Amor às Avessas escrita por Samyni


Capítulo 39
Lutando Pela Vida


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUS
QUE SAUDADES, ANJOS
Eu nem deveria estar escrevendo, tinha que estar estudando para esse ENEM FILHO DE UMA ÉGUA, masssssss... Cá estou.

Esse capítulo ficou meio... Tenso.

Espero que gostem, amores!

Boa leituraaaaaaaaaaaaaa ♥


PS. CAPÍTULO GIGANTE PRA COMPENSAR MINHA AUSÊNCIA



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POV RACHEL'

"Há plantas e criaturas neste mundo que não têm outra finalidade senão infligir dor e sofrimento a tudo que entram em contato." -Julieta.

Talvez algumas pessoas não tenham nascido para ficar juntas. Talvez, mas só talvez, algumas tenham sido predestinadas uma para a outra antes do mundo ser mundo, mas não têm a capacidade de fazer dar certo. Pessoas e sentimentos, por si só, são sinônimos de complicação, e quando postos lado a lado, exalam tamanha confusão que nem as pessoas mais inteligentes do mundo são capazes de decifrá-los.

Coloquei as sacolas de compras em cima da bancada da cozinha. Kate e Emily faziam um lanche especial para o dia de jogo. Estavam vestidas com os pijamas e dançavam ao som da música.

–Será que me exaltei? –perguntei.

–Não. Comprar faz bem. –Kate respondeu, espiando dentro das sacolas.

–É hoje, Rach? –Emily perguntou, levando a colher de doce a boca.

–Sim, mas estou meio insegura. –suspirei.

–Bom, você só vai saber se for, não? –Kate voltou sua atenção para o forno.

–Vai dá tudo certo. –Emily sorriu, confiante.

–Espero que sim. Tenho medo de o Luke estar certo...

–Repito: só vai saber se for, Rach. –Kate interviu.

Assenti.

Duas semanas atrás, eu havia discutido com Luke no banheiro dos funcionários do pub. Desde então, não conversávamos mais do que monossílabos necessários. Eu saia para a faculdade e ele estava dormindo, quando eu voltava, ele havia ido correr e quando chegava para tomar um banho e ir trabalhar, eu estava no meu quarto. Então, de qualquer forma, nosso contato estava limitado. Por outro lado, eu conversava com Ben desde o incidente. Nós dávamos bem, eu era obrigada a admitir.

–Que horas vai? –Emily interrompeu meus pensamentos.

–Ah, à noite...

–E aonde vão? –Kate perguntou.

–Surpresa. –sorri de lado.

–Gosto assim! –Emily riu no canto da cozinha.

✶ ✵ ✴

–Giants! Giants! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh Giants! –Luke e James gritavam na sala de estar, batendo um peito no outro ao urrar.

Estava na metade do jogo e Giants venciam dos Buffalos por pouco, mas venciam.

Kate, James e Luke ostentavam suas camisas azuis marinho juntamente com garrafas de cerveja e muita gritaria. Estavam eufóricos, como em todos os jogos.

Emily, naquele dia, também torcia pelo Giants, já que o nosso time só jogaria na semana seguinte. Ela ria em meio ao alvoroço e usava uma blusa azul escura xadrez.

Fumaça, por sua vez, dormia em cima da mesa de centro, como se não houvesse nenhum incomodo ao seu redor.

–Você e Rachel brigaram ou o que, cara? Onde ela está? –James perguntou, batendo no ombro de Luke.

Luke abriu a boca para responder, quando eu disse:

–Aqui.

A boca de Luke permaneceu aberta ao me encarar.

Eu usava uma saia rodada vermelha, cropped de renda preto, salto alto, bolsa e um coque caprichado, com fios soltos na lateral.

–Uau... –James deixou escapar.

–Arrasou! –Emily gritou do outro lado da sala, rindo.

–Linda! –Kate também gritou, sorrindo.

Assenti em sinal de agradecimento.

Luke não estava mais com a boca aberta e também não comentou nada pelo minuto seguinte. Na verdade, sua expressão foi fechando mais com o passar dos segundos.

–Vai sair? –ele perguntou, entre dentes.

–É o que parece, não? –respondi, ríspida.

–Disse a Kate aonde vai?

–É surpresa, nem eu sei. –lancei-lhe um sorriso amarelo.

Luke fechou os olhos, controlando-se.

–Não que seja da minha conta, mas com quem?

–Realmente, não é da sua conta. Entretanto, estou boazinha hoje e irei lhe responder, sim? Você já o conhece, na verdade. Benjamin. Lembra-se?

Luke fechou as mãos em punho e respirou profundamente. Ele não estava nem um pouco preocupado em esconder seu descontentamento.

Emily, Kate e James estavam estáticos, suas cabeças moviam-se como se estivéssemos jogando ping-pong. Ora viravam simultaneamente para Luke e ora, para mim.

–Eu não te avisei sobre ele?

–Oh, sim. Obrigada pela “preocupação”, Roach.

–Carell...

–Sim?

–Ele não presta.

Sorri, quase irônica.

–Já tivemos essa conversa, não? Você não está em posição para falar de ninguém.

–James, por favor. –Luke olhou então para seu colega.

–Desculpe, eu... Meu Deus! Isso está melhor que novela mexicana, me distrai. Calma... Benjamin, Rach? O cara é problema.

Arqueei uma sobrancelha.

–E o que diabos você é, James?

Seu semblante mudou e eu me arrependi imediatamente, pois pareceu que fui responsável por uma série de lembranças que passavam diante de seus olhos.

–Sou problema, é verdade.

–James, esse não é o ponto. Já sabemos as merdas que somos, mas estamos tentando salvá-la e ela... Urgh! –Luke jogou as mãos ao alto.

–Não é justo você dizer essas coisas, Animal de Estimação. –Kate simplesmente disse.

–Cara, elas têm razão. –James deu de ombros e fez uma careta. –Não dá para ajudar quem não quer ser ajudado.

Eu suspirei, nervosa.

Meu celular apitou. Era Benjamin avisando que já havia chegado e estava estacionado na portaria do prédio.

–Vou indo, gente. Até depois. –acenei para James e abracei as meninas, antes de chegar até a porta.

Estava fechando a porta, quando ouvi Luke dizer baixinho:

–Me ligue quando der errado.

Entrei no elevador, desolada. Ao encarar meu reflexo, meus olhos encheram d’água. Tentei respirar fundo e encarei a porta contando de um a dez, até chegar ao térreo.

✶ ✵ ✴

Entrei no carro e cumprimentei Benjamin com um beijo no rosto. Ele usava uma camisa pólo verde água que ressaltavam seus olhos. Uma calça escura e sapatos normais. Estava bem despojado e parecia animado, confiante até.

–Como vai, linda?

Sorri forçadamente, tentando esquecer o incidente com meu colega de apartamento.

–Ótima e você?

–Muito bem, obrigada. –ele respondeu, sorrindo.

Benjamin acelerou o carro e pegou a via principal.

–Hm... Quando vou saber onde estamos indo?

–Quando chegarmos lá. –sua voz foi quase ríspida.

Desviei o olhar para a janela.

–Não confia em mim, Rachel?

–Deveria? –retruquei. Estava farta de ser tratada daquela forma. Por Luke e agora por Ben...

Ben sorriu sarcasticamente.

–Está em boas mãos, Rachel. Você convive com o Luke, sabe o que é perigo de fato.

–Na verdade, Luke nunca fez algo que nos colocasse diretamente em perigo... –respondi, rápido demais.

–O defendendo? –ele arqueou uma sobrancelha.

Naquele exato momento, minha espinha gelou e eu soube que Luke estava certo quanto aos avisos.

–Não, só...

–Só estragando a noite comentando sobre aquele ser depreciativo.

–Luke não é tão ruim depois que você o conhece... –murmurei.

Estava cavando minha própria cova. Entretanto, não conseguia ouvir alguém que nem conhecia Luke de fato falar dessa forma sobre ele. O médico ao meu lado, agora com a mandíbula travada, parecia fazer os comentários de propósito, apenas para irritar-me.

–As mulheres são um poço de burrice quando estão apaixonadas.

O olhei perplexa.

–Eu... Eu não...

–Faça-me o favor, Rachel! Qualquer um pode ver sua cara de cachorro submisso quando ele aparece.

Meu sangue ferveu.

Benjamin acelerou mais ainda, adentrando em uma região da cidade não muito bem falada.

Os nós de sua mão estavam brancos de encontro ao volante.

–Se você sabe disso, então porque me convidou para sair, caramba?! –gritei.

–Vingança.

Engoli em seco.

–Vingança do que? Eu não lhe fiz nada!

–Luke.

–O que tem ele? Por favor, Benjamin, pare o carro e vamos conversar sobre, ok? Com certeza está havendo um mal entendido aqui.

Ele acelerou e eu me segurei no pára-choque.

Respirei fundo.

Um, dois, três...

–Eu estava saindo com uma mulher maravilhosa, gostosa demais, inteligente e cética. A levei no pub e tivemos uma noite muito boa até eu voltar do banheiro e encontrar Luke praticamente em cima dela. Ela estava comigo, entende? Então, eu a puxei e o intrometido do seu namoradinho foi dar uma de salvador... Como se eu fosse o vilão da história!

–Benjamin, por favor... Pare o carro. Por favor. –supliquei.

Ele acelerou ainda mais. As luzes do lado de fora do carro eram apenas borrões rápidos, como almas tentando assustar criançinhas. A veia de seu pescoço saltava e seus olhos lacrimejavam.

–Houve uma briga... Muita confusão. Sarah ficou furiosa comigo. Não só furiosa, mas como passou a ter medo... Ela fingiu me perdoar. Até passamos aquela noite juntos. Parecia tudo tão bem... Tão resolvido. No final, eu que estava na cama dela e não Luke. Eu tinha ganhado.

Tive vontade de vomitar. Benjamin era um psicopata, controlador, louco de pedra.

–Mas aí... Ela foi embora. Mudou-se de estado, acho. Talvez de país. Tentei encontrá-la, porém, não foi deixado nada para trás. Nenhuma pista, nenhuma foto de parente, nenhuma amostra de cabelo no ralo do box... Ela fingiu o tempo todo antes de fugir. Ela não gostava de mim. Gostava do Luke. Ele a seduziu, ele a tirou de mim!

Eu tentava manter a calma, mas minha garganta doía de segurar o choro.

–Nunca vimos nenhuma Sarah no apartamento, Benjamin. Luke nunca falou sobre ela. Não acho que ele tenha algo a ver com isso, para ser bem sincera. Logo, não há motivo para vingança, certo? Essa garota foi louca de te deixar, sério. Talvez ela tivesse com problemas familiares ou fosse uma fugitiva, quem sabe. O Luke continuou aqui em Nova York, então como ele seria responsável por Sarah ter ido embora?

–Cala a boca! Não o defenda!

–Certo. Mil desculpas, Ben... Só estou tentando lhe mostrar que no fim, quem perdeu foi ela, sabe?

–Não minta para mim! Aposto que você está louca para ligar para ele, para correr de volta para ele...

–Não. Claro que não... Eu... Estou aqui, não estou?

Benjamin pegou minha bolsa que estava no meu colo e atirou para fora do carro em alta velocidade.

O amaldiçoei até a quinta geração.

–E agora? Quem irá te salvar?

–Benjamin... Podemos conversar? Como pessoas normais? Civilizadas e fora do carro?

–Está me chamou de não civilizado, Rachel?

Fechei os olhos, reunindo forças.

–Por favor... –choraminguei.

Ele riu, sarcástico.

Quem se satisfaz com algo assim, meu Deus?

O carro continuou acelerando por ruelas esquisitas, lugares que pareciam estradas esquecidas no tempo e postes de luz que não funcionavam há décadas.

A essa altura do campeonato, eu chorava compulsivamente.

Benjamin, claramente, se irritava com isso.

–Chega, Rachel! Quanto drama!

–Para o carro, porra!

–Não vou. Você vai ficar aqui, comigo. Não tem que querer nada... Eu não pedi sua opinião.

Solucei.

Depois, respirei fundo e abri o porta-luvas à procura de algo. Qualquer coisa.

–Que merda você acha que está fazendo, garota?!

Ignorei o psicopata ao meu lado e apalpei o interior da gaveta. Haviam CD’s, fone de ouvido, uma agenda, uma garrafinha de alguma bebida, algumas moedas e objetos do hospital.

–Para com isso! –ele gritou, completamente furioso.

Ok, eu poderia morrer. Entretanto, abraçar a morte como uma velha amiga não estava nos meus planos. A encararia se o destino assim quisesse, mas não sem lutar.

Sem luta, não há vida. Uma vida sem luta não é uma vida de fato, é apenas uma existência.

Quebrei a garrafa no pára-choque e o conteúdo espalhou por minha roupa. O cheiro de álcool era forte. Com a outra mão, peguei o fone de ouvido. Não sei como tudo aconteceu, para ser bem sincera. A adrenalina liberada pela minha medula suprarrenal no momento de perigo manteve-me ágil, acordada e... Viva.

Passei o fone de ouvido pelo pescoço do psicopata e aproximei gargalo quebradiço da garrafa de seu rosto. Era uma jogada perigosa considerando que Ben é louco e dirigia em uma velocidade absurda. Não obstante, como eu havia dito, tinha de tentar.

–Ficou maluca, garota?

–Maluco é você! Seu psicopata de merda! Te aconselho a parar o carro AGORA.

–Ou o que? –ele estava blefando, dava pra ver.

–Ou eu passo essa porcaria de vidro no seu pescoço completamente exposto. Você acha que é o único que sabe vingar? Eu posso morrer hoje e nunca mais tornar a ver o Luke, mas você também não viverá para ferrar com outras Sarah’s por aí!

Benjamin foi diminuindo a velocidade e por dentro, eu agradeci aos céus.

Quando enfim parou o carro, certa de cinco minutos depois –dentro deles tive que o ameaçar mais algumas vezes –ele sorriu para mim.

–Filho de uma puta... –sibilei.

Benjamin segurou meus pulsos, com força. Dessa forma, na mão esquerda, ficou apenas o resto de garrafa. Ele então me jogou contra a porta do passageiro.

Gemi com o baque.

–Saia do meu carro.

Tremendo, abri a porta e olhei para Benjamin.

–SOME!

Fiquei em pé do lado de fora, em um piso completamente irregular e sujo.

–Bom, você quem escolheu, não? Eu gostaria de ter feito isso de uma forma diferente, mas... Boa sorte para sobreviver nesse lugar, namoradinha do Luke. Vai precisar de muita sorte... Sem dinheiro, documentos ou celular? –ele sorriu. –Cuidado, patricinha. Nesse lugar, mulheres que não se ajoelham, não conseguem um tostão sequer.

–Não... –choraminguei.

–Divirta-se servindo esses deliquentes famintos, vadia.

Benjamin acelerou seu carro negro como a noite e logo sumiu de vista.

Respirei fundo. Diversas vezes. Talvez milhões. Que tipo de punição horrenda era aquela?

Ao meu redor, prédios tinham a aparência de abandonados, os postes de luz piscavam ou nem sequer tinham lâmpadas, a calçada era completamente esburacada e cheia de restos de bichos. Às vezes, dentro dos bueiros, era possível se ver pequenos olhinhos vermelhos brilhantes.

Sem nenhum recurso disponível, optei por andar nas ruas até encontrar um telefone público. Aquela seria a minha única salvação.

Caminhava e soluçava, quando um relâmpago atravessou o céu e instantes depois, a água veio abaixo, molhando-me completamente.

Depois de outra eternidade andando com o maldito salto alto e toda encharcada debaixo da chuva, um pingo de esperança refletiu-se em meus olhos.

Uma sombra de casaco escuro vinha do outro lado da rua. Parecia o Luke. Tinha mais ou menos a mesma altura, o mesmo andar malandro, o moletom também era bem parecido com o dele... Entretanto, não era ele.

Quando o homem aproximou-se o suficiente, xinguei-me por não ter fugido quando tive a oportunidade.

Quando ficamos de frente a frente um para o outro, notei que ele era jovem, mas por conta de algum motivo –vida, drogas, bebida ou sei lá –sua pele era ressecada e repuxada, aparentando ser mais velho do que realmente era. Tinha um semblante sério.

E o mais notável: havia um volume bem conhecido dos filmes em seu bolso do moletom.

Engoli em seco.


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Notas finais do capítulo

TAN TAN TAN TAN

Agora a chapa vai esquentar!

Não esqueçam de comentar...

Considerem um presente de aniversário atrasado ;)

Beijãããããããããõooooooo

—Samyni



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