Meu Snape escrita por Hawtrey


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Bem...não demorei tanto assim né? Eu não fiz 6.000 palavras gente. Mas eu fiz mais que o normal e não queria deixar o capítulo muito pesado.
Achei que ficou bom. Mas espero a resposta de vocês.
Quanto a minha faculdade... li vários chutes. Até mesmo Letras. Essa com certeza seria minha segunda opção de faculdade e não tem NADA a ver com o que faço agora kkk
É, eu sou de Exatas. Faço Física. Sim, Física. Não é Educação Física. É Física! A mesma Física de Newton e Einstein.
kkk acho que ninguém pensaria nisso mesmo. Meu curso é diurno, de manhã até o final da tarde e as vezes a noite, por isso fiquei sem tempo ;)



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"Quando lerem isso, provavelmente já estarei em Hogwarts. Achei melhor ir cedo e sabem, não gosto de despedidas. Tentem não me procurar em Hogwarts, por favor, não quero levantar suspeitas de indesejados. Eu entrarei em contato assim que possível. Mamãe, não se preocupe, eu comerei na hora certo e lerei um livro todo dia. Papai, não irrite a mamãe e pode deixar, irritarei um Grifinório sempre que possível, mesmo que ninguém saiba que sou uma Snape, honrarei seu legado de Temido Snape. Cuidem dos meus irmãos e não os larguem sozinhos por ai, quando menos esperaram já estarão andando e como bons Snapes, farão de suas vidas uma verdadeira batalha. Mamãe, cuide-se, não pense em morrer antes do meu aniversário, que por sinal é o Natal, lembra? Papai, ame a mamãe, ela é irritante, mas ainda é o nosso mundo. E não se engane com esses olhos castanhos e brilhantes, quero que ainda esteja rico e vivo quando eu voltar.
Nada de beijos, apenas abraços e muitos cutucões.
H.S."

Hermione já não sabia quantas vezes já tinha lido aquela pequena e tão significativa carta. Fazia sempre o mesmo processo, sentava-se na cama e pegava a carta que guardava cuidadosamente dentro da gaveta que ficava ao lado da cama. Ela quase podia ouvir a voz da filha proferindo aquelas palavras... Estava com saudades. Sim, trocaram cartas algumas vezes, mas nada muito...profundo. Não tanto quanto aquela carta. Tentava não pensar na garota que agora deveria estar nos corredores de Hogwarts caçando Grifinórios... mas hoje em especial, permitira-se pensar nela com todo cuidado, afinal, era Natal. Era o aniversário de Helena. O único dia em que ela oficialmente mudava de idade.
Riu com esse pensamento, quantos anos Helena tinha agora? Dezessete?
Não, dezoito. Sim, ela sabia. Fizera as contas, criara um padrão e depois de algumas semanas conseguira descobrir.
Quase dois meses passara desde que Helena saíra durante a noite, sem avisar, sem chamar atenção. Apenas arrumara suas coisas e partira, deixando aquela carta grudada no espelho, onde sabia que Hermione olharia... Nunca pensara que ela, logo Helena, tão calada e presa a si mesma, fosse fazer tanta falta naquela Mansão. Hermione sentia falta de encontra-la assaltando a geladeira durante a noite, de tentar arrancá-la do quarto toda a tarde simplesmente para aproveitarem o finalzinho da luz do sol, de entrar em seu quarto sem avisar, fazendo-a gritar de susto.
Pensando bem, era normal sentir falta, mesmo que Helena fosse tão... Snape.
— Lendo esta carta outra vez?
Virou-se para encarar Snape e sorriu. Ele sempre a pegava lendo aquela carta, parecia até que adivinhava.
— Hoje eu posso — ela respondeu simplesmente.
— Todos os dias você pode.
— Mas hoje é especial.
— O que pretende fazer? — Snape perguntou realmente interessado nos planos de sua esposa para aquele dia único.
— Se você prometer não me segurar, posso invadir Hogwarts com um bolo enorme de aniversário.
Snape quase vacilara com o brilho no olhar de Hermione.
— Helena tem razão, não posso me deixar levar pelo brilho nos seus olhos.
Hermione riu com vontade.
— Helena é esperta demais para o meu bem.
— Para o nosso bem — corrigiu Snape sentando-se ao lado dela — Lembre-se que ela me conhece tão bem quanto minha mãe.
— É... isso parece meio preocupante.
Aos poucos o sorriso de Hermione foi sumindo, levando aquela olhar brilhante junto. Ela simplesmente não conseguia mantê-los por muito tempo hoje. Snape a abraçou, reconfortando-a. Ambos precisavam disso.
— Com licença senhora — pediu Wina profissionalmente — Madame Snape está chamando-a na cozinha.
Hermione sorriu, sua sogra sempre a surpreendia. O que será dessa vez? Depositou um casto beijo em Snape e se afastou. Mesmo antes de chegar ao final da escada, escutou Eileen cantarolando e logo desconfiou. Boa coisa não podia ser. Encontro-a na cozinha, como informado, separando alguns ingredientes.
— Chamou? — questionou hesitante.
Eileen virou-se sorridente para Hermione, logo puxando-a para mais perto da mesa.
— Hermione! Espero que possa me ajudar. É o primeiro Natal que passo em família depois de muitos anos, quero preparar um grande jantar.
— Severo não passava o Natal aqui?
— Há muito tempo que ele não o faz, vem me visitar em dias posteriores, mas a vida de espião sempre lhe custou muito tempo — respondeu Eileen sem deixar de procurar tudo o que precisava.
Então uma súbita ideia surgiu na mente brilhante da Sabe-Tudo:
— Será que seria muito ruim...se convidássemos todo mundo? Falo de Harry, Rony, os Weasleys...
Eileen parou de sorrir e encarou Hermione, fazendo-a ter certeza de fora a pior ideia que já teve.
— Tudo bem, acho que é pedir demais e-
— Não — Eileen corrigiu fazendo a castanha fita-la assustada — É a melhor ideia do dia Hermione. Vou falar com Severo agora mesmo.
— Espera — ela pediu — Não acho que Severo vá gostar da ideia.
— Não se preocupe, eu sei como cuidar disso.
— Mas Eileen-
— Eu quero fazer uma aposta, então.
Hermione paralisou, foi uma sugestão tão súbita de alguém como Eileen. Por que? Fitou a sogra desconfiada, mas decidiu aderir a brincadeira.
— Se ele recusar de primeira vai ter que me mostrar todos os segredos dessa casa e eu sei que tem mais do que me mostrou!
Eileen bufou e revirou os olhos, murmurando algo como Menina curiosa....
— Se ele aceitar de primeira quero que use o vestido a la Senhora Prince por um mês.
— Um vestido? Só isso?
— Minha mãe me forçava a usar vestidos como aquele, o modelo pertence à família Prince há anos — Eileen sorriu maliciosamente ao explicar.
A garota logo recuou.
— Não é um mini vestido, é? Algo comprometedor? Transparente?
— Vai aceitar ou não?
Ela pensou por alguns segundos e concordou:
— Feito.
Então Eileen se virou e saiu, tagarelando sobre como persuadir Snape a aceitar tal ideia tão renovadora. Será uma confusão, mas será perfeito!, ela gritava enquanto subia as escadas. Hermione sorriu, tentando imaginar qual seria a reação de Snape ao ouvir a ideia. Provavelmente enfartaria. Ou pelo menos esperava por isso. Não queria saber que tipo de vestido era aquele e muito menos usá-los por um mês.

***

— Tudo bem.
Hermione arregalou os olhos. Correra escada acima atrás de sua sogra, quase morrera em uma queda pelo caminho a fim de ver uma expressão de Snape digna de uma foto para colocar na parede da sala, bem em cima da lareira e agora estava escutando um simples Tudo bem?
Eileen começou a bater palmas animadamente já dando as costas para começar os preparativos, chamando-o por Hermione para ajuda-la. Mas a castanha não conseguia se mover. Só conseguia ver suas chances de descobrir os segredos daquela Mansão escorrerem pelo ralo...
— Algum problema querida? — perguntou Snape ao se aproximar dele.
Ele estava rindo, Hermione percebera.
— Fez de proposito — ela concluiu fuzilando-o com o olhar.
— Gosto de surpreendê-la.
— Seu grande idiota! — ela brigou estapeando-o e fazendo-o rir — Não podia ser tão fácil! Não podia ser assim! Me fez perder uma aposta!
O sorriso dele sumiu de repente.
— Uma aposta com a minha mãe?
Hermione concordou com um aceno.
— Ficou louca? Não se pode fazer uma aposta com minha mãe, nunca!
— Podia ter avisado isso antes! — ela ralhou cruzando os braços — Ou simplesmente ter escolhido outra hora para me surpreender.
— O que você vai ter que fazer?
— Eu lhe darei o direito da dúvida — e lhe deu as costas, sorridente.
Usar um vestido não era nada demais, pelo menos na opinião de Hermione. Milhares de mulheres, e alguns homens, usavam vestidos no Mundo Mágico. Mas estava feliz em deixar Snape se corroendo daquela forma.
— Eu devia saber que ele aceitaria de primeira propositalmente — disse assim que entrou na cozinha.
Eileen lhe lançou um sorriso enorme.
— Acho que ele explicou sobre nunca apostar comigo.
— Apenas me alertou, um pouco tarde demais — Hermione começou a separar os ingredientes sobre a mesa.
— Uma vez o fiz ir completamente nu para o parque.
A castanha deixou a panela cair, causando um estrondo.
— O-O que disse?
Mas Eileen apenas ria da reação esperada.
— É claro que depois disso ele nunca mais ousou fazer aposta alguma. Aprendeu da pior forma.

***

Hermione ainda estava se recuperando da revelação de Eileen quando escutou batidas na porta.
— Pode deixar que eu atendo Wina — disse sem querer atrapalhar a Elfa que estava ocupada com duas panelas diferentes.
— Olá diretor, pode entrar — disse assim que abriu a porta e encontrou um Dumbledore sorridente do lado de fora.
— Obrigado senhora Snape.
— Apenas Hermione, por favor, não quero me sentir mais velha do que já sinto.
— Como quiser Hermione.
— Algum problema Alvo? — perguntou Snape quando entrou na sala.
— Na verdade, se não for incomodo, eu vim visitar as crianças — comunicou Dumbledore ainda sorridente — Não é todo século que Severo Snape tem filhos.
Hermione riu quando Snape fez uma careta e começou a subir as escadas, sendo seguido por Dumbledore. Ela continuou seguindo-os com o olhar até onde foi possível, sentia que algo estava errado, mesmo que o sorriso de Dumbledore dissesse o contrário.
— Hermione! Chegamos!
Ela virou-se e encontrou Gina e a sra. Weasley atrevendo a porta carregando sacolas e mais sacolas. Arregalou os olhos:
— Gina! Sra. Weasley! O que fazem aqui? Deixa que eu ajudo...
— Oras, viemos ajudar com o jantar de Natal — respondeu Gina como se fosse o obvio.
— Jantar? — Hermione a olhou confusa, ainda não tinha avisado a ninguém sobre o jantar.
— Sim!
— Eu avisei a todo mundo Hermione, não podia esperar por você — anunciou Eileen aos gritos da cozinha.
— Tudo bem, tudo bem — a castanha não queria admitir, mas já estava começando a ficar impaciente.

***

O resto do dia passou tão rápido quanto qualquer outro dia de preparativos para o Natal, com Luna chegando no meio dele também oferecendo ajuda. Eileen e a sra. Weasley cuidavam do fogão e algumas guloseimas que só elas sabiam fazer, por muitas vezes paravam no meio da cozinha e trocavam receitas, seus segredos e histórias de família, depois gritavam ao lembrar das comidas que começavam a passar do ponto. Já Hermione e Gina cuidavam dos preparativos finais de cada prato e da decoração.
— Gina, vermelho ou branco? — Hermione estendeu dois tecidos na altura dos olhos.
— Onde você irá coloca-los?
— Na mesa da comida.
Gina analisou os tecidos por alguns segundos e indicou o branco.
— Coloca o branco, já tem muito vermelho naquela mesa e Eileen não vai querer o professor Snape de cara fechada durante toda a noite.
Hermione acenou e enxugou o rosto mais uma vez, já estava cansada só de parar para enxugar o rosto, dessa vez percebendo que começava a tremer.
— Você está bem Mione?
Ela ignorou e saiu da Mansão para arrumar a mesa que estava do lado de fora, e com o aceno da varinha começou a ajeitar o tecido, formando ângulos elegantes nas laterais onde posteriormente estaria um outro tecido mais escuro.
— Alguém me ajuda aqui!
Ela alisou a mesa mais uma vez, certificando-se de que tudo estava certo e correra em direção a voz. Luna estava equilibrada em um dos galhos de uma das maiores árvores do jardim Snape, aparentemente procurava alguma coisa.
— O que faz isso Luna? — perguntou quase ofegante.
— Um feitiço de decoração saiu errado e minha varinha veio parar aqui — respondeu Luna tentando sumir em um galho mais acima.
— Tem certeza de que está ai?
— Tenho, a vi voando para cá.
Hermione apontou a varinha em direção a árvore.
— Isso não funciona, já tentei com a varinha da Gina — interviu Luna agora sumindo entre as folhas.
— Tudo bem — a castanha bufou e fitou a árvore. Por um momento não teve certeza de que conseguira subir ali, parecia tão grande e tão distante, mas respirou fundo e seguiu. Conseguir se segurar fora a parte mais difícil, mas assim que chegou no primeiro galho notou que suas forças estavam começando a se esvair.
— Merlin...
Sua visão estava meio turva, então balançou a cabeça para melhorá-la. Procurou por Luna e a primeira coisa que vira foi a varinha, um pouco longe demais da cabeça da loira.
— Luna se você esticar o braço talvez consiga pegá-la.
— Tudo bem, vou tentar.
Mas no segundo seguinte Luna estava escorregando do maior galho da árvore.
— Luna!
A loira se segurou um dos galhos mais baixos e em seguida pulou, pousando no chão com uma desconhecida habilidade.
— Estou bem Mione, vou tentar de novo.
— Não, tudo bem, eu pego para você.
— Tem certeza?
— Já estou aqui em cima mesmo — Hermione revirou os olhos impaciente, mas temia ser a próxima a cair, tinha certeza que não possuía a mesma habilidade de Luna de cair no chão como uma pluma.
Ergueu o corpo e passou para o próximo galho, respirando fundo em seguida. Era apenas se esticar e conseguiria pegar a maldita varinha.
— Peguei!
Descer com certeza fora mais fácil, um pulo, uma leve tremedeira, um pequeno ataque cardíaco causado pela altura e já estava no chão.
— Muito obrigada Mione — agradeceu Luna ao receber a varinha — Tudo bem?
Ela apenas sorriu e acenou enquanto a outra se afastava. Apoiou-se no tronco da árvore quando percebeu que sua visão escureceu, respirou fundo tentando recuperar o equilíbrio e logo depois seguiu em frente. Ainda tinha muito o que fazer.
— Onde você estava? — Molly perguntou assim que ela entrava na Mansão — Eu preciso de ajuda com a decoração externa.
Foi puxada para fora sem oferecer resistência, mas não era burra em ignorar o fato de que estava chegando no seu limite.
— Tudo bem Hermione?
Antes mesmo de encarar Snape ela já estava irritada, encontrar o olhar desconfiado dele só piorara tudo.
— Por que todo mundo está me perguntando isso? Estou de pé, não estou? É claro que estou bem.
— Parece um pouco cansada e... irritada — Snape tentou, recuando alguns centímetros.
— É claro que estou irritada! — ela exclamou começando a ficar vermelha — Todo mundo perguntando a mesma coisa, tenha santa paciência.
— Senhora Snape — chamou Wina.
— O quê?
— A menina Rose acordou, se quiser posso-
— Deixa — interrompeu Hermione em tom seco — Eu mesma vou lá.
Ela bufou e entrou pisando duro, subiu as escadas sem olhar para mais nada e ninguém, ignorando completamente os chamados de Gina.
Antes de chegar no quarto Hermione já conseguia ouvir o choro de Rose, estranhamente era a única a chorar. Apressou-se para dentro do quarto achando que estava ficando louca, mas não, pela primeira vez em três meses eles não estavam chorando em sincronia, Brian continuava dormindo como se a irmã não o incomodasse com os gritos. Ela o analisou, checou para ter certeza de que estava bem e estava, dormia tranquilamente sem qualquer problema.
Ainda confusa pegou Rose no colo e começou a amamenta-la, finalmente sentindo o mau humor indo embora e a paz invadindo-a. Não sabia qual era o seu problema, de repente tudo estava começando a irritá-la, desde as perguntas insistentes até o barulho na cozinha causado pelas panelas e louças. Suspirou, estava agindo como uma verdadeira cretina. Aqueles que perguntavam se estava bem...estavam apenas preocupados. Provavelmente ela não estava com uma de suas melhores feições.
De repente fora forçada a fechar os olhos, um mal estar tomara conta do seu corpo, fazendo-a se segurar no braço da cadeira.
— Respira Hermione, apenas respire...
Abriu os olhos lentamente, sua visão voltara ao normal e o mal estar se fora, mesmo assim concluiu que estava na hora de conversar com Snape, mesmo que não quisesse ser alvo de sua super proteção, não podia arriscar a própria vida assim, não depois de aceitar duas crianças de uma vez só. Tinha que, no mínimo, viver por eles.
Cuidadosamente levantou-se da cadeira e colocou Rose no berço, mas não conseguira voltar a ficar ereta. A tontura havia voltado e junto com ela uma forte e aguda dor perto da nuca, logo depois uma dor igualmente forte em algum lugar abaixo do coração. Hermione gemeu de dor enquanto tentava se segurar no berço, mas não fora rápida o suficiente. Sentiu a cabeça bater contra o chão, fazendo uma dor ainda mais forte surgir, exclamou, sentindo o gosto do próprio sangue na boca. Logo a ânsia veio e cuspiu todo o sangue que por algum motivo desconhecido estava em seu estomago.
— Severo...
Mas sabia que ele não escutaria. Arrastou-se até onde estava a sua varinha e lançou um feitiço assim que a alcançou, mas não funcionara, a varinha nem dera sinal algum de magia. Ela fechou os olhos sentindo a dor aumentar, como se alguém esmagasse seu cérebro e a esfaqueasse ao mesmo tempo. Tentou levantar, mas seu corpo não obedecia. Tentou gritar, resmungar, mas nada saia de sua boca. Ela apenas podia sentir o coração começar a desacelerar.

***

Snape ainda fitava a escada por onde Hermione passara, estava confuso e curioso. Era assim quando as mulheres ficavam de tpm? Mesmo que essa tenha sido sua primeira teoria sobre o motivo do mal humor da esposa, não estava muito crente. Porque além de irritada, Hermione também não parecia bem. Pela manhã ela parecia bem, até mesmo disposta a fazer tudo por aquele jantar, mas na última vez que a vira, minutos antes, ela parecia cansada e prestes a desmaiar. As olheiras e a pele pálida quase gritavam para ele que alguma coisa estava muito errada.
— Isso não é tpm, se quer saber — respondeu Gina fitando o professor.
Ele apenas arqueou a sobrancelha, sem deixar de olhar a escada.
— Então o que é?
— Não sei, mas ficar assim nunca foi do feitio de Hermione, nem em seus piores dias.
De repente Snape arregalou os olhos e cambaleou ao sentir uma súbita dor esmagar seu coração.
— Professor?
Mas ele não escutava, apenas arfava tentando controlar a dor sem motivo. Tentou se afastar da escada e sentar no sofá, mas outra pontada fizera sua cabeça doer.
— Gente! Me ajudem aqui! O professor Snape-
Ele se desligou. Algo estava errado. Conseguia controlar a dor, mesmo que exigisse um pouco a mais de sua concentração, então por que raios estava sentindo aquilo? Fechou os olhos quando um formigamento se sobressaiu sobre toda a dor, um formigamento que começara na mão, fazendo-a esquentar quase no mesmo instante.
Arregalou os olhos, agora sabia o que era.
— Filho, o que houve!?
Snape ignorou qualquer chamado e correu escada acima. Precisava encontrar Hermione ou seria tarde demais, sentia isso. Abriu a porta do quarto das crianças violentamente e quase paralisou ao ver a cena.
Hermione estava caída no chão quase completamente rodeada pelo próprio sangue, arfava violentamente. Em segundos ele já estava com ela seus braços.
— Hermione! Fala comigo, abra os olhos!
A castanha lutou para manter os olhos bem abertos, não queria se entregar a escuridão dessa vez, tinha medo de não voltar.
Gina arquejou ao ver a amiga naquele estado, paralisando na porta mesmo, Luna tentava impedir que continuasse a ver aquilo, mas a ruiva não se mexia. Molly começou a soluçar, gaguejando. Eileen foi a mais sensata e se aproximou do filho, tentando afastá-lo.
— Severo, deixe-a, tem muito sangue... não há nada que possa fazer...
— Claro que há! — Snape gritou, empurrando a mãe e se reaproximando de Hermione que ainda tentava respirar — Somos bruxos! Podemos dar o jeito...
Ele fitou a esposa novamente, estava cada vez mais pálida e gelada.
— Lovegood tire as crianças daqui. Molly, chame Dumbledore e um Medi-Bruxo. Mãe, Weasley, tragam todas as poções que encontrarem na minha sala. Agora!
Todos se sobressaltaram e correram para atender ao pedido desesperado do Mestre de Poções. Ele apenas limpou todo o sangue do chão com um aceno de varinha e a pegou no colo.
Cuidaria dela ou morreria tentando.

***

Harry e Rony andavam lado a lado até a Mansão Snape. Em passos largos e firmes, tentando controlar a respiração descompassada e o coração que estava quase a mil. Não havia se passado nem um minuto do instante em que Harry recebera a carta de Gina, ele apenas lera em voz alta para Rony e segundos depois já aparatavam nos terrenos do professor de Poções. Aparentemente a Mansão estava vazia, nenhum dos dois notou a decoração inacabada ou os pratos de comida abandonados sobre a mesa da cozinha que ficava mais adiante. Estavam apenas preocupados em encontrar o quarto do Snape.
— Deve ser lá em cima — comentou Rony já passado por Harry.
Havia corredores demais no segundo andar, pelo menos na opinião de Harry. Por um momento que pensou que passariam o resto da semana ali, perdidos, mas mesmo na iluminação mórbida do local ele conseguiu localizar a única porta aberta. Só podia ser aquela.
O quarto, ao contrário do resto da Mansão, estava muito bem iluminado. As cortinas estavam afastadas e as janelas abertas, permitindo que o ar fresco circulasse. Olhou ao redor e encontrou a sra. Snape sentada em uma das poltronas, com a cabeça apoiada nas mãos e os olhos fechados, como se rezasse silenciosamente. Mas os olhos de Harry só pararam ao avistar a cama. Parecia que Hermione dormia tranquilamente, conseguia pensar assim se ignorasse o aparelho que apitava a cada batimento cardíaco dela, a pele extremamente pálida e os lábios sem cor, respirou fundo, era quase pior vê-la naquele estado tão...sereno. Alimentava esperanças de que tudo estava bem quando na verdade temiam pelo pior.
E aquele som... Harry se irritaria com aquele maldito som se o mesmo não mostrasse que sua amiga continuava viva, que seu coração ainda batia.
Forçou a si mesmo a desviar o olhar e encontrou Snape, engoliu em seco. Por anos e em todos os momentos via aquele homem como o dono de um coração de pedra e na melhor das hipóteses, puro gelo. Os olhos negros sempre frios, as palavras secas e diretas, a razão sempre acima da emoção. Agora aquele mesmo homem, o mesmo Severo Snape que era temido em Hogwarts, estava destruído ao lado da esposa. Qualquer um podia notar o sofrimento dele, a cabeça caída, a mão que não soltava a dela, a respiração entrecortada.
— Professor Snape? — chamou incerto.
O homem respirou fundo e levantara a cabeça para fitar a paisagem do outro lado da janela.
— Sim? — a voz dele estava falha e fraca.
Eileen nem ousou se mexer.
— Gina nos contou que precisa da nossa ajuda e-
— Entendo — Snape interrompeu depois de respirar fundo, estava pronto para tentar até o fim. Levantou-se e encarou os dois garotos.
Rony imediatamente recuou e Harry desviara o olhar. Simplesmente não conseguia encarar a dor que transbordava das feições e do olhar de Snape que por muitos anos fora frio, agora segurava as lágrimas com toda a força que tinha.
— Acompanhem-me — ordenou já passando entre os dois.
Harry e Rony se entreolharam e lançaram um último olhar a Hermione, haveria mais tempo para falar com a amiga depois.
— O que aconteceu? — Harry perguntou enquanto seguia Snape.
— Há alguns meses Hermione descobriu que estava...doente — Snape começou a esclarecer se olhar para trás — Descobri um pouco depois dela. Na época isso nos preocupou, principalmente porque ninguém conseguia descobrir o que era.
O professor abriu a porta, revelando seu escritório. Harry e Rony entraram, estranhando o clima e a cena que via. Havia um pequeno grupo de médicos reunidos ao redor de uma bancada onde havia diversos livros e um caldeirão borbulhante. No outro canto da sala estava outro grupo reunido, pareciam bruxos comuns discutindo algo realmente importante.
— Logo depois que Hermione passou mal pela última vez — Snape disse fazendo-os entrar e fechando a porta em seguida — Eu reuni toda a ajuda possível. Todos estão estudando os sintomas e procurando por uma cura.
— Não fazem a mínima ideia do que pode ser? — perguntou Harry.
Snape apenas acenou, negando.
— E o professor Dumbledore? Sabe? — perguntou Rony.
Snape tentou não soar irritado.
— Sabe. Está procurando por algo em Hogwarts. Pode ser qualquer coisa, até mesmo magia negra.
— Não podemos descartar nada — disse um medi-bruxo que passava por ali.
Harry fitou Rony de modo significativo. Sabiam de mais alguém que podia ajudar.
— Acho que conheço alguém que pode ajudar.


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