P.O.V: Scorpius.

Esse foi o almoço mais divertido em que já fui! Nunca pensei que seria dessa forma, mas fico feliz que tenha sido.

Depois da pequena vergonha no corredor (eu admito que foi embaraçador), nós finalmente conseguimos descer e comer sem mais empecilhos. Claro que Rose parecia um robô, não falava mais do que o necessário e mantinha os olhos fixos no prato. Ainda assim, eu posso afirmar que minha mãe praticamente a idolatra; Astoria Malfoy é uma mulher extremamente transparente, é possível ver quando ela gosta e não gosta de uma pessoa, e no caso de Rose... Acho que posso dizer que minha mãe a adorou no instante em que bateu os olhos nela.

Agora, após almoçarmos, apenas nos sentamos para conversar. Estava tudo bem... até minha mãe decidir mostrar minhas fotos da infância para Rose.

— Oh, ele era incrivelmente fofo! — minha mãe exclamou enquanto carregava um grande baú com as iniciais “SM”.

— Nem pense nisso! — eu corri até ela e roubei o baú.

— Não seja um bebêzão! — Rose exclamou, me provocando.

Apertei os olhos para ela e a ruiva me mandou um sorriso torto debochado. Enquanto eu olhava para ela, minha mãe roubou o baú de volta e Rose se levantou rapidamente, ficando na minha frente para que eu não pudesse impedi-la de abrir e tirar as fotos.

— Ah, olhe essa aqui. — minha mãe abriu o baú e tirou uma foto. Eu devia ter uns três anos e tinha cara de choro e um biquinho triste que tremia.

— AWN! — Rose quase gritou, se sentando ao lado dela e pegando a foto na mão e me olhando com um sorriso largo. — Que fofinho! Olha só essas bochechas!

Rolei os olhos e me sentei ao lado dela, já que obviamente eu não conseguiria fugir dessa vergonha. Rose aproveitou a proximidade e apertou as minhas bochechas com certa força, beijando uma delas em seguida.

— Você é um porre. — bufei e ela gargalhou, pegando outra foto.

Dessa vez eu era só um bebê. Estava deitado no berço e havia uma mão me fazendo cócegas enquanto eu ria.

— Ele era todo risonho. — minha mãe disse sorrindo enquanto já pegava outra foto.

Quinze tormentos e fotos vergonhosas depois, ela pegou uma foto em especial em mãos. Meu pai murmurou algo com minha mãe enquanto ria baixo, Rose se inclinou tentando ver e quando percebi o que era, arregalei os olhos e pulei (literalmente) em cima de minha mãe. Ela jogou a foto para o meu pai, que riu e se levantou, balançando a foto no ar e ameaçando virá-la.

— Pai... — comecei. — Não se atreva.

Meu pai me mandou um olhar determinado e um sorriso torto e maldoso cruzou seus lábios quando ele virou a foto. Pulei em cima de Rose e tapei seus olhos. Chega dessa merda de ficar mostrando fotos! E eles querem mostrar justo a pior foto da minha vida!

Rose se debateu e me deu uma cabeçada forte.

— DROGA! — berrei de dor, colocando as mãos no meu nariz para ver se estava sangrando, mas nisso ela viu a foto.

A.

BENDITA.

FOTO!

Eu odeio os meus pais.

Nessa eu estava nu no chuveiro, meu cabelo estava azul por que tinha resolvido brincar com tinta mais cedo naquele dia, eu deveria ter uns oito ou nove anos, próximo da idade em que a conheci.

Rose ficou séria por alguns instantes antes de cair na gargalhada de forma frenética, ela bateu no chão rindo tanto que estava totalmente vermelha.

Uma carranca se formou em meu rosto e me levantei, meus pais também riam. Peguei a foto da mão do meu pai e parti furioso para o meu quarto, puto da vida.

Sinceramente, mas que maldição! Por que eles têm essa necessidade escrota de querer me envergonhar justo na frente da primeira garota que eu apresento a eles? MERDA, EU ESTAVA PELADO NA BENDITA FOTO!

Bati a porta do meu quarto e me joguei na grande cama.

Cinco minutos depois, eu ouvi alguém bater na porta.

— Scorp? — Rose entrou devagar no quarto com um sorrisinho implicante.

— Vai se ferrar. — enfiei minha cabeça embaixo do travesseiro.

Ela riu.

— Ah, para com isso, você era tão bonitinho. — senti ela subir na cama e literalmente se jogar em cima de mim.

Me debati sem ar.

— SAI! SUA GORDA.

Ela gargalhou e saiu.

— Só não falo que gorda é a sua mãe por que ela tem um corpão.

Bufei e ela me fitou com aqueles olhos... um pouco de luz passou pela janela e o verde presente neles se mostrou.

Eu me odeio por não conseguir odiar ela, maldição.

Rose se inclinou e pressionou os lábios nos meus gentilmente, um selinho demorado.

Suspirei quando ela se afastou.

— Ainda estou com raiva de você. — falei.

— Você está se tornando um péssimo mentiroso, Malfoy. — ela sorriu docemente e depois riu um pouco. — Você era adorável. Com aquela minhoquinha entre as pernas. — a ruiva riu mais.

— Argh, quer ver a minhoquinha? — a puxei e a deitei, subindo em cima dela.

Rose corou arduamente, suas bochechas ganharam tanta cor quanto seus cabelos e foi a minha vez de rir. Ela me empurrou incomodada e se sentou na cama, ajeitando o vestido.

— Idiota.

Envolvi sua barriga e beijei seu pescoço. Ouvi ela suspirar.

— Scorpius, pare com essa necessidade de me tocar a cada cinco minutos! — ela exclamou baixinho.

— Você me acostumou mal em Hogwarts. — me defendi.

Eu soube que ela deveria ter rolado os olhos.

— Vamos descer, se comporte. — ela se levantou e olhou para mim em expectativa, querendo que eu a seguisse. Resmungando, eu fiz como ela queria.

Talvez ainda ajam várias coisas embaraçosas para acontecer...

***

P.O.V: Alvo.

Me aproximei de Katherine enfiando as mãos nos bolsos de meu casaco, eu procurava seus olhos, mas ela evitava os meus, olhando para a neve ou para algo além de mim.

Senti meu coração doer quando pensei que meses atrás ela correria em minha direção com um largo sorriso e zoaria com o fato de que eu provavelmente coloquei a camisa do lado avesso.

— Hey. — falei quando estava próximo o suficiente.

Alguns passos e eu poderia tocá-la...

— Hey... — ela respondeu mais lentamente, finalmente me olhando nos olhos. — Aqui. — ela me entregou uma caixinha.

Era branca e pequena com um laço vermelho, abri e encontrei um objeto quadricular, preto e espelhado ali dentro.

— Um celular?

Ela assentiu.

— É um dos novos do mundo trouxa, eu me lembro de como você queria um. Eu instalei os jogos que você gosta e uma coisa chamada “youtube”, supostamente serve para você assistir vídeos dos trouxas.

Sorri levemente.

Por meses em enchi o saco dela sobre isso. Eu queria muito um celular desses novos que tinham tantas funções. Eles não são aceitos em Hogwarts, mas tenho certeza de que conseguiria um feitiço para deixa-lo fora do radar.

— Obrigado... eu não comprei nada pra você.

Ela negou.

— Eu imaginei... Não quero nada, eu só havia comprado antes e achei estúpido deixar mofando lá em casa.

Assenti.

De repente uma necessidade enorme de puxar assunto me tomou. Queria continuar conversando com ela, prolongar aquela visita, pois sabia que não a veria em bastante tempo...

— E como andam as coisas? — perguntei quase desesperado.

— Indo. E com você?

— O mesmo... Então, você e Sebastian?

— Somos amigos.

— Como eu e você? — soltei antes que pudesse evitar e ela suspirou pesadamente.

Eu vi que a machuquei, notei como se retraiu e me amaldiçoei por isso.

— Eu vou indo. Feliz Natal. — ela desejou e se afastou.

Eu queria gritar para ela ficar, mas o orgulho me impediu. Queria implorar por desculpas, mas não pude.

Por que diabos eu sou tão estúpido?! Tudo o que eu quero é voltar a ter ela próxima a mim e só faço merda! Por que é tão difícil apenas aproximar ela em vez de afastá-la?

— Katherine? — meu pai apareceu na porta de casa e sorriu para a loira. — Não sabia que havia vindo.

Katherine olhou para ele surpresa.

— Harry... desculpe, eu só queria dar algo ao Alvo, já estou de saída. — ela foi até ele o cumprimentar.

— Fique para o café, Lily está cozinhando hoje.

A loira olhou para mim e olhei quase em pânico para ela, implorando com o olhar que ela ficasse.

— É, fique. — pedi mais rápido do que desejava.

Kath olhou entre mim e meu pai.

Comecei a rezar para que Merlin colaborasse comigo pelo menos uma vez na minha vida. Só uma vez... Não é muito! Vamos, só faça ela entrar...

— Bem, alguns minutos não farão mal. — ela sorriu meio forçada.

Suspirei completamente aliviado.

Merlin, eu te devo uma.