A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão escrita por Karina Lima


Capítulo 60
2x18 Corações completos outra vez (E)




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Meus pais tiveram que levar Derek para a nossa ilha no Brasil, longe da população humana. Seu descontrole não era uma opção para arriscar deixa-lo por aqui enquanto se acostuma com o sangue humano. Ness e eu ficamos com ciúmes. A ilha sempre foi um lugar somente de nós quatro. Levar Derek, apesar de necessário, nos atingiu.

—Escutem, estamos contando com a compreensão de vocês duas. –  papai falara pelo telefone. – Vocês não precisam ficar com ciúmes de Derek.

—É que esse lugar sempre foi nosso.

—Ele estar aí muda tudo.

Dissemos.

—Sabemos disso, queridas. Mas Derek precisa ficar longe dos humanos até ele se acostumar. No momento não é uma opção.

Ele nos disse que quando o colocaram para caçar, um humano estava explorando a nossa parte da ilha, um intruso. Não era para ele estar ali. Derek o farejou, e bem... meus pais não puderam fazer nada. Jacob e Seth se sentiram mal. O dever deles como lobos é proteger os humanos, e receber a notícia de que um amigo vampiro matou, mesmo que não fosse nas terras quileutes, os abalou.

—Como ele está?

—Ainda se recuperando. – respondeu. Já fazia algumas semanas desde a partida deles. – Sempre que ele se lembra de vocês duas, ele se lembra do cheiro do sangue de vocês, e isso lhe dá sede. Mas o que o ajuda é lembrar quem vocês são. E o quão são importantes para ele.

Choramos ao ouvir isso. Derek estava sendo forte, por nós duas, principalmente.

—Tudo bem. – falamos. – Mandem lembranças e diga que estamos com saudades.

—Eu digo sim.

E desligamos.

Agora a gente tinha que ficar entre a casa dos meus avós e dos meus tios. Nunca sozinhos em casa. Ficávamos sempre sob supervisão de alguém.

—Nossa! – exclamou tio Emm assim que passei com Seth pela porta da frente de sua casa. Eu carregava a caixa de transporte com a Jessy em minhas mãos. Seth até se ofereceu para trazê-la, mas ela só parou de miar quando teve certeza de que era eu segurando-a. – Você está enorme! Devem ter pelo menos uns cinco bebês aí dentro para te deixar assim.

Soltei um bocejo, sem me importar com suas provocações. Eu nem estava tão grande assim.

—Cheguei...! Carl, meu anjo! – tia Rose falou assim que me viu. Em suas mãos havia sacolas de supermercado. Rosalie fazendo compras no mercado? – Como você está, querida?

Veio até mim e me deu um beijo na bochecha, e se abaixou para beijar minha barriga.

—E como está esse bebezinho lindo?

—Estamos bem. – respondi sorrindo.

Ela sorriu e passou os dedos em minha bochecha antes de ir para a cozinha. Era incrível como todos estavam mais carinhosos do que o normal comigo e com Ness. É o que a gravidez faz.

—Desculpe perguntar, mas... – falei entrando na cozinha a tempo de vê-la guardando os mantimentos em seus respectivos lugares – você perdeu alguma aposta com alguém?

Ela se virou para mim, surpresa pelas minhas palavras. De longe se ouvia a gargalhada estrondosa do meu tio em algum lugar da casa. Até Seth ria um pouco ao meu lado. Ela lhe lançou um olhar nada amigável antes de voltar a olhar docemente para mim:

—Por que está me perguntando isso?

—Não me leve a mal, mas você estava no mercado?

Ela me olhou como se tivesse ofendida.

Tio Emm apareceu e bateu um High Five na minha mão.

—Eu disse que ela ia estranhar. – meu tio falou.

—Agora eu sou mãe de família. Eu preciso fazer coisas que mães de famílias fazem. – e me mostrou língua. – Agora tenho que ir ao hospital.

—Por quê? Mendy está ferida? – perguntei começando a me preocupar.

—Não. – disse. – Mas nesse caso eu realmente fiz uma aposta. Edward e eu estávamos jogando pocker e ele me desafiou. Infelizmente eu perdi, e vou ser voluntária hoje no hospital que Carlisle trabalha.

Ela guardou a última coisa da sacola e veio até mim, e se despediu com um beijo na testa.

—Tchau, amor. – ela disse e beijou meu tio. Depois a porta da frente se abriu e se fechou.

Dei de ombros e fui procurar sorvete pelo freezer.

—Ah! Chocolate! – exclamei pegando o pote da mão de Seth.

—O de morango está lá no fundo. – disse e pegou de volta. Morango era o segundo sabor que eu mais gostava.

—Mas ele – eu apontei para a minha barriga – quer de chocolate. – e o peguei novamente.

Ele me mostrou língua e pegou o de creme.

Ouvi a porta da frente se abrir novamente.

—Soube que temos visita. – Mendy falou alto enquanto vinha até a cozinha e me abraçava. – Como está a criança?

—Com fome. – respondi de boca cheia, e eles riram. – Onde está Embry?

—Ficou para almoçar na casa da vó Esme.

De toda a família, apenas Ness e eu tínhamos o costume de dizer “mamãe”, “papai”, “vovó”, “vovô”, “titio”, “titia”. A não ser na frente de estranhos, que os tratamos pelo nome.

—Renesmee mandou avisar que mais tarde vem aqui. – ela continuou.

—Ok. – falei.

A gente foi se sentar no sofá com Emm, que assistia a um programa de comédia.

PDV Rosalie.

Cheguei ao hospital com o meu lindo BMW e estacionei na vaga reservada ao lado do de Carlisle. Estava sol, mas o estacionamento era subsolo, então não havia perigo. Abri a porta e saí jogando meus cabelos, logo a fechei. Notei alguns humanos boquiabertos olhando em minha direção. Nenhuma novidade.

Depois de perder a aposta, Edward disse que eu não precisava levar ao pé da letra. Carlisle ficou preocupado quando eu insisti em pagar a aposta apenas para jogar na cara de Edward que eu conseguia. Bella era mais nova que eu e médica, por que eu não podia fazer isso uma vez na vida? E daí que ela tem um autocontrole surreal?

—Olá, Carlisle. – o cumprimentei assim que o avistei saindo da sala de emergência. – O negócio lá dentro estava feio?

—Nada com o que se preocupar. A senhora Ferraz vai te levar na área dos pacientes com câncer para você ajudar por lá.

—Eu quero fazer algo mais delicado do que isso, será que eu posso?

—Escute, Rose: eu não quero que você se envolva com coisas além disso. – falou com a voz de pai, e eu soube imediatamente o que quis dizer. Carlisle e sua preocupação. Eu era quase tão acostumada quanto ele! – Então não pode fazer nada envolvido com fraturas expostas, entendeu?

—Carlisle, - comecei, já perdendo as esperanças – eu gostaria que me desse um voto de confiança. Eu já sou bem cuidadosa...

Eu vi que já o estava ganhando, mas um médico entrou com urgência na recepção e o chamou.

—Doutor Cullen, depressa! A senhora Patrick está tendo o bebê, mas não sei se ela irá resistir!

—Rosalie, vá com o resto dos voluntários cuidar das crianças e não chegue perto dessa sala. Me ouça, por favor.

E se foi.

—Hã... Com licença. – parei o primeiro médico que vi na minha frente. – doutor... – olhei seu nome em seu jaleco – Jens, certo?

—C-certo. – ele tremeu enquanto analisava meu rosto.

—O doutor Cullen pediu para orientar o grupo de voluntários para a ala de crianças com câncer. Obrigada. – agradeci e segui o cheiro de Carlisle por cima do horroroso cheiro de hospital. Seu cheiro parou a uma sala de partos.

Não perdi nenhum segundo. Entrei.

—Rosalie, o que eu disse sobre isso? – perguntou entre dentes. Ele parecia frustrado comigo. – Ah, esquece. Tem certeza que pode lidar com isso?

—Claro, Carlisle. Deveria saber. – falei, quase indignada.

—Me ajude, então.

Ele foi me falando para fazer as coisas e fui fazendo. Quando ele cuidou do bebê e o tinha em seus braços, me ofereci para segurá-lo enquanto ele cuidava da mãe. A enfermeira pegou o bebê e o limpou, enrolou em um cobertor e me entregou novamente.

Por um instante me esqueci de onde estava. Ao olhar nos olhos da pequena em meus braços, meu mundo parou. Ela nem ao menos chorava. E me olhava nos olhos. Senti uma estranha conexão com aquele pequeno ser. Algo que nunca tinha sentido com nenhuma outra criança, nem mesmo com Nick antes de Alice a adotar.

Acordei do transe quando senti uma mão quente tocar meu braço. Virei a cabeça para olhar a mulher que acabou de ter o bebê em meus braços.

—Cuide dela para mim. – ela sussurrou.

Isso me paralisou.

—Eu prometo. – falei sem pensar.

Seus olhos se fecharam lentamente, e sua cabeça tombou de lado. O bip de seu coração parou conforme os batimentos se tornavam nulos.

Olhei para meu pai, a procura de respostas.

—Era ela ou o bebê. Ela escolheu o bebê.

Assenti, entendendo.

Ele apontou com o queixo em direção ao bebê e disse:

—Tem certeza de que quer ficar com ela?

Assenti, confiante. Eu queria ter a experiência de criar uma criança desde seus primeiros dias de vida. Olhei ao redor na sala. Só tinha sobrado nós dois. Levaram o corpo da falecida mãe.

—Vou mexer no sistema do hospital. Saia dessa sala com ela. Eu cuido do resto. – ordenou Carlisle.

Fiz o que ele mandou e a levei para o berçário, sem saber muito o que fazer.

—Me dê. – pediu a enfermeira dali. Colocou uma pulseira rosa em seu minúsculo pulso com as informações do peso, hora de nascimento e tamanho. Me deu outra, como a responsável da criança a mando do Dr. Cullen.

Ela me deixou ficar com ela enquanto Carlisle não chegava. E eu fiquei observando minha futura pequenina.

PDV Carlie.

O tempo passou depressa desde que engravidamos. Quando minha irmã e eu estávamos com cinco meses, a gente mal se aguentava sozinha. Todos temiam que a qualquer momento poderíamos parir. Afinal, nossa gravidez pode ser igual foi a nossa; imprevisível.

—Seth, tem uma coisa que eu sempre tive curiosidade.

—Diga. – ele falou.

—Algo que me deixa confusa: se a sua cor preferida é verde, por que em seu quarto, em Forks, as paredes são azuis e branco?

—Bom, azul era a minha cor preferida, até eu ver seus olhos.

Fiquei surpresa com essa confissão.

—E eu não tinha muita vontade de modificar as coisas em meu quarto. – ele deu de ombros.

—Só por causa dos meus olhos você mudou de cor preferida? – perguntei, completamente surpresa.

—E não basta?

Ergui as sobrancelhas. Ele devia saber qual que seria a minha resposta a isso.

Seth apenas riu.

—Para mim basta. – continuou.

Suspirei e olhei novamente para cima, apreciando o lindo azul – e raro – do céu. Em Boston chovia bem menos do que Forks, mas o sol também não era lá essas coisas. E quando ele aparecia, os vizinhos aproveitavam para ir para as pistas de skate e bike no final do condomínio. Na área de lazer alguns empinavam pipa e faziam piquenique.

Para Seth e eu, deitar no gramado do quintal da frente e imaginar formas das nuvens bastava.

—Olha aquela! – apontei para uma que estava quase se desfazendo. – Parece um cachorro comendo cenoura.

Ele riu.

—Parece mesmo... – concordou – Agora parece um coelho prestes a saltar no gramado alto.

Rimos. Senti um cutucão em minha barriga. Peguei imediatamente a mão de Seth e coloquei ali exatamente quando ele cutucou novamente. Meu marido abriu um sorriso ao senti-lo quando ele mexeu de novo.

—Quando você acha que essa coisa vai sair de dentro de mim? – perguntei carinhosamente. Eu tinha tanto amor e afeto pelo bebê, que nenhuma dessas palavras saia como ofensa para ninguém.

—Não sei. – respondeu, olhando a mesma.

—Diz aí: Estou enorme, né?

—Sim. – falou sincero.

Arfei, incrédula. Ele riu com a minha frescura.

—Você quem pediu. – ele lembrou.

—Eu te odeio.

Ele riu.

—Eu realmente te odeio. Te odeio de verdade.

Ele, ainda sorrindo, segurou meu rosto com uma mão e me deu um selinho.

—O dia está lindo hoje.

—E...? – ele me incentivou a continuar.

—Vamos andar de skate? – sugeri.

—Você não vai andar de skate.

—Obrigada por jogar na cara, mas... – falei ignorando sua ordem. – você vai andar de skate e eu de patinete.

—Fechado. – ele disse e se levantou, logo em seguida me ajudou. Fazia tanto tempo que eu não o usava!

PDV Renesmee.

Já estava quase a noite, e hoje dormiríamos na casa da tia Rose. Como Seth e Jacob não desgrudava de nós duas por nada, eles iriam conosco. Voltamos para casa apenas para buscar alguns itens que uma grávida não consegue dormir sem.

—Preparada? – me certifiquei com Carlie assim que chegamos à porta da frente.

Ela assentiu, com aquela cara de sapeca. Adentramos a casa e contamos até três mentalmente. Tomamos a maior quantia de ar que conseguimos e o fizemos. Fiquei satisfeita como saiu perfeito.

—Olá, tio Emmett!

Todos caíram na gargalhada do nosso arroto. Se mamãe visse isso, iria nos repreender na hora, especialmente porque não foi a primeira vez que fizemos isso. A nossa primeira vez quando Emm nos ensinou, a gente era pequena e nossa mãe havia saído. Ela fulminou de raiva do meu tio.

—Essas são as minhas sobrinhas. – ele arrotou de volta, e rimos novamente.

Logo cada um estava fazendo uma coisa. Carlie e Mendy foram para o quarto dela. Jacob, Seth e Embry estavam se divertindo com o videogame da Mendy. Eu fiquei na sala com meus tios assistindo a uns vídeos engraçados no YouTube. Jessy estava no meu colo dormindo.

—Vocês sabem quando meus pais vão voltar? – perguntei quando o vídeo acabou. Estava tão difícil segurar minha ansiedade que eu fingi algumas risadas por não ter prestado muita atenção.

—Eles não vão demorar muito, docinho. – tia Alice respondeu carinhosamente.

—Relaxa, minhoquinha. – tio Em respondeu, sorrindo. – Logo você verá aqueles dois malas sem alça e o novo vampiro.

Eu sorri. Um sorriso pequeno. Carlie e eu estávamos com uma saudade louca deles. Nunca ficamos tanto tempo separados, além da nossa lua de mel.

—Ness, meu bem. – Alice voltou a falar. – Acho melhor você ir dormir. Amanhã nós vamos sair.

Como sempre, a empolgação se iniciou em mim.

—Para onde? – falei sem me conter.

—Nada disso – tio Em me repreendeu e veio até mim, me levantando. – É surpresa e não vamos contar. Um local relativamente novo para conhecermos.

—Mas... – tentei argumentar.

—Mas nada. – ele encerrou. Suspirei, frustrada. – Vamos lá. – falou praticamente me carregando em direção à escada – Durma bem para não ficar cambaleando por aí.

—Claro, claro. – falei com indiferença. – Mas gostou do que fizemos para você?

—Eu fiquei muito orgulhoso de vocês, minhoquinhas. – ele garantiu, com aquele sorriso iluminado. – Vocês não se esqueceram de muita coisa que aprenderam comigo, esqueceram? – perguntou ele. O brilho em seu olhar me fez sentir que seu dever de tio fora cumprido.

—Não nos esquecemos de nada. – prometi, lembrando das nossas infinitas travessuras juntos e o abracei.

—Boa garota. – aprovou.

Despedi-me e fui me deitar.

PDV Carlie.

—Carlie. Hey, minhoquinha! Acorde!

—O quê que é? – reclamei me virando para o outro lado, levando o travesseiro ao meu rosto, o pressionando contra o meu ouvido para evitar ouvir algo. Mesmo sabendo que não daria muito certo. Para um humano até daria certo abafar algum som, mas para uma meia vampira que tem a audição bem apurada, não é muito fácil fechar os ouvidos para o mundo.

—Vamos lá! – ele falou mais alto, aumentando minha raiva. – Nós vamos sair e você ficará sozinha e solitária o resto do dia. E vai se arrepender.

—Eu não ligo! – rosnei me sentando de uma vez. – Me deixa dormir!

—Duvido que você vá dormir depois que se levantou. – ele zombou.

—Não duvide de uma grávida. – resmunguei e voltei a me deitar.

Desta vez ele deixou. Estranho. Muito estranho. Naquele momento, tive certeza que Emmett McCarty Cullen estaria fazendo algo para me fazer perder o sono e, principalmente, me tirar do macio colchão de mola e algodão confortável do quarto de hospedes.

Esses pensamentos foram substituídos quando um barulho de respiração me chamou a atenção. Medo. Muito medo. Fiquei definitivamente curiosa com o que supostamente Emmett estaria fazendo.

Algo realmente alto soou agudo em meus ouvidos antes que eu pudesse verificar. Isso fez meus tímpanos doerem. E o susto que eu levei me fez soltar um grito e rolar pelo colchão atrás de sair de perto do irritante barulho, e quase caí no chão.

—Carlie? – a voz de Seth soou de algum lugar da casa.

—O que está havendo aqui? – minha tia apareceu num passe de mágica no quarto enquanto eu levantava com as mãos em meus ouvidos por causa do barulho. Rose estava apreensiva por causa do meu grito.

Ela e vovô voltaram muito tempo depois do hospital. Acho que foi plantão dele.

—O que está havendo é que meu tio quer me ver surda. – expliquei irritada enquanto o palhaço da família rachava de rir. Meu bebê chutou forte, e eu soltei um gemido me curvando colocando minhas mãos em minha barriga.

Os outros chegaram nesse momento. Seth tinha a feição em preocupação, mas quando viu meu tio no quarto, seu rosto relaxou e ele balançou a cabeça, com um pequeno sorriso no rosto. Isso durou meio segundo, quando me viu daquele jeito.

—Está com dor? – ele perguntou, vindo rapidamente ao meu lado.

—Fui eu quem fiz isso? – tio Emm perguntou, confuso e preocupado.

Todos estavam perto de mim no mesmo segundo. Ele já havia parado de chutar, mas ainda doía.

—Ele apenas não gosta quando me assusto ou quando tenho medo. – expliquei, tentando ignorar a pontada.

—Emmett McCarty Cullen, você não tem jeito! – tia Rose exclamou furiosa.

—Carl, me desculpe, juro que não sabia que isso aconteceria. – ele veio até mim e passou o braço ao redor de meus ombros. – Você me desculpa?

—Quando chegarmos, você vai ficar um mês sem seus braços. – tia Rose ameaçou, sem me dar tempo de desculpa-lo.

—Tia, está tudo bem, não foi culpa dele.

—Então, querida. – ela veio em minha direção e foi puxando meu tio para fora do quarto, ignorando seus protestos – Tome um banho e se arrume, pois hoje vamos à praça de alimentação. E quando chegarmos em casa, teremos uma notícia nova. Hã, hã, hã, só quando chegarmos em casa. – ela repreendeu ao que eu ia perguntar. – Vamos comer fora hoje.

—Como se você fosse comer. – zombei.

Ela piscou os olhos e saiu. Mendy saiu atrás deles, puxando Embry consigo.

—Ele foi sempre assim? – ouvi-a perguntar.

—Infelizmente sim.

—Ah, qual é? – ele brincou. – Nem tão infelizmente. Sempre é bom ter alguém para aumentar o astral de uma família vampiresca.

Eu ri, balançando a cabeça.

—Você sabe que surpresa é essa? – perguntei ao Seth risonho. Ele apenas balançou a cabeça, negando. Não sei por que, mas não acreditei nele. E isso nem sempre acontecia.

—Parece que só quem sabe são eles. – Renesmee comentou, parecendo tão curiosa quanto eu. – Já tentei de tudo. Eles não querem falar.

—Agora o melhor é a gente ir se arrumar para sairmos logo. – suspirei.

Ela apontou para o seu corpo, mostrando um vestido branco florido até os pés, e uma rasteirinha.

Levantei a sobrancelha. Parecia que apenas eu faltava me arrumar.

—Carlie, você sempre foi a preguiçosa da família. – ela falou como se esclarecesse algo para mim. – Isso nunca foi segredo para ninguém.

—Só porque você está arrumada e eu não estou não é motivo para você colocar seu título em mim. – revidei.

—Seth, Jake, qual de nós duas é a mais preguiçosa? – ela perguntou, querendo confirmar a sua versão. Tá bom, todos sabiam que a versão dela é a verdadeira. Mas eu só estava pegando no seu pé.

—Não precisa responder. – falei depressa, me rendendo.

Ela me mostrou língua, se mostrando a certa.

Sorri para ela. Ela revirou os olhos – com um pequeno e divertido sorriso no rosto – e saiu com Jacob.

Soltei um enorme bocejo, o que fez meus olhos lacrimejar.

—Tem certeza de que está bem? – Seth perguntou, ainda com a sua preocupação em excesso.

—Estou perfeitamente bem. – assegurei, e lhe dei um selinho.

—Vá tomar um banho para o sono passar. – Seth sugeriu, quando eu acabava de soltar outro longo bocejo. Sua mão quente afagou meu cabelo.

—Ah, claro. Um banho vai me fazer perder completamente o sono. – murmurei de forma sarcástica. Ele riu.

Fui até o armário de roupas do corredor, aonde haviam algumas trocas para emergências. Achei um vestido igual da Ness, porém na cor branca.

—Cause you were Romeo I was a scarlet letter, And my dad said: “stay away from Juliet”, But you were everything to me, I was begging you please don't go, And I said: “Romeo take me somewhere we can be alone”…

A letra dessa música nunca pareceu tão certa para mim. Seth era meu Romeu e eu era sua Julieta. Meu pai proibiu nosso namoro. Quando nos encontramos escondidos, eu estava desesperada para vê-lo uma última vez antes de nos mudarmos. Cogitei fugir, mas o respeito pelo meu pai falou mais alto. Eu tinha esperança de que papai recobraria a razão em algum momento, mesmo que fosse após o término do castigo. Cada dia que se passava era uma tortura. Parecia um milênio ao invés de vinte e quatro horas. Não sei se alguém da minha família me julgou em algum momento, ainda mais por eu ser jovem, mas a questão é: há uma idade certa para se apaixonar?

Já ouvi sobre casos que o casal se casou aos dezoito anos e viveu feliz, e também outros que casaram tarde e tiveram divórcio. Pode haver situações do contrário também, a questão é que ninguém sabe o dia de amanhã. Posso fazer loucuras por amor e viver o resto da minha eternidade com aquele cujo eu amo, como também podemos não dar certo. A idade jamais interferiria em nada. Nunca foi ilusão. E o plano do meu pai saiu pela culatra, porque quanto mais ele me deixava sem ver Seth, mais eu o amava mesmo a distância.

Saí do armário para ir buscar minha toalha, quando dou de cara com Seth me olhando, impressionado.

—Você ouviu? – rosnei enfurecida.

—Acho que todos ouviram. – ele riu de mim. – Fiquei curioso para ouvir o resto.

Fiz uma cara de brava para ele.

—Coloca a letra no google e procura. – disse sem nem me importar que ele gostou.

—Por que você está brava comigo, hein? – perguntou ele, segurando minha cintura e colou minhas costas ao seu peito, e beijou meu pescoço.

—Porque você sabe o quão eu detesto que fiquem me ouvindo sem que eu queira. – respondi, sendo rendida pelos seus lábios em minha pele.

—Sei, é? – sussurrou em meu ouvido. Sua voz se tornou sedutora, e eu me arrepiei.

—Sabe. – minha voz saiu falha, e soltei um suspiro.

Virei-me em seus braços para capturar sua boca. Seus lábios encontraram os meus com paixão.

Meu coração acelerou quando sua mão subiu pelo meu corpo e parou no meu cabelo, o segurando para que pudesse ter controle sobre o beijo.

* * *

Quarenta e cinco minutos depois eu estava pronta. Desisti do vestido quando tia Alice chegou com uma calça jeans para gestante. Eu simplesmente amei, e completei com um cropped e um coturno. Ness também, pois não hesitou em correr para se trocar. Bom, correr é muito forte, porque se ela desse um passo mais rápido do que era permitido, nos amarrariam na cama. Eu posso não ter feito nada; seria apenas por precaução.

—Você demora a se arrumar. – observou meu tio. Mostrei-lhe língua.

Quando saímos, Alice estava com o carro da Ness, para nos levar. Nos dividimos em alguns carros para irmos confortáveis. Fiquei contente de a gente estar fazendo algum programa de família.

—E então, Carlie. – vovô começou a puxar assunto. – Como foi a lua de mel?

—Foi ótima, visitamos tantos lugares que sonho em conhecer desde criança, foi sensacional.

Vovô, vovó, Mendy e eu estendemos mais o assunto sobre novos lugares para visitar.

—Ah, que parque lindo! – exclamei feliz assim que chegamos. Abri a porta e saí. Seth veio ao meu encontro e segurou minha mão.

—Vocês vão adorar a surpresa. – minha tia garantiu. Minha irmã andava ao meu lado, e Jacob ao seu. O resto do pessoal nos seguia.

Enquanto caminhávamos pelo gramado verde e cheiroso, recebíamos muitos olhares. Senti Seth tenso ao meu lado, e tenho certeza de que não se devia à atenção. Bom, não a atenção grupal.

Notei também alguns olhares inconvenientes sobre a minha barriga. Sobre as nossas barrigas. Fiquei irritada de início, e depois lembrei que eu não parecia uma adulta, e sim uma jovem adulta. Para essas pessoas eu devia estar terminando o ensino médio.

O que me fez rir é porque tecnicamente não tenho nem dez anos.

—Eles reformaram por aqui? – Ness falou impressionada.

Ficou com aspecto mais aconchegante, e eu entendi o “relativamente novo”. Torci para que não tivessem mudado os funcionários. Vínhamos pelo menos duas vezes por mês aqui, e sempre foram muito educados e cordiais conosco.

—Sim. – Seth respondeu, olhando para frente.

Ligávamos antes de vir, para que colocassem duas ou três mesas juntas para nos sentarmos juntos.

Meus pés fincaram no chão ao que meus olhos viram três figuras. Agarrei a mão da minha irmã, sem ter certeza se era uma miragem ou não. Olhei para Ness, depois de novo para frente, tendo de piscar para as lágrimas livrassem minha visão.

Sentados na mesa que nos era habitual, estavam mamãe, papai e Derek. Agruparam-se vários sentimentos dentro de mim: a saudade de não os ver há um tempo. A emoção por eles finalmente estarem aqui. A surpresa de Derek estar aqui. A euforia de vê-los novamente.

...Então essa era a surpresa?

—Carlie... – Ness apertou minha mão, e pensei que a emoção também a havia atingido.

Já eu não consegui pronunciar nada pelo choque. Fiz meus pés andarem mais rápido, sem soltar a mão de Renesmee. Tive medo de cair ou de que fosse um sonho e eu acordasse. Quando chegamos perto deles, diminuímos nossos passos.

Será que ele está totalmente recuperado? Perguntei-lhe, temendo.

Não sei...

Ela deixou seu pensamento morrer, e isso me incomodou.

—Ah, vamos lá. – o nosso melhor amigo se queixou se levantando, e abriu os braços. – Não é como se eu fosse avançar no pescoço de vocês.

E puxa, ele estava muito maior do que antes. Do que nós. Seus olhos claros marcantes agora deram lugar para um castanho médio. Eu sabia que eram lentes. Seus cabelos loiros ondulados nunca pareceram tão macieis quanto naquele momento.

Sorrimos. Meu corpo inteiro relaxou no mesmo instante que senti Ness relaxar, e naquele segundo eu tive total confiança nele. A gente se abraçou num abraço triplo. Me senti uma idiota por pensar isso dele. Se ele estava ali, é porque meus pais o tinham sob controle.

Senti e ouvi o ar faltar para nós duas quando ele nos apertou.

—Hã, Derek, sua força. – papai o relembrou.

—Ah, sim. – ele nos soltou. O ar saiu de mim de uma vez, pela surpresa de ter saído do aperto. – Agora sou dez vezes mais forte que vocês duas, suas meias vampirinhas.

Reviramos os olhos.

—Puxa vida! – ele exclamou olhando nossa barriga. – Vocês estão enormes! Quantos sobrinhos vou ter, cinco?

Derek logo iria descobrir que fazer piada com barriga de grávida não era saudável nem mesmo para um vampiro.

Fui dar um soco em seu braço e puxei a mão sibilando de dor.

—Querida, não pode se esquecer. – mamãe alertou, enquanto meu melhor amigo vampiro tomou minha mão dolorida nas suas e depositou um beijo. Sorri em agradecimento.

—Vai ser difícil. – pisquei de forma discreta para Ness, e ela entendeu.

—Pois é, mamãe. A última vez que vimos Derek, ele era quase do nosso tamanho.

—Ah, aquele Derek era um maricas perto desse novo Derek. Vocês tinham que ver! – falou empolgado, parecendo se lembrar de algo. – Eu derrubei uma árvore apenas com um soco! Foi inacreditável!

—Sim, elas estão doidas para saber a história da pobre árvore. – meu pai interrompeu o nosso reencontro – Sentem e peçam algo.

Olhei para ele, e fui abraçá-lo, e depois abracei minha mãe. Me demorei nos abraços, nem acreditando que eu podia tocá-los mesmo.

—Edward, você só está com inveja porque sou mais forte que você. – se gabou Derek.

—Não tão mais, novinho. – ele zombou dele. – Você está com mais de um mês. A sua força de recém-criado está se esvaindo a cada dia.

—Veremos quando chegarmos em casa. Uma queda de braços resolverá isso. – desafiou.

—Você não é o mais forte. – meu pai insistiu, com indiferença.

Era incrível como meu pai e Derek estavam mais íntimos desde que ele virou um vampiro. O Derek humano sujava as calças perto dele, agora pareciam amigos de infância.

—Mas agora é o mais novo. – devolvi.

—Sou nada. – ele discordou, se sentindo o maioral. – Vocês não têm nem dez anos. Eu já passei dos dezoito.

—Não. – Renesmee discordou. – Vocês começam a contar depois que são transformados.

—Há! – nós duas jogamos na cara dele.

Ele ia falar algo, mas não foi cortado.

—Com licença, senhores. – uma garçonete interrompeu a nossa discussão. Ela usava o avental com o nome Lanchonete Delicious e estava com uma caderneta e uma caneta nas mãos. Seu cabelo loiro estava preso para trás num coque alto. – Querem fazer seus pedidos?

—Eu vou querer o número sete e um milk-shake grande de caramelo salgado. – fui a primeira a falar.

—Eu também – Renesmee falou.

—Quero o número três e um suco de laranja. – Seth falou.

—O mesmo que ele. – Jacob fez seu pedido.

—O que vai querer, querida? – Mamãe perguntou para a Nick.

—Eu vou querer um hambúrguer beeeem grande e um suco enooorme!

A gente riu.

—Para ela, um misto quente e um suco natural de laranja.

Ela foi anotando nossos pedidos respectivamente, também de Mendy e Embry.

—Os senhores não vão querer nada? – ela apontou com a caneta para o resto que não pediu nada.

—Nada para nós, querida. – vovó Esme se pronunciou. – Obrigada.

Ela sorriu educadamente. Olhou para o Seth com um olhar sedutor. Eu fiquei com ciúmes, óbvio. Lancei para a garota presunçosa um olhar mortífero. Quando ela encontrou meu olhar, engoliu em seco. Pediu licença e saiu.

Vadia. Pensei no meu íntimo.

—Sabe que só tenho olhos para você, né? – perguntou ao pé do meu ouvido. Apesar do arrepio da sua voz raspado em minha nuca, estava com raiva da loira oferecida.

—Mas parece que todas têm olhos para você. – resmunguei e apoiei meu queixo no meu pulso, com o cotovelo na mesa.

—Deixa de ser ciumenta, garota! – Derek gritou.

Levantei a cabeça para olhá-lo.

—Deixa de gritar, garoto! – gritei de volta.

—Eu não sou surdo. – ele falou, fingindo dor de ouvido.

—Muito menos eu.

Ele me mostrou língua.

—Hey, não grite desse jeito com a minha sobrinha! – tio Emm disse, se mostrando protetor em relação a mim. Eu não tive como não sorrir. Mas que bobo!

—Emmett, pare de ser criança. – Alice se intrometeu.

—Não o chame de criança! – tia Rose o defendeu.

—Rose, me desculpe, mas ela não falou nada além da verdade. – meu pai falou zombeteiro, entrando na conversa.

—E você é um idiota que não penteia o cabelo. – ela revidou.

—Edward, você não pode dizer nada contra isso. – Jasper disse ao lado de tia Alice.

—Cuide de sua vida. – mamãe entrou em sua defesa.

—São todos apenas crianças. – meu avô falou quando todos estavam um pouco inclinados sobre a mesa, se olhando mortalmente.

—Nisso eu tenho que concordar. – Ness e eu falamos ao mesmo tempo.

—Aqui estão seus pedidos, senhores.

Nem me dei ao trabalho de olhar em sua cara quando ela colocou o prato e o copo de plástico com o hambúrguer e o milk-shake a minha frente na mesa.

—Carlie, seja mais educada. – vovó me repreendeu baixinho, de modo que só a gente ouvisse, e que não chegasse aos ouvidos dessa humana.

—Você diz isso porque não é o seu marido que está sendo flertado. – murmurei por baixo da respiração.

—Obrigado.

Trinquei os dentes ao ouvir Seth agradecendo. E daí que ele era um homem educado? Ninguém ligava para o fato de eu poder matar essa garota? E não estou falando no sentido figurado.

Pulei da cadeira ao ouvir um barulho de plástico se partindo, e depois de um instante percebi ser o garfo que eu ia comer. Bem, usaria. Estava em estilhaços na minha palma.

Droga de ciúmes. Já não basta eu ter estragado o corrimão da mansão de Nova York ao ver Seth sendo cortejado. Tudo bem que agora é somente um garfo descartável, mas ainda assim, poderia ser um garfo de metal e um humano presenciar isso.

—Carl? – Seth chamou vendo o que eu fiz. – Eu só falei “obrigado”. Quer que eu fique mudo e seja mal educado?

—Que bom que entendeu. – sorri aprovando, e fui devorar o meu lanche. Ignorei seu olhar chocado sobre mim.

Nós sete comemos enquanto os outros conversavam. O som de violão me atraiu.

Eles montaram um palco improvisado para canto. Quando acabou a canção, foram aplaudidos.

—Alguém se arrisca a cantar? – o homem que acabara de cantar falou ao microfone.

—Hey. – cutuquei Ness com o cotovelo. – Que tal?

Ela assentiu ansiosa, com um sorriso animado no rosto.

Levantei-me e levantei a mão.

—Eu me arrisco. – falei.

—Bem, então venha até aqui. – ele disse e fez um gesto com a mão para que eu me aproximasse. Seth me ajudou a levantar. – Obrigado, você está me salvando. O meu superior fez uma aposta comigo e não estou afim de perder.

—Deixa comigo. – mandei-lhe uma piscadela.

—Vai precisar de qual instrumento? – perguntou apontando para trás dele, onde havia vários aparelhos musicais em cima do palco de madeira. Bateria, trombone, flauta, guitarra, baixo... mas não desgrudei os olhos de qual eu queria.

—O violão. – apontei para ele, que estava ao lado das baquetas para tocar bateria. Ele fez a gentileza de pegá-lo para mim. Agradeci enquanto ele ajeitava o microfone para mim à minha frente. Coloquei o cordão do violão a minha volta.

A música que veio à minha mente era perfeita para o momento. Quando as coisas começaram a se tornar tão complicadas? Eu era apenas... eu. Carlie, melhor amiga de Seth Clearwater. E de repente me vi apaixonada por ele. Quando o conquistei, veio a Tifanny com aquele encontro que mudou a minha vida de forma ruim. E tem Derek, nosso melhor amigo humano que quase morreu, e para não morrer virou vampiro e matou um inocente.

Por isso Somewhere Only We Know do Keanu pareceu se encaixar muito bem.

PDV Renesmee.

Droga! Eu estava tão apertada. Bem na hora que minha irmã estava cantando, deu aquela vontade louca de ir ao banheiro. Parecia que meu bebê estava usando minha bexiga de pula-pula.

—O que foi, querida? – papai me perguntou preocupado. Acho que todos perceberam que eu estava quicando na cadeira.

—Eu preciso ir ao banheiro! – falei entre meus dentes cerrados um no outro.

—Ora, e por que não vai?

—Não quero perder a música.

—Vá agora. – Jacob incentivou, vendo minha situação. Eu acho que eu não aguentaria mais outro segundo sentada ali. – Depois ela toca novamente para você.

Assenti e me levantei desesperada.

—Quer que eu vá com você? – perguntou Jacob. Por baixo daquela voz calma e prestativa, eu tinha certeza da pontada de malícia.

—Não quer perder os dentes, quer? – meu pai rosnou.

—Não, amor. – agradeci. – Obrigada.

Não esperei ele dizer nada e me dirigi ao banheiro. Quando eu saí – muito mais aliviada – tive uma surpresa inconveniente.

—Liam. – falei num tom surpreso.

Um menino de Seattle que eu conheci em Forks, e eu sofri uma grande desilusão. Ele me prometeu que eu era única na sua vida, e que queria conhecer meus pais. Foi o meu segundo beijo. Eu saía com a Carlie e ela era a minha vela. Confesso, eu estava muito apaixonada. E cega. O conheci no segundo dia que voltamos do Brasil.

Depois de uns dias aconteceu o que eu nunca imaginei e nem sabia que temeria. Eu estava esperando em frente à sua casa para fazer uma surpresa – Carlie sempre comigo – e pedi para o táxi aguardar um instante.

Foi aí que ele chegou em sua picape. Com uma morena a dirigindo. Segundo ele mesmo, nunca deixou ninguém dirigir além dele. Carlie tentou me acalmar, mas se calou de súbito quando ele beijou a menina. Depois disso, apenas desapareci da sua vida, o bloqueando em tudo.

—Nessie. – ele falou, mas ao contrário de mim, pareceu satisfeito por me encontrar. – Poxa, você sumiu! Achei que tivesse acontecido algo com você. Como você está?

—Estou bem. – respondi educadamente. Tentei passar por ele, mas ele se moveu para ficar na minha frente. Quando nos conhecemos, ele era do meu tamanho, mas agora eu precisava levantar a cabeça para olhá-lo.

—Eu queria fazer algo que não fiz antes. – ele falou, me deixando apreensiva. Mantive o olhar firme, e me esforcei para não vacilar.

—O que você quer? – perguntei com indiferença.

—Poxa, eu queria te pedir em namoro. Depois de todos esses anos que perdi contato e...

—Você acha que é quem para me trair e anos depois ter a cara de pau de me pedir em namoro? – perguntei ficando furiosa, quase o interrompendo.

Ele engoliu em seco com o meu tom. Com certeza não esperava que eu soubesse. Ele nunca me viu furiosa desse jeito em todo o nosso pequeno tempo de “namoro”.

Quando eu soube de sua infidelidade, minha irmã estava quase namorando o Seth. Jacob me levava para caçar, para passar o dia em sua garagem ou as vezes para passar o dia com o bando, para me fazer esquecer disso.

—Ou você acha que eu sumi só por sumir? Eu vi você beijando aquela garota que dirigiu sua caminhonete.

—Eu mudei, Ness...

—Para você é Renesmee. – o cortei de mal humor. – Eu também mudei. Eu sou uma nova mulher. Casada e prestes a me tornar mãe. Agora me deixe em paz.

Ele ficou sem palavras diante daquilo.

—Mas...

—Você ouviu a garota. – a voz sombria do meu pai chegou atrás de mim. – Deixe-a em paz.

—Sim, senhor. – gaguejou Liam. Se eu não o conhecesse, também ficaria com medo.

Meu pai colocou o braço ao redor de mim no caminho para a volta.

—Obrigada. – falei baixinho enquanto voltávamos a mesa. Me senti extremamente sortuda em ser protegida desse jeito pelo meu pai mesmo eu já estando construindo minha família.

—De nada, meu anjo. – falou, e afagou meu braço. Papai soube de tudo depois, e ficou bem tranquilo quando eu falei que nunca mais queria ver esse menino na minha vida.

PDV Carlie.

Acabei de cantar e as pessoas que escutaram me aplaudiram. O barulho fez um pequeno eco naquela parte do parque, dando mais cara de “ar livre”.

—Acho que eu vou me arriscar também. – ouvi Renesmee dizer enquanto eu guardava o violão.

—Que maravilha! – o homem dono dos instrumentos disse quando Ness chegou ao meu lado – Mais uma! Qual instrumento precisará?

—Eu vou precisar de uma guitarra.

Fiquei curiosa sobre qual seria a música que precisaria de uma guitarra. Se não souber a usar, fica um horror.

PDV Renesmee.

 

Eu deixaria claramente claro para esse garoto o “quanto” eu queria voltar para ele.

Taylor Swift – Picture To Burn

—Obrigada, de verdade, vocês duas. – o mesmo homem nos agradeceu.

—De nada. – respondemos juntas e andamos em direção à mesa. Liam me olhou com um olhar de surpresa, e virei a cabeça para outra direção.

—Já falei que eu simplesmente adoro a sua voz? – Carlie me perguntou orgulhosa, me deixando mais orgulhosa de mim mesma.

—Já sim. – respondi, de forma agradecida, e passei os braços ao redor de seus lados até chegarmos a mesa.

—Uh-oh. – meu pai falou, estático.

Seu olhar estava distante, em alguém lá perto do palco. Haviam dois caras conversando, um deles era o que estava guiando o karaokê, e bem na hora que olhei para ele, apontou para minha irmã e eu.

—Quem é ele? – perguntei, confusa.

—Um caça talentos. – respondeu. – É melhor sairmos daqui.

Assentimos e nos levantando na mesma hora. Atenção é uma coisa que não podemos nos dar ao luxo de ter.

—É uma pena terem talento e não poderem mostrar ao mundo. – Tia Rose lamentou.

—Eu não ligo.

—Eu também não. Não quero compromissos com a fama.

Meu pai nos levou pra casa antes que o homem pudesse falar conosco.

O resto da tarde a gente se divertiu na casa de tia Rose, ficamos completamente chocados quando ela entrou na casa com a pequena Heather. A terceira humana a entrar na família. Mamãe não conta porque ela já se tornou uma vampira, e a transformação é algo que ninguém quer discutir sobre para nenhuma das três novatas.

Tia Rose e vovô nos contaram o que aconteceu e como aconteceu, e agora temos três primas adotivas.

Fomos para casa e ficamos o resto da noite conversando com Derek, perguntando sobre sua estadia na nossa ilha e tentando o ajudar a conter a sede. Também estava decepcionado que não sentiu vontade de comer suas batatas favoritas ou tomar um suco.

Como era bom sentir que algumas coisas voltaram ao normal.


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