POV RACHEL CARELL'

"O problema era que quanto mais tempo eu passava com ele, mais eu queria ficar com ele." -A Maldição do Tigre.

Assim que entrei no quarto, comecei a tirar a roupa rapidamente e substituí-las por outras mais confortáveis de se usar em casa. Não havia nem resolvido o fator “cabelo-que-mais-parece-que-foi-atingido-por-um-furacão” quando a campainha tocara deixando óbvio a chegada de Mike. Luke demorou um bom tempo para abrir a porta, mas Mike finalmente bateu a porta do quarto.

–Pode entrar! –anunciei correndo para minha cama, cruzando as pernas e arrumando o cabelo, tentando inutilmente parecer o mais normal possível.

Mike sorriu, fechou a porta e sentou-se ao meu lado.

–Tudo bem? –perguntei.

–Melhor agora. E com você?

–Tudo bem, só bastante cansada. –suspirei.

Ele sorriu de lado.

–Olha, seu sutiã está andando.

–Oi? –perguntei. É o sono ou ele disse que minha peça intima estava caminhando?

Mike apontou para o canto do quarto, onde meu sutiã preto estava sob um gatinho cinza, que caminhava cegamente com um dos bojos tampando o rostinho e o outro se arrastando juntamente com as alças.

Por favor, chão, se abra igual o mar vermelho para eu poder me enfiar em algum lugar!

–Fumaça! –o repreendi como se ele entendesse e o mini-felino veio a tropeços até minha direção.

Abaixei-me para tirar a peça que impedia sua visão e o peguei no colo.

–Que vergonha, Fumaça!

Mike ria ao meu lado. E não pude evitar pensar que se fosse o Luke em seu lugar, com toda certeza faria piadinhas como “O que você faz para preencher o vazio entre os seios o sutiã? Usa papel higiênico? Porque olha, isso explicaria o fato de termos de comprar um pacote toda semana.” O que seria mentira, mas Luke é Luke. Simplesmente isso.

Mike foi timidamente com uma das mãos tentar acariciar as costas de Fumaça, mas este esquivou-se e abaixou as orelhinhas de forma defensiva.

–É uma pena ele não gostar de mim...

E então, a oportunidade perfeita me apareceu:

–Bom, é uma pena. Mas o importante é que eu gosto. –e continuei encarando as costas de Fumaça, sentindo meu rosto ficar quente rapidamente.

Mike apenas se aproximou e vi rapidamente um sorriso em seu rosto, antes de fechar os olhos para o que estava por vir.

POV LUKE’

"Às vezes, é preciso abandonar as pessoas". –Especiais. (Feios, #4)

–Cara, qual teu problema? Porque tu está tão quieto?

–Impressão sua. –respondi a James, que tagarelava compulsivamente sobre a Rachel. –Mas chega desse assunto.

–Por que isso agora?

–Porque você não vai pegar a Rachel. –dã!

–Pensei que você a achasse horrível, magrela, broxante...

–Certo. Certo. Eu sei o que eu disse, ok? Mas você tem irmã?

–Tenho. –ele respondeu franzindo uma sobrancelha.

–Deixaria eu dar uns “pegas” com ela?

–Claro que não!

–Então você não toca na Rachel. Ok? Essa será a regra número um da Sociedade dos Come e Foge: nada de ficar com entes queridos do teu parceiro de canalhices.

–Ah, está bem... –James disse. Ele estava realmente chateado. –Ei, o que você acha que eles estão fazendo lá no quarto hein?

–James. –sibilei entre dentes.

–Qual é, cara. Foi uma brincadeira. Desculpa aí, mas pirar por ela não vai adiantar.

–Do que você está falando?

James bufou, revirou os olhos e apoiou uma das mãos em seu joelho, encarando-me.

–Olha, é visível ok? Para todo mundo. Eu não tenho nada a ver com isso, mas te dou um conselho: ficar aí de braços cruzados no sofá só vai ser pior.

Do nada James virou de um canalha para sentimentalista?

–Eu não gosto da Rachel, se é o que quer saber.

–Ok. Ok, Luke. –e levantou as mãos em sinal de rendição- Só estou dizendo que se gostar, é essa à hora para agir. Entra naquela droga de quarto e acabe de uma vez com o entretenimento das mãos do esquimó no corpo da loirinha gostosa. Ou... Dê as costas, de vez. Se a sua escolha for a segunda opção, tem um pub bem legal aqui perto. –e deu de ombros.

✶✵✴

O lugar era mais perto da “minha” casa do que eu imaginava. Estava relativamente cheio para um dia de semana e o público era principalmente jovens.

–Ei, camarada, por quê tão cheio? –James perguntou gritando a um segurança de terno e cara má.

–A DJ é ótima.

James assentiu e depois me disse perto do meu ouvido que nunca havia ouvido falar de Miranda Heibulth. Mas eu era obrigado a admitir que o som dela era realmente muito bom. Ao longe pude perceber que ela tinha cabelos pretos, lisos e curtos na altura do ombro, o rosto era lindo e o olhar sexy. Ela sorria, gritava e se mexia juntamente com a batida e deixava todos ao redor contagiados por sua animação.

James sentou-se em um dos bancos altos do bar e sentei-me ao seu lado. Nossa bebida demorou a chegar por conta das diversas mulheres bem arrumadas que passavam na nossa frente, porém eu não tinha do que reclamar, pois essas moças inclinavam para dar o dinheiro ao barman e para pegar as bebidas.

Enquanto bebericávamos uma bebida, uma mulher bem jovem aproximou-se de James e eles começaram a conversar. Ele usava todas as táticas de um verdadeiro canalha: dava bola para a garota e depois quando ela retribuía, fingia não estar tão interessado assim. Mas ao mesmo tempo jogando certo charme (que obviamente muito insignificante em comparação ao meu), para assim a garota não desistir. Sem contar que os pequenos contatos físicos, como chegar a boca mais perto do ouvido para falar, tocar no braço ou algo assim, deixava a loira completamente arrepiada.

Eu observava, me divertindo, até que eles largaram as bebidas e foram para a pista de dança. Cá entre nós, sabíamos qual era a próxima coisa a rolar.

Voltei a encarar a prateleira com diversas garrafas de bebidas alcoólicas diferentes, que ficava as costas do barman, atrás do balcão onde eu me encontrava. Quando olhei para o lado, a mulher branca de cabelos negros e olhos castanhos sensuais me encarava. Miranda.

–Você é boa. –comentei e voltei a olhar para frente, levando o copo aos lábios.

–Muito obrigada! –ela gritou em resposta.

–Hora do descanso, é? –virei-me para olhá-la novamente.

–Sim. Eu com toda certeza mereço depois de lotar esse pub. –ela sorriu sensualmente e mexeu os cabelos abanando-se.

–Gostei do seu visual. –comentei. E de todo o resto.

–Obrigada, gato. Mas falar das minhas roupas não será o suficiente para me levar para a cama hoje, vai ter que dizer o que realmente pensou. -sua voz soou malicia, sensualidade, desafio, qualquer coisa de menos modéstia.

–Certo. E se eu disser que gostei de todo o resto? –retribui o olhar.

–É assim que se fala. Mas já te aviso que eu não sou uma das vadias que você costuma dormir sempre por aí. Sou apenas livre, solta, mente aberta.

✶✵✴

–Para que existem roupas, afinal de contas? –Miranda sussurrou em meu ouvido, subindo minha camisa branca e a arremessando para o lado.

A morena se situava em meu colo, distribuindo beijos avassaladores em meus lábios, orelhas, rosto e pescoço. Obviamente me deixando louco, mas assim retendo meu caminho por debaixo de sua roupa.

–Eu concordo plenamente com você. –respondi entre uma arfada e outra. –Mas por que eu também não posso me livrar desses panos desnecessários?

–Você vai ter que conseguir por si só. Me fazer querer. Consegue? –ela sussurrou novamente em meu ouvido, causando um arrepio em minha coluna.

Mulher alguma havia me desafiado antes. E qual é, sou o Luke, é lógico que consigo facilmente.

A puxei para mais perto e desci uma das mãos por suas costas enquanto a outra caprichava no cabelo. Miranda fechou os olhos e suspirou fundo. Cheguei minha boca perto da sua diversas vezes, mas quando ela vinha ao meu encontro, afastava. Concentrei as duas mãos então só nas costas, subindo e descendo, apertando e puxando, até sutilmente passá-las por debaixo de sua blusa e subindo lentamente ao encontro do sutiã. Miranda então arquejou e colou seus lábios no meu antes de sussurrar com a respiração entre-cortada:

–Você... Fez por merecer. Hora da diversão, Luke.

✶✵✴

O sol que entrava pela janela do flat bem decorado de Miranda. Como sempre, meu primeiro instinto ao acordar após passar a noite com uma mulher, era sair correndo catando minhas roupas antes delas acordarem, mas vi que dessa vez eu havia passado da hora. Miranda havia me cansado, pelo visto. Espreguicei-me na cama e virei de lado. A morena estava sentada na cama, com as costas escoradas na parede, com uma roupa confortável preta (dela) e bebericava uma xícara de conteúdo ainda não descoberto.

–Bom dia. –ela disse.

–Bom dia... –respondi e espreguicei novamente.

–Você me surpreendeu não saindo escondido logo que o dia amanheceu.

Sorri de canto e ela riu debochada.

–Eu sei que você teria feito se não estivesse tão cansado. Sinceridade é meu forte e espero isso das outras pessoas também, Luke.

–Eu entendi. Só não estou acostumado. Eu nunca havia dormido por tanto tempo antes.

–Bom, isso não é um sinal, se é isso que está pensando. Te garanto. –ela disse com desdém.

–Eu não disse que era. –dei de ombros. Mulher folgada e louca. Eu hein.

–Olha, eu quero deixar algo bem claro. Sobre nosso assunto de ontem... Sim, eu aceito entrar na sociedade sua e do James. A SCF. Já que é assim, nos veremos regularmente. Logo, nada de apaixonar. Eu deitaria com você outra vez, mas só isso. Não quero relacionamento e muito menos com você, Luke.

–Eu também não disse que queria.

–Só estou lhe explicando, ok? A partir de agora somos parceiros, colegas, “amigos”, mas quando não houver “trabalhos da sociedades a serem feitos”, é só me ligar, que dependendo podemos nos pegar.

É. Ninguém resiste ao Luke Dean Roach. Moças de Nova York, se preparem.

✶✵✴

Cheguei no apartamento na hora do almoço. Conversei mais com Miranda e descobri que ela é louca e livre, nervosa e sexy, houve uma segunda rodada, me vesti e segui meu rumo até o gigante edifício ao qual morava a loira e a ruiva gostosa.

Quando bati a porta do apartamento, me deparei com a seguinte cena:

Kate de camisola lilás no sofá, no colo de Emily –que estava apenas com uma camiseta branca feminina tamanho G– comendo doces entre beijos e agarrações. Aparentemente havia tido uma reconciliação que terminou em sexo após minha saída.

E então, mais a frente, no corredor, Mike saia só de calça jeans –muito mal vestida– em direção a cozinha. Ele cumprimentou com um aceno de cabeça e sorria de orelha a orelha. Esquimó idiota. Passei pelo quarto de Rachel e abri a porta levemente. A loira dormia com um dos braços pendendo para fora da cama, os cabelos estavam bagunçados igual a todas as manhãs e sua colcha cobria apenas até os seios, deixando a mostra seus ombros nus e indicando que o resto também se encontrava da mesma maneira.

–Que bom que se divertiu, Rachel. –falei baixinho antes de me virar e seguir para o banheiro.

Certo. Todo mundo se divertiu na noite anterior. Ótimo.