando para o casal no meio da sala. — Arrumem um quarto vocês dois. — Ele falou.

— Consegue identificar quem são? — Drew deu a volta na mesa, parando atrás da cadeira que Leo estava sentado. — O que é isso?

— Monstros nojentos e carentes ladrões de poção do amor. — Leo respondeu.

Alex o olhou confuso: — E isso existe?

— Sei lá, eu inventei o nome agora, gostou?

***

Mesmo sendo novo na cidade, Alex sabia onde ficava o covil dos ladrões de poção do amor. Ele recordou-se de uma conversa que tivera com o Senhor D. Quem diria o deus do vinho ajudaria sem querer. E também, o GPS de Leo ajudou bastante.

Eram seis semideuses dispostos a recuperar as poções roubadas. O único problema era que eles não poderiam acordar uma Hydra que vivia nos esgotos abaixo dos túneis do metrô de New York. Pois bem, precisavam invadir o covil de Harpias malucas que estavam aprontando alguma. Percy relatou o encontro que teve com algumas harpias no passado, mas Drew o alertou de que naquele momento, chamar outra harpia para ajudar, só atrapalharia a situação.

E aquelas ali eram completamente malucas. Completou Alex.

— O plano é o seguinte... — Drew falou, sentada no banco do motorista de seu Nissan Pathfinder, um utilitário esportivo muito útil para uma filha de Afrodite com muitos irmãos.

Não houve objeções quanto a escolha do carro e da motorista, até porque, segundo Leo, dava para eles fazerem uma festa ali dentro. E olha que ele estava falando sério.

Mas poderiam discordar do plano. É claro que sim. No fundo do carro, Dante estava sentado ao lado de Nico Di Ângelo. Ele falou alto e em bom som: — Fica no carro, nós entraremos.

— Como é? — Drew o olhou atônita pelo espelho retrovisor. — Você acha mesmo que eu sou o tipo de mulher que espera sentada no carro?

— Drew, eu acho que nessa situação você... — Percy, que estava sentado ao lado do banco do motorista, podia sentir a onda de ódio sair pelos poros da pele de porcelana de Drew. — Não quero que nada de mal te aconteça. — Ele sabia que ela estava sem poderes, e só queria protegê-la. Tinha certeza de que Drew poderia por a Hydra para dormir só com sua voz, mas ela não possuía naquele momento o poder para tal.

— Vocês são uns babacas. — Mas Drew não era mesmo mulher de sentar e esperar. — O plano é o seguinte. — Ela continuou séria. — Antes de mais nada, preciso saber se alguma das poções foram utilizadas nesse momento. Caso tenham sido, será um problema maior, sem os meus poder-

Drew calou-se imediatamente. Percebendo o embaraço dela, Percy deu continuidade ao plano.

— Podemos apenas observar o que estão fazendo e tirar o máximo de informação possível? — Ele virou para ver se todos estavam acompanhando a conversa. — Drew quais poções foram levadas?

— Eu fiz uma lista das poções. — Ela pegou o celular de dentro da bolsa e leu a lista, explicando o que cada uma fazia. — E finalmente a mais perigosa. Poção do amor.

— Porque essa poção é perigosa? — Perguntou Leo. — Amor não é uma coisa boa?

— Não se brinca com o amor, Valdez. — Drew sabia, mais do que ninguém, que com o amor não se brincava. E agora todos nós sabemos o porque.

— Você já usou alguma dessas poções? — Alex perguntou para Drew, sem querer ofender, ele estava apenas curioso. Não obteve resposta, Drew já estava fora do carro batendo a porta com força.

Eles estavam no metrô da Essex Street. Havia um Buguer King na esquina, isso fez Percy lembrar que estava com fome. Ele deu uma olhadinha para o outro lado da rua, como um cachorro faminto. Mas agora precisava salvar as pessoas de Harpias carentes.

— Podemos nos separar em dois grupos. O primeiro vai pelo metrô, o outro pela superfície. — Sugeriu o filho de Poseidon. — Nico e Leo, vocês vem comigo pelo metrô. Dante, Alex e Drew vão por cima.

— Ou, você e Nico vem comigo. — Drew cruzou os braços, virando-se de costas para Dante. — E os outros vão por cima.

A discussão de quem ia com quem, durou um pouco mais do que eu estou interessada em narrar. No final, todos foram juntos pelas linhas do metrô.

Eles invadiram a estação de metro com uma ajudinha de Leo e suas ferramentas. Passaram por algumas tubulações até entrarem em um túnel que não era mais utilizado pelo sistema metroviário. O cheiro lá embaixo era insuportável.

Leo sacou uma lanterna de seu cinto de utilidades e Drew perguntou se ele não possuía também um aromatizante.

— Aqui. — Ele entregou o tubo para Drew, que sacudiu e depois espirrou ao redor. O cheiro de calêndulas pareceu piorar a situação. — Veja, tem uma luz ali no fundo. Vamos ver.

Na frente foram Drew, Leo e Alex. No meio estava Nico e Percy, num silêncio nada agradável. E como guarda costas, estava Dante.

A luz vinha de uma porta de metal, deveria ser alguma sala de máquinas ou algo do tipo. Eles ouviam vozes esganiçadas e risadas escandalosas, iguais as vilãs da Disney. Eles não poderiam abrir a porta e surpreender as Harpias, precisavam observá-las antes. Drew olhou para cima, havia uma composição de passagem de ar sobre suas cabeças. Ela deu uma cutucada no braço de Alex e, através de um jogo de mímica, ordenou que ele a erguesse até o alto.

Ninguém ia dizer que não era uma boa ideia ela subir, Drew deixou bem claro que não seria tratada como uma inútil. Então Alex a segurou pela cintura e ergueu-a para o alto. Drew se revelou uma excelente ginasta, até porque, ela ganhou diversos campeonatos no Japão. Essa é uma outra história.

— Vê se não me fura com esses saltos. — Alex deu uma olhadinha rápida para cima. Depois, a única coisa que viu foi o olhar assassino de Dante.

Ok! O rapaz entendeu a mensagem.

Em pé, nos ombros de Alex, Drew alcançou a composição e subiu. Era uma passagem estreita. Isso significa que, além de Drew, Nico era o único do grupo que conseguiria segui-la por ser mais magro. E lá foi ele. Percy o ajudou a subir.

Eles esperaram. E esperaram. E esperaram.

Ouviram mais risadas ao melhor estilo Malévola e então um ruído chamou a atenção dos três rapazes para o alto. Era Nico que retornava, ele desceu e depois foi a vez de Drew. Suas mãos estavam suadas e ela acabou soltando antes da hora o tubo de passagem de ar e caiu. Dante estava lá embaixo para segurá-la prontamente, eu diria que muito agilmente.

— O que está acontecendo lá dentro? — Percy perguntou curioso. — Quantas são? Dá para entrar e sair sem machucar ninguém?

Drew soltou-se dos braços de Dante rapidamente, ela não agradeceu a ajuda e ainda girou, virando os cabelos na cara dele. Seu rosto estava cheio de fuligem e umas marcas estranhas de graxa. Assim como nos braços e nas coxas.

— São seis Harpias. Elas estão assistindo um vídeo com as vilãs da Disney. — Drew tentou limpar o rosto, mas apenas piorou a situação. Leo tirou do cinto um refil com lenços umedecidos e entregou para ela. — Parece que estão treinando ou algo assim.

— Que ótimo. Harpias malucas. O que vão fazer com as poções? — Alex perguntou.

— Pelo que entendi. — Nico sacudiu os cabelos, estava cheio de teias de aranha. — Elas estão treinando para oferecer a poção para alguém. Eu não sei exatamente o porque, são piradas.

— Se elas estão treinando, então querem um príncipe encantado? Ou algo do tipo? — Percy cruzou os braços. — Podemos dar um príncipe para elas.

Só depois de alguns segundos é que Alex percebeu que todos estavam olhando para ele.

— O que? Eu? — Falou, erguendo as mãos.

— Sejamos francos, você é o galã do grupo. — Leo deu alguns tapinhas nas costas de Alex. — As Harpias vão se apaixonar por esse rostinho de comercial contra acne.

— Pode dar certo, enquanto elas estiverem ocupadas, nós pegaremos as poções. — Drew finalmente parecia mais animada. — Provavelmente vão querer que você beba uma das poções.

— Tem algum perigo eu me apaixonar por uma Harpia? — Alex falou num tom debochado.

— Não, querido. — Drew aproximou-se dele, e acariciou seu rosto. — A poção do amor não funciona com os filhos de Atena. Você está salvo.

— Vou correr o risco. — Alex deu um largo e brilhante sorriso principesco.

Todos se esconderam em uma passagem para outro túnel, enquanto Alex ajeitava seus cabelos loiros e se preparava para bater na porta das Harpias, totalmente perdido naqueles túneis. Era a desculpa mais sem justificativa do mundo inteiro, mas eles precisavam tentar. Como Percy disse, não queriam machucar ninguém, por mais que Drew quisesse sambar na cara daquelas Harpias, usando seu salto de quinze centímetros.

Quando a porta se abriu, Percy só conseguiu ver Alex ser puxado para dentro numa velocidade incrível. Ele assoviou, dizendo que o charme do príncipe deu certo.

O grupo avançou até a porta e Percy a abriu. Ele deu uma espiada pelo vão da porta e viu Alex no meio das Harpias que gralhavam extasiadas, enquanto ele contava uma triste história de que estava perdido nos túneis, após ser largado pela namorada.

— Pobrezinho. Tão bonito, porque alguém largaria ele? — Uma delas perguntou.

— Não se preocupe, nós vamos cuidar de você. — A outra mais assanhada comentou.

— Vocês parecem bem legais. — Alex deu mais um de seus sorrisos e as Harpias suspiraram. Alex notou que Percy e Drew estavam lá dentro, seguidos de Leo e Nico. Dante ficou parado na porta. Ele ficaria de guarda ali fora. — Olha, uma televisão, o que estão assistindo?

Alex virou-se, capturando a atenção de todas as Harpias que já haviam decorado as falas das vilãs dos desenhos. Ele fazia diversas perguntas e as elogiava, dando uma espiadinha para trás, verificando se Drew já havia pego os vidros das poções. Mas ela estava ocupada lendo um livro.

O que?

Drew balançou os braços, mandando ele continuar enrolando as Harpias. Alex girou os olhos e caiu sentado em uma cadeira, fingindo chorar de saudades da namorada.

— Vamos fazer você esquecer ela. — A Harpia já ia virando para trás, quando Alex a segurou, abraçando-a. — Ele me abraçou. — Ela comemorou, enquanto as outras estavam enciumadas. Iniciou-se ali uma discussão e depois as Harpias ficaram mais violentas. Alex afastou-se daquele ringue de Harpias e mandou Drew ir logo embora.

— Esse livro, ele é de poções, um livro antigo. Tenho que levá-lo. É importante.

Percy, Leo e Nico já haviam pego as poções e estavam de saída. Alex fechou o livro e puxou Drew que estava hipnotizada pelos demais livros da coleção das Harpias. Quando chegaram ao túnel, ouviram os gritos esganiçados.

Os meio-sangues correram pelos túneis abandonados, sendo seguidos pelas Harpias irritadas.

— Peguem ela. — Gritavam. — Peguem a ladra de príncipes.

— Era só o que me faltava. — Drew resmungou, correndo com agilidade em cima daqueles saltos. Faltava pouco para deixarem os túneis e saírem do metrô, mas não contavam com o fato de que no caminho, havia uma enorme Hydra tampando a passagem, tirando um cochilo.

— Alguém tem um bom plano? — Percy gritou. — Eu não sei se é uma boa ideia usar água de esgoto nesse momento, não estou conseguindo sentir nada.

— Não acho que aquela coisa vai curtir meu charme de príncipe encantado. — Alex respondeu.

— Eu não posso levar todos comigo pelas sombras. — Nico lamentou.

— Se eu queimar tudo, vocês viram churrasquinho. — Leo completou.

— Podemos lutar com todos eles. — Dante finalmente abriu a boca para falar alguma coisa. Mas não era uma boa ideia. O espaço era muito curto para uma luta daquela proporção. Iriam explodir os túneis embaixo de Nova Iorque e a cidade poderia ir para os ares.

— Deixa comigo. — Drew arremessou o livro das Harpias na direção de Percy e mandou que ele cuidasse. Ela sacou duas adagas de dentro das botas. — Deviam ter me esperado no carro.


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Notas finais do capítulo

Estou boazinha hoje e decidi atualizar a história antes de uma semana completa.

Beijos.