A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão escrita por Karina Lima


Capítulo 41
Tiro pela culatra (E)




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PDV Carlie.

Acordei pouco tempo depois, satisfeita com a minha soneca. Seth não estava mais no meu quarto. Meu pai deve ter o mandado embora, ou o mesmo foi por amor à vida.

Espreguicei-me folgadamente. O sono tinha me feito bem. Eu estava me sentindo ótima. Sem sono. Sem cansaço.

Levantei-me e calcei as botas. Eu estava agradecida ao meu sono por não me permitir me trocar. Eu pouparia todo o meu trabalho de ter que me trocar para descer. Saí do meu quarto. A casa era maior do que eu esperava. O último andar todinho meu e da Ness. Era maravilhoso. E o melhor é que os nossos quartos possuem parede à prova de som. Até para os ouvidos dos vampiros.

Desci as escadas ignorando os degraus. A casa estava vazia. Não ouvi ninguém em nenhum dos andares. Renesmee devia estar dormindo ainda. Subi as escadas e fui ao seu quarto. Era inconfundível, já que resolvemos colocar uma placa na frente do quarto de cada, escrito nossos nomes em um pequeno pedaço de madeira enfeitada pela tia Alice.

—Renesmee. – sussurrei a sacudindo. – Ness. Acorda.

—Hmmm. – ela resmungou se virando para o outro lado.

Suspirei.

Ela queria do jeito difícil. Ela teria do jeito difícil.

—Acorda! – praticamente berrei e ela caiu da cama com um grito.

—O que foi aquilo? – ela se levantou esfregando a testa. – Doeu, sabia?

—Eu te chamei. – expliquei olhando minhas unhas. Entretanto antes que eu apanhasse, a olhei séria. – Mas agora temos que ir. A casa está vazia e não há nenhum bilhete. Eles devem estar discutindo algo que não podemos saber.

—Ok, então vamos lá. – ela concordou imediatamente.

Descemos as escadas ansiosas por estar lá o mais rápido possível.

—Espere. – falei parando e a fazendo parar. – Não sabemos onde eles estão.

—Não sabemos agora.— ela disse. Pegou o telefone acima da bancada e discou algum número. Virou o aparelho para cima de modo que ambas ouvíssemos.

—Alô?

—Oi, vovó. – falamos ao mesmo tempo. Ela riu.

—Sabe onde estão mamãe e papai? – perguntei.

—Há... – ela fez uma breve pausa. – Eles estão aqui. – ela falou finalmente. – Falaram para vocês ficarem...

—Obrigada, tchau. – falei rapidamente e desliguei.

Só o fato de eles tentarem nos fazer ficar longe, só me fazia ficar mais curiosa para saber o motivo da reunião secreta.

O telefone começou a tocar novamente. Ignoramos enquanto fomos para fora. Saberíamos em breve do que se trata esse assunto que tiveram que esperar nós dormirmos para discutirem.

—E então, o que está rolando? – perguntei ao passar pela porta com Renesmee.

—Carlie. – Seth e veio até mim com passos largos e me abraçou. Jake também tomou minha irmã nos braços.

—O que está acontecendo? – perguntei olhando para todos na sala sem sair dos braços de Seth.

—Será que vocês podem esperar na casa de Emm e Rose? – Papai sugeriu. Eu sabia diferenciar seu tom carinhoso de quando dava escolha ou não. E dessa vez era não. – Mendy está lá com Embry.

—E Nick? – Ness desafiou. Ela estava em sua sala de brinquedos que vovó Esme montou para ela. Dava para ouvir seus passinhos.

—Ela não tem super audição. – mamãe nos sorriu doce.

—É, Ness. – levantei as sobrancelhas, decepcionada. – Não estamos aptas para papo de adulto ainda. – revirei os olhos, me soltando dos braços de Seth e caminhando para fora antes de ouvir mais alguém.

—Carlie, espere.

Ouvi a voz da minha irmã e desacelerei o passo.

—Isso deve ser parte do que Seth e Jacob estavam mantendo em segredo. – comecei, cruzando os braços. – Em Nova York eles pareciam saber mais do que falavam. Sempre havia preocupação, conversas estranhas...

—Carlie! – ela me parou com as mãos em meus ombros. – Não adianta nada ficar tentando desvendar isso. Sabe que eles vão manter isso o mais longe possível de nós. Então, pare de se preocupar e vamos manter as nossas cabecinhas ocupadas no dever de casa, ok?

—Mas estão em casa e eles falaram para irmos para a casa do tio Emm. – apontei o óbvio.

—Relaxa, eu mando um torpedo para Jacob falando que a gente foi fazer o dever de casa na nossa casa, melhor?

—Como se você tivesse. – zombei.

Ela riu e pegou seu celular.

—Oi, Jake. Só estou ligando para avisar que vamos para casa... porque vamos ocupar nosso tempo no dever de casa... te amo, beijo. – e desligou.

Ela suspirou.

—Você acha que é algo mais grave do que os Volturi? – perguntei quando alcancei meu quarto.

—Não sei. – ela falou de seu aposento, sua voz nítida como se estivesse ao meu lado. – Escute, já falei, não foque nisso. Mantenha essa cabecinha dura no dever de casa, pode ser? Assim temos o fim de semana livre.

—Como pode não estar preocupada? – perguntei confusa e chocada. – Quero dizer, você...

—Eu...? – falou entrando no meu quarto.

Você teria feito algo. Os teria pressionado para saber mais coisas.

—Dessa vez eu sei que eles não dirão nada. Pelo menos por enquanto. – ela deu de ombros e abriu seu notebook.

Suspirei.

—Papai e mamãe querem fazer uma festa para o nosso aniversário. – mudei de assunto, a imitando.

—Com certeza com a escola toda, não é?

—Pedi para ser sem exageros. Mas ninguém me ouviu além da vovó e do vovô. Então sim, a escola toda.

—Festa de dezoito anos. – ela comentou pensativa.

—Parece um sonho, não é? – perguntei. – Quero dizer, meses atrás eu achei que eles continuariam falando nossa idade de verdade e não a que aparentamos.

—Não tem mais escapatória. – ela riu. – Eles sabem da realidade.

Passamos o resto do dia concentrada no dever. Quando percebemos, já passava das seis e Seth e Jacob já estavam aqui.

—Não vou nem perguntar. – Renesmee falou antes que qualquer um dissesse algo.

—Nem eu. Sei que não vão falar nada.

Seth me deu um beijo na bochecha.

—Por enquanto. – avisei e ele riu. – Me ajuda com esse dever de matemática, Jake?

—Por que não me pediu? – perguntou Seth magoado.

—Você realmente acha que eu vou conseguir me concentrar com você? – perguntei.

Ele fez beicinho.

—Ah, nada de biquinho. – me inclinei dando-lhe um selinho. – Você sabe como me sinto em relação a você.

Aquilo fez Seth sorrir.

—Beleza. – Jacob veio ao meu lado.

Uns dez minutos depois mamãe nos chamou para jantar. Mamãe e papai estavam tão tensos quanto Jacob e Seth.

—Não vão contar nada mesmo? – puxei assunto.

Papai e mamãe estavam no sofá, com ela apoiando sua cabeça em seu peito, lendo livro sobre medicina. Ela deixou nós jantarmos na sala, então colocou os travesseiros para nos sentarmos e apoiarmos os pratos na mesa de centro.

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—Não faço a mínima ideia do que está dizendo. – Papai falou sem levantar a cabeça.

—Fala sério, pai. Claro que você sabe. – falei frustrada. – Alguma coisa ou alguém está sendo uma ameaça para a nossa família e como sempre vocês querem nos proteger nos poupando de saber!

Ele me olhou chocado. Não esperava que eu fosse tão a fundo na minha suposição.

—E então? – perguntei.

Ele balançou a cabeça.

—Não há nada com o que precise se preocupar. – ele assegurou.

—E vocês precisam se preocupar? – pressionei.

—Exatamente.

—Bella, sabe o que penso sobre isso.

—Jake, já conversamos.

Encarei meu cunhado, tentando decifrar sua expressão. Não estava gostando de não contar as coisas, só que mamãe deu a palavra final.

Suspirei. Seria impossível fazer um deles falar alguma coisa.

—Vou para o meu quarto dormir. – falei me levantando. – Vou me encontrar com a galera amanhã.

—Que galera? – meu pai me interrogou.

—Eu te falei quando a gente estava vindo para casa. – o lembrei.

—Mas você nem acabou de comer. – Mamãe apontou para o prato cheio de comida em que eu mal encostei.

—Perdi a fome. – minha voz saiu sem humor e eu subi as escadas. Iam dar oito e meia e eu estava com sono. Decidi tomar um banho e me preparar para dormir.

Toc, toc.

—Quem é? – falei alto, apesar de não precisar e já saber quem era.

—Sou eu, querida. – a voz do meu pai soou do outro lado da porta – Posso entrar?

Suspirei. Levantei e abri a porta.

—Sabe que estamos fazendo isso para o bem de vocês. – ele começou.

—Se veio tentar me fazer esquecer isso, perdeu seu tempo. – tentei fechar a porta, mas ele colocou uma mão na porta, me impedindo. Empurrei para tentar de novo, mas ela cederia a qualquer momento. O desafio estava no olhar dele. Queria ver se eu seria capaz de quebrar minha própria porta. Desisti. – Me deixa em paz. – falei entre dentes.

—A gente precisa conversar.

—Não, você acha que a gente precisa conversar, mas a gente – apontei com o dedo entre mim e ele. – não precisa conversar. Boa noite.

Uma rajada de vento passou por mim e ele não estava mais do lado de fora do meu quarto. Olhei pelo corredor para encontrar alguma pista de onde ele estava. Nada.

Dei de ombros e fechei a porta. Sobressaltei-me com uma arfada ao vê-lo na minha frente quando virei.

—Pensei que estivesse lá fora. – falei confusa.

—Já estou acostumado com a sua falta de reflexos.

—Tenho mais do que você imagina. – cruzei os braços.

—Isso é uma ameaça? – ele levantou a sobrancelha.

Cedi minha postura, relaxando meus ombros. Não queria ir além dessa discussão boba com ele.

—Você acha que eu te ameaçaria? – fiz uma pergunta retórica. – Você é meu pai. Eu jamais faria isso. – desisti da birra e fui abraçar seu corpo de mármore. – Me desculpe por sair da sala daquele jeito. É que eu fiquei chateada por vocês estarem escondendo algo de mim. E da Ness. – acrescentei.

Ele suspirou e apertou seus braços a minha volta, e beijou meu cabelo molhado.

—Eu sei que você está chateada. – disse ele. – Mas entenda, se algo tivesse ameaçando a vida da gente, você nos contaria?

—Então isso é uma ameaça para nós? – me afastei para olhar em seus olhos castanhos. Não tão castanho como o de costume. Fazia um tempo que ele não caçava. Talvez um perigo para quem é médico e vampiro.

—Digamos que o que eu disse é uma situação hipotética e não o que está acontecendo entre nós. – ele explicou. Suspirei.

—Mamãe ficou chateada, não ficou?

Ele levantou seus ombros.

—Ela está no escritório. – ele falou ao captar a decisão em meus olhos.

—Tá legal. – me separei dele. – Vou lá falar com ela.

Ele assentiu e saí do meu quarto. Desci as escadas e fui ao outro andar. O corredor estava escuro, mas havia somente uma luz acesa. Fui até lá e bati na porta antes de entrar.

Ela estava guardando um livro em sua estante e me olhou quando entrei. Sem dizer nada, fui até seu encontro e a abracei.

—Me desculpe por ficar chateada. – sussurrei. Ela riu e colocou seus braços em minha volta.

—Você tem todo o direito de ficar chateada.

—Eu sei que estão tentando nos proteger. – me afastei minimamente para olhar em seus olhos. – Mas entenda. Eu odeio quando escondem algo da gente. E me desculpe por sair da sala daquele jeito.

Ela suspirou.

—Tudo bem. Eu não te culpo por isso. Também está sendo difícil esconder algo de vocês.

—Sério?

Ela assentiu.

—Então não esconda. – sorri sacana.

Ela riu.

—Nada disso. – ela discordou. – Quando for a hora certa, você vai saber.

—Está tudo bem aqui? – Papai perguntou espiando dentro da sala.

—Sim. – respondemos ao mesmo tempo e depois rimos.

—Vou dormir. – eu disse. – Eu realmente tenho que acordar cedo amanhã. Derek vai também. Ele vai ficar chateado conosco se não formos.

—Ok, querida. – ela falou com um sorriso em seu rosto.

—Boa noite. – falei e saí.

Subi as escadas e andei pelo corredor escuro. Todas as salas estavam apagadas. Entrei no meu quarto e fechei a porta. Uma mão subitamente tapou minha boca e eu gritei, mas a mão abafou minha voz.

—Shhhhh. – a voz cochichou em meu ouvido. Meu pânico se foi quando percebi quem era. A mão saiu de minha boca e ele roçou seus dentes e lábios em minha orelha, me fazendo estremecer involuntariamente.

Eu me virei quando ele se afastou minimamente.

—Ficou maluco? – soquei seu ombro. – Quase me matou de susto! – sussurrei.

Ele riu e me abraçou.

—O que faz aqui? – perguntei assim que o abraço se desfez.

—Você não faz nem ideia? – perguntou ele com um sorriso malicioso no rosto. Andou em minha direção até que eu senti minhas costas contra a parede. Engoli em seco quando se inclinou e me beijou.

—Seth. – sussurrei contra a sua boca. – Meus pais.

—Eles estão ocupados. – respondeu e sua boca voltou a se movimentar na minha.

—Mesmo assim. – o afastei um pouco. – É melhor não.

—Do que você está falando? – perguntou ele de forma inocente.

—Você é um cara de pau. – e grudei meus lábios nos dele. – Mas é melhor nos precaver.

—Tudo bem. – ele deu de ombros. – Não precisamos fazer barulho. Aliás, esse quarto é a prova de som, não é?

—Seu safado! Esse quarto é a prova de sons, e não de seus pensamentos. – comecei a rir dele. – Sério, ainda tenho que conversar com minha mão sobre isso. Ela não sabe de nada.

—Pensei que já tinha dito para ela. – disse ele confuso.

—Ainda não tive coragem. – suspirei. – Acha que estaria vivo se eles soubessem?

Ele riu da minha verdade.

Eu imaginava como minha mãe reagiria quando soubesse sobre a minha virgindade. Decepcioná-la era a última coisa que eu queria, mas eu tinha hormônios de adolescente/adulta.

—Hã... – ouvi vagamente a voz dele falando comigo. – Vou deixar você perdida em pensamentos. Boa noite. – seus lábios depositaram um beijo em minha testa, após isso a porta se abriu e se fechou ao meu lado.

Andei para trás até minhas costas estarem contra a parede. Escorreguei até o chão, preocupada. De repente senti medo dela. Quero dizer, ela nunca levantou a mão para mim, assim como meu pai também não. Isso não significava que eu não tinha instinto de autopreservação. Eu sabia que se eu a contasse, ela falaria com meu pai. E mesmo meu pai estando mais tranquilo, não é um assunto agradável de trazer à tona.

...

—Cadê o papai? – perguntei ao entrar na cozinha para seguir o cheiro de cookies de chocolate.

—Tomando banho. – Mamãe respondeu sem tirar os olhos de seu notebook ao me beijar.

—Precisamos ter uma conversa de mãe para filha. – soltei antes que a coragem esvaísse. Atraí sua atenção.

—Claro. – ela fechou seu computador portátil. – Sobre o que quer conversar?

—Hã... – hesitei revirando meu cérebro buscando uma forma de eu começar. – Com que idade... você e o papai se beijaram?

—Com dezessete anos. – ela respondeu com um sorriso no rosto pela lembrança.

—E quando você perdeu a virgindade? Quero dizer, eu sei que você não é mais, porque é casada e tem a mim e Renesmee.

—Por que você está perguntando isso? – ela perguntou sorrindo em meio a confusão.

—É que... estou curiosa.

—Foi com dezoito anos, na nossa lua de mel. Por que essa curiosidade repentina?

—É isso, curiosidade. – sorri amarelo enfiando um biscoito na boca.

—Só isso? – estreitou os olhos, seu olhar me penetrando com veemência. – Você... – ela se interrompeu de súbito. Congelei na mastigação. – Você! – agora sua voz se tornou cheia de acusação.

—Mãe... – minha voz sumiu sem saber o que dizer.

—Meu Deus! Carlie! – ela falou indignada. – Cadê ele? – perguntou entre dentes.

—Mãe. – a segurei. Eu sabia que ela era mais forte e eu não tinha chance alguma de prendê-la no lugar, mas ela cedeu para não me machucar. Engoli rápido, desesperada para mantê-la ali. – A culpa não foi dele. Juro.

—Não?!

—Quando um não quer, dois não fazem. Eu quis.— repliquei.

—Quando seu pai acabar de tomar banho, vamos ter uma conversa. – ela avisou como se eu não tivesse dito nada.

—Ah, não. Por favor, papai não! Ele não pode saber disso...!

—Saber do que? – pulei ao ouvir sua voz na cozinha. Seus fios molhados do recente banho.

Mamãe me olhou incerta, e eu lhe implorei com o olhar.

—Por enquanto. – ela avisou e sorri aliviada.

—Obrigada.

—Sobre o que estavam conversando? – papai pressionou.

—Nada, meu amor.

Ele estreitou os olhos para mim. Sabia que eu que pedira segredo.

—Vou acordar Seth para o café.

Andei correndo para o quarto dele. Abri a porta e entrei sem fazer barulho. Dormia vestindo apenas uma cueca box como o de costume.

Fui até sua cama e me sentei ao seu lado. Sua feição era extremamente fofa dormindo. Podia dizer que tinha traços de um anjo. O sentimento de gratidão esmagava em meu peito quando eu pensava na sorte de tê-lo como amor da minha vida. Lindo. Romântico. Generoso. Meigo. Alto. Respeitoso... São qualidades que muitas mulheres cobiçam e dificilmente acham.

O que eu mais poderia pedir?

Deitei-me com cuidado ao seu lado e fiz cafuné em seu cabelo desarrumado.

Suspirei. Era hora de acordá-lo.

—Seth. – sussurrei. Beijei suavemente seus lábios. – Acorda, meu amor.

—Só mais cinco minutos. – ele choramingou ainda adormecido, franzindo levemente o cenho.

—Já está na hora de acordar.

—Hoje é sábado. – falou ele sem abrir os olhos.

—E já são oito e meia.

? – repetiu incrédulo, ainda de olhos fechados. – Dorme comigo um pouco. – suas mãos me puxaram para a cama, onde ele me segurou contra seu corpo, me apertando ali.

A situação ficou difícil para mim. Seus músculos cobertos por nada mais do que uma minúscula roupa íntima me fazia pensar coisas incertas. Fazia quanto tempo que eu tinha contado para a minha mãe sobre a minha virgindade? Dois, cinco minutos? A psicologia reversa me fazia o querer ali mesmo.

—Não, senhor. – afastei sua mão e me levantei, contrariando todas as células de dentro de mim. Puxei sua coberta enroscada em seus tornozelos, mesmo sabendo que não sentiria frio, ia o incomodar. Depois fui abri as cortinas. O quarto estava escuro e lá fora, apesar de pouco sol, havia a luz do dia, e isso bastava para encher o saco dele.

—Ah, qual é, Carlie? – ele choramingou esfregando os olhos e se sentando. – Qual o seu problema? Só porque não está dormindo ninguém pode dormir?

—Seu dramático. – ri dele. – Achei que gostaria de passar o tempo comigo hoje. Mas eu estava enganada...

—Chantagem emocional matinal? – ele levantou as sobrancelhas e me olhou, me questionando.

Alguém— apontei para mim mesma. – precisa fazer algo, não é mesmo? Vamos lá tomar café da manhã.

—Pelo menos me deixe tomar um banho.

—Ok. Só não demore, está bem?

—Argh. – ele se jogou de costas na cama. Segurei a risada de sua irritação. Eu sabia que não era para valer comigo. Qualquer um que o acordasse, o deixaria de mal humor. Jacob, Leah, Paul... Menos eu.

Fui até a cama a me sentei, decidida a fazer uma cena dramática.

—Está com raiva de mim por que eu te acordei?

—Não! – ele exclamou, vindo para perto de mim no mesmo instante. Sua preocupação era evidente com o meu biquinho, minha voz triste entrecortada e meu olhar cabisbaixo. – Claro que não! Eu só não gosto de ser acordado, mas você é a única exceção. Não fiquei irritado com você, amor, jamais ficaria.

Sua voz foi sumindo quando não contive e só consegui morder o lábio para tentar não rir. Estreitou os olhos para mim.

—Sua chantageadora esperta!

Me puxou pela cintura me derrubando na cama e ficou por cima de mim enquanto eu soltava um grito de alegria. Ri e ele me beijou.

—Agora falando sério. – ele se afastou para me olhar, seu rosto quase colado no meu. – Não pensou que eu estivesse chateado, pensou?

—Pensei sim. – confessei. – Mas não me importei. Sei que não sou nenhum Jacob da vida. Sei que sou diferenciada. – empinei o nariz, orgulhosa.

—Com certeza você é diferenciada, Cullen. – e me deu um selinho. Empurrei seu peito e mudei nossas posições, ficando por cima dele. Beijei sua boca mais uma vez e me afastei.

—Vou tomar café da manhã. – expliquei para a sua cara de confusão. Nesse momento minha barriga roncou alto. – Fui.

Desci a escadas correndo. Fiquei tensa ao ver meu pai com sua feição rígida andando de um lado para o outro na sala.

—Edward, se acalme. – mamãe pediu, agitada. Engoli em seco. Uma vampira agitada?

Naquele momento ela me olhou com seu olhar derramando culpa. Foi então que eu entendi.

—Mãe! Como você pôde?!

—Não fale assim com a sua mãe, mocinha. – ele me repreendeu apontando o dedo para mim. – O que deu em você, hein? Você só tem seis anos!

—Não, tecnicamente eu tenho dezessete. – falei irritada. – E você sabe que no meu caso a idade não importa de verdade.

—Isso não vem ao caso! O que te deu para fazer aquilo?

—Eu não sou mais criança, pai. – minha voz se elevou.

—Ah, é sim. – ele discordou. – Vocês não podem... – sua frase cessou um momento enquanto ele pensava, e parecia cair alguma ficha - Espere um minuto... sua irmã...

—Isso não é assunto meu. – tentei ser discreta, desviei o olhar. O que eu tinha mais receio do meu pai é que, mesmo sem ler a mente, ele parecia ser ótimo em saber o que se passa em nossas cabeças.

—Oh, meu Deus! – ele exclamou.

—Que gritaria é essa? – Ness falou esfregando os olhos enquanto descia as escadas.

—Ness, não é uma boa hora. – tentei lhe alertar de algum modo, mas depois realizei: não tinha como a alertar. Ao menos ela ficou atenta ao que estava acontecendo.

—O que houve? – perguntou ela confusa. – Carlie? – ela perguntou quando ninguém respondeu. Papai estava furioso demais para responder e mamãe estava perdida em sua culpa.

—Eu tive aquela conversa com a mamãe e parece que ela não guardou segredo muito bem. – cruzei os braços, sem tentar disfarçar meu tom acusatório.

—Mãe! – ela exclamou chocada.

—Não fale assim com a sua mãe, mocinha. – ele a repreendeu com as mesmas palavras que usou comigo. – Vocês não percebem que são jovens demais? Têm apenas seis anos.

—Ok, pai. – falei. – Se você quer falar sobre a nossa idade verdadeira, fique sabendo que em pouco tempo vamos fazer sete anos, que será quando estaremos cem por cento desenvolvidas!

—Argh! – ele falou no exato momento em que Seth desceu as escadas. – Você. – Papai apontou para ele, que congelou no mesmo instante.

—Ah, não. – enterrei meu rosto nas mãos não acreditando no que estava acontecendo.

—Seu cachorro pedófilo. – ele rosnou para o Seth. – Eu vou te matar!

Eu juro que nunca vi meu pai tão furioso com Seth desde aquela vez que ele nos pegou na clareira. Eles são os que mais se dão bem entre vampiros e lobisomens.

Por instinto me apressei em direção ao meu namorado, com medo do meu pai o arremessar para o outro lado da sala. Eu sabia que não chegaria a tempo, mas não consegui ficar parada. Para o meu alívio, mamãe o segurou.

—Edward, não há razão para tudo isso. – ela tentou lhe convencer.

—Papai, se você fizer algo com ele, eu saio dessa casa.

Ele se virou par mim, incrédulo.

—Isso é uma ameaça? – falou ele entre dentes.

—Sim, pai. – falei firme. – Isso é uma ameaça.

—E vai morar aonde?

—Nos mudaremos para Forks, construiremos nossa casa e moraremos sozinhos.

Doeu em mim o magoar dessa forma, colocando nessa perspectiva. Sei que toquei em sua ferida ameaçando me mudar para ficar sozinha com o meu namorado, ainda mais que não sou mais virgem. Mas a situação estava ficando ridícula.

Para piorar tudo, Jacob desceu as escadas e parou ao lado de Seth. Estava incerto sobre dar um beijo de “bom dia” na Renesmee por causa da cena. Ness e eu, mamãe e papai divididos pela mesa de centro e Seth ainda estava no pé da escada. Ela ainda estava com os braços em volta de sua cintura, o segurando.

—Edward, se acalme. – mamãe tornou sua voz dura. Dessa vez era uma ordem. Ele olhou para nós quatro brevemente antes de olhar para ela.

—Bella, um beijo e namoro está tudo bem. Agora...

—Ah, é mesmo? – o interrompi. – Não me lembro de ter ouvido isso quando me viu beijando Seth!

—Agora chega! – mamãe deu um basta. – Estão todos de cabeça quente. Vamos nos acalmar e depois conversamos.

Após isso meu pai ficou sem falar com os dois, até que mamãe o convenceu de que éramos adultas o suficiente para termos relações. Entretanto o principal motivo dele ter ficado ressentido foi porque Ness e eu nos recusávamos a falar com ele.

—Nós realmente precisávamos sair de casa. – desabafei, me sentando ao lado de Ness. Estávamos na Van Mercedes Benz de Derian.

—O clima estava pesado. – ela concordou.

—Briga de família? – ele virou a cabeça para me olhar.

—Pois é. – falei. – Às vezes só queria ser adulta e sair de casa. Hey, vocês vão a nossa festa, né? – me inclinei contra o assento, ansiosa.

—Claro que sim. – ele sorriu, e sorrimos de volta.

—Sempre tive vontade de conhecer a sua casa. – disse Jenny. Ela trabalhava como seus pais e seus dois irmãos.

—Agora vai. – minha irmã deu de ombros com um sorriso no rosto.

Nossos amigos da escola eram muito legais. Basicamente todo mundo era de família de boas condições, então não tinha preocupações de falsidade.

Eu não sabia por que, mas eu temia um pouco a capitã das líderes de torcida. Seu nome é Tifanny. Eu estava no grupo também, e quando ela me dava uma ordem direta, eu perdia uma batida do coração. Talvez seu nome me desse algum gatilho emocional.

Seth e Jacob estavam no time de basquete. Eu assistia de vez em quando aos treinos. Eles realmente tinham talento.

Fomos a um restaurante no centro. Juntamos algumas mesas para caber a todos. Seth passou a falar menos com Zack depois que ele soube da tentativa de beijo. Zack pediu desculpas, e Seth aceitou. Mas ficou zangado mesmo assim.

Os dias se passavam e a festa estava chegando. Era naquela noite.

—Talvez devêssemos deixar tia Alice cuidar das roupas. – comentei e logo depois tomei uma grande quantidade de ar para encher a bexiga.

O olhar dela mirou em nós, com expectativa.

—Está certo. – Nessie se rendeu. – Vamos fingir que ela não as tem em seu closet nesse momento porque sabia que iríamos ceder.

—Ahhh, minhas sobrinhas são demais! – ela exclamou dando pulinhos, e nos abraçou em seguida. – Serão pouquíssimos os ajustes que irei fazer. Está praticamente tudo certo.

Ri, já imaginando isso. Estávamos na varanda ajudando com os balões para a decoração enquanto discutíamos sobre tia Alice e nossa roupa. Seth e Jacob estavam ao nosso lado nos ajudando.

Ainda não estava falando com o meu pai. Às vezes eu falava o necessário.

Tia Alice havia deixado Nick conosco e Mayra veio nos ajudar.

Depois de encher as bexigas, tia Alice chegou com as nossas roupas. A mesma coisa como foi no nosso aniversário de quatorze anos. A ansiedade dela foi tão grande que ela fez uma festa incrível e nos fez usar uns vestidos de debutantes. Sempre exagerada, mas jamais deixou de fazer uma festa impecável.

—Vamos ver os vestidos. – ela apressou. Óbvio que estava ansiosa pela nossa reação. Seth e Jacob se levantaram para ir conosco. – Vocês – ela apontou para eles, que pararam na hora. – fiquem aqui.

Eles se sentaram emburrados. Ness, Mendy e eu rimos dessa atitude.

Pisquei em direção ao meu namorado, e me virei para as seguir. Todas as mulheres caminhavam atrás de tia Alice. De alguma forma era engraçado porque ela era a menor, e mesmo assim a mais autoritária quando se tratava de moda.

As roupas estavam cobertas por capas protetoras dentro do closet da mamãe.

—Abre, tia. – a apressei. Ela sorriu satisfeita.

—Bella, está com o escudo? – ela conferiu. Mamãe assentiu.

Os vestidos eram encantadores. Eles eram todos iguais, só mudam as cores. Às vezes parecia que ela lia a nossa mente.

Os meninos ficaram muito curiosos, mas não falamos nenhum detalhe. Uma coisa era certa: iríamos chamar atenção.

Convidamos nosso melhor amigo, Derek. Ele havia conseguido convencer seus pais a se mudarem para perto de nós. Sua família não danava no dinheiro igual aos Cullen, mas conseguiram comprar uma casa a alguns quarteirões do condomínio.

—Hey, Carlie! Ness. – ele exclamou ao nos ver. Tínhamos o chamado para ficar conosco antes da festa. Corri até ele e o abracei. – Feliz aniversário! – ele falou me abraçando, e depois abraçou Ness.

—Ah, nem me lembre. – brinquei.

—E aí? Como vocês estão? – perguntou ele.

—Nervosa. – garanti.

—Quando chegar a hora da festa, eu tenho certeza que todos vão ficar nos olhando. – ela lamentou. – Ninguém viu o vestido ainda.

—Com certeza tem o dedo de Alice, não tem? – acusou sorrindo, já conhecendo o senso de moda da minha tia.

Ele se deu bem com todos. Menos com Jacob e Seth. Na verdade, eles dois não se deram bem com ele. Eu sabia que seu ciúme era desnecessário porque meu pai adorava Derek. Se meu pai tivesse visto algo suspeito nos pensamentos dele, não seríamos tão próximos.

—Como você adivinhou? – fingi espanto, os fazendo rir. – Vem cá.

O puxei até onde estávamos.

—Você já sabe para qual faculdade você quer ir? – puxei assunto quando sentamos.

—Estou decidindo ainda. – ele se sentou ao meu lado, o mais distante que conseguiu de Jacob e Seth.

—Isso não é nada legal. – reclamei para os dois.

—O que eu fiz? – perguntou Seth, uma inocência muito fraca. – Sabe de algo, Jake?

—Nop. – negou também.

—Muito caras de pau. – Renesmee torceu o nariz.

—Eu estive pensando talvez em Stanford. – continuei o assunto.

—Harvad e Massachusetts também são ótimas se não quisermos sair da cidade. – Ness analisou.

—Yale é uma ótima opção, só que temos que ralar para ir também. – ele apontou.

—São duas horas de carro se formos para faculdades diferentes. De Massachusetts para Connecticut...

Conversamos mais sobre alguns cursos que uma teria e a outra não. Eu sabia que o fato de a gente querer ir para a mesma universidade para ficarmos perto um do outro não era um problema. Pelo menos se meu pai interferir. E com certeza ele estava ouvindo cada palavra dita por nós, já que eu sabia que não tinha saído de casa ainda. Suborno vem junto com Cullen.

—Eu não consigo encher. – Nick interferiu enquanto vinha até nós, choramingando. Ela já tinha feito três anos e estava mais esperta do que nunca. Minha família dizia que ela lembra a mim e Renesmee. Eles diziam que a gente era muito esperta para a nossa idade, tanto física quanto cronológica.

—É difícil encher bexiga. – falei. – Precisa de fôlego que só adulto tem.

—Tio Derek! – ela gritou e correu para os seus braços.

—E aí, garotinha? Como você está? – falou ele com um sorriso no rosto.

—Agora nada bem. – cruzou os braços e se sentou conosco, emburrada. – Eu queria saber encher bexiga AGORA!

Prendemos o riso com a sua explosão.

—Vamos lá. – me levantei. – V-mamãe está fazendo lanche para nós.

Derek me olhou estranho, e eu fingi que nada aconteceu. Chamar minha vó de mãe ainda era difícil.

—Olá, querido. – ela falou quando viu Derek.

—Olá, Esme. – ele respondeu educadamente.

A porta da frente se abriu e tio Emm entrou com a tia Rose.

—Fala aí, baixinho? – ele falou sorrindo.

—Hã, o-oi. – Derek gaguejou.

—Emmett, - vovó o repreendeu enquanto tia Rose nos cumprimentava. – deixe o menino em paz.

Apesar de ele se dar bem com todos da minha família, o tamanho do tio Emm realmente era impressionante. Não apenas de altura, também de músculos.

Desde que Mendy entrou na família, nossa tia loira estava mais flexível com humanos por perto.

—Ei, minhoquinhas aniversariantes. – ele abraçou a nós duas de uma vez. – Como estão se sentindo?

—Nervosa. – respondemos juntas.

—Vão guardar uma dança para mim, não vão?

—Claro que vamos.

—Como se precisasse reservar. – apontei o óbvio. – Qualquer um que estiver dançando conosco, é só Emmett chegar e pronto.

—Mas me diz uma coisa. – Derek chamou atenção. Eu sabia que sua tranquilidade repentina se devia graças ao tio Jazz. – O que as aniversariantes estão fazendo trabalhando? – ele perguntou após a sua segunda mordida.

—Tédio. – falamos.

—Vamos sair, então. – ele sugeriu. Seth e Jacob rosnaram ao mesmo tempo.

Dei uma cotovelada em sua costela, o fazendo soltar o ar. Ao mesmo tempo um som de tapa era ouvido no ambiente. O rosnado cessou.

—Acho uma ótima ideia. – sorri para o meu amigo.

—Naquele parque de diversões. – falou um pouco afetado.

—Vamos. – Ness deu um pulinho da cadeira.

—Só sairão quando comerem tudo, crianças. – vovó ordenou, apontando para os lanches que montou.

—Não sairia antes disso. – Derek garantiu, seus cantos da boca curvados para cima.

Posso?, perguntei silenciosamente para minha mãe.

Agucei meus ouvidos para poder escutá-la.

—Sem problemas. – ela falou baixo para Derek não perceber que ela estava respondendo ao meu diálogo interno.

Obrigada, agradeci.

Ainda eram meio dia, e a festa seria só as seis. Fui com Derek em minha moto, e Ness levou Jacob e Seth em seu carro. De início Seth achou um absurdo ele não ir na minha garupa, até que o convenci de que se Derek tivesse segundas intenções comigo, papai seria o primeiro a ficar furioso. E ele se sentiria bem mais confortável do que dentro de um carro com Jacob Black, a rabugem em pessoa.

Voltamos era três e meia. Tia Alice disse que iria começar a nos arrumar as quatro.

Aproveitei e fui ao meu quarto dar mais uma olhada no meu vestido.

—Não posso mesmo olhar?

Assustei-me com a voz de Seth. Fiquei aliviada de eu estar trancada no meu closet.

(Closet da Carlie)

 

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(Closet da Renesmee)

 

 

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(Closet da Mendy)

 

 

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(armário de roupas de Carlie e Renesmee)

 

—Nem pensar. – sem tirar os olhos do vestido, falei. – Aliás, dentro de algumas horas você vai dançar comigo. Saberei se meu namorado é um desastre. – zombei saindo dali.

—Tenho que agradecer Alice pelas aulas obrigatórias. – ele colocou os braços ao redor de minha cintura e os meus foram para o seu pescoço.

Ri de sua fala. Ele definitivamente se tornou parte da família.

—Tem razão. – concordei.

—Não tem de que. – ela gritou. Com certeza estava no andar debaixo, arrumando a pista de dança.

Sorri contrariada, revirando os olhos para ele. Seth encolheu os ombros, denunciando que esqueceu de fechar a porta. Com ela aberta, era privacidade zero.

Seu rosto tomou proximidade do meu, e engoli seco. Olhei seus lábios, imaginando se um dia iria me cansar de beijá-los. Lambi minha boca, esperando, entretanto passou direto para sussurrar no pé do meu ouvido.

—Eu te amo.

Seu hálito quente fez meus olhos se fecharem de prazer. Depositou um beijo no local antes de seguir para o meu pescoço, fazendo uma trilha de ida e volta. Seus dentes acariciaram o lóbulo da minha orelha, e meu corpo estremeceu sem aviso. Seus lábios pousaram com suavidade no local abaixo dela antes de beijarem minha bochecha.

—Eu te amo tanto. – murmurou mais uma vez.

Tentei dizer de volta, mesmo já tendo dito dezenas de vezes. Mas não encontrei minha voz, e nem tinha concentração para que as palavras saíssem legíveis de mim. Finalmente os lábios dele encontraram os meus num beijo rápido.

—Feliz aniversário. – sorriu de orelha em orelha. Pisquei, me esforçando para me concentrar. – Tenho um presente para você.

—Sério isso? – falei séria. Eu adorava presentes, mas não gostava de Seth gastando dinheiro por mim. Ele não trabalhava tanto, e os poucos bicos que fazia eu o incentivava a guardar.

—Não posso dar um presente para a minha namorada? – perguntou ele, e eu revirei os olhos para o seu tom retórico. – Vamos lá. Virada e de olhos fechados.

Fiz o que ele me pediu. Fiquei imaginando o que seria. Um anel? Algum ursinho de pelúcia? Eu tinha um de quando era pequena. Um dos livros que estavam para ser lançados que eu estava de olho? Algo de um filme que sou apaixonada? Um porta retrato de nós dois ou até um álbum de fotos? Poderia ser caixa de bombons. Clichê, mas Seth me conhece o suficiente para saber o quanto eu amaria isso.

Todas essas hipóteses sumiram da minha cabeça quando senti suas mãos ao meu redor. Não por estarem erradas, e sim por estar envolvida em seu calor. As pontas dos seus dedos rasparam meu pescoço enquanto contornava-os até minha nuca, e eu senti algo fino e gélido contra minha pele.

Deve ser um colar, pensei comigo mesma enquanto segurava meu cabelo no alto da cabeça. Fiquei um tanto confusa quando ele tirou o colar de lua que me deu.

—Não seja impaciente. – pediu, e eu congelei no movimento de olhar para trás. Ao que colocou novamente, não contive a ansiedade de espiar. Por consequência, um sorriso bobo colou em meus lábios.

Um lobo de madeira estava junto com a lua. Era da cor da pelagem dele.

—Eu sei que não sou lobisomem de lua, mas achei que ficaria legal...

Cortei sua fala com um beijo.

—Seth... É... É lindo. – consegui falar com um nó na garganta tentando me impedir. Não consegui segurar as lágrimas por muito tempo.

—Fiquei com medo de não gostar. – ele admitiu.

—Impossível. – revirei os olhos.

—Que bom. – suspirou aliviado. – Eu tinha certeza que iria combinar com você, mas não pude deixar de ficar nervoso.

 -Você é um bobo mesmo. – falei com a voz engasgada e me joguei em seus braços.

—Que bom que gostou. Deu trabalho. – riu fraco.

Me afastei chocada.

—Você... você fez?

Afirmou com a cabeça, me deixando maravilhada.

—Assim não pode me acusar de gastar dinheiro com você.

Pisquei atônita, não esperando por essa reviravolta.

PDV Edward.

Essa agonia eu não sentia desde que briguei com Carlie sobre seu namoro. Me torturava não saber a resposta certa sobre o que fazer, ou como reagir. Elas cresceram rápido, e apesar da idade delas ser apenas seis, elas irão se tornar adultas. Eu mal pude notar, apesar de estar presente a cada segundo de suas vidas.

Os olhinhos verdes da minha menina brilharam pelas lágrimas quando ganhou o presente do Seth. Seu namoro nunca me agradou, mas eu tinha a plena ciência de que elas não iriam ser freiras, e iriam se apaixonar. E com isso o alívio tomava conta da minha alma – se é que tenho uma – que Jacob Black e Seth Clearwater estão nas vidas de Renesmee e Carlie.

—Pai?

Acordei do transe e larguei o livro que estava apenas encarando sem nada ver na mesa. A voz do meu anjo me solicitava.

Carlie descia as escadas saltitando empolgadamente, o que me lembrou Alice. Antes de ela dissesse mais algo, voei até ela tomando-a em meus braços. Ela gritou de surpresa.

—O que foi isso?

—Nem acredito que você já está toda crescida. – me afastei para tirar um cacho de seu rosto.

—Pai não vai começar a ficar todo sentimental agora, vai? – lágrimas cresceram em seus olhos enquanto corava.

—Perdoe-me por isso, mas não é algo que posso evitar. – a abracei novamente. Seu coração vacilou antes de voltar no seu ritmo acelerado e normal. Era assim que ela ficava quando estava emocionada. – Iria me dizer algo?

—Sim. – ela falou como se de repente se lembrasse de algo. – Olha o que Seth me deu.

Ela segurou sua gargantilha entre os dedos.

A peguei entre meus dedos para analisar. Era um trabalho artesanal muito bem feito e detalhado. Esculpir um lobo não é fácil. Jacob também teve trabalho quando deu o seu conveniente presente de formatura para Bella quando humana.

—O que foi? – ela questionou curiosa, tendo minha atenção. Percebi que estive o tempo todo olhando para o seu colar, vidrado nele.

—Eu sou um idiota. – murmurei me sentando no sofá e enterrando meu rosto em minhas mãos, apoiando os cotovelos em minhas pernas.

Eu estava com vergonha. Tive ciúmes. Fiz uma tempestade num copo d’água. Tirei-a da vida do homem que se apaixonou por causa de um beijo. Quase os matei porque descobri que eles tiveram relações, sendo que eu tenho a plena ciência de que elas são maduras para isso.

—Do que você está falando? – ela se sentou ao meu lado, preocupada, e pousou a mão no meu ombro.

—Você me perdoa? – a olhei, encarando suas esmeraldas.

—Pelo o que? – se surpreendeu. – O que você fez de errado para eu ter que te perdoar, papai?

—Pelo meu ciúme. – murmurei envergonhado. Abaixei a cabeça, constrangido, de olhos fechados.

—Pai, isso foi passado. – ela me tranquilizou.

—Digo também sobre o que veio à tona recentemente. – enterrei o rosto em minhas mãos, não acreditando que tive a coragem de tocar no assunto.

Bella e eu já tivemos conversa sobre sexo com as meninas. Mas agora que elas tiveram relações, tornava a coisa um pouco mais... complexa.

—Pai, está tudo bem. Sério. – sua voz se tornou tensa. Ela não queria estar nessa conversa tanto quanto eu.

—Posso te fazer uma pergunta?

—Depende. – ela se limitou.

—Vocês se precaveram?

—Pai, se você disser mais uma palavra sobre esse assunto, pode considerar o meu aceitamento de suas desculpas negado. – ela ameaçou.

—Tudo bem. – me rendi levantando as mãos.

—Vou lá para fora um pouco. – ela se levantou, não tão tranquila quanto tentou aparentar.

—Hey, querida. – a chamei. Ela me olhou esperando eu falar. – Vocês se precaveram, certo?

—Pai! – ela falou entredentes enquanto pegava uma almofada e jogava em mim. Ela sorriu deixando claro que sabia que eu estava a provocando e foi para fora.

PDV Carlie.

Meu coração estava a mil em minha caixa torácica. Eu não achei que ele fosse capaz de bater tanto assim. Eu realmente achei que meu pai iria iniciar aquela conversa.

—Posso ajudar em algo? – pedi a vovó.

—Pode. – ela respondeu antes de qualquer um, e eu me pus a postos indo pegar o avental. – Indo para o seu quarto e descansando os seis minutos restantes antes que Alice, Rose e sua mãe façam seu cabelo e maquiagem.

—Ah, qual é? – reclamei, jogando o avental na bancada. – Isso não é legal de se fazer.

—Sério, agora vá!

—Depois de guardar o que pegou, mocinha. – mamãe ordenou, me fazendo parar abruptamente e cumprir suas palavras.

—Tá legal. – gemi e subi as escadas. Conseguia ouvir eles na sala de jogos.

—Carlie, ainda bem que chegou. – Derek me chamou com a mão. – Nessie está dizendo que dardo é mais legal que sinuca.

Revirei os olhos, rindo da discussão inútil.


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