A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão escrita por Karina Lima


Capítulo 64
2x22 Sacrifício (E)


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora. Espero que gostem!



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Olhei para os rostos desconhecidos, e um lampejo de memória veio a minha mente. Nahuel mencionou o exercito de híbridos, e minhas apostas eram altas que eram aqueles. Não tinha ninguém da guarda oficial, e isso fez um peso sair de cima dos meus ombros. O perigo ainda era eminente, mas enfrentar a guarda dos Volturi... bom, todo mundo sabe que é suicídio.

Mas estar ali de frente com dezenas de mantos negros outra vez fez uma sensação forte de déjà vu me penetrar.

—Nos encontramos novamente, Carlie. – Tifanny rompeu o silêncio. – Há quanto tempo, uh?

Ergui o queixo, me esforçando para manter a postura. Não queria deixar transparecer o medo.

—Olá, Tifanny. – vovô tomou a frente. – Faz um tempo mesmo.

O sadismo dela era perceptível. Seu sorriso amigável era de um psicopata se preparando para matar seu inimigo, e logo depois fazer uma refeição.

—Você é Carlisle, não é mesmo? Aro já me falou sobre você.

—Aro e eu temos uma amizade de séculos.

—Amizade... – ela bufou. Não parecia muito afim de manter a sutileza.

—Afinal, – meu pai tomou a vez. – o que estamos fazendo aqui?

—Aro mandou dizer sobre suas crianças sobrenaturais. O que são?

—Uma mistura de três raças. – meu avô esclareceu. – Lobo, vampiro e humano. Afinal, nasceram de duas mulheres híbridas de vampiro e humano, e de dois homens híbridos de lobo e humano.

Mesmo à distância foi nítido seu nariz inflar. Tifanny não ficou nada contente com a língua afiada do meu avô.

—Bom, vocês sabem que os Volturi não dão segunda chance. – ela foi direto ao ponto. Seu olhar vermelho e frio me deu calafrios.

—A questão não é segunda chance. – me intrometi, atraindo sua atenção. – Não precisa de outra chance quando nem precisou da primeira. A uma década atrás não estávamos errados, e Aro admitiu isso.

Um pigarro quebrou o rumo da conversa, e distingui ser de Adrian.

—Aro deixa muito claro a honra que seria termos vocês como parte do nosso clã, Renesmee e Carlie.

Tentei sentir meu rosto, e constatei choque e desgosto. Como aquele sanguinário ousa apenas cogitar algo assim?

Vários rosnados do meu lado se fizeram ouvir. Reconheci dos meus pais e do Seth, principalmente.

—Nem que eu tivesse sozinha e solitária nesse mundo. – um rosnado rasgou minha garganta.

—Nem que vocês fossem os últimos vampiros do planeta. – Renesmee reforçou.

Adrian não esperava por respostas tão vorazes. Sua perfeita postura de vampiro vacilou com o nosso tom, e ele recuou.

—Bom, temos todas essas testemunhas para provar que elas querem vir conosco. – Adrian pronunciou alto, me fazendo confusa. – Mas sua família não quer as deixar irem embora... vamos ter que fazer a vontade das meninas mestiças.

Então com um baque a realidade me bateu: a desculpa para uma luta. Para Tifanny tentar seu homicídio contra mim. Olhei para o meu pai em busca de respostas, e o brilho de dor no seu olhar me confirmou o que viria a seguir.

Meus próximos passos foram em direção ao primeiro híbrido que se encontrou em minha direção. Até que me surpreendi por estar imobilizada por três.

—Me solta! – gritei novamente tentando, em vão, sair dos braços deles.

Depois disso aconteceu algo. Senti uma dor aguda na nuca e escureceu minha vista. Não pude nem sequer tentar lutar contra a escuridão, ela me abraçou numa chama acolhedora e confortante, impossível não me entregar.

* * *

—Acorda, sua vadia!

Um golpe voraz em meu rosto. Despertei arfante, e chorei de dor. Meu corpo todo doía, e eu tive dificuldade de detectar os locais exatos. Senti algo sólido atrás de mim, e encostei minhas costas.

Uma mão gélida segurou meu rosto de forma bruta, e senti outra dor na parte de trás da cabeça.

—Finalmente minha vingança está sendo feita. – uma voz feminina murmurou perto do meu ouvido.

Eu soltei um gemido choroso quando tive certeza de quem era. Tifanny.

Meus olhos se recusavam a se abrir, já que meu cérebro queria poupar energia para tentar cessar a intensa dor causada nele.

—Sua família deve estar nesse exato momento lutando contra os idiotas. – ela murmurou. Finalmente obtive sucesso em abrir meus olhos para enxergá-la.

O desespero tomou o meu coração com sua fala. Eles deviam estar preocupados comigo, ou nem notaram o meu desaparecimento. Talvez a batalha os tivesse distraído o suficiente para ela conseguir me raptar.

Olhei em volta tentando entender onde eu estava. Parecia uma construção abandonada, mas eu não fazia ideia se era na cidade ou dentro da floresta.

Ela deu uma risada debochada.

—Está com fome, não está? – sibilou prazerosa.

Selei minha boca.

—Rony. – ela respondeu ao ver minha atitude. Minha cabeça girou até encontrar mais alguém no galpão vazio e sujo. – É seu poder. Ele te deixa fraca, como se você não tivesse comido há semanas.

—Você é uma porra de uma psicopata! – gritei, puxando as forças de dentro do meu pulmão. Se eu fosse morrer, eu iria desferir toda a minha raiva em cima dela.

Mais uma pancada. Foi um tapa, e foi como se uma chapa de porcelana chocasse contra minha bochecha. Meu coração doeu uma batida, e eu me segurei para não chorar de dor. Droga, essa foi forte.

—É melhor você medir suas palavras antes de falar comigo, sua nojenta.

Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. Aproveitei isso para tentar me mover para sair daquele lugar. Uma tentativa inútil, mas eu não iria só ficar e esperar ela me matar. A fraqueza em meu corpo não ajudava em nada. Sentia meu estômago vazio, e tive a necessidade de ter um puma para me encher. Eu tinha ciência de que era o poder, já que me alimentei ontem.

Consegui identificar alguns pontos machucados. Meu lábio inferior, meu supercílio, testa, queixo e bochecha. Braços e o joelho esquerdo. Eram roxos, eu podia sentir a carne reclamando.

—Não acha melhor acabar com ela aqui mesmo? – Rony sugeriu, me olhando.

Meus braços quase cederam, praticamente me derrubando deitada no chão. Me rastejar já não era humilhação demais? Com esse movimento, a adrenalina que já havia cessado o suficiente, senti um osso fora do lugar. Não estava com dor ainda, mas podia sentir. Eu estava ficando agoniada. Lutei contra minha própria boca para não gritar e ver se alguém poderia me ouvir. Em minha cabeça, o anjinho e o diabinho estavam soprando respostas, do tipo “se eu for morrer agora, qual o sentido de morrer quieta? Grita por alguém!” E o outro mandava eu manter a calma, pois alguns segundos a mais sem chamar atenção poderia dar tempo de alguém chegar.

Tifanny olhou para mim, maravilhada com a ideia.

—Me deixe ir, por favor. – implorei, me derramando em lágrimas. Todas as vezes que eu sugeri de me entregar para ela agora pareciam um absurdo. Ela não queria apenas me matar. Queria me machucar, me humilhar, me torturar.

Como eu estava apavorada!

Seus passos até mim foram lentos, começando um suspense perturbador.

—Você está prestes a morrer.

Essas foram suas últimas palavras antes de ela segurar meu pescoço e me arremessar do outro lado da sala, e minha cabeça bateu forte contra a janela que eu quase atravessei. O barulho de vidro quebrando foi ensurdecedor, e me segurei no batente para não cair. Entretanto logo meus braços fracos cederam, e eu caí em cima dos fragmentos de vidros. Com a força que eu os encontrei, senti alguns penetrarem em minha pele.

Eu sabia que seria meu fim. Não tinha ninguém aqui para me salvar, para me acudir desse meu fim desastroso. Meu filho cresceria órfão de mãe, meu marido ficaria viúvo. Nessie perderia sua única irmã, meus pais sua filha. Mas em compensação, eles teriam uma ainda.

Ai. Tinha um caco dentro da minha mão. O avaliei. Grande. O braço deslocado estava bastante inútil, então segurei o objeto cortante com meus dedos da própria mão e o arranquei da palma. Foi uma dor prazerosa comparado às outras.

Um múrmuro de dor saiu pelos meus lábios, um pequeno desabafo, enquanto eu tentava me levantar para escapar dali, mesmo tendo pouquíssimas chances de sobrevivências dentro ou fora daquele muquifo.

Apoiei minhas mãos pelo chão, sem me importar se alguma iria perfurar minha pele. Como eu imaginei, não perfuraram. Creio que só me cortei com o baque da altura que caí, já que essas coisas não me ferem. Tentei me levantar, mas minha visão me impedia. Tifanny andou até mim, e então se abaixou e segurou meu pescoço.

Eu não tinha nem ao menos força para projetar o meu poder e chamar alguém. Eu mal conseguia ter a força mental para me manter acordada.

Seth, Harry, amo vocês mais do que tudo!

PDV Bella.

Tifanny não vai mais poluir o ar perfeito respirando por muito tempo.

—Seth não merece essa dor que vai sentir. – murmurou. Estava triste pelo seu amigo.

Eu entendia Jake. Ele não gostava quando alguém da sua matilha sofria desse jeito.

Depois que encontramos Carlie daquele estado deplorável naquele lugar sujo e abandonado, estávamos a caminho de contar sobre sua morte. E o pior! Não consegui pegar a desgraçada da Tifanny. Ela foi rápida demais para o meu gosto.

—Vamos, Jake. – o chamei, ainda me sentindo péssima com tudo isso. – Temos que ir falar com os outros.

Ele assentiu.

Saímos e nos dirigimos para a casa grande. Como esperei, todos estavam presentes. A batalha foi mais fácil do que imagine; eram muitos híbridos, seis vezes mais do que o nosso pessoal, mas não eram páreos para os vampiros e lobos. Raciocinei depois que foi apenas um pretexto para raptarem Carlie, e a droga do rastro foi difícil de achar. Pela cara de Edward, nenhum deles conseguiu achar Tifanny.

Eu me odiava naquele momento por ser a responsável a estar prestes a infligir tanta dor e sofrimento na minha família. Mas não tinha outro jeito.

—Bella, onde você estava? – Edward me perguntou assim que passei pela porta da frente. Ele me tomou em seus braços. – Que olhar é esse?

—Jake. – Nessie suspirou aliviada e foi abraçá-lo.

—Perdemos o rastro da Carlie e da Tifanny, não a achamos em lugar nenhum. – Seth falou ansioso e angustiado. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, denunciando-lhe que estava chorando. – Droga, não quero nem saber o que aquela desgraçada pode fazer com a Carl se a capturar...

Como eu daria uma notícia dessas a ele?

—Droga. – soltei, me sentindo fraca. De repente senti a necessidade de poder chorar, assim para colocar meus sentimentos para fora. – Perdemos ela.

Ele ficou sem palavras diante do que eu disse. Pareceu que o ar lhe faltou. Seu coração descompassou, e depois acelerou.

—O que quer dizer com isso? – Edward indagou.

Nessie se afastou um pouco de Jake, para me olhar cuidadosamente. Agora ela prestava atenção fixa em mim. Seus globos cor de chocolate temerosos.

—Carlie... está...

Eles entenderam. E no mesmo instante a atmosfera da sala mudou.

—Mamãe! O que está dizendo? – Renesmee exigiu. – Cadê a Carlie? Por que você não a trouxe? Mãe, cadê minha irmã?

Fechei meus olhos, não suportando vê-la se descontrolar em seu sofrimento.

—Mamãe! Cadê. A. Carlie? – ela gritou sem querer entender, e eu sabia que precisava falar a palavra.

Olhei para o Seth como um pedido de desculpas. Sua feição se tornou em dor e espanto. Ele já entendera antes mesmo de eu contar. Nunca o vira daquele jeito em toda a minha vida. Eu me senti imensamente culpada por está-lo fazendo sofrer tanto.

—Carlie está morta.

PDV Carlie.

“Durante a batalha”

—Largue minha filha, sua ordinária!

—Mamãe? – sussurrei, esperançosa.

Eu estava lutando contra a minha consciência, que queria me levar para o escuro. Vamos, Carlie, resista.

Eu podia sentir mais alguém aqui. Meus ouvidos captaram sons de rosnados. Seth? Eles conseguiram me rastrear, enfim? Provavelmente sim. Parece que tudo isso durou poucos segundos, pois depois ouvi minha mãe dizendo:

—Eu vou atrás dela. Leve Carlie para algum lugar seguro, mascarando seu cheiro. Se precisar use o meu nome.

—Mamãe, não me deixe. – implorei num sussurro. Minha visão estava turva. Eu não conseguia distinguir quem era o lobo a minha frente. Fechei os olhos por uns segundos, tentando fazer com que minha cabeça parasse de latejar.

—Eu volto logo, meu anjo. – ela sussurrou. Estava muito próxima de mim. Tentei fazer meu braço a alcançar, mas não conseguia dar comandos fortes para o meu corpo. – Eu prometo.

Houve uma rajada de vento. E eu sabia que essa tinha sido sua deixa.

—Seth? – perguntei, ainda meio zonza.

—Não. – respondeu uma voz masculina. Felizmente, consegui distingui-la: Jacob. – Seth está longe daqui agora.

—Onde ele está?

—Não se preocupe. Ele vai ficar bem. – prometeu. Pegou-me no colo e começou a correr.

—Como estão os outros? – perguntei, curiosa e ao mesmo tempo preocupada com a possibilidade de ter perdido algum.

—Estão todos bem. Isso com certeza foi uma distração. Ela só queria nos ocupar com o exército de híbridos para conseguir te pegar.

—E Harry?

—Sã e salvo.

—Sarah? Nessie?...

—Todos seguros.

Eu podia ouvir muito mais que claramente o alívio em sua voz.

—Muitos corpos naquele campo de batalha. Aro sacrificou seu exército de híbridos por você. Ele sabia que não iriam sobreviver. Talvez estivesse tentando desestabilizar os Cullen caso Tifanny conseguisse te matar.

Fiquei em silêncio tentando assimilar a informação. Fazia total sentido.

O alívio pulsava dentro de mim. Minha família estava bem.

A dor de cabeça estava muito ruim. Eu queria bater nela até a dor parar.

—Droga. – Jacob exclamou, baixinho, e parou de andar. – Ela está por perto. Estou sentindo seu cheiro...

Sua frase foi cortada. E no mesmo milésimo meu corpo foi arremessado, batendo contra uma pobre árvore. Tentei me levantar, mas a sonolência me agarrou de uma forma irresistível.

Eu preciso descansar... eu... preciso...

—Carlie, resista! – a voz da minha mãe irrompeu a floresta.

Estava difícil de obedecê-la. A minha vontade era de pedir para que eles desistissem, porque eu não tinha mais tanta certeza de que conseguiria sair dessa viva.

Meu ouvido já não estava mais fazendo seu trabalho completo, e eu percebi que estava prestes a desmaiar.

—Jake, vá, eu cuido dela. – ouvi minha mamãe ordenar, e por um segundo, fez frio.

Eu senti braços quentes – me senti protegida, isso significava que eu estava nos braços de um ser que não é um frio. – me pegando do chão.

Ele estava correndo. Se fosse um humano comum, já estaria ofegante de tão cansado. Mas nesse caso, Jake é um lobisomem forte.

—Carlie, converse comigo para te deixar alerta. – ele pediu, sua voz vacilando da corrida. – Você está muito cansada. Não pode dormir agora.

—Conversar sobre o que? – perguntei, sem ter certeza de que ele ouviu minha voz. Tudo passava como um borrão, eu não fazia ideia de onde estava e nem onde estávamos indo.

—Qualquer coisa, desde que te mantenha acordada.

—Nuca vou esquecer quando Harry nasceu. – tentei me ouvir. – Eu tive que ser drogada para não correr nenhum risco de vida durante o parto, lembra? – soltei uma risada fraca com a memória. – Quando acordei, Seth estava com o nosso filho nos braços. Eu chorei, pois eu havia pedido para que ele fosse o primeiro a segurá-lo. Seth me sugeriu dois nomes que eu sempre sonhei para menino: Nathan e Richard. Eu acabei por escolher o nome do pai dele, em homenagem ao mesmo. Ele ficou tão emocionado com o que eu fiz. Sabia que Seth tem os olhos do pai?

—Sério? – ele perguntou, de repente interessado. Ou fingindo interesse, para eu não parar de falar.

—É. O da Sue parece um tanto mais claro, nada demais. Mas parece que Seth tem exatamente a mesma cor dos olhos do seu pai. Você não vai acreditar. Esses dias ele me confessou que a cor preferida dele era azul antes de me conhecer.

—E por que mudou? – ele disse.

—Por causa dos meus olhos. – falei, e uma lágrima desceu de meus olhos. – Por que isso tem que ser tão difícil, Jake?

—Eu não sei, Carlie. – ele falou, também captei uma nota de tristeza em sua voz. – Eu sinceramente não sei.

Após essa frase, não consegui segurar mais a minha consciência. Acordei num quarto de hotel. Olhei em volta. Uau. Não era um quarto de hotel qualquer. Era luxuoso.

—Jake?

—Bells, ela acordou! – ele veio até mim, minha mãe o seguindo.

—Aonde estamos?

—Conseguimos te trazer para o Four Seasons, amor. – mamãe acariciou o meu rosto. – Não, não, não mexa seu braço, ainda estamos te tratando.

—Vamos cuidar do seu rosto. Estávamos esperando você acordar.

Não falei nada. Ele foi buscar os remédios.

Suspirei, exausta.

—Estou com fome. – resmunguei. Mas minha voz quase nem saiu.

Eu fiquei curiosa para ver o estado de meu rosto. Quando estiquei meu braço para pegar meu espelho em cima da cômoda, tive uma desagradável surpresa: meu braço doeu. O puxei de volta, e percebi o osso... esquisito.

—Shhh! – sibilei para a dor. A dor era insuportável!

—O que houve, querida? – ele perguntou.

—Tem algo de errado com o meu braço. – respondi entredentes, o analisando. Lágrimas escorreram pelo meu rosto.

Ela pegou o meu braço e o analisou. Mordi o lábio, tentando não gritar.

—Droga. – ela soltou.

—O que? – perguntei alarmada.

Me olhou pedindo desculpas.

—Seu braço está curado, mas não curou certo. Vamos precisar quebra-lo para o consertar de forma correta.

Respirei fundo e encarei o teto.

—Jake, tem morfina?

—Hmm... tem. Acho que o suficiente.

Ela me preparou. Jacob subiu em cima de mim para me imobilizar, travando o meu braço cheio de acessos e minhas pernas, e eu me preocupei se eu o jogaria para o outro lado do quarto.

E então houve um crack. Não foi uma dor insuportável, apesar de me fazer perder o fôlego.

—Aguente firme, meu amor. Só mais um pouco. – mamãe encorajou.

—Não foi ainda? – gritei incrédula, então outro creck. Esse doeu mais, e Jake vacilou em cima de mim. Será a morfina perdendo efeito?

Depois de alguns intermináveis segundos – e de Jake ser arremessado para fora da cama... pelo menos não atravessou uma parede – meu braço foi imobilizado para se curar outra vez. Agora sem parecer um transformer.

De repente ele estava me olhando. Primeiro pareceu me analisar, e depois me lançou um olhar de culpa.

—O que foi? – perguntei. Ele apenas balançou a cabeça sem nada dizer.

Eu senti algo molhado escorrendo por perto da minha bochecha. Eram lágrimas de dor. Ele se sentiu culpado por me fazer sentir dor.

—Eu posso ver meu rosto?

Eles relutaram com o meu pedido.

—É tão horrível assim? – minha voz saiu num meio fio. Meu humor mudou de forma exausta para cabisbaixa em um segundo.

Ele apenas suspirou e esticou seu braço para pegar o espelho que eu tentara minutos atrás. O peguei com a mão direita, que era a boa. A mulher no reflexo era algo que eu nunca achei que veria. Meu olho estava inchado, e havia um corte acima do roxo. O corte em minha boca também inchado, e deu para ver que sangrou bastante. A maçã da bochecha dava impressão do osso estar lesionado.

Horrível. Assustador.

Assisti minhas lágrimas saltarem dos meus olhos.

—Eu lamento por isso. – ele falou, tirando o objeto da minha mão.

—Lamentar não vai trazer meu rosto de volta.

Jake escolheu o silêncio. Colocou o espelho na mesa e se levantou da cama. Eu me senti culpada por trata-lo daquele jeito.

—Me desculpe, Jake. – pedi. – Eu não quis dizer aquilo. Estou só fiquei um pouco apavorada comigo assim.

—Tudo bem. – suspirou. – Imagino como você deve estar se sentindo.

Na próxima hora foi assim. Minha mãe verificou os meus curativos, e eu chorei mais um pouco – do meu rosto machucado, da Tifanny quase ter me matado, da minha família, e principalmente do Seth que deviam estar loucos de preocupados por minha causa.

—Como foi a luta?

—Foi relativamente fácil, apesar da quantidade de mestiços para lidarmos. Descobri que você e Ness nunca usaram suas forças comigo, porque caramba! Um mestiço é forte! – eu ri disso. – Conseguimos incapacitar muitos deles em um bom tempo. E foi aí que notamos o seu sumiço.

Balancei a cabeça em entendimento.

—Mamãe, há uma coisa que não entendo. – me pronunciei.

—Diga, meu anjo.

—Por que ainda estou aqui?

Eu não conseguia entender o porquê de eu estar num quarto de hotel – muito bom, por sinal – enquanto na casa grande tinha a enfermaria improvisada. Meu avô equipou com os equipamentos necessários para imprevistos. Como este.

Ela lançou um olhar para Jake, que estava do meu lado na cama. Talvez não fosse para eu ter visto essa troca de olhares.

—Carlie, meu amor. Você vai ter que ser compreensiva.

Prendi a respiração.

—O que aconteceu? – indaguei, começando a ficar desesperada. – Seth se machucou?! Meu filho? Ele está bem? Perdemos alguém importante? Jake disse que não! E a Nessie, ela...

—Chiiiiiiii. – ela tocou meus lábios com o seu dedo, me calando. – O que eu quis dizer é... chegamos à conclusão que o melhor no momento é fingir que você morreu.

Fiquei estática, esperando ela dizer que era brincadeira. Mas a droga da minha certeza piscava na mente de que ela jamais faria uma piada de humor negro.

—Que? – quase gritei de tanto espanto. – Nem pensar! Eu tenho um filho para cuidar e...

—Carlie, presta atenção. – Jacob me cortou. Ele se levantou e se ajoelhou a minha frente. – Depois que resgatamos você, Tifanny fugiu. Bella tentou a rastrear, mas estava sozinha e a perdeu. Ela pode estar em qualquer lugar te procurando. Então vai ser mais seguro se todos acreditarem que você se foi ao invés de fingirem. Para a sua segurança e de quem você ama.

Eu fiquei sem chão. Seria o fim fingir que estava morta apenas para aquela infeliz da vampira não infernizar minha família.

—Mas nós somos muitos. Ela é apenas uma.

—Não, ela não é apenas uma. – Jacob corrigiu. – Até onde sabemos, aqueles mestiços eram do exército dos Volturi. Os dela não fazemos ideia além de Adrian. Se algum tiver poder, podemos ser vulneráveis a eles. Então até todos estarem mortos, você precisa se esconder.

—Mas-mas a Nessie? Derek? O Seth? Como ele vai se sentir quando pensar que me perdeu...?

—Carlie, entendemos a dimensão do que estamos dizendo. E está despedaçando o meu coração ter que fazer isso. Mas é necessário. Precisamos nos precaver de todas as formas possíveis... Começando pela sua falsa morte.

Suas palavras não eram flexíveis. Não era um pedido, apenas uma notificação.

—Vocês não podem fazer isso comigo! – sussurrei, desistindo de lutar contra.

—Filha...

—Me deixem sozinha. – pedi quase sem voz.

Eles se dirigiram para o outro cômodo para me dar a minha falsa privacidade.

Eu não me segurei; explodi em choro. Eu poderia aguentar isso por um tempo, mas se pudesse tomar a dor de Seth quando souber da notícia que estou “morta”, eu o faria.


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