P.O.V: Lily

Olha a beleza de ser a filha garota e inocente, quando você saí de casa e vê o seu irmão com uma garrafa de Hidromel, você pode subornar ele a te dar a garrafa se não você vai contar para o pai de vocês que ele estava com uma garrafa de Hidromel. Belezinha, né?

Enfim, eu tive que me disfarçar, então eu peguei uma garrafinha de suco de Abóbora e troquei o conteúdo, assim eu estava bebendo a plena vista e ninguém sabia. Claro que com o tempo eu acabei enjoando de ficar ali sem fazer nada, daí eu troquei de cenário, por que né.

Eu acabei indo para o lugar onde peguei o meu irmão tentando esconder o Hidromel e fiquei ali apoiada na janela e olhando para dentro, para a festa.

A única coisa legal dessa festa até agora foi ver meus pais e meus tios pagando mico na pista de dança, fora isso, isso aqui está mais parado do que a Estátua da Liberdade.

— Me dá um pouco? — uma voz falou.

Olhei para o lado e vi Hugo, ele parecia tão entediado quanto eu e pela sua posição na cadeira, devia estar ali há muito tempo.

Mas como que eu não vi essa criatura sentando perto de mim?! Ainda mais ali, onde não tinha ninguém?!

— Vai pegar! — exclamei. — Preguiçoso. — murmurei tomando mais um pouco.

— Como se eu fosse conseguir Hidromel com qualquer um. — ele falou.

Arregalei os olhos e quase cuspi tudo, mas me controlei e apenas engoli, tentando disfarçar a minha surpresa.

— Quem disse que eu tenho Hidromel? — perguntei indiferente.

— Eu vi você trocando as coisas Lily, não adianta se fazer de inocente por que comigo não cola. Vai, passa um pouco. — ele pediu estendendo o copo.

Eu rolei os olhos.

Tenho que ser mais cuidadosa com certas coisas, sinceramente.

Eu coloquei um pouco em seu copo e nós ficamos ali, sozinhos, bebendo e olhando a bela movimentação da festa.

Eu tentava ficar de olho na Rose, mas perdi ela de vista a tanto tempo que sinceramente, eu já dei o primeiro aviso para ela ficar longe das garrinhas peludas e loiras do Malfoy, agora ela que se vire nos trinta!

— Então, por que a “princesinha de Hogwarts” veio sozinha no baile da própria família? — Hugo perguntou.

Olhei para ele já começando a ficar nervosa.

— Você não tem mais ninguém para importunar, Hugo? — perguntei.

Ele negou com um sorrisinho de lado.

Rolei os olhos.

— Não te interessa. — falei.

Ele riu, chegando mais perto de mim.

— Entrou na defensiva, princesinha? — perguntou.

Cara, eu totalmente ODEIO esse apelido! ODEIO!

— Hugo, faça-me um favor e morra engasgado. — falei e no mesmo instante, Hugo pareceu ficar sem ar.

Ele tossiu e colocou ambas as mãos na garganta, como se estivesse realmente engasgando, e seu rosto ficou vermelho enquanto ele cambaleou para trás.

— Ai meu Deus, HUGO! — exclamei e corri para ajudá-lo.

Porém, assim que o fiz, ele tirou as mãos da garganta e um sorriso tomou o se rosto.

Ele riu de mim e eu encarei a cena totalmente perplexa.

— Você devia ter visto a sua cara. “Ai meu Deus! Hugo!”. — ele tentou copiar a minha voz enquanto ria de se acabar da minha desgraça.

Eu queria seriamente esfregar a cara desse garoto em um ralador de queijo! Como ele se atreve?!

— IDIOTA! — Exclamei e voltei a posição que estava antes, agora totalmente irritada e fula da vida.

Eu tenho as minhas sérias dúvidas de que Hugo deve ter batido a cabeça na parede da Plataforma em vez de atravessá-la!

Sinceramente...

— Ah, por Merlin, eu devia fazer isso mais vezes. — ele falou finalmente se recuperando de sua crise de risos e se colocando ao meu lado enquanto se servia de mais Hidromel.

Isso só podia ser pegadinha da Rita Skeeter, como pode existir uma pessoa TÃO idiota?! Acho que Hugo Weasley já pode ganhar um prêmio!

Vendo a minha cara, ele rolou os olhos.

— Ah, qual é Lily! Vai ficar nervosinha agora? — perguntou.

— Nervosinha é o caramba Hugo! Não estou nervosinha, você que é um imbecil que deve ter sido trocado no nascimento! Não é possível que você tem o mesmo sangue que eu, sinceramente! — exclamei.

Ele bufou.

— Você fala como se fosse muito melhor do que eu. Virou uma Malfoy agora, é? — perguntou.

Olhei para ele em surpresa.

— Hugo, desculpa te acordar para a vida querido, mas qualquer um é melhor do que você. — falei ironicamente.

Ele rolou os olhos novamente.

— Então o que você está fazendo conversando aqui comigo? Falemos sério Lily, você não conseguiu um par e por isso veio sozinha. — ele falou e logo em seguida sussurrou: — Assim como eu.

Eu bufei.

Hugo é um imbecil, mas ele estava certo. Eu enchi de novo o meu copo e o dele.

— Bem, vida longa aos Forever Alone da família Potter-Weasley. — falei e ele brindou comigo.

Nós viramos nossos copos ao mesmo tempo.

E então viramos de novo, e de novo, e de novo, e de novo, até que em algum momento nós nos sentamos no chão com a garrafa e começamos a conversar sobre Hogwarts e rir do passado.

Para mim já estava tudo meio embaçado e eu já via duas cabeças ruivas na minha frente e não apenas uma de Hugo.

— Hey Lily! Lembra daquelas férias em que a gente te fez comer aquele monte de feijões de sabores ruins? Tripa, Cera de Ouvido, Meleca de Nariz, Grama, Sujeira... — ele caiu na gargalhada.

A esse ponto eu estava tão bêbada que ri junto.

— Lembra quando a Rose colocou um sapo de chocolate nas suas vestes e você saiu pulando e gritando por todo o corredor da Grifinória? Foi HILÁRIO! — eu falei rindo como um Hipogrifo engasgado.

Ele já não riu, em vez disso fez uma careta e começou suas reclamações sobre como a Rose ainda pagava ele por aquilo.

Percebi que a garrafa de Hidromel estava vazia.

— Meu Hipogrifo cor de rosa! A gente já terminou essa garrafa! Será que eu consigo mais do Alvo? — perguntei tentando me levantar e Hugo fez o mesmo.

— A gente dá um jeito. — ele garantiu.

Porém, no primeiro passo que eu tentei dar, eu cambaleei para a frente e Hugo me segurou, mas é lógico que com a coordenação motora de um Weasley, nós caímos no chão e ele parou em cima de mim.

Nós iriamos rir, se não estivéssemos tão próximos e sem reação.

Meu coração se acelerou e por um instante, eu quase me senti sóbria. Quase.

Hugo começou a se aproximar e eu meio que entrei em pânico, mas sabe quando você não consegue se mover? Bem, eu me sentia petrificada.

Ele colou seus lábios nos meus por apenas um breve instante, foi apenas um selinho levemente demorado. Ele se afastou e me olhou quase assustado, e eu nem sei o que deu em mim, provavelmente nunca vou saber, mas eu passei uma mão atrás de sua nuca e o puxei para mim, colando novamente nossos lábios juntos.

Ele aprofundou o beijo e eu deixei, foi algo intenso, eu diria. Mas definitivamente algo que eu só faria bêbada! Apesar de que, sensações que eu desconhecia tomaram o meu corpo.

Minha pele se arrepiou, eu me senti enérgica, eu queria continuar o beijo, mas a falta de ar nos impediu e quando nos afastamos...

Veio o total e completo choque! Foi como um banho de água fria.

Eu. Acabei. De. Beijar. O. Meu. Primo.

E. Eu. Totalmente. Gostei.

Okay Lily, já pode se matar.

De verdade consciência? Essa é a minha vontade!

(…)

P.O.V: Jade.

Por mais que eu torça por Scorose para rolar IMEDIATAMENTE, eu acho uma puta de uma sacanagem que as meninas me deixem All Alone com o estrupício do James Potter!

Eu bufei, não aguentando mais de tanto tédio.

A música estava totalmente chata e nós já dançamos, não temos basicamente nada para conversar um com o outro e eu fico pensando onde estão Rose e Scorpius uma hora dessas.

Espero que o estrupício não esteja dando jus a “cor de cabelo” loira e fazendo burrices, por que sinceramente, eu nunca vi alguém que pudesse fazer “o que não queria” na impulsivamente como Scorpius, ele simplesmente deixa o momento o levar como um idiota. Claro que isso é legal ás vezes, viver sem fronteiras e YUPI, mas cara, quando você está do lado de uma garota, você PENSA antes de agir ou diz qualquer coisa estúpida, como o James agora mesmo:

— Você está muito gostosa nesse vestido. — ele “elogiou”.

Eu lhe mandei aquele olhar de “sério mesmo queridinho? Você está jogando essa para cima de mim?”.

— Potter, se for falar merda, mantenha a privada que você chama de boca, fechada. Eu agradeço, o mundo agradece e amém. — falei.

James fez uma cara no estilo “só pode estar de brincadeira!”, mas não, eu não estava, por que eu prefiro mesmo o silêncio a um diálogo sem noção.

— Mas eu te elogiei!

— Não, você expressou o seu desejo por mim em uma frase nojenta. Quer elogiar uma garota? Um simples “você está linda essa noite” é perfeito, e não um “você está muito gostosa nesse vestido”, essa frase parece que você quer me levar para cama e depois me largar como qualquer uma das suas prostitutas baratas, e nós dois sabemos que isso nunca vai acontecer. — falei.

Ele rolou os olhos.

— Mulheres, sempre analisando cada palavrinha.

— Bem, as palavras que você usa e como as coloca em ordem em uma frase, são o que definem ou dão a impressão do que você é. Palavras tem poder, nunca duvide disso. — falar isso me fez lembrar de certos momentos da minha vida em que eu realmente senti o poder das palavras.

É realmente incrível o efeito delas se forem usadas por alguém importante para você. Quase destrutível. Ou melhor: quase não, as palavras de fato podem destruir.

Depois de alguns belos minutos de silêncio, James perguntou:

— Acha mesmo isso?

— Claro, as palavras...

— Não isso. Que eu te trataria como qualquer prostituta barata.

Havia uma certa intensidade em seu olhar, como se ele temesse que a minha resposta fosse “sim” ou algo parecido com uma afirmativa.

— Eu nunca deixaria Potter, mas se eu fosse chutar, diria que você já tentou.— Despejei.

Não que eu guarde mágoas daquela noite na The Kisses Sexy, mas não é algo que se pode esquecer da noite para o dia, principalmente quando você convive com a pessoa como nós convivemos um com o outro.

James suspirou.

— Jade, eu já me desculpei. O que mais você quer que eu faça?

Me levantei.

Essa conversa não nos levaria a lugar nenhum de qualquer forma. Para quê reviver o passado se nós temos o presente para viver e o futuro para esperar? Já passou de qualquer forma, ele não pode mudar o que houve naquela noite, nenhum de nós podemos, então qual é o propósito disso afinal?

— Nada. A não ser que você tenha um vira-tempo ai que possa nos levar de volta e impedir que você fosse um idiota. — falei e fui pegar uma bebida.

Eu estava quase desesperada por qualquer coisa alcoólica nesse momento. Qualquer coisa para me animar um pouco e me tirar desse tédio maldito.

Nesse momento eu pensei em Lily. O que diabos houve com o: “nós só vamos dançar, fofocar e roubar umas bebidas leves”? Parece que foi substituído pelo: “nós só vamos sentar e ver a noite passar tentando não morrer de tédio”.

Bufei e peguei um suco de abóbora, dando alguns goles enquanto estava sentada ali.

Logo, quando eu coloquei o meu copo na mesa por um instante, senti uma mão me puxar para a pista de dança e percebi que era o idiota do Potter, provavelmente tão entediado quanto eu.

Ele enlaçou a minha cintura delicadamente e começou a me conduzir, enquanto minhas mãos repousavam em seus ombros.

— O que você acha que está fazendo, Potter? — perguntei, apesar de estar deixando ele me conduzir.

— Além de estar te tirando para dançar? Eu vou te provar que eu nunca te trataria como uma prostituta barata. Eu sei dar valor a uma mulher de verdade quando vejo uma, Jade. Sim, eu posso agir como um idiota na maioria do tempo, mas não aja como se me conhecesse por completo só por que viveu um pouco comigo e ouviu algumas fofocas nos cantos da escola, elas não me fazem quem eu sou. Eu tenho um lado bom, todo mundo tem. — ele me respondeu com uma voz determinada, decidida e firme.

Havia um brilho em seus olhos que eu nunca havia visto, um brilho que de repente, eu desejei conhecer. Aliás, eu o vi uma vez, enquanto me ensinava o Patrono e isso me deixou apenas mais curiosa.

Por Merlin, sim, eu deveria me jogar da ponte mais alta que eu pudesse encontrar por que eu queria conhecer esse “lado” de James Sirius Potter.

Ele me puxou mais perto, me fazendo ofegar baixinho, e deixou o seu rosto perigosamente perto do meu com aqueles olhos claros me fitando, sua proximidade soava como uma pergunta no meio do nosso silêncio, uma pergunta a qual eu decidi afirmar.

Ele continuou se aproximado, nossas respirações se misturando e então, antes que eu pudesse perceber, seus lábios estavam sobre os meus, tão rítmicos quanto a nossa dança, lenta, leve e suavemente, ele me beijou.

Eu fiquei tão surpresa que eu nunca poderia colocar em palavras, esse beijo era completamente diferente do beijo daquela noite. Seus lábios traçavam um caminho de carinho, não havia brutalidade, desejo carnal ou qualquer coisa forçada a luxúria naquele beijo.

Havia apenas carinho e um desejo puramente sentimental, como se ele apenas quisesse me beijar e me mostrar aquele “James” diferente.

Aquele “James” que sinceramente? Eu não me importaria nem um pouco de conhecer.