Instituto Gore escrita por JWHFhiiii


Capítulo 14
O Refeitório


Notas iniciais do capítulo

Ana e sua lúcida visão das coisas. (:



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Ah! O refeitório. Queria eu poder dizer que lá é um bom lugar. Mas ali – não na praça de alimentação – no refeitório principal, era o ambiente mais selvagem e hostil do Instituto.

Onde todas as classes e grupos se cruzavam, se trombavam e se intimidavam. Havia todos os tipos de divisões e tribos por ali. Era o local perfeito para se impor e delimitar marcas. Marcar território e expor conquistas e feitos. Também obviamente seria o melhor lugar para se apresentar novas marcações e anunciar fins de antigos reinados.

Porém nada assim iria acontecer por lá hoje. Emilly nem ao menos apareceria. Mas o que sem dúvida todas as pessoas daquele refeitório já sabiam e seus burburinhos nas mesas discutiam a respeito, era dos milhares de fotos e vídeos que já tinham sido divulgadas do conflito entre Emilly e Bento, na quadra essa manhã.

Não que fosse algo muito importante, mas todos queriam comentar algo. Mostrava que sendo para falar bem ou mal, todos ainda estavam muito interessados em cada pequena coisa que ela fazia.

Indicava que sua popularidade, mesmo depois desses últimos anos de decadência pessoal, não havia caído.

Também não era atoa que subiu. E ainda, independente de qualquer coisa, todas as suas características principais, que a alavancaram a fama, continuavam ali. Com provas disso cada vez mais visíveis a todos. Como indicava agora esse gif dela tacando uma toalha suja na cabeça do capitão de futebol.

Ela continuava em alta. Como também continuava alta, com seu corpo deslumbrante e seus lindos olhos cor de mel. Dona de uma personalidade que nunca a permitiu entrar em nenhuma briga para perder.

O principal blog que sempre divulgava suas notícias, muitas vezes filmava todas as coisas que ela fazia durante 24 horas do seu dia, era um blog que ela própria apoiava.

O blog da Ana Lúcia era o mais visto por toda a escola e divulgava vídeos e fotos de tudo que acontecia na vida de todos que importavam por ali, em tempo real.

Mas era uma página a cara da criadora. Ela era uma pessoa esperta, multifunções, mas de poucas palavras. Então seus posts também. Divulgavam muitas vezes coisas das quais seus amigos nem a permitiam divulgar, mas sem muito texto.

Só os comentários que sempre permaneciam abertos é que se tornavam verdadeiras salas de bate-papo e acabavam sendo a graça do blog para os visitantes. Nos comentários se formulava hipóteses malucas e se formava enormes discussões sobre a vida desses estudantes. Onde os internautas de todo o país acabavam se entretendo e vivendo em suas cabeças – e em seus computadores – a vida dos jovens do Instituto.

Ana lia todos os milhares de comentários de cada post, pesquisando o que interessava ao seu público para dar mais disso a eles.

O que importava para Ana Lúcia é que ela ganhava dinheiro com isso. Tinha leitores assíduos e fieis. Além de que ela dizia aos seus amigos que era melhor que ela postasse, antes que outro fizesse. Pelo menos assim alguém entre eles podia ganhar algo com isso.

Às vezes ela própria filmava e gravava conversas. Mudava de salas durantes as aulas se necessário, atrás de conteúdo. Não postava vídeos de qualquer forma, os editava e já chegara a pedir para os amigos fazerem a cena de novo para ela ter material para editar melhor quando fosse postar o vídeo.

Como ela fez quando foi postar um beijo entre Emilly e Romulo como a bomba de inverno, divulgando o início do namoro entre os dois no ano passado. Emilly riu e o beijou novamente, para que então a amiga pudesse gravar e ter o que editar.

Não é como se Ana Lúcia precisasse do dinheiro, porque ela não precisava mesmo. Mas ela gostava simplesmente da ideia de saber que estava ganhando. Às vezes Emilly pedia o dinheiro do blog para ela, para comprar alguma roupa urgente que tinha visto no shopping. Ana Lúcia sempre dava a ela, nem ao menos se lembra da quantidade, porque não fazia questão de se lembrar. Até porque é como se Emilly também fosse dona disso. Pois ela não só era sua principal fonte de notícias, mas foi também quem fez esse blog começar a ganhar visitantes no início.

De qualquer forma Ana gostava tanto de fazer esse “trabalho” quanto também gostava de saber que estava fazendo algo bem o bastante para ganhar dinheiro com ele.

Ela não via – e não tinha – nenhum problema em admitir nada disso. Algumas pessoas poderiam a achar engraçada. Seus amigos a achavam direta. Mas a relação é que eles não podiam deixar de rir da forma como isso os assustava, muitas vezes.

Ana Lúcia gostava daquele lugar. Do refeitório. Talvez ela não sentisse a inospitalidade no ar do local. Ela simplesmente via como fascinante: centenas de pessoas se concentrarem em um lugar, presencialmente, em prol de um único objetivo. Comer, claro.

Ana finalmente levantou o rosto de seu celular e tirou os fones por um momento enquanto olhava ao redor. O refeitório estava uma bagunça e barulhento, como sempre.

Viu suas amigas se aproximando ao reparar em uma cabeça saltitando ao som da música pop que tocava no refeitório, três garotas chegaram até sua mesa rindo e carregando bandeijas contendo seus almoços.

– Cadê a Emilly? – Isadora perguntou logo depois de se sentar.

– Foi polinizar o maracujazeiro. – Ana respondeu com sua mesma serenidade habitual.

Isadora começou a rir, muito. Aquilo tinha soado tão estranho. Era alguma espécie de código? Porque ela não tinha entendido inicialmente, até se lembrar de que Emilly realmente tinha um maracujazeiro em casa.

– Ah, essa Emilly. Cada vez mais antissocial. – Renata balançou a cabeça.

– Olha como você fala da Mih na minha frente, ein? – Isadora repreendeu ficando subitamente séria.

– Calma... Nem falei nada demais...

Renata e Luana eram do clube de dança e animação. Luana era vice de Isadora. Renata, além da dança, era também uma das melhores praticantes femininas de Jump Contact do Instituto.

– É melhor mesmo.

– Mas vamos falar de coisa boa? Vamos falar de Jenipá! – Luana brincou e riu sozinha. – Não, tá. É zueira. Na verdade eu ia falar sobre a festa de Boas Vindas. A gente tem que decidir já, porque pela tradição é sexta-feira que vêm.

– Eu sei. Eu estou com algumas ideias aqui. Mas eu queria que fosse uma coisa diferente esse ano. É o nosso último ano de ensino médio. Como também é nosso último ano organizando A-tradicional-festa-de-Boas-Vindas! – Disse erguendo a cabeça, cheia de orgulho. – Temos que encerrar isso com chave-de-ouro. Tem que ser a melhor festa que já existiu nesse Instituto! A melhor que esses estudantes já foram! – Exclamou Isa empolgada quase se levantando da cadeira.

– Concordo. Até porque é a festa de abertura. Tem que ser melhor do que todas que já se passaram até então. Tem que mostrar tudo que o Instituto tem a oferecer. Tudo que temos a oferecer! – Completou Renata também empolgada e Isa a olhou torto. – Então eu também estava pensando em umas coisas e acho que poderia ser alguma coisa com fantasias temáticas...

– Não! Isso é muito infantil. Não podemos finalizar nosso último ano no comitê fazendo algo assim...

– Ah! Eu tenho que concordar com a Isa, Rê. Isso é meio...

– Não é não. Eu estava pensando em algo...

– Relaxem, garotas! Eu vou ter uma boa ideia até o dia terminar, eu tenho certeza. Amanhã eu trago para vocês.

Bom, Isa sabia que isso era muita responsabilidade. Ela sentiu o peso. Carregar esse tipo de obrigação não é para qualquer um. E não é nenhum pouco fácil.

Todas essas pessoas sentadas aqui agora, comendo seus almoços, iriam se estapiar durante a próxima semana em busca de um convite para essa festa.

Ela não podia decepcionar. Tinha que ser algo que todos pudessem se impressionar e ao mesmo tempo curtir.

Tinha que ser algo fantástico.

Argh! A todo o momento problemas caindo em sua cabeça. A vida é uma coisa realmente complicada.


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Notas finais do capítulo

As vezes eu tenho dó da vida complicada que Isa leva... /sohquenão.

xD



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