Meu Snape escrita por Hawtrey


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente! Completamos mais de 400 comentários!!! =D
Estou imensamente grata por todos, por cada um que perdeu aqueles minutinhos só para escrever uma palavra ou um texto enorme kkk o importante é comentar e expressar sua opinião ;)
Então... mais de 4 mil palavras!!! Deve ser o maior capítulo da fic e com certeza é o mais decisivo. (Poderá ser o mais odiado também)
Espero que gostem e comentem hein!



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Ofegou antes mesmo de abrir os olhos. Sentiu a cabeça latejar imediatamente. Fechou os olhos com mais força e respirou fundo, até que finalmente os abriu. O quarto estava escuro e lhe era vagamente familiar. Ah sim, era seu quarto, aquele que dividia com seu marido. Afastou os cobertores e jogou as pernas para fora da cama, inesperadamente aliviada ao sentir o chão frio sob os pés.

Por quanto tempo dormira? Dias? Semanas? Meses? Não, ela esperava avidamente que não passasse de meros dias. Subitamente se lembrou das últimas coisas que vira antes de desmaiar: Severo e seus filhos. Onde estavam? Estavam bem? Seguros?

Levantou-se cautelosamente e se surpreendeu ao notar que não havia dores, tremores ou tonturas. Sentia-se muito bem para quem quase morrera na frente da família. Caminhou lentamente até a janela e afastou a cortina, constatando que ainda era noite. Saindo dali pegou um cobertor para lhe ajudar a fugir do frio e passou em frente ao espelho. Não estava tão mal, apenas algumas olheiras e alguns fios de cabelo fora do lugar.

Um barulho no andar de baixo chamou sua atenção, imediatamente sorriu. Nunca imaginou que sentiria tanta falta de Severo quanto estava sentindo agora. Ansiava por rever aqueles olhos negros que brilhavam tanto ao vê-la e reencontrar aqueles sorrisos lindos que pertenciam aos filhos.

Mas ela só encontrou um deles ao chegar no topo da escada. Severo estava sentado no chão sobre um pano estendido, de costas para ela. Brian e Rose estavam na frente dele, inquietos, enquanto o pai tentava entretê-los desajeitadamente com um brinquedo qualquer.

Sorriu e desceu as escadas lentamente, tomando cuidado para não interromper a cena tão incomum e ao mesmo tempo tão agradável. Aproximou-se silenciosamente e respirou fundo, pronta para sentir aquele carinho de novo.

― Eu odeio interromper uma cena tão linda ― Snape paralisou, empertigando-se ― Mas eu estou com saudades.

O homem não esperou nem mais um segundo para se levantar e encará-la, totalmente surpreso e imensamente feliz.

― Hermione.

Snape se aproximou em passos largos e a tomou nos braços como se fosse o último abraço que compartilhariam, mas na verdade ele pedia para que fosse mais um entre muitos outros que ainda dariam. Apertou-a ainda mais, só para se certificar que ela estava mesmo ali, acordada e bem.

Hermione suspirou e afastou-se apenas o suficiente para encará-lo e selar os lábios do marido em um beijo urgente. Enlaçou os braços no pescoço dele e sentiu as mãos firmes dele alcançarem sua cintura e a puxarem para mais perto, tão perto quanto fosse possível. Logo sentiu o calor a invadindo, fazendo-a querer cada vez mais dele.

Separaram-se apenas quando a falta do ar não pode ser mais ignorada. Hermione sorriu ainda ofegante e deu um último selinho em Snape antes de se afastar e correr ao encontro dos filhos.

― Como eles estão? ― perguntou sentando perto deles.

Snape voltou ao seu lugar e sorriu ao observar a felicidade da esposa ao pegar Brian no colo.

― Estão bem, mas sentiram sua falta.

Hermione observou os filhos com extremo cuidado, procurando detalhes, qualquer sinal de alguma mudança além do tamanho. Sim, estavam um pouco maiores, mas ainda eram os mesmos bebês que ela conhecia.

― Por quanto tempo eu dormi? ― questionou sentindo seu sorriso vacilar.

― Mais de um mês ― respondeu Snape tentando mostrar alguma calma.

Ele só queria agarrá-la e trancar-se no quarto com ela.

― E o que aconteceu?

― Stevens envenenou você.

Hermione ofegou. Envenenou. Stevens. Era o mesmo homem que fora seu médico?

― Doutor Stevens?

― Stevens ― repetiu Snape em tom seco ― Fez uma mistura perigosa de poções e injetou em você.

― Injetou? ― a castanha desacreditou analisando as próprias mãos.

Snape não deixou que ela continuasse, pegou as delicadas mãos entre as suas e as afagou.

― Eu queria prometer que tudo vai ficar bem... mas isso não depende só de mim, você também precisa aceitar nossa ajuda.

Reparou no olhar confuso da esposa e começou a explicar tudo o que aconteceu, cada detalhe de cada dia. Do seu desespero até o momento em que deu a última poção a ela. Depois do merecido soco que deu Stevens, Snape concluiu que aquele homem era burro demais para fazer algo tão complexo quanto àquele veneno, supôs que ele fosse apenas um mensageiro e supôs certo, o problema foi, e ainda é, descobrir quem pensou nisso tudo.

Preparar a cura depois de saber todos os ingredientes usados no veneno não foi difícil, o problema era prepara-lo sabendo que não era uma cura de fato. É uma doença sem cura. Foi o que Malfoy dissera. Hermione sofreria com as consequências daquele veneno pelo resto da vida e nem sabiam o motivo.

― Eu serei sua paciente mais comportada ― garantiu Hermione sorrindo para confortá-lo ― Prometo, Severo.

Mas Snape não queria que ela fosse uma paciente comportada, queria apenas que ela fosse sua esposa e a mãe dos seus filhos, e que fosse feliz.

― E eu prometo que cuidarei de você com minha vida.

Hermione não sorriu, tinha certeza de que aquela promessa não fora feita em vão e isso a assustava.

***

― Mione! Ainda bem que acordou! ― exclamou Rony assim que abriu a porta do quarto.

Hermione sorriu com a visão. Harry e Rony estavam lado a lado, um sorriso maior que o outro, parecendo orgulhos com algo que fizeram.

― Não sobreviveríamos mais uma semana sem você ― declarou Harry sorridente.

Ela gargalhou enquanto eles se aproximavam. Sentou-se na cama sem nenhuma dificuldade e encolheu as pernas, indicando para que ambos sentassem a sua frente.

― Como você está? ― perguntou Harry.

― Bem, de verdade ― ela garantiu com convicção ― Só estou nesse quarto porque Severo me obrigou.

― E eu ainda tenho que agradecer a ele por isso.

― Severo... me contou tudo. Sobre Stevens, o veneno... e o Malfoy ― revelou Hermione calmamente ― É verdade que Malfoy me ajudou?

Harry franziu o cenho ao encontrar um interesse genuíno no olhar da amiga e acenou, confirmando.

― Malfoy já passou por algo parecido e aceitou ajudar.

Notou que não precisou explicar tudo, Snape já havia detalhado tudo para ela. Mas estavam ali para rever bons momentos, ajuda-la a seguir em frente e não ficar relembrando tudo o que aconteceu. Então ele e Rony passaram o resto da tarde falando sobre suas próprias vidas, sobre tudo o que ainda não tiveram chance de contar e que ocorreu enquanto ela estava distante. Hermione ficou feliz em saber que ambos conseguiram um lugar entre os Aurores, apesar de Rony insistir que ficaria melhor entre os jogadores profissionais de Quadribol, e que Gina já estava seguindo o mesmo caminho. Também foi bom saber que Hogwarts já estava totalmente reconstruída e com melhorias na segurança, agora sim podia ser chamada de O Lugar mais seguro do Mundo Bruxo. Nada a preparou para ouvir sobre a aposentadoria de Dumbledore, nunca imaginou que um dia ele fosse deixar de ser o eterno “diretor de Hogwarts”. Tudo bem, ele não aposentaria agora, mas só de saber que ele estava pensando na ideia já tornava tudo mais real.

De todo modo, foi bom Harry e Rony colocarem a mente de Hermione em dia. Agora sim ela não se sentia mais perdida. Porque não bastou ficar meses afastada de todos, ainda ficou mais algumas semanas dormindo. O pensamento a fez lembrar de algo.

― Preciso pedir um favor a vocês ― avisou subitamente.

Os dois se entreolharam temerosos. Ela riu com o ato. Será que era tão incomum assim ela pedir um favor?

― O que é? ― incentivou Rony.

― Severo não me deixa sair de casa e aposto que não vão me ajudar nisso ― comentou, vendo-os concordar em seguida ― Mas o aniversário dele foi no início do mês e eu preciso dar pelo menos um presente a ele.

Harry e Rony se entreolharam novamente.

― Por favor ― pediu Hermione quase suplicante.

Harry suspirou, cometera o erro de notar o brilho no olhar castanho.

― O que você quer?

***

Hermione respirou fundo e agarrou o pacote com mais força. Mais de dois meses havia passado desde o aniversário de Severo, mas ainda sim queria entregar o presente. Ela mesma optou pela demora. Tratava-se de um álbum de fotos, fotos deles que Eileen fazia questão de tirar sempre que podia, precisou de tempo até conseguir todas as fotos e decidiu adiar a entrega quando a sogra lhe propôs que tirassem mais fotos espontâneas em família. Tanto ela, quanto Gina, ajudaram-na a organizar todas as fotos por data. Era um presente simples, mas Hermione ficou feliz com o resultado.

Infelizmente Severo fora chamado para ir a Hogwarts justamente naquele dia. Ela quase foi pessoalmente a Hogwarts amaldiçoar Dumbledore quando leu a carta que Severo deixara. E seu humor só piorou com o sumiço de Eileen. Já era quase noite quando notou que a mulher simplesmente desapareceu da mansão.

Colocou o presente sobre a mesa da sala de Severo e fechou a porta com cuidado para não fazer barulho. Brian e Rose estavam tão sensíveis quanto ela, um mínimo barulho e já acordavam chorando.

Enviou uma carta a Harry, Rony e Gina, perguntando se poderiam fazer companhia a ela no jantar e em seguida foi para a cozinha preparar o mesmo. Fez tudo no mais devido silêncio e ficou satisfeita ao terminar sem ouvir qualquer coisa dos bebês. Segundos depois uma coruja entrou desastrosamente pela janela e Hermione quase matou a coruja esmagada na tentativa de impedir a característica guincho. Para sua surpresa ela trazia apenas uma carta e não três como esperava.

“Mione, desculpa não podermos fazer companhia a você hoje à noite. Bem que Rony gostaria de provar sua comida. Mas estamos ocupados com alguns processos aqui no Ministério e só estaremos livres amanhã. Então guarda um pouquinho, porque estaremos aí amanhã bem cedo. Acordaremos você.

Harry.

P.S. Pensando bem, ficaremos na sala, esperando você acordar. Não queremos o risco de ver você e o Snape fazendo coisas.”

Hermione riu com a infantilidade. Não tinha certeza sobre Harry, mas provavelmente Rony arrancaria os próprios olhos se visse algo maior que um beijo entre ela e Severo.

Sua felicidade foi acabando a medida que o tempo passava. Já era quase duas da manhã quando decidiu ir para cama. Nem Severo, nem Eileen, apareceram. Deu uma última olhada nas crianças que voltaram a dormir, agora de barriga cheia, e em seguida desligou as luzes. Havia cansado de esperar.

No entanto, depois que deitou, nada a fez fechar os olhos. Sentia um aperto no coração e a garganta seca, seus batimentos cardíacos agora estavam mais rápidos e a assustava. Ela apertou as mãos uma na outra e respirou fundo. Havia algo errado, ela sabia. Mas pela primeira vez tinha certeza de que não era com ela.

O que estava acontecendo? Poderia ser com Severo?

O barulho de vidro se quebrando a fez se sentar abruptamente. Afastou os cobertores e pulou para fora da cama, agarrando sua varinha com força.

― Lumus.

O corredor parecia vazio, mas o choro de Brian e Rose chamou sua atenção. Engoliu em seco e abriu a porta do quarto deles.

Uma das janelas estava quebrada, permitindo que uma leve brisa entrasse. Mas a cena a fez paralisar. O choro continuava, mas seus filhos não estavam lá. Os berços estavam despedaçados e os moveis tombados, havia muitos pedaços no chão que se união com as pequenas peças de roupas que anteriormente estavam guardadas. As cortinas estavam parcialmente queimadas, mas as paredes agora apresentavam diversas fendas.

Parecia a cena de um filme de terror. Mas Hermione ainda ouvia o choro deles, estavam vivos...tinham que estar. Algumas lágrimas escaparam diante do seu desespero, mas ela se forçou a ficar calma. Brian e Rose estavam ali em algum lugar. Respirou fundo e foi até o banheiro. Estava vazio. Não entendia. O som parecia vim de tão perto.

― Procurando por alguém?

Virou-se abruptamente na direção da voz rouca. Parado na porta onde ela acabara de passar, estava Lúcio Malfoy sorrindo debochadamente. Hermione recuou, momentaneamente assustada.

― Onde estão meus filhos? ― perguntou quando a raiva tomou o lugar do medo.

― Ah... eles estão bem, ainda.

Malfoy parecia ser o sinônimo de perigo. Seus olhos estavam em um cinza tão escuro e sombrio que ela poderia ser capaz de enxerga-los no completo breu. Enxergaria apenas eles e ódio que emanava deles. Os cabelos loiros estavam completamente sujos e bagunçados, assim como suas vestes. Presentes de Azkaban, ela presumiu.

― Como fugiu? ― perguntou erguendo a varinha.

― Não precisei de muito, confesso ― o comensal respondeu desapontado ― Com todo aquele alarde que fizeram com a fuga de Black, imaginei que fosse muito mais difícil.

Hermione recuou mais alguns passos, tudo naquele olhar lhe dizia para fugir. Mas e os seus filhos?

― Onde eles estão? O que fez com eles?

Malfoy soltou uma risada abafada e se aproximou dela em passos lentos, passando a varinha entre os dedos.

― Ela quer ver os filhos ― anunciou por cima do ombro ainda sorrindo.

Por algum tempo a castanha não compreendeu o que estava acontecendo. Malfoy estava falando com quem? Um outro comensal? Ele tinha um parceiro?

Escutou passos lentos e leves se aproximando, esticou o pescoço um pouco para o lado para ver quem se aproximava e arregalou os olhos com o que viu.

― Gina?

Gina Weasley estava indiferente ao desespero e a surpresa que Hermione expressava, mas a castanha nem se importou com isso, o que ela não entendia era porque a outra carregava Brian e Rose nos braços.

― Gina o que você está fazendo? Por que está com meus filhos?

― A senhorita Weasley foi muito útil para uma traidora de sangue ― comentou Malfoy de queixo erguido ― Ela teve alguns problemas para deixar a Mansão vazia, mas tudo deu certo no final.

Hermione ofegou. Então era isso, Gina a havia traído e da pior forma possível. Fitou a ruiva com extremo desprezo e esperou uma reação, qualquer uma, mas Gina não se deu o trabalho nem de se defender.

O choro dos bebês invadiu sua mente como uma lenta tortura. Tinha que fazer alguma coisa.

― O que quer aqui? Severo não está aberto a um acordo com você. Mas podemos conversar se quiser.

Malfoy jogou a cabeça para trás e gargalhou com vontade, fazendo os pelos de Hermione se arrepiarem. Parecia que a situação era pior do que pensava.

― Por que acha que eu quero... falar com Snape? ― devolveu com deboche ― Por que acha que eu quero algum acordo? Eu só quero você Hermione Granger.

Ela apertou a varinha com mais força e recuou até bater na parede.

― Ou devo chama-la de Senhora Snape agora?

Segundos depois um feitiço não-verbal quase a acertou em cheio, mas foi rápida o suficiente para lançar um escudo de proteção. Olhou para seus bebês uma última vez antes de correr para o banheiro e trancar a porta com magia.

― Onde está sua coragem Grifinória senhora Snape? ― debochou Malfoy do outro lado da porta.

Segundos depois a porta tremeu, ele havia tentando abri-la.

Hermione encostou-se na pia e respirou fundo, fechando os olhos com força. Precisava pensar no que fazer, precisava de um jeito de sair viva e com seus filhos nos braços. Não poderia morrer, não agora, não depois de tudo o que sua família teve que fazer e suportar por ela. Não fazia muito tempo que tinha saído de uma quase morte e percebeu como todos lutaram por sua vida. Era sua vez de fazer o mesmo.

Quando voltou a abrir os olhos a porta explodiu.

― Ora Granger, tudo o que eu quero são alguns minutos do seu precioso tempo...

Os passos dele foram lentos e ameaçadores em sua direção, mas ela já sabia o que fazer. Mataria se necessário. Ergueu a varinha com plena certeza de seu desejo, sem se importar com as consequências ou com sua própria alma.

Hermione Snape não estava pensando.

Mas qualquer plano ou desejo sombrio de sua mente desabou junto com Malfoy.

― O quê...

Franziu o cenho enquanto fitava, confusa, o corpo inconsciente do Comensal no chão. Ele simplesmente fechara os olhos e caíra.

― Algum dia ele vai aprender a não ficar brincando com o alvo.

Hermione ergueu os olhos assustadas e encontrou Helena ainda de varinha erguida.

― Como soube que ele estava aqui? ― perguntou assustada.

― Isso importa agora? Vem logo mãe.

A castanha a seguiu para fora do quarto e avistou Gina tentando acalmar os bebês, parecendo visivelmente preocupada.

― O que está acontecendo aqui?

― Não é o que está pensando Mione, me deixa explicar ― pediu Gina suplicante.

― Estou esperando ― cortou Hermione em tom seco.

― O nosso erro foi pensar que os Comensais queriam vingança por causa do papai, por causa do que ele fez com Voldemort ― respondeu Helena enquanto fechava as cortinas com violência ― Mas o alvo é você mãe, sempre foi.

― Por que eu? ― Hermione questionou ainda confusa.

― Além de você ser um membro importante do trio de ouro? Foi você a responsável pela maioria dos planos de Harry e Rony, as fugas, as descobertas ― esclareceu Gina com cautela ― Sem você aqueles dois teriam demorado séculos para conseguir algo.

― Então isso é uma vingança idiota por toda ajuda que eu dei aos meninos? ― desacreditou Hermione.

― Não se esqueça de que foi você quem entregou a localização do Malfoy para o Ministério ― acrescentou Helena.

Hermione paralisou. Aquilo sim parecia um bom motivo para que justamente Malfoy tentasse mata-la.

― Mione... eles nunca vão parar até você morrer ― revelou Gina acordando a castanha do transe.

― Como assim?

Helena respirou fundo e se aproximou da mãe.

― Precisa ir embora, mãe.

― Ir embora?

― Se não for outros voltarão, dessa vez para ferir Snape e seus filhos ― Gina esclareceu convicta.

― E por que você estava ao lado do Malfoy? ― Hermione quis saber irritada.

― Helena descobriu que Malfoy usaria a Maldição Imperius em mim para que eu matasse as crianças e me treinou durante semanas para resistir ao efeito da maldição, assim como Harry fez durante a escola.

Hermione fitou Helena, que esboçou um sorriso amarelo e acrescentou:

― Tudo tinha que ser alterado no momento certo.

Então a castanha compreendeu. Era ali que seus filhos morreriam. Mas ainda restava dúvidas.

― Mas você disse que Brian e Rose morreriam. Aqui eu sou o alvo.

― Eu mudei a situação. Você devia estar acordando agora em uma cabana no meio de uma floresta e vovô deveria estar morta. Gina deveria ter ido em Azkaban depois de ter recebido uma carta misteriosa e sido enfeitiçada lá. Mas eu soube que Malfoy queria matar você pessoalmente, então eu percebi que se ele estivesse livre desistiria da ideia de matar os bebês para matar você. Por isso eu troquei tudo, é a única chance de salvar Rose e Brian.

― E por que não avisou os Aurores? Por que não avisou mais ninguém? ― insistiu Hermione quase desesperada.

― Porque ainda há muitos Comensais livres e muito bem escondidos, se algo acontecesse com Malfoy, outros viriam, dia após dia. Malfoy fez todos acreditarem que você merece morrer ou sofrer por tudo o que fez.

― E se eu for embora? Por que algo mudaria?

― São assassinos. Vão pensar que você abandonou todo mundo e perder o interesse em feri-los ― respondeu Helena quase sem fôlego ― É arriscado, eu sei! Mas é nossa única chance de manter todos vivos e poder prender os fugitivos.

― Mas...

― Hermione, não temos tempo ― cortou Gina ainda com os bebês no colo ― Logo Malfoy vai acordar e quando isso acontecer você não pode estar aqui. Draco vai aparecer para montar uma cena e o pai dele precisa acreditar que você o desarmou e abandonou os filhos e a casa.

― Vem mãe, eu explico o que puder enquanto faz as malas ― garantiu Helena enquanto a puxava para fora do quarto.

Hermione se deixou ser levada ainda sem acreditar que iria embora, abandonaria a todos.

― Primeiro de tudo, entenda que vai fazer tudo isso pelo bem de todos. O que eles vão pensar ou sentir não importa agora, podem fazer qualquer coisa, portanto que estejam vivos ― Helena recomeçou a puxando pelo corredor ― Saindo daqui você vai correr até a esquina e pegar uma chave de portal, um espelho, que vai leva-la até Rouen, fica na França, a duas horas de distância de Paris. Eu vou lhe dar uma bolsa com tudo o que precisar para encontrar uma casa para morar ― ela abriu a porta do quarto e foi direto para o closet, retirando algumas roupas ― Não se preocupe, eu explicarei tudo ao papai e se encontrarão assim que surgir uma chance.

Hermione abriu duas malas sobre a cama e fez um floreio com a varinha, fazendo todas as suas roupas irem do closet para as malas, organizadas e dobradas. Helena forçou um sorriso.

― Por isso você ainda é a melhor aluna que Hogwarts já teve.

― Tem certeza de que tudo isso é necessário? ― Hermione questionou deixando algumas lágrimas caírem.

A morena suspirou e se aproximou da mãe, tentando soar a mais sincera possível:

― Se eu encontrar um outro jeito, eu prometo trazê-la de volta na mesma hora.

― Hermione...

Ela virou-se e encontrou Gina na porta, com seus filhos no colo. Correu até eles e passou a mão carinhosamente sobre a cabeça de ambos, beijando cada um em seguida e deixando mais lágrimas escaparem.

― Eu prometo que vou voltar... vocês... vocês não vão crescer sem uma mãe. Eu prometo.

Respirou fundo e criando coragem, afastou-se deles e fechou as malas, carregando-as em seguida.

― Aqui está ― Helena entregou uma pequena bolsa a ela e sorriu ― Boa sorte mãe.

Hermione assentiu e saiu do quarto. Não se despediria de mais ninguém. Não, aquilo não era uma despedida. Voltaria logo.

Desceu as escadas sem prestar atenção em nada ao seu redor, caso o fizesse não sabia se teria capacidade de seguir em frente. Passou pela porta com tanta força que ne seu o trabalho de fechá-la. Do lado de fora as lágrimas caíram com mais força, mais ela não parou, segurou as malas e a bolsa com mais força, e seguiu pela rua como Helena instruíra. A Mansão Snape era a única moradia por muitos quilômetros a partir de seus muros, então tentou ignorar os muros que pareciam atraí-la como imã.

A situação fazia cada vez mais sentido para Hermione, fazendo-a soluçar. Tudo estava acontecendo por sua causa e agora estava deixando tudo para trás pelo mesmo motivo. Porque ficar colocaria seus filhos, seu marido e seus amigos em risco, porque ficar seria um risco para a sua própria felicidade, porque ficar poderia matar a todos que amava.

Então preferia ficar longe a ter que ficar e matar todos.

A dor pela distância a consumiu e se sentiu tentada a desabar ali mesmo, no meio da rua. Simplesmente se encolher no chão e começar a chorar descontroladamente por tudo o que estava fazendo. Mas não podia parar, não podia desistir.

Poucos metros até a esquina e já podia ver o espelho que seria a chave do portal, brilhando sob a luz da lua. Pegou-o e ficou alguns segundos analisando o próprio reflexo sofrido ali. Uma garota de olhos vermelhos e tristes que estava falhando em ser mulher.

― Hermione!

Foi um grito meio distante, porém nitidamente desesperado que a fez virar imediatamente. Sentiu um aperto no peito e a ardência nos olhos aumentando. Severo Snape estava parado na frente do portão da Mansão, a bons metros longe dela. Hermione viu medo e desespero naqueles olhos negros, um pedido de suplica tão gritante que a fez repensar tudo o que estava prestes a fazer.

Mas antes de tomar qualquer decisão, o espelho começou a tremer em suas mãos e tudo o que viu foi Severo correr em sua direção antes de tudo ao seu redor ser engolido pelo portal, incluindo ela mesma.


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Notas finais do capítulo

Houve algum problemas a programação da postagem e pode haver dois capítulos iguais, então PRESTEM ATENÇÃO E COMENTEM APENAS NESSE!
Beijos :-*