Amor às Avessas escrita por Samyni


Capítulo 35
Três Martínis, Dois Caras e Apenas uma Dança


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS PELA DEMORA, GENTE!!!
Explico nas notas finais...
Pensei que tinha escrito pra caralho, que tinha chegado a umas 3.000 palavras, mas agora no contador vi que não.
Acontece muitassssss coisas... PRESTEM ATENÇÃO!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/433660/chapter/35

POV RACH

"-Eu sabia que com você sempre há problemas." –Sou Louco Por Você

Há dias em que abrimos os olhos e sentimos que estamos diferentes, que as coisas mudaram. Apenas um fechar e abrir de olhos faz toda uma diferença. A esperança é renovada e por alguns segundos, até acreditamos que podemos levantar da cama e continuar a perseguir nossos sonhos.

Olhei em direção a cortina e os fracos raios solares que a ultrapassava e espreguicei.

Desde o “meu bem” dito por Luke, na semana passada, tratávamos um ao outro normalmente. Talvez não soubéssemos como deveríamos fazer agora. Não foi um “meu bem” sarcástico que eu imaginava provir do Luke, surpreendentemente, era um “meu bem” carinhoso, com afeto nítido.

Depois de meio ano morando juntos, eu e Luke tínhamos criado afeto um pelo outro. Por mais que ele não admitisse em voz alta, ele se preocupava comigo. Ou ao menos, passou a se preocupar. E eu sempre me preocupei com ele, desde que o encontrei no atalho da estrada, fora algo como um “clic” fez barulho dentro de mim. A vida é clichê.

Para não perder a rotina, caminhei até a cozinha em passos lentos e preguiçosos, como de um velho arrastando seu par de pantufas azul marinho em um carpete carcomido por traças.

–Você levou um choque enquanto dormia? Parece que foi atingida por um raio na juba.

Luke passava concentrado, em perfeita sincronia, a manteiga de amendoim em suas torradas.

Pensando bem, o “clic” se assemelhava mais a um alarme irritante de carro.

–Bom dia, Luke.

–Bom dia, Carell.

Ele ainda estava com a calça do emprego de garçom, sem camisa -para não perder o hábito de desagradar Kate quando esta o visse- e a cara amarrotada. Cheguei a conclusão de que Luke havia trabalhado até tarde, tirado um cochilo de horas antes de levantar novamente. Se é que havia dormido. Às vezes, ele dormia pouco por conta de algo que sonhava e ficava pelo restante do dia com uma “armadura” interna, completamente recluso em sua própria confusão mental, recusando a conversar com qualquer outro ser. Em raras exceções, apenas com Fumaça.

–Animada?

Eu comia meus biscoitos e tomava meu leite quando Luke perguntou algo.

–Hm? Com o que?

–O feriado. -vendo que eu não mudei de expressão, Luke revirou os olhos. -Quatro de julho, Rachel.

–Ah, sim. Quase havia me esquecido.

Ele bufou.

–Você ao menos sabe o que significa esse feriado? -perguntei.

–Algo com desfiles, americanos idiotas pendurando mais bandeiras pela cidade, comidas recheadas de corantes azuis, vermelhos e brancos… e ah, cidadãos falsos chorando ao ouvir o hino nacional?

–Sim. Dia da Independência dos Estados Unidos das Américas! -estufei o peito, em falso orgulho.

–Uau, Rach. Você fez mais alguém odiar o país que nasceu! -Kate entrou na cozinha. -Esse ano, você que deveria ganhar um desfile só para si.

Luke assentiu.

–Concordo plenamente. -respondi enquanto mastigava meu biscoito.

–Ao menos você anda aprendendo algo, Bichinho de Estimação. -Kate deu um tapinha no ombro de Luke.

–Aprendeu direitinho. -concordei.

–Vista uma droga de camisa, Luke. -Kate comentou, indo em rumo a cafeteira.

–No dia da Independência, irei vestir uma estampada só para você, Ruiva.

–Agradecida. Não, melhor… Lisonjeada.

–Eu não odeio meu país, quero deixar isso bem claro. -voltei ao assunto- Só não suporto o orgulho americano gritando nos pulmões americanos, sendo que grande maioria apenas não quer saber o que se passa. Simplesmente não se importam, se não atrapalham suas pizzas em domicílio de chegarem em menos de meia hora, suas compras absurdas no final de todo mês e suas sessões semanais de Sobrenatural na TV. E a imagem que passam para os turistas? Mal sabem queles que pobres coitados são jogados em qualquer lugar para não deixar a cidade “feia”!

Sobrenatural é bom um motivo para ser americano. -Luke disse, em voz alta.

–No meu caso, Game of Thrones.

–Não se preocupe, você será uma ótima jornalista, Cabelo-de-Capim. -Roach disse, segurando o riso.

–E como…! -Kate concordou, rindo baixinho, enquanto bebericava sua xícara de café forte com pouca açúcar.

–Do que vocês então rindo?

–Nada. -responderam em uníssono.

–Argh! -exclamei.

–Apenas não diga essas coisas quando estiver trabalhando, ok? -Kate disse.

–Principalmente sobre a parte de “americanos bundões que amam a si mesmos como se fossem o próprio Deus”. -Luke riu.

–Eu não disse isso! -cruzei os braços.

–Bom, não hoje.

Estreitei os olhos.

✶ ✵ ✴

Estava deitada em minha cama, dando continuidade a um trabalho da faculdade, com Fumaça dormindo em minha barriga, quando Luke adentrou o cômodo.

–Sério, moça?

–O que foi, Luke?

–Está deitada, sábado a noite, de pijamas, estudando?

–Algum problema com isso, Roach?

–Olha, cabelo-de-capim, eu vou sair em meia hora para trabalhar, então se arrume rápido.

–Não quero ir ao pub, hoje.

–Prefere ficar em casa mofando? Curte a vida, Rachel! Supere logo o Surfista Esquimó.

Revirei os olhos.

–Não tem nada a ver com Mike, Luke.

–Prove. -ele arqueou a sobrancelha.

–Vai se foder, Roach.

–Prefere aqui ou no banheiro dos funcionários do pub? -ele sorriu de canto.

Estalei os lábios.

–Me dê quarenta minutos, sim?

–Sim, senhorita.

✶ ✵ ✴

O lugar estava lotado como eu nunca o tinha visto antes. Luzes incandescentes tomavam conta da área da boate, enquanto vários barmans serviam as pessoas, além de alguns casais em mesas mais reservadas do local.

–Luke, você está muito atrasado! -Miranda esbravejou -Estou pirando aqui!

Luke coçou a nunca e disse em meu ouvido:

–Tenho que ajudar a Miranda, se precisar de mim, estarei no bar. Vou tentar dar uma escapada para ao menos, dançar uma vez com você. Pode ser, moça?

Assenti.

–Divirta-se, Rach.

E saiu andando, com sua roupinha de garçom.

Fui então para a pista de dança, onde fiz amizade com duas meninas mais novas, as quais não consegui ficar muito tempo perto, pela quantidade exagerada que ingeriam álcool.

Sentei no banquinho alto de frente para o bar. Miranda sorriu enquanto limpava um copo com um pano.

–Como vai? -ela perguntou.

Não gostava daquele jeito intimidante dela. Miranda era do tipo que claramente não se importava com o que pensavam sobre ela. Provavelmente, já havia “conhecido” todos os clientes mais frequentes e funcionários razoáveis.

Sentia que Luke era um deles.

–Bem. -respondi secamente.

Ela riu, balançando a cabeça.

–Senhora Tequila, ajudai-me com esses corações apaixonados.

Arquei uma sobrancelha.

–Um martíni, por favor.

–Casca de laranja ou azeitonas?

–Odeio azeitonas. -fiz uma careta.

–Sério? Incomum.

–Sim, sempre me falam isso.

–O Luke também detesta… -Miranda deixou a frase solta, no ar.

–Não sabia. -dei de ombros.

–Há várias coisas que você não sabe, Rachel.

–Desculpe? O que você quis dizer com isso?

–Nada. -ela sorriu, maliciosa. -Só estava pensando alto.

–Vadia. -murmurei.

–Como é? -ela perguntou.

–Nada. Só estava pensando alto. -lancei-lhe um sorriso amarelo.

Miranda deslizou o copo com martíni pelo balcão liso até que chegasse em minhas mãos.

Bebi um gole após o outro. Lentamente. Fechando os olhos e abrindo, às vezes. Talvez para checar o que acontecia ao meu redor. Em uma dessas piscadas entre goles de martínis,um homem me encarava, divertido.

–Oi. -simples, direto, sedutor.

–Oi. -respondi.

–Posso te pagar mais um desse? -ele sorriu e sentou-se ao meu lado.

–Claro. -sorri de volta. -E quem é o misterioso que deseja me pagar uma bebida?

Ben. Benjamin, de batismo. E você…?

–Rachel. Apenas Rachel.

–Miranda, mais duas disso que a “Apenas Rachel” tomou, sim?

Miranda revirou os olhos e permaneceu calada, fazendo as bebidas.

Ben era um homem de pelo menos 1,75 de altura, cabelos castanhos e olhos azuis. Tinha um rosto infantil e doce, que o tornava mais charmoso. Usava blusa social branca e jeans preto.

–É a primeira vez que você vem aqui? Nunca te vi e sou um cliente antigo.

–Não é a primeira vez, na verdade. Eu vim algumas vezes…

–Acompanhada?

Homens que não perdem tempo… Suspeito ou bom?

–Sim. Geralmente venho com meus amigos. Hoje vim a pedido de um… amigo. Ele trabalha aqui.

–Provavelmente eu conheço.

–Até demais. -ouvi Miranda murmurar, entretanto optei ignorar.

–Luke Roach? -perguntei.

–Ah… É. Realmente eu conheço.

Senti que aquilo não era bom. Não tinha como ser bom provindo de Luke, não é mesmo?

–O que você faz, Rachel?

–Eu estudo Jornalismo. E você?

–Sou médico do Metropolitan Hospital Center. -ele sorriu, meio sem graça.

–Uau! Você salva vidas! Trabalha com o quê? Crianças, por acaso?

–Não… Mas deveria de ter especializado em pediatria. As mulheres gostam mais, pelo o que parece. Sou apenas o cardiologista.

Eu ri.

–Cuida de corações, hein?

–O melhor que posso. -e piscou.

Ri de novo.

Continuamos a conversar enquanto bebíamos. Acabei por descobrir que Ben não morava muito longe, que trabalhava demais, que tinha um cachorro chamado Vingador e que adorava ler jornais de manhã acompanhado com torradas e café amargo.

Eu tinha acabado de salvar meu número em seu celular, e estava pronta para levantar atendendo a seu pedido de dançarmos, quando um moreno com roupa de garçom, me encarou profundamente.

–Luke. -minha voz soou mais surpresa do que deveria estar.

–Rachel. -ele respondeu, secamente e depois olhou para Ben de cima a baixo. -Nunca ouviu a expressão ‘antes só do que mal acompanhada’?

–Bom, na verdade, Luke… Ben me pareceu…

Ele me interrompeu:

–Argh. Você não sabe o que diz, moça. Quer outra surra nessa carinha de filhinho de papai, Benjamin?

–Não ouse tentar, Luke. -Ben cuspiu as palavras.

–Oh, pela Tequila, isso é tão excitante. -Miranda murmurou.

–Então… Dançar, Rachel? -Ben perguntou, sorrindo.

–Nem fodendo, Engomadinho. -Luke respondeu por mim e me segurou pelo pulso, com mais força do que precisava.

Não sei o que aconteceu atrás de mim, não sei as reações de Ben e Miranda perante tal ato de Luke. Minha respiração estava forte. Que diabos estava acontecendo com ele?

–Você não vai dançar com ele nem por cima do meu cadáver. -ele disse, nervoso.

Paramos, mais ou menos, três metros da pista de dança.

–Ciúmes, Roach? -provoquei.

–Ele não presta, Rachel. -bufou

–E você sim? -arquei uma sobrancelha, me aproximando.

Luke sorriu de canto e respirou fundo.

–Vem, você vai dançar comigo essa noite.

E me puxou para a pista de dança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Morro com esse Luke! *-------------------------*

Então, gente... Meu motivo para ter demorado tanto é meio delicado para alguém que escreve romance. Como acho que a maioria sabia, eu namorava. É. Namorava. Por três anos e... acabou. Não estou numa fase boa da vida, se é que me entendem. Passei por semanas horríveis e agora que as coisas estão doendo menos. Menos. Logo, peço um pouquinho de cooperação caso demore para postar novamente.

Desculpem, sério. Vai ser muito difícil continuar essa fanfic. Luke é praticamente... Ele. Mas farei o possível para permanecer apenas com as coisas boas. Com o tempo, vão virar lembranças engraçadas e não "facadas". Peço paciência, sim?

Obrigado desde já. Vocês são ótimos!!!!

Beijosss,

Samyni

PS. Reviews???

PS2: Desculpem se o capítulo ficou cansativo, fiz o melhor possível :/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor às Avessas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.