Amor às Avessas escrita por Samyni


Capítulo 41
Quando a gente gosta, a gente se importa


Notas iniciais do capítulo

Demorei demais, mds. Da próxima me batam gente, pelamor.

Está aí mais um capítulo pro cêis, seus lindos...

É o último de sofrimento, eu prometo haha. PLANEJO COISAS ÓTIMAS PARA O PRÓXIMO. Sinto que vão amar, apenas.

Boa leitura! ♥



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POV LUKE DEAN ROACH'

"A sensação de vazio é pior quando ninguém entende o que você está passando." -Enders

Verdade seja dita: estar correto sempre foi algo que apreciei com muito afinco.

Apesar das circunstâncias, não deixaria Rachel ilesa das minhas maldades. Apenas adiaria as ridicularizações para mais tarde.

O vento frio passava rasgando por nossos corpos em cima da moto. Eu, que estava apenas de camiseta, sentia a encharcada Rachel que vestira minha jaqueta de couro, tremer congelada de encontro ao meu corpo. Acelerei com o propósito de chegar o mais rápido possível no apartamento.

Assim que entramos no elevador, virei-me para Rachel. A loira estava com os cabelos completamente desgrenhados como se tivesse levado um choque no meio da chuva, a roupa estava suja de possíveis poças que espirraram na jovem e a maquiagem escorria em vários pontos do seu rosto. Além de tudo isso, seu semblante estava péssimo.

Apertei o botão do décimo terceiro andar e abri os braços para Rachel. Seu corpo magro bateu contra o meu e soluços horríveis ecoaram na caixa cinza.

É, talvez eu preferiria não estar certo.

Assim que entramos no apartamento, Rachel foi para o banheiro. Algum tempo passou e eu bati de leve na porta.

—Sua roupa está aqui na maçaneta. –avisei-a.

Rachel não respondeu, mas vi quando seu braço abriu a porta e puxou o pijama.

Assim que ela saiu, encarava o chão, aérea.

Eu já havia visto Rachel sofrer antes pelo Surfista-Esquimó-Amigo-dos-Golfinhos e ela tinha esse hábito de ficar reclusa em pensamentos, se martirizando por dentro.

Naquela época, ela havia ficado mal. Eu havia ficado mal. Emily e Kate também. Até o Fumaça! Rachel sempre foi aquele tipo de fita que enlaça as pessoas e as obrigam a ver o melhor em cada um e a conviver, como se fosse uma dinâmica escolar.

Rachel definitivamente não poderia ficar mal novamente.

—Ei. –chamei-a e Rach parou de encarar o chão e passou a olhar para mim. –Vamos dormir?

Ela assentiu e foi em direção ao seu quarto escuro e cheirando a cacau, assim como ela.

Rachel deitou-se e me encarou.

—Não vai vim?

Demorei alguns segundos para compreender sua fala e assenti. Rachel foi para o canto da cama e eu me acomodei da melhor forma possível.

—Desculpe por não confiar em você. –ela murmurou. Talvez fosse mais fácil admitir os erros no escuro, quando ninguém pode olhar-te nos olhos.

—Eu entendo o porquê. Eu também não confiaria.

—Mesmo assim... Você tentou me proteger de todas as maneiras possíveis e eu apenas...

—Tudo bem, moça. Passou. Já foi.

Nesse momento, Deanzinho pulou para a cama, acomodando-se em cima da minha barriga.

—Obrigada, Luke. –ela disse acariciando meu cúmplice peludo.

—Estamos aí pra isso, Rachel.

Ela suspirou e adormeceu.

✶ ✵ ✴

—Já parou para pensar que assim como os robôs, em um futuro bem próximo, os burritos se voltem contra nós?

Essa foi mais uma tentativa débil e completamente sem nexo de tentar fazer Rachel rir. Depois de duas horas falando coisas que nem eu entendia, torcia até para ser xingado. Qualquer coisa.

—Qual é, Rachel. Colabora comigo.

—Desculpe.

—Desculpa nada, mulher. Me xinga. Me bate. Qualquer coisa!

—O que é isso, crianças? Sexo selvagem? –Mary Emily entrou na sala, rindo.

—Quem dera. –murmurei para Rachel ouvir. Nem assim a loira expressara algo. Possivelmente nem havia escutado. Era um dia péssimo. Talvez o pior deles desde que o Sufista-Esquimó, bom, se foi, de certa forma.

Era noite. Tarde da noite e eu tentava fazer Rachel expressar qualquer emoção. Mas antes, o dia começara de uma forma razoável. O jogo virou. Infelizmente. Desde que chegamos da delegacia, a dona do cabelo de capim estava afundada em ódio. Ódio de Benjamin. Ódio de si. Ódio da existência da raça nojenta que é a humana.

Após algumas cochiladas, Rachel finalmente quis levantar da cama de solteiro que dividimos naquela noite. Ela não queria tomar café da manhã. Tampouco conversar com as meninas. Menos ainda dar umas porradas na academia. O que Rachel queria fazer durante seu dia inteirinho? Ir à polícia. Não foi legal.

Rachel prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto, colocou jeans e um suéter que me fazia pensar na sua mãe –que eu nem conhecia, o que não faz muito sentido, mas ignorem –, pegou as chaves do carro e simplesmente puxou minha mão até o elevador. Por um momento, eu pensei que ela me agarraria, porém... Depois de minutos que pareceram uma eternidade, Rachel estacionou o carro em frente à delegacia mais próxima ao apartamento. 

Ela falou com alguém no balcão, preencheu papeis e depois sumiu dentro do local, sem me falar um “a”. Eu fiquei sentado em um banquinho, logo na entrada, de cabeça baixa, disfarçadamente lendo alguns folhetos, aguardando-a. Eu não gostava de delegacias, definitivamente.

Esperei Rachel por quase duas horas, até que sua cabeça loira escura chegou até o balcão novamente, acompanhada de um casal de policiais. Rachel estava... Diferente. Sua boca formava uma linha reta, suas sobrancelhas juntavam-se e o rabo de cavalo mexia de acordo com os poucos movimentos da cabeça. Ela trocou um aperto de mãos com os policiais e virou-se para mim, fazendo sinal para a seguir. Nunca a vi tão contida, tão formal, tão rígida.

—Eu nem citei você, não se preocupe. –ela disse, quando arrancava o carro. –Imagino que possivelmente você tem problemas com a Polícia do Estado de Nova York.

Eu não a respondi. Ela já sabia que sim, de qualquer forma.

A garota era boa. Contudo, de vidro.

—Rachel... –tentei puxar assunto enquanto entravámos na garagem do “nosso” prédio.

—Sim, Luke? –Rachel estacionou, puxou as chaves e encarou-me.

Eu não disse nada e ela saiu do carro, batendo a porta.

Eu entendi. Eu a entendi. Finalmente.

—Rachel... –tentei novamente enquanto a loira caminhava a minha frente, tentando manter o nariz o mais alto possível.

Ela não me respondeu. De novo eu entendi. Entendi mesmo.

Puxei-a pelo braço e a abracei. Abracei mesmo. Rachel tentou se afastar, mas eu a abracei mais forte.

Rachel cedeu.

Rachel chorou.

Muito.

Seu corpo bambeou e soluços tomaram conta da minha audição.

—Não precisa esconder de mim, Rach. Ouviu? Estou aqui para isso. Não se esconda de mim.

Eu a entendi. Aprendi um pouco sobre Rachel Carell naquele dia. Finalmente fiz algo de útil. Finalmente fiz por merecer.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Me digam o que acharam.
Melhor: o que vocês acham que vai acontecer agora?
Beijo
~Samyni

ps. Sim, eu percebi que tenho um padrão de vilões violentos exercerem a profissão de médicos. Não, não tenho traumas com um médico kkkkkkkkkkkkk